19 agosto 2025

Linhares Barbosa por Amália




JOÃO LINHARES BARBOSA
(1893-1965)

Foi, sem dúvida, o maior poeta do fado do seu tempo e também aquele que Amália Rodrigues mais cantou através de toda a sua carreira. Vivendo quase em exclusivo de escrever para o fado, vendia as suas cantigas nos retiros, de início a 30 escudos. Já idoso, lembro-me bem de vê-lo, alquebrado mas elegante e satisfeito, sempre simpático, na sombra de uma mesa de canto, vendendo o seu folheto com alguns dos muitos versos que escreveu para Amália, em jantares no Machado, no Mesquita ou até em grandes banquetes em Alcochete, em cujo folheto, vendido a cinco mil réis, Amália, sua musa maior, dava depois o seu autógrafo, ficando assim o feliz possuidor com uma verdadeira raridade bibliográfica.
Escreveu muito e para muitos fadistas, era verdadeiramente notável a maneira como saboreava, como brincava com as palavras, os trocadilhos maravilhosos que inventava, sabendo sempre ser sensual e apaixonado, surgindo com ideias bonitas e profundas, tudo envolto na maior elegância verbal.
Grande combatente do fado, Linhares Barbosa começou a sua vida de trabalho como torneiro mecânico. E como ele gostava de contar, fez umas quadras numa noite de S. João, ainda operário, num arraial e logo toda a gente cantou com ele, mas foi depois muito incitado por Martinho da Assunção, pai, um bom poeta, que Linhares Barbosa começou a escrever fado atrás de fado, que ia vendendo. Mas isso não lhe dava para viver, publicando embora os seus primeiros versos no jornal Voz do Operário. A independência financeira veio quando, em 1922, com 29 anos, Linhares Barbosa fundou o jornal fadista Guitarra de Portugal, que dirigiu até 1939, acolhendo acirradas polémicas com toda a gente, até inventando polémicas com ele próprio, debatendo factos como se uma fadista como Adelina Fernandes devia usar o moderníssimo e nada típico cabelo à garçonne, mas sempre defendendo calorosamente os fadistas e os autores, divulgando todos os grandes letristas sem excepção, publicando milhares de cantigas, num intenso movimento cultural, e também fotografias de cantadores e cantadeiras, como a jovem Amália, e até desenhos de grandes artistas, como Stuart Carvalhais, traço fulgurante do fado.
Em 1945, Linhares Barbosa deu início à segunda série de Guitarra de Portugal, que durou até 1947, a que se seguirá Ecos de Portugal, sendo também, durante muitos anos, director artístico do Café Luso, Palácio de S. Roque, o templo do fado, na Travessa da Queimada, no coração do Bairro Alto. Em 1963, foi-lhe prestada uma sentida homenagem no Coliseu dos Recreios, sendo declarado Linhares Barbosa o maior poeta do fado, o que era verdade. A sua obra é vastíssima de mais de três mil cantigas, os seus êxitos excepcionais andam na voz de todos os grandes fadistas, como Alfredo Marceneiro, que dele cantou obras de grande beleza, como Mocita dos Caracóis, Fado Pierrot, ou aquele que diz: "Eu lembro-me de ti / chamavas-te Saudade / tu eras nesse tempo / a filha do moleiro."
Amália tinha com Linhares Barbosa uma ligação artística excepcional. Mas sabia escolher. Por vezes comprava-lhe vinte ou trinta cantigas para só cantar depois umas duas ou três. Dentre o muito que Amália cantou Linhares Barbosa, tem enorme destaque As Pedras mais conhecido por Lá Porque Tens Cinco Pedras, uma verdadeira maravilha de jogar com as palavras e os sentimentos, num tom de desafio, até com imagens bíblicas, como a alusão à pedra da fenda do jovem rei David, tudo misturado com um peso e uma medida exemplares, num bem picado Fado Corrido, que Amália cantou ao vivo, no Luso, em 1955, e fez vibrar, em Paris, no ano mágico de 1956, no seu primeiro e decisivo Olympia.
Quanto à Lenda das Rosas, podia ser obra de um seguidor do Noivado do Sepulcro, de Soares de Passos (1826-1860), no seu ambiente ultra-romântico cemiterial, um poema bem construído no seu género mas muito longo, com as glosas da quadra para serem repetidas, um género de fado que pouco deve ter parado no reportório de Amália, que aliás se gabava de ter aligeirado o fado de repetições deste tipo. A música era de Francisco Viana, o Vianinha. E actualmente alguns fadistas o desenterraram e gravaram.
Mas Linhares Barbosa era grande sobretudo no fado popular e sensual, como As Sardinheiras, um prodígio de poema popular onde entra sol e lua: "hoje durmo onde ele dorme", que Amália achava que "corria como água", mas que nunca gravou completo, apenas truncado, em 1945, no Rio de Janeiro. E mesmo, apesar de tão arrebatado, pouco o cantou, porque, segundo me disse: "A música é minha, eu é que não estava inscrita na Sociedade de Autores, nem nada dessas coisas, e dei a música ao Fernando de Freitas, que foi quem passou por autor, mas não gosto dela, como é minha posso dizer que não gosto." Está dito. Nesta veia de sensualidade popular é notável a letra que Linhares Barbosa fez para música da célebre Rosinha dos Limões, de Artur Ribeiro, que se transformou no mais gingão, salgado e sedutor Marujo Português de quantos há memória. Outro esplendor de graça atrevida é Zanguei-me com o Meu Amor, que Amália canta no filme Fado, História d'Uma Cantadeira (1947), quadras cheias de sabor fadista, numa música do notável virtuoso da guitarra portuguesa Jaime Santos.
E há, em Linhares Barbosa, dois desafios de garra e ciúme bem temperados, Os Alamares, homenagem ao homem macho, ao fadista retinto e ao seu habitat, outra música de Jaime Santos, e Dá-me o Braço, Anda Daí, muito bem achado, com música de José Blanc. Saltitante de alegria afadistada, algo infantil, é Gosto da Minha Casinha, com música de Ricardo Borges de Sousa. Mais plangente, embora bonito na sua evocação de uma vida distante, de uma infância perdida e um amor primeiro, é Aquela Rua, mais uma música de Jaime Santos. Muito engraçados na inspiração lisboeta de Linhares Barbosa são Cabeça de Vento, música do viola Armando Machado, versos que me lembram o fantástico Paname, de Léo Ferré, e o Fado das Tamanquinhas, um hino a Lisboa muito bem engendrado, com imensa graça, localizando as várias Lisboas, que foi um grande êxito, com música de Carlos Neves. E falta ainda falar de Faia, com uma piada também desafiadora, cheia de fadistice, afirmação de que o fado não admite mistura de classes nem apropriação de madames por fadistas, com música do professor Martinho da Assunção, que Amália transforma num turbilhão de ritmo, ao qual Berta Cardoso também emprestava um jeito muito singular, com a sua figura redonda, nos seus tempos de cantar na Viela, na época do Sérgio.
No fado mais dramático, Linhares Barbosa não é tão superlativo, mas deu a Amália oportunidade de ter beleza e ser muito triste em Os Meus Olhos São Dois Círios, um profundo Fado Menor, no mesmo tom menor cantando os versos um tanto realistas de Desespero. E é uma Amália muito inquisitiva que vibra em Não Digas Mal Dele, um grande sucesso com música de Armando Freire, o tão popular Armandinho, que Max, um bom fadista, cantou com êxito na versão masculina. Disse Mal de Ti, com música de Acácio Gomes dos Santos, é um bem achado exagero de paixão; Perdição, com música sempre envolvente de Franklin Godinho, fado dedicado pelo autor a Ricardo Espírito Santo, é um amor desfeito que se refugia numa confissão à mãe compreensiva e teve um enorme sucesso; Vieste Depois, com música mais uma vez de Jaime Santos, tem uma ideia estranha do amor ao fado se sobrepor à paixão amorosa. E há ainda, na veia triste, a desamparada e dura realidade de Sei Finalmente, com a voz jovem de Amália em 1945, gravado no Rio de Janeiro, e o longo poema Contradições, dedicado ao famoso empresário portuense Domingos Parker, um amor juvenil de Amália, que julgo nunca gravou esta cantiga.
Foi muito grande no fado este João Linhares Barbosa, que viveu muito, assistiu ao passar de muitas modas, nem sempre conformado, mas a quem todos respeitavam e pediam conselho, que ele nunca negava, apesar de ser bem conhecida, no meio fadista, a sua nunca escondida homossexualidade, que o tornava mais sensual, talvez até mais doce, mais apto a desenhar a traços fortes o retrato do homem desejado. [...]

              VÍTOR PAVÃO DOS SANTOS
              (in "O Fado da Tua Voz: Amália e os Poetas",
              Lisboa: Bertrand Editora, 2014 – p. 99-102)



Capa do livro "O Fado da Tua Voz: Amália e os Poetas", de Vítor Pavão dos Santos (Lisboa: Bertrand Editora, Nov. 2014)
Fotografia - Carlos Gil (espólio do fotógrafo em depósito na Fundação Mário Soares e Maria Barroso, Rua de São Bento, Lisboa)
Design gráfico – José Dias


POEMAS DE LINHARES BARBOSA CANTADOS POR AMÁLIA
(por ordem cronológica de criação/gravação/edição)
  1. Lenda das Rosas
    Música: Francisco Viana (Fado Vianinha) [?]
    Nota: Não existe gravação conhecida. Fazia parte do repertório de Amália em 1946.
  2. Desespero
    Música: Popular (Fado Menor) [?]
    Nota: Não existe gravação conhecida. Fazia parte do repertório de Amália em 1946. A primeira quadra («Amei-te com desespero / Mais do que eu ninguém te quis / Agora que não te quero / Vejo as figuras que fiz») foi cantada por Amália no filme "Fado, História d'uma Cantadeira", 1947, de Perdigão Queiroga (aos 27':45"), com música Popular (Fado Menor).
  3. Contradições
    Música: ?
    Nota: Não existe gravação conhecida. Fazia parte do repertório de Amália em 1946.
  4. A Cruz da Minha Vida
    Música: ?
    Nota: Não existe gravação conhecida.
  5. Sei Finalmente
    Música: Armando Augusto Freire, "Armandinho"
    Gravação em: Rio de Janeiro, 1945
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "A Tendinha / Sei Finalmente" [Continental (Brasil), 1945] 20.003
  6. Troca de Olhares
    Música: Martinho d'Assunção
    Gravação em: Rio de Janeiro, 1945
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Duas Luzes / Troca de Olhares", [Continental (Brasil), 1945] 20.012
  7. Sardinheiras
    Música: Amália Rodrigues (credita em nome do guitarrista Fernando Freitas)
    Gravação em: Rio de Janeiro, 1945
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Ai Mouraria / Sardinheiras", [Continental (Brasil), 1945] 20.017
  8. Fado Marujo (Marujo Português)
    Música: Artur Ribeiro ("A Rosinha dos Limões")
    Gravação em: 1951
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Fado Marujo / Fado das Tamanquinhas" (Melodia, 1952) 37.006
  9. Fado das Tamanquinhas
    Música: Carlos Simões Neves (Fado Tamanquinhas)
    Gravação em: 1951
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Fado Marujo / Fado das Tamanquinhas" (Melodia, 1952) 37.006
  10. Lá Porque Tens Cinco Pedras
    Música: Popular (Fado Corrido, arr. Filipe Pinto) e João do Carmo de Noronha (Fado João)
    Gravação em: 1951
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Lá Porque Tens Cinco Pedras / Quando os Outros te Batem, Beijo-te Eu" (Melodia, 1952) 37.009
    Nota: O título no manuscrito original era "As Pedras". Já fazia parte do repertório de Amália em 1946.
  11. Disse Mal de Ti
    Música: Acácio Gomes dos Santos (Fado Bizarro)
    Gravação em: 1951
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Disse Mal de Ti / Fado Alfacinha" (Melodia, 1952) 37.010
  12. Cabeça de Vento
    Música: Armando Machado (Fado Bolero do Machado)
    Gravação em: 1951
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Cabeça de Vento / Tentação" (Melodia, 1952) 37.011
  13. Aquela Rua
    Música: Jaime Santos
    Gravação em: 1951
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Aquela Rua / Fado Lisboeta" (Melodia, 1952) 37.012
  14. Perdição (Minha Mãe)
    Música: Franklin Godinho (Fado Franklin de Sextilhas)
    Gravação em: Lisboa, Jun. 1951
    Primeira edição fonográfica: 2LP/CD "Rara e Inédita" (Col. Amália 50 Anos, vol. 8, EMI-VC, 1989) 7937311 / 7937312
    Nota: Já fazia parte do repertório de Amália em 1946.
  15. Gosto da Minha Casinha
    Música: Ricardo Borges de Sousa (Fado da Idanha)
    Gravação em: Lisboa, Jun. 1951
    Primeira edição fonográfica (1.º registo): 2LP/CD "Rara e Inédita" (Col. Amália 50 Anos, vol. 8, EMI-VC, 1989) 7937311 / 7937312
    Primeira edição fonográfica (2.º registo): 2CD "Amália no Chiado" (Edições Valentim de Carvalho, 2014) 0349-2
  16. Os Meus Olhos São Dois Círios
    Música: Popular (Fado Menor)
    Gravação em: Londres, 23 Mar. 1952
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Há Festa na Mouraria / Fado Menor (Os Meus Olhos São Dois Círios)" (Columbia/VC, 1953) DL 139
  17. Não Digas Mal Dele
    Música: Armando Augusto Freire, "Armandinho" (Fado Mayer)
    Gravação em: Londres, 23 ou 25 Mar. 1952
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Não Digas Mal Dele / La Zarzamora" (Columbia/VC, 1953) DL 140
  18. Vieste Depois
    Música: Jaime Santos
    Gravação em: Lisboa, 1953
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Uma Casa Portuguesa / Vieste Depois" (Columbia/VC, 1953) DL 144
  19. Dá-me o Braço, Anda Daí
    Música: José Pedro Blanc (Fado Blanc)
    Gravação em: Lisboa, Fev. 1953
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Dá-me o Braço, Anda Daí / Coimbra" (Columbia/VC, 1953) DL 146
    Nota: O título no manuscrito original era "Vida Airada".
  20. Zanguei-me com o Meu Amor
    Música: Popular e Jaime Santos (Fado Mouraria estilizado)
    Gravação em: Lisboa, Mar. 1953
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Zanguei-me com o Meu Amor / Primavera" (Columbia/VC, 1953) DL 145
    Nota: Foi cantado por Amália no filme "Fado, História d'uma Cantadeira", 1947, de Perdigão Queiroga (aos 29':33").
  21. Alamares
    Música: Jaime Santos
    Gravação em: Lisboa, 1953
    Primeira edição fonográfica: disco 78 r.p.m. "Alamares / Quando a Noite Vem" (Columbia/VC, 1954) DL 148
    Nota: Já fazia parte do repertório de Amália em 1946. O refrão foi cantado por Amália no filme "Fado, História d'uma Cantadeira, 1947, de Perdigão Queiroga (aos 24':26").
  22. Faia
    Música: Martinho d'Assunção (Fado Faia)
    Gravação em: Paris, 1958 [?]
    Primeira edição fonográfica: LP "Amália Rodrigues (Fado Xuxu)" [Ducretet Thomson (França), 1958] 260 V 103
  23. Vamos os Dois para a Farra
    Música: Domingos Camarinha
    Gravação em: Paris, 1959 [?]
    Primeira edição fonográfica: LP "Amália Rodrigues (Eu Disse Adeus à Casinha)" [Columbia/Les Industries Musicales et Electriques Pathé Marconi (França), 1959] 33 FSX 132

Cumpre-nos deixar expresso o nosso reconhecido agradecimento ao Dr. Nuno de Siqueira por muito amavelmente se ter disponibilizado a ser nosso consultor na revisão da presente lista e nos ter facultado informação complementar.



Capa de um opúsculo contendo versos Linhares Barbosa cantados por Amália Rodrigues, com autógrafo da intérprete, datado de Maio de 1946.







Partitura do fado "Dá-me o Braço, Anda Daí" (Lisboa: Edições Sassetti, 1953)
Versos de Linhares Barbosa / música de José Blanc / criação de Amália Rodrigues
(in https://www.museudofado.pt/).


Completam-se hoje 60 anos sobre a morte de João Linhares Barbosa [resenha biográfica >> site do Museu do Fado], a quem foi apodado o epíteto de "Príncipe dos Poetas do Fado". E é bem verdade que a ele se deve, em grande medida, a emancipação e a dignificação poética do Fado a partir de finais dos anos 1920, o que, sem que ele talvez adivinhasse, viria a contribuir, três a quatro décadas mais tarde, para que poetas de extracção erudita passassem a olhar para o género sem o desdém que antes prevalecia e se sentissem motivados a escrever poemas cantáveis nas melodias já existentes ou compostas de raiz. Amália desempenhou nesse processo, como se sabe, um papel de suma importância, ela que na fase inicial do seu percurso artístico havia sido uma das principais intérpretes a cantar versos de Linhares Barbosa. E no cômputo geral do corpus poético a que Amália deu voz (cantada) até se retirar, o autor de "Dá-me o Braço, Anda Daí" só foi mesmo ultrapassado por ela própria e por José Galhardo. Dos 21 poemas de Linhares Barbosa que Vítor Pavão dos Santos apresenta no livro supramencionado, como tendo pertencido ao repertório amaliano, somados aos dois que estão omissos, encontrámos gravações de 19 editadas em disco, sendo que alguns daqueles 23 poemas foram gravados mais do que uma vez, inclusive já depois da morte do poeta (por exemplo, o "Fado das Tamanquinhas"). Considerando que nenhum foi gravado pela primeira vez após 19 de Agosto de 1965 (que seja do nosso conhecimento), entendemos que, para esta celebração conjunta, fazia mais sentido incidir a nossa selecção somente sobre registos feitos em vida do autor e, nos casos em que há mais do que um, escolhendo o da nossa preferência. O lote perfaz a cifra de 18 (deixámos apenas de fora o marialva "Alamares") e representa uma digna amostragem, ainda que parcelar, da poética de Linhares Barbosa, veiculada pela maior cantora portuguesa, assente em belas e cativantes melodias do Fado. Tencionamos voltar à obra de Linhares Barbosa, noutras boas vozes do Fado, até porque o acervo fonográfico constituído é substancial. Boa escuta!

Atendendo às particulares obrigações que a Antena 1 tem, por estipulação legal e por dever moral, no domínio da divulgação do nosso património musical, mormente o de feição mais identitária, impõe-se a realização de uma evocação cabal e conveniente da figura tão marcante da História do Fado chamada João Linhares Barbosa. E não é forçoso que isso se faça por ocasião de uma efeméride: pode sê-lo noutra altura e no âmbito de um programa, a criar e que seja emitido em horário decente, devotado a nomes grados do Fado – poetas, compositores, intérpretes – e que vá além da simples passagem de fados e guitarradas, ainda que identificadas as pessoas que os conceberam e interpretaram. Fica apresentada a ideia, fazendo votos de que não caia em saco roto...



Sei Finalmente



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Armando Augusto Freire, "Armandinho"
Intérprete: Amália Rodrigues* [in disco 78 r.p.m. "A Tendinha / Sei Finalmente", Continental (Brasil), 1945; CD "Pela Primeira Vez: Rio de Janeiro 1945", EMI-VC, 1995; CD "Ciúme", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009; CD "A Diva do Fado: As Primeiras Gravações", Col. Arquivos do Fado, vol. 1, Tradisom, 2013]




[instrumental]

Sei finalmente
Que afirmam, fazem apostas
Que não sou, infelizmente,
Aquela de quem tu gostas.

Ó meu amor,
Fala-me toda a verdade,
Seja qual for,
Peço-te eu por caridade!

Sem compaixão
Desta dor, tem dó de mim!
Eu vi um sim
Onde os outros viram não.

E a minha luz
Só tu foste e mais ninguém;
A minha cruz
Pode ser o teu desdém.

Não se me dá
Que se riam por meu mal,
Que me digam não ser já
A mulher do teu ideal.

Ó meu amor,
Que à minha alma te encostas,
Diz o que for,
Peço-te eu de mãos postas!

Sem compaixão
Desta dor, tem dó de mim!
Eu vi um sim
Onde os outros viram não.

E a minha luz
Só tu foste e mais ninguém;
A minha cruz
Pode ser o teu desdém.


* Amália Rodrigues – voz
Orquestra Portuguesa de Guitarras, dir. Fernando Freitas



Troca de Olhares



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Martinho d'Assunção
Intérprete: Amália Rodrigues* [in disco 78 r.p.m. "Duas Luzes / Troca de Olhares", Continental (Brasil), 1945; CD "Pela Primeira Vez: Rio de Janeiro 1945", EMI-VC, 1995; CD "Paixão", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 1, Tugaland, 2009; CD "A Diva do Fado: As Primeiras Gravações", Col. Arquivos do Fado, vol. 1, Tradisom, 2013]




[instrumental]

Os olhares que te deito        | bis
Desde a hora em que te vi    |
São as falas do meu peito   | bis
Que morre de amor por ti!  |

Quantos olhares são trocados,   | bis
Em segredos envolvidos!           |
Sinais mudos, bem falados       | bis
Por quem são compreendidos!  |

Não é preciso falar,       | bis
Havendo combinações,  |
Porque a troca do olhar   | bis
É a voz dos corações!     |

[instrumental]


* Amália Rodrigues – voz
Orquestra Portuguesa de Guitarras, dir. Fernando Freitas



Sardinheiras



Letra: João Linhares Barbosa (excerto) [texto integral >> abaixo]
Música: Amália Rodrigues (credita em nome do guitarrista Fernando Freitas)
Intérprete: Amália Rodrigues* [in disco 78 r.p.m. "Ai Mouraria / Sardinheiras", Continental (Brasil), 1945; CD "Pela Primeira Vez: Rio de Janeiro 1945", EMI-VC, 1995; CD "A Diva do Fado: As Primeiras Gravações", Col. Arquivos do Fado, vol. 1, Tradisom, 2013; CD "Paixão", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 1, Tugaland, 2009]




[instrumental]

Um dia ele seguiu-me         | bis
'Té à rua onde eu morava;  |
Cumprimentou-me, fugiu-me,  | bis
E ao outro dia lá estava.          |

Atirei-lhe da trapeira      | bis
Da minha água-furtada  |
Uma rubra sardinheira,        | bis
Que se tornou mais corada.  |

Depois, nunca mais o vi,       | bis
Nem do seu olhar a chama;  |
Passou tempo e descobri    | bis
Que ele morava na Alfama. |

Uma noite, sem pensar,           | bis
Pus o meu xaile, o meu lenço,  |
E fui atrás desse olhar           | bis
Que deixara o meu suspenso. |

Perguntei a uma vizinha  | bis
Bela, de saia de folhos,   |
Onde ficava a casinha      | bis
Do dono daqueles olhos.  |

Apontou-me um quarto andar,  | bis
Alto, com duas trapeiras,         |
Onde estavam a gritar      | bis
Dezenas de sardinheiras.  |

Hoje moro onde ele mora,      | bis
Hoje durmo onde ele dorme;  |
Há sol por dentro e por fora  | bis
Da minha alegria enorme.    |


* Amália Rodrigues – voz
Fernando Freitas – guitarra portuguesa
Gonçalves Dias – viola



AS SARDINHEIRAS

(João Linhares Barbosa)


Um dia ele seguiu-me
'Té à rua onde eu morava;
Cumprimentou-me, fugiu-me,
E ao outro dia lá estava.

Atirei-lhe da trapeira
Da minha água-furtada
Uma rubra sardinheira,
Que se tornou mais corada.

Depois, nunca mais o vi,
Nem do seu olhar a chama;
Passou tempo e descobri
Que ele morava na Alfama.

Uma noite, sem pensar,
Pus o meu xaile, o meu lenço,
E fui atrás desse olhar
Que deixara o meu suspenso.

Perguntei a uma vizinha
Bela, de saia de folhos,
Onde ficava a casinha
Do dono daqueles olhos.

Apontou-me um quarto andar,
Alto, com duas trapeiras,
Onde estavam a gritar
Dezenas de sardinheiras.

Hoje moro onde ele mora,
Hoje durmo onde ele dorme;
Há sol por dentro e por fora
Da minha alegria enorme.



Fado Marujo (Marujo Português)



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Artur Ribeiro ("A Rosinha dos Limões")
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Fado Marujo / Fado das Tamanquinhas", Melodia, 1952; CD "Amália Rodrigues", Col. O Melhor dos Melhores, vol. 2, Movieplay, 1994; 2CD "Amália Rodrigues": CD 1, Movieplay, 1997; CD "Amália Rodrigues", Col. Clássicos da Renascença, vol. 1, Movieplay, 2000; CD "Remorsos", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 12, Tugaland, 2009)




[instrumental]

Quando ele passa,
O marujo português
Não anda, passa a bailar
Como ao sabor das marés.
Quando se ginga,
Põe tal jeito, faz tal proa,
Só para que se não distinga
Se é corpo humano ou canoa.

Chega a Lisboa,
Salta do barco e num salto
Vai parar à Madragoa
Ou então ao Bairro Alto.
Entra em Alfama
E faz de Alfama o convés;
Há sempre um Vasco da Gama
No marujo português.

Quando ele passa,
Com o seu alcache vistoso,
Traz sempre pedras de sal
No olhar malicioso.
Põe com malícia
A sua boina maruja;
Mas se inventa uma carícia,
Não há mulher que lhe fuja.

Uma madeixa
De cabelo descomposta
Pode até ser a fateixa
De que uma varina gosta.
Sempre que passa
O marujo português,
Passa o mar numa ameaça
De carinhosas marés.

[instrumental]

Sempre que passa
O marujo português,
Passa o mar numa ameaça
De carinhosas marés.


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola



Fado das Tamanquinhas



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Carlos Simões Neves (Fado Tamanquinhas)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Fado Marujo / Fado das Tamanquinhas", Melodia, 1952; CD "Amália Rodrigues", Col. O Melhor dos Melhores, vol. 2, Movieplay, 1994; 2CD "Amália Rodrigues": CD 1, Movieplay, 1997; CD "Lisboa", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 11, Tugaland, 2009)




De cantigas e saudades
Vive esta linda Lisboa:
Faz loucuras e maldades,    | bis
Mas, no fundo, pura e boa   |
Nas suas leviandades.         |

Burguesinha no Chiado,
No seu pátio costureira,
Nos retiros canta o fado,   | bis
No mercado é regateira     |
E o Tejo é seu namorado.  |

Faz das cantigas pregões,
Gosta do Sol e da Lua;
Vai com fé nas procissões,    | bis
Doida nas marchas da rua,   |
Tem ciúmes e paixões.         |

Vive esta linda Lisboa
Diferente doutras cidades:
É Bairro Azul, Madragoa,
Defeitos e qualidades
Tudo tem esta Lisboa.


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola



Lá Porque Tens Cinco Pedras



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Popular (Fado Corrido, arr. Filipe Pinto) e João do Carmo de Noronha (Fado João)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Lá Porque Tens Cinco Pedras / Quando os Outros te Batem, Beijo-te Eu", Melodia, 1952; CD "Amália Rodrigues", Col. O Melhor dos Melhores, vol. 2, Movieplay, 1994; 2CD "Amália Rodrigues": CD 1, Movieplay, 1997; CD "Abandono", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 3, Tugaland, 2009)




[instrumental]

Lá porque tens cinco pedras  | bis
Num anel de estimação,        |
Agora falas comigo             | bis
Com cinco pedras na mão.  |

Enquanto nesses brilhantes    | bis
Tens soberba e tens vaidade,  |
Eu tenho as pedras da rua   | bis
P'ra passear à vontade.       |

Pobre de mim, não sabia    | bis
Que o teu olhar sedutor      |
Não errava a pontaria      | bis
Como a pedra do pastor.  |

Mas não passes sorridente,   | bis
A alardear satisfeito,            |
Pois hei-de chamar-te à pedra  | bis
Pelo mal que me tens feito.      |

E hás-de ficar convencido   | bis
Da afirmação consagrada:  |
«Quem tem telhados de vidro  | bis
Não deve andar à pedrada.»    |

[instrumental]


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola



Disse Mal de Ti



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Acácio Gomes dos Santos (Fado Bizarro)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Disse Mal de Ti / Fado Alfacinha", Melodia, 1952; 2CD "Amália Rodrigues": CD 1, Movieplay, 1997; CD "Ciúme", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009)




Fui dizer mal de ti a toda a gente...
Jurei, teimei, a todos convenci
Que eras um impostor que nada sente  | bis
E ainda hoje disse mal de ti.                |

Afirmei que me bates, que me oprimes,
Que és cobarde, que és cínico; e pelo visto
Serias bem capaz dos maiores crimes    | bis
Se te pagassem bem... disse tudo isto.  |

Todos me acreditaram cegamente,
Nalguns olhos vi lágrimas luzindo;
Chorei, gritei, gemi cinicamente,             | bis
Mas cá dentro a minha alma ia sorrindo.  |

Na boca das mulheres vi o lume
Do ódio, do rancor que eu acendi;
Menti a toda a gente por ciúme,   | bis
Só eu quero gostar, gostar de ti.  |


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola



Cabeça de Vento



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Armando Machado (Fado Bolero do Machado)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Cabeça de Vento / Tentação", Melodia, 1952; 2CD "Amália Rodrigues": CD 1, Movieplay, 1997; CD "Paixão", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 1, Tugaland, 2009)




Lisboa, se amas o Tejo
Como não amas ninguém,
Perdoa num longo beijo
Os caprichos que ele tem.

Faço o mesmo ao meu amor,
Quando aparece zangado:
Para acalmar-lhe o furor
Num beijo canto-lhe o fado.

E vejo todo o bem que ele me quer,
Precisas de aprender a ser mulher:
Tu também és rapariga,
Tu também és cantadeira;
Vale mais uma cantiga
Cantada à tua maneira,

Que andarem os dois à uma
Nesse quebrar de cabeça.
Que lindo enxoval de espuma
Ele traz quando regressa!

À noite é de prata o seu lençol,
De dia veste um pijama de sol...
Violento mas fiel,
Sempre a rojar-se a teus pés;
Meu amor é como ele,
Tem más e boas marés.

Minha cabeça-de-vento,
Deixa-o lá ser ciumento.


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola



Aquela Rua



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Jaime Santos
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Aquela Rua / Fado Lisboeta", Melodia, 1952; CD "Amália Rodrigues", Col. O Melhor dos Melhores, vol. 2, Movieplay, 1994; 2CD "Amália Rodrigues": CD 2, Movieplay, 1997)




[instrumental]

Não me fales dessa rua,
A rua,
Que para mim a mais linda,
Ainda...
Sim, prefiro que te cales:
Fala-me das horas de hoje,
Do passado não me fales.

Nesse tempo de quimera,
Eu era
Como simples açucena,
Pequena...
Pura como a luz da Lua,
Era a menina bonita
Do princípio ao fim da rua.

Bibe azul aos quadradinhos,
Fitas e laços
De ir para a escola...
Hoje sigo outros caminhos,
Fiz dos teus braços
Uma gaiola.

Canções alegres que eu tinha
Que eram da moda...
Só sei cantar:
«Olha a triste viuvinha,
Que anda na roda
E anda a chorar...»

Era irmã daquela fonte,
Defronte,
Aprendi a tagarela
Com ela...
Tudo na vida mudou,
Porque um dia tu passaste,
Passaste e a fonte secou.

Meu cantarinho de barro,
Bizarro,
Fosse lá pelo que fosse,
Quebrou-se...
Passaste a chamar-me tua,
Desde então não mais pisei
As pedras daquela rua.

[instrumental]

Sim, prefiro que te cales:
Fala-me das horas de hoje,
Do passado não me fales.


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola



Perdição (Minha Mãe)



Letra: João Linhares Barbosa (excerto) [texto integral >> abaixo]
Música: Franklim Godinho (Fado Franklim de Sextilhas)
Intérprete: Amália Rodrigues* (grav. Jun. 1951, in 2LP/CD "Rara e Inédita", Col. Amália 50 Anos, vol. 8, EMI-VC, 1989; 2CD "Amália no Chiado": CD 1, Edições Valentim de Carvalho, 2014)




[instrumental]

Minha mãe!... Ó minha mãe!...
Abre-me o teu coração,
Deixa encostar-me ao teu peito;
Eu não tenho mais ninguém,   | bis
Quero pedir-te perdão            |
Pelo mal que tenho feito.        |

Foi ele... eu gostava dele...
Uma tentação constante,
A minha noite, o meu dia;
Ninguém mais belo do que ele,   | bis
Meu respirar ofegante,               |
Água pura que eu bebia.            |

O mundo será dos dois,
Disse, sorriu-me, eu sorri;
Foi-se embora satisfeito.
Vi-o com outra, depois,           | bis
Logo uma brasa senti              |
Queimar-me dentro do peito.   |

Desmaiei, tornei a mim,
Ainda o vi dar um beijo
Na boca dessa mulher.
Ó minha mãe!... Foi assim.
Mas vou ver se ainda o vejo,   | bis
Vou ver se ele ainda me quer.  |


* Amália Rodrigues – voz
Raul Nery – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado por Hugo Ribeiro, numa sala do 2.º andar da Casa Valentim de Carvalho, Lda., Rua Nova do Almada, Lisboa, em Junho de 1951
Remasterizado por Paulo Jorge Ferreira



PERDIÇÃO

(João Linhares Barbosa)


Minha mãe!... Ó minha mãe!...
Abre-me o teu coração,
Deixa encostar-me ao teu peito;
Eu não tenho mais ninguém,
Quero pedir-te perdão
Pelo mal que tenho feito.

Foi ele... eu gostava dele...
Uma tentação constante,
A minha noite, o meu dia;
Ninguém mais belo do que ele,
Meu respirar ofegante,
Água pura que eu bebia.

Um dia disse-me: vem!
E eu enganada, ceguinha,
Lá fui como um cão fiel.
Deus a livre, minha mãe!
Minha mãe!... Minha mãezinha,
Duma paixão tão cruel.

O mundo será dos dois,
Disse, sorriu-me, eu sorri;
Foi-se embora satisfeito.
Vi-o com outra, depois,
Logo uma brasa senti
No lado esquerdo do peito.

Ferida, cheia de celos,
De ciúme e perdição,
Fui junto dele, insultei-o.
Agarrou-me pelos cabelos
E atirou-me de roldão
Para o canto dum passeio.

Desmaiei, tornei a mim,
Ainda o vi dar um beijo
Na boca da outra mulher.
Ó minha mãe!... Foi assim.
Mas vou ver se ainda o vejo,
Vou ver se ele ainda me quer.



Gosto da Minha Casinha



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Ricardo Borges de Sousa (Fado da Idanha)
Intérprete: Amália Rodrigues* (grav. Jun. 1951, in 2LP/CD "Rara e Inédita", Col. Amália 50 Anos, vol. 8, EMI-VC, 1989)




[instrumental]

Gosto da minha casinha,   | bis
Não invejo a de ninguém:  |
Apesar de pobrezinha,              | bis
Só na minha é que estou bem.  |

Não tem luxo nem grandeza,   | bis
Tem o pouco que eu lhe dou:   |
É uma casa portuguesa     | bis
E pequena como eu sou.   |

É modesta mas bizarra:     | bis
Dá-lhe o sol durante o dia  |
E à noite uma guitarra     | bis
Vai fazer-me companhia.  |

Quem a olha cá de fora   | bis
Deve ter adivinhado        |
Que na minha casa mora             | bis
Alguém que ama e canta o fado.  |


* Amália Rodrigues – voz
Raul Nery – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado por Hugo Ribeiro, numa sala do 2.º andar da Casa Valentim de Carvalho, Lda., Rua Nova do Almada, Lisboa, em Junho de 1951
Remasterizado por Paulo Jorge Ferreira



Os Meus Olhos São Dois Círios



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Popular (Fado Menor)
Arranjo: Santos Moreira
Intérprete: Amália Rodrigues* [in disco 78 r.p.m. "Há Festa na Mouraria / Fado Menor (Os Meus Olhos São Dois Círios)", Columbia/VC, 1953; 2LP "O Melhor de Amália: Estranha Forma de Vida": LP 1, Columbia/EMI, 1985, reed. EMI-VC, 1995; 2LP/CD "Amália Mais os Poetas Populares", Col. Amália 50 Anos, vol. 3, EMI-VC, 1989; CD "Abbey Road 1952", EMI-VC, 1992, Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007; livro/4CD O Melhor de Amália": CD 1, Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007, Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011; CD "Saudade", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 4, Tugaland, 2009]




[instrumental]

Os meus olhos são dois círios    | bis
Dando luz triste ao meu rosto,  |
Marcado pelos martírios       | bis
Da saudade e do desgosto.  |

Quando oiço bater trindades   | bis
E a tarde já vai no fim,           |
Eu peço às tuas saudades    | bis
Um padre-nosso por mim.   |

Mas não sabes fazer preces,          | bis
Não tens saudades, nem pranto...  |
Porque é que tu me aborreces?    | bis
Porque é que eu te quero tanto?  |

Mas para meu desespero,              | bis
Como as nuvens que andam altas, |
Todos os dias te espero,   | bis
Todos os dias me faltas.   |

[instrumental]


* Amália Rodrigues – voz
Raul Nery – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado nos estúdios de Abbey Road, Londres, a 23 de Março de 1952
Restauro digital – Ron Hill, nos estúdios de Abbey Road, Londres, em 1992



Não Digas Mal Dele



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Armando Augusto Freire, "Armandinho" (Fado Mayer)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Não Digas Mal Dele / La Zarzamora", Columbia/VC, 1953; CD "Abbey Road 1952", EMI-VC, 1992; CD "Ciúme", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009)




[instrumental]

Foi mau, não minto,
Falso, ruim,
Vil e cruel...
Mas não consinto
Que ao pé de mim
Digas mal dele.

Tu és banal,
Não se perdoa,
Não é decente
Dizer-se mal
Duma pessoa
Que está ausente.

Não, não tolero
E não quero
Trazer de novo à cena
Dor que ainda me dói;
Não foi nada contigo...
Não, não tolero,
A não ser que tenhas pena
De não ser como ele foi,
Para meu maior castigo.

Tudo ruiu,
Como um castelo
Feito na areia...
Deves ter brio
E não trazê-lo
À minha ideia.

Agora é tarde
Para censuras,
Sabe-lo bem...
Que Deus o guarde
De desventuras
E a nós também!

Não, não tolero
E não quero
Trazer de novo à cena
Dor que ainda me dói;
Não foi nada contigo...
Não, não tolero,
A não ser que tenhas pena
De não ser como ele foi,
Para meu maior castigo.

[instrumental]

Não, não tolero,
A não ser que tenhas pena
De não ser como ele foi,
Para meu maior castigo.


* Amália Rodrigues – voz
Raul Nery – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado nos estúdios de Abbey Road, Londres, a 23 ou 25 de Março de 1952
Restauro digital – Ron Hill, nos estúdios de Abbey Road, Londres, em 1992



Vieste Depois



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Jaime Santos
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Uma Casa Portuguesa / Vieste Depois", Columbia/VC, 1953; CD "Amália Secreta: 1953-1958", Col. Arquivos do Fado, vol. 3, Tradisom/Farol Música, 2009; CD "Ciúme", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009; 2CD "Amália no Chiado": CD 1, Edições Valentim de Carvalho, 2014)




[instrumental]

Cantar, para te agradar, para te prender;
Sorrir, para te atrair, já não pode ser...
Não queres, não ligas, a nada te prendes;
As minhas cantigas não as compreendes.

Eu quero um homem sincero, sem falsos ciúmes;
Também preciso de alguém que me oiça os queixumes;
Não sei se é pecado, julgo que perdoes o mal confessado;
Eu vivo p'ra dois: primeiro p'ra o fado, p'ra ti só depois.

A sós, aqui só para nós, põe cartas na mesa:
O amor assim não tem cor, nem cor nem beleza...
Não acho bonito a gente cansar-se
Num vago delito de um longo disfarce.

O fado não é culpado da minha ameaça:
Sem ele a vida é cruel, sem crença e sem raça...
Alegre pareço, mas não é assim, chorar apeteço;
O fado, p'ra mim, foi o meu começo, será o meu fim.

[instrumental]

Alegre pareço, mas não é assim, chorar apeteço;
O fado, p'ra mim, foi o meu começo, será o meu fim.


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado por Hugo Ribeiro, em 1953



Dá-me o Braço, Anda Daí



Letra: João Linhares Barbosa
Música: José Pedro Blanc (Fado Blanc)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Dá-me o Braço, Anda Daí / Coimbra", Columbia/VC, 1953; 2LP "O Melhor de Amália: Estranha Forma de Vida": LP 1, Columbia/EMI, 1985, reed. EMI-VC, 1995; 2LP/CD "Amália Mais os Poetas Populares", Col. Amália 50 Anos, vol. 3, EMI-VC, 1989; livro/4CD O Melhor de Amália": CD 1, Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007, Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011; CD "Ciúme", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009; 2CD "Amália no Chiado": CD 1, Edições Valentim de Carvalho, 2014)




[instrumental]

Dá-me o braço, anda daí;
Tu vem, porque eu quero cantar;
Dá-me o braço, anda daí;
Tu vens, porque eu quero cantar,
Cantar encostada a ti:
Sentir cair raios de luar;
Cantar encostada a ti
Até a noite acabar.

Vê que esta rosa encarnada
Me faz mais apetitosa,
Vê que esta rosa encarnada
Me faz mais apetitosa;
Somos três da vida airada,
Ao pé de ti sinto-me vaidosa;
Somos três da vida airada:
Eu, tu e mais esta rosa.

Quero sentir o prazer
De passarmos lado a lado,
Quero sentir o prazer
De passarmos lado a lado,
Ao lado dessa mulher
Que tens agora e não canta o fado;
Ao lado dessa mulher
Com quem me tens enganado...

Depois bate-se p'rás hortas,
Adoro esta vida airada...
Depois bate-se p'rás hortas,
Adoro esta vida airada:
Beijar-te fora de portas
E alta noite, à hora calada;
Beijar-te fora de portas
E amar-te à porta fechada!

[instrumental]


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado por Hugo Ribeiro, Lisboa, em Fevereiro de 1953



Zanguei-me com o Meu Amor



Letra: João Linhares Barbosa (para o filme "Fado, História d'Uma Cantadeira", 1947, de Perdigão Quiroga)
Música: Popular e Jaime Santos (Fado Mouraria estilizado)
Intérprete: Amália Rodrigues* (in disco 78 r.p.m. "Zanguei-me com o Meu Amor / Primavera", Columbia/VC, 1953; 2LP "O Melhor de Amália: Volume II - Tudo Isto É Fado": LP 1, Columbia/EMI, 1985, reed. EMI-VC, 2000; livro/4CD O Melhor de Amália": CD 1, Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007, Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011; CD "Palcos", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 7, Tugaland, 2009; 2CD "Amália no Chiado": CD 1, Edições Valentim de Carvalho, 2014)




[instrumental]

Zanguei-me com o meu amor,  | bis
Não o vi em todo o dia;           |
À noite cantei melhor   | bis
O Fado da Mouraria.    |

O sopro duma saudade          | bis
Vinha beijar-me hora a hora;  |
P'ra ficar mais à vontade,    | bis
Mandei a saudade embora.  |

De manhã, arrependida,          | bis
Lembrei-o, pus-me a chorar...  |
Quem perde um amor na vida   | bis
Jamais devia cantar.                 |

Quando regressou ao ninho,   | bis
Ele que mal assobia,              |
Vinha a assobiar baixinho  | bis
O Fado da Mouraria.          |

[instrumental]


* Amália Rodrigues – voz
Jaime Santos – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
Gravado por Hugo Ribeiro, Lisboa, em Março de 1953



Faia



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Martinho d'Assunção (Fado Faia)
Intérprete: Amália Rodrigues* [in LP "Amália Rodrigues (Fado Xuxu)", Ducretet Thomson (França), 1958; CD "Ciúme", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009]




[instrumental]

Vieram dizer-me à pouco
Que andavas louco
Por certa dama
Muito chique e muito bela,
Que ias com ela
Ali para Alfama.

Não adivinho quem seja,
Nem tenho inveja,
Mas dá nas vistas
Que uma senhora tão chique
Cante ao despique
Com as fadistas.

Esses becos e travessas
Não são para essas
Senhoras finas:
Alfama é das cantadeiras,
Das costureiras
E das varinas.

Se é só para te agradar
Que anda a cantar,
Diz-lhe que não,
Que não cometa o pecado
De usar o fado
Como brasão.

A guitarra nos teus dedos
Tem mil segredos
E faz tal feitiço:
A ela todas se prendem,
Todas se rendem
Sem dar por isso.

Se foi a tua guitarra,
Musa bizarra,
Que ao fado a trouxe,
Que seja muito feliz
Já que Deus quis
Que eu o não fosse.

Esses becos e travessas
Não são para essas
Senhoras finas:
Alfama é das cantadeiras,
Das costureiras
E das varinas.

Se é só para te agradar
Que anda a cantar,
Diz-lhe que não,
Que não cometa o pecado
De usar o fado
Como brasão.

[instrumental]

Que não cometa o pecado
De usar o fado
Como brasão.


* Amália Rodrigues – voz
Músicos acompanhadores não identificados, dir. Fernando de Carvalho



Vamos os Dois para a Farra



Letra: João Linhares Barbosa
Música: Domingos Camarinha
Intérprete: Amália Rodrigues* [in LP "Amália Rodrigues (Eu Disse Adeus à Casinha)", Columbia/Les Industries Musicales et Electriques Pathé Marconi (França), 1959; CD "Amália Secreta: 1953-1958", Col. Arquivos do Fado, vol. 3, Tradisom/Farol Música, 2009; CD "Tradição", Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 6, Tugaland, 2009]




[instrumental]

Vamos os dois para a farra,  | bis
Passar o dia na estroina:      |
Levo o saiote de barra,  | bis
E tu a cinta e a boina.    |

Os meus vestidos discretos
Acho que os não devo pôr:
Bastam-me os teus olhos pretos  | bis
Que nunca mudam de cor.           |

Vou cantar um outro fado    | bis
E vais gostar de me ouvir:   |
Hoje não quero pensar,   | bis
Hoje apetece-me rir.       |

P'ra não fugir ao costume:
Se os meus fados e motejos
Te provocarem ciúme,            | bis
Tapas-me a boca com beijos.  |

Acordei com este jeito   | bis
De lançar um desafio    |
Ao teu coração vadio                   | bis
Que anda a faltar-me o respeito.  |


* Amália Rodrigues – voz
Domingos Camarinha – guitarra portuguesa
Santos Moreira – viola
URL: https://amaliarodrigues.pt/pt/amalia/
https://www.museudofado.pt/index.php/fado/personalidade/amalia-rodrigues
https://centenarioamaliarodrigues.pt/
https://www.youtube.com/c/amaliarodriguesofficial
https://music.youtube.com/channel/UCF_E888KGi1ko8nk9Pus_2g



Capa da compilação em CD "Pela Primeira Vez: Rio de Janeiro 1945", de Amália Rodrigues (EMI-VC, 1995)



Capa da compilação em CD "A Diva do Fado: As Primeiras Gravações", de Amália Rodrigues (Col. Arquivos do Fado, vol. 1, Tradisom, 2013)
Ilustração – Pedro Sousa Pereira
Design gráfico – Ana Cláudia Caldelas Araújo



Capa da compilação em CD "Amália Rodrigues" (Col. O Melhor dos Melhores, vol. 2, Movieplay, 1994)
Fotografia – Silva Nogueira, 1950



Sobrecapa da compilação em duplo CD "Amália Rodrigues" (Movieplay, 1997)



Capa da compilação em CD "Amália Rodrigues" (Col. Clássicos da Renascença, vol. 1, Movieplay, 2000)
Fotografia – Silva Nogueira, 1950



Capa da compilação em duplo LP "O Melhor de Amália: Estranha Forma de Vida" (Columbia/EMI, 1985)
Fotografia de Silva Nogueira, 1950, colorida por Carlos Ribeiro
Arranjo gráfico – Fátima Rolo Duarte



Capa da compilação em duplo LP "O Melhor de Amália: Volume II - Tudo Isto É Fado" (Columbia/EMI, 1985)
Fotografia de Silva Nogueira, 1950, colorida por Leonel Lourenço
Arranjo gráfico – Fátima Rolo Duarte



Capa da edição de luxo (livro com 4 CD) reunindo as duas compilações anteriores "O Melhor de Amália" (Edições Valentim de Carvalho/Som Livre, 2007, Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)
Fotografia de Silva Nogueira, 1950, colorida por Carlos Ribeiro
Adaptação gráfica dirigida por Inês Cristóvão e Jorge Mourinha e realizada por JBJ & Viceversa (Rui de Sousa)



Capa da compilação em 2LP/CD "Amália Mais os Poetas Populares" (Col. "Amália 50 Anos", vol. 3, EMI-VC, 1989)
Fotografia – Silva Nogueira, 1954
Arranjo gráfico – José Teófilo Duarte



Capa da compilação em 2LP/CD "Rara e Inédita", de Amália Rodrigues (Col. "Amália 50 Anos", vol. 8, EMI-VC, 1989)
Pintura – Eduardo Malta ("Retrato de Senhora", 1949, óleo sobre tela, Museu do Caramulo)
Arranjo gráfico – José Teófilo Duarte



Capa da compilação em CD "Abbey Road 1952", de Amália Rodrigues (EMI-VC, 1992)
Grafismo – Fátima Rolo Duarte



Capa da compilação em duplo CD "Amália no Chiado" (Edições Valentim de Carvalho, 2014)
Design gráfico – José Dias
Ideia original, pesquisa e coordenação da edição – Frederico Santiago



Capa do LP "Amália Rodrigues (Fado Xuxu)" [Ducretet Thomson (França), 1958]



Capa do LP "Amália Rodrigues (Eu Disse Adeus à Casinha)" [Columbia/Les Industries Musicales et Electriques Pathé Marconi (França), 1959]



Capa da compilação em CD "Amália Secreta: 1953-1958", de Amália Rodrigues (Col. Arquivos do Fado, vol. 3, Tradisom/Farol Música, 2009)
Fotografia – Auliano, 1952



Capa da compilação em CD "Paixão", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 1, Tugaland, 2009)
Ilustração – Pedro Brito
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Ciúme", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 2, Tugaland, 2009)
Ilustração – Inês Casais
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Abandono", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 3, Tugaland, 2009)
Ilustração – Jimi Serra
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Saudade", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 4, Tugaland, 2009)
Ilustração – João Moreno
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Tradição", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 6, Tugaland, 2009)
Ilustração – Fernando Martins
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Palcos", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 7, Tugaland, 2009)
Ilustração – João Fazenda
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Lisboa", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 11, Tugaland, 2009)
Ilustração – Vasco Gargalo
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary



Capa da compilação em CD "Remorsos", de Amália Rodrigues (Col. Amália Nossa 1920-1999, vol. 12, Tugaland, 2009)
Ilustração – Patrícia Romão
Direcção de arte – Maria João Ribeiro
Design – Bloodymary

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Outros artigos com poesia de João Linhares Barbosa:
Celebrando Lucília do Carmo
José Pracana: "Lenda das Rosas" (João Linhares Barbosa)

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Outros artigos com repertório interpretado por Amália ou da sua autoria:
Ser Poeta
Celebrando Vinicius de Moraes
Camões recitado e cantado (II)
Amália Rodrigues: "Primavera" (David Mourão-Ferreira)
Amália Rodrigues: "Abril" (Manuel Alegre)
Poesia trovadoresca adaptada por Natália Correia
Luís de Camões: "Perdigão perdeu a pena"
Amália Rodrigues: "Naufrágio" (Cecília Meireles)
Amélia Muge: "A Lua" (Amália Rodrigues)
Amália Rodrigues: "Que Deus me Perdoe" (Silva Tavares)

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