07 agosto 2014

Celebrando Edmundo de Bettencourt



EDMUNDO BETTENCOURT

Vinde ouvir vinde ouvir a voz de Edmundo
Bettencourt. Essa voz que fica acima
da nota mais aguda onde então rima
com mar alto ó mar alto sem ter fundo.

Há nela uma Achadinha açoriana
cravos da Beira Baixa e da tristeza
e aquele não quer ser castelhana
de quem não pode ser mais portuguesa.

Vinde ouvir a saudade saudadinha
Senhora do Almortão e a mágoa infinda
dessa voz acabada de nascer.

Vinde ouvir. E quando ela for velhinha
mesmo assim a ouvireis cantar ainda
acabada acabada de morrer.

Manuel Alegre (in "Coimbra Nunca Vista", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995 – p. 79)


Nascido a 7 de Agosto de 1899 no Funchal, Edmundo Alberto Bettencourt, ou simplesmente Edmundo de Bettencourt (nome artístico-literário), marcou a primeira metade do século XX português com a sua arte particular. Uma arte que Herberto Hélder, de forma apaixonada, inscreveu «nas zonas mais puras» [no prefácio ao livro "Poemas de Edmundo de Bettencourt", Lisboa: Portugália, 1963]. José Afonso, por seu lado, considerava Edmundo de Bettencourt o maior cantor de sempre do fado de Coimbra (oito dos dez espécimes que José Afonso gravou para o álbum "Fados de Coimbra e Outras Canções", de 1981, são do repertório de Edmundo de Bettencourt, que aliás é o primeiro dos dois dedicatários do disco – o segundo é o pai do autor da "Balada do Outono"). Descrições arrebatadas que dizem muito sobre o modo como o artista tocou as gerações que com ele conviveram, assim como as que da sua vida apenas receberam os ecos de uma obra rara, mas rica e seminal.
Depois de uma primeira inscrição no curso de Direito em Lisboa, Edmundo de Bettencourt chegou a Coimbra em 1922. Aí, juntamente com o guitarrista Artur Paredes (pai de Carlos Paredes), revolucionou o fado da Lusa Atenas. Lado a lado com outras grandes vozes como António Menano, Edmundo de Bettencourt cristalizou uma nova linha na interpretação da canção coimbrã impregnando-a de «um lirismo mais forte», nas palavras de Manuel Alegre. Rui Pato, músico associado à balada de Coimbra (é dele a viola na maioria do repertório que José Afonso e Adriano Correia de Oliveira gravaram na década de 60), refere-se a Edmundo de Bettencourt como «o primeiro grande inovador». Foi ele que abriu o caminho para que, a partir de 1960, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Luiz Goes pudessem levar mais longe não só a forma como o conteúdo da Canção de Coimbra.
Edmundo de Bettencourt esteve também intimamente ligado a um importante movimento literário surgido em Coimbra em meados dos anos 20, consubstanciado na revista "Presença", da qual foi elemento fundador, afastando-se em 1930 juntamente com Miguel Torga e Branquinho da Fonseca. Apesar da dissensão, Edmundo de Bettencourt nunca se alheou das tertúlias e da discussão, construindo uma reputação de excelente conversador e observador atento das novas correntes, designadamente do movimento surrealista de Lisboa. Em 1963, a sua produção poética, a anteriormente publicada e a inédita, foi reunida no volume "Poemas de Edmundo de Bettencourt". No prefácio, Herberto Hélder afirma que o autor de "O Momento e a Legenda" e "Poemas Surdos" é «um poeta», complementado: «E não há por aí máquinas maternas de produzi-los seriamente.» Nós permitimo-nos acrescentar que foi poeta e cantor.
Neste CD reúne-se a maioria das gravações feitas em finais da década de 20 (Fevereiro de 1928 e Dezembro de 1929). São verdadeiras matrizes de um sentir, de um viver, de uma paixão. Matrizes que perduraram no tempo tornando-se eternas. Espécimes como "Menina e Moça", "Samaritana", "Canção do Alentejo", "Mar Alto", "Canção da Beira Baixa", "Saudades de Coimbra", "Senhora do Almortão e Senhora da Póvoa" ou "Saudadinha" são obras-primas do canto português, palavras e melodias que o tempo se encarregou de tornar maiores do que a vida. Emblemas de uma alma. Em suma: peças intemporais.
[adaptado do texto, não assinado, inserto no caderno do CD "Edmundo de Bettencourt: O Poeta Cantor", Discos Popular/Produções Valentim de Carvalho, 1999]


O 115.º aniversário do nascimento de Edmundo de Bettencourt é um bom pretexto para celebrarmos o insigne cantor e, por extensão, a canção de Coimbra, que tanto lhe deve, mas que tão maltratada tem sido pela rádio do Estado, mesmo depois da consagração pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade, o que aconteceu a 22 de Junho de 2013.
Edmundo de Bettencourt gravou muito pouco e desse escasso conjunto de gravações nem todas saíram em disco. Apenas dezasseis espécimes, originalmente repartidos por oito discos de 78 rpm, com selo Columbia. É esse precioso acervo que agora apresentamos, com recurso a várias compilações em CD, escolhendo as faixas com menos ruídos parasitas e que melhor fazem justiça à belíssima voz de Edmundo de Bettencourt, uma vez que – e lamentavelmente – ainda está por fazer uma edição reunindo a integral do cantor, nela se incluindo os espécimes nunca editados (caso os registos ainda existam), com o devido tratamento do som que a tecnologia de hoje permite.
No respeitante às letras, autorias e discos, a fonte foi o completíssimo artigo de José Anjos de Carvalho, publicado no blogue "Guitarra de Coimbra".



Menina e Moça



Letra: Américo Cortez Pinto (1.ª quadra) e Popular (2.ª quadra)
Música: Fausto de Almeida Frazão (Quintanista de Medicina 1919-20)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Menina e Moça / Fado da Sugestão", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)




[instrumental]

Coimbra, menina e moça,
Roussinol de Bernardim,
Não há terra como a nossa,
Não há no mundo outra assim...

[instrumental]

Coimbra é de Portugal
Como a flor é do jardim,
Como a estrela é do céu,
Como a saudade é de mim.

[instrumental]


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Fado da Sugestão



Letra: (?)
Música: Alexandre de Rezende (1886-1953)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Menina e Moça / Fado da Sugestão", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)




[instrumental]

Não digas "não", dize "sim",
Muito embora amor não sintas,
Que um "não" envenena a gente;
Dize "sim" inda que mintas.

[instrumental]

Não digas "não", dize "sim",
Sê ao menos a primeira;
Falta-me embora à verdade,
Não sejas tão verdadeira.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Samaritana



Letra e música: Álvaro Cabral (1865-1918)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Samaritana / Canção do Alentejo", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fado de Coimbra: Vol. 1", col. Um Século de Fado, Ediclube, 1999)


[instrumental]

Dos amores do Redentor
Não reza a História Sagrada
Mas diz uma lenda encantada
Que o bom Jesus sofreu de amor.

Sofreu consigo e calou
Sua paixão divinal,
Assim como qualquer mortal
Que um dia de amor palpitou.

Samaritana,
Plebeia de Sicar,
Alguém espreitando
Te viu Jesus beijar
De tarde quando
Foste encontrá-lo só,
Morto de sede
Junto à fonte de Jacob.

E tu, risonha, acolheste
O beijo que te encantou;
Serena, empalideceste
E Jesus Cristo corou.

Corou por ver quanta luz
Irradiava da tua fronte,
Quando disseste: – Ó Meu Jesus,
Que bem eu fiz, Senhor, em vir à fonte!

Samaritana,
Plebeia de Sicar,
Alguém espreitando
Te viu Jesus beijar
De tarde quando
Foste encontrá-lo só,
Morto de sede
Junto à fonte de Jacob.


Nota: «Sicar é, provavelmente, a antiga Siquém (em hebraico, Sichara), ou a actual aldeia de Askar, quase ao pé do Monte Ebal, próximo do Poço de Jacob.» ( José Anjos de Carvalho)

* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Canção do Alentejo



Letra e música: Popular
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Samaritana / Canção do Alentejo", Columbia, 1928; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)


[instrumental]

Lá vai Serpa, lá vai Moura
(Ai) E as Pias ficam no meio;
Quem vier à minha terra
(Ai) Não tem de que ter receio.

[instrumental]

Teus olhos, linda morena,
(Ai) Fazem-m'a alma sombria;
Quero-te mais, ó morena,
(Ai) Do que à luz de cada dia.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Inquietação



Letra: Edmundo de Bettencourt
Música: Alexandre de Rezende (1886-1953)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Inquietação / Fado de Anto", Columbia, 1928; CD "O Poeta Cantor", Discos Popular/Produções Valentim de Carvalho, 1999)


[instrumental]

Quanto mais foges de mim,
Mais corro e menos te alcanço;
O meu amor não tem fim,
Morrerei mas não me canso.

[instrumental]

Todo o bem que não se alcança
Vive em nós, morto de dor;
Quem ama, de amar não cansa
E se morrer é de amor.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Fado de Anto



Letra: António Nobre (1867-1900)
Música: Francisco Menano (1888-1970)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Inquietação / Fado de Anto", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fado de Coimbra: Vol. 1", col. Um Século de Fado, Ediclube, 1999)


[instrumental]

A cabra da velha torre,
Meu amor, chama por mim...
Quando um estudante morre
Os sinos tocam assim...

Oh quem me dera abraçar-te
Junto ao peito, assim, assim...
Levar-me a morte e levar-te
Toda abraçadinha a mim!


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Fado de Santa Cruz



Letra: Popular
Música: Fortunato Roma da Fonseca
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Fado de Santa Cruz / Mar Alto", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)


[instrumental]

Igreja de Santa Cruz,
Feita de pedra morena,
Dentro de ti vão rezar
Uns olhos que me dão pena.

[instrumental]

Quando estavas na igreja,
A teus pés ajoelhei:
À Virgem por mim rezavas,
À Virgem por ti rezei.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Mar Alto



Letra: Edmundo de Bettencourt
Música: Mário Faria da Fonseca
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Fado de Santa Cruz / Mar Alto", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)




[instrumental]

Fosse o meu destino o teu,
Ó mar alto, sem ter fundo:
Viver tão perto do céu,
Andar tão longe do mundo.

[instrumental]

Antes as tuas tormentas
Do que todas as revoltas;
Num sólio azul te adormentas
E a soluçar nunca voltas.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Canção da Beira Baixa



Letra e música: Popular
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Canção da Beira Baixa / Crucificado", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)




[instrumental]

Era ainda pequenina,
Acabada de nascer,
Inda mal abria os olhos
Já era para te ver,
Acabada de nascer.

[instrumental]

Quando eu já for velhinha,
Acabada de morrer,
Olha bem para os meus olhos:
Sem vida, inda te hei-de ver,
Acabada de morrer.

[instrumental]


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Crucificado



Letra: Francisco Bastos de Oliveira Matos (1864-1901)
Música: Fortunato Roma da Fonseca
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Canção da Beira Baixa / Crucificado", Columbia, 1928; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)", Heritage, 1992; CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)", Tradisom, 1994)


[instrumental]

Ave-marias são beijos,
(Ai) Padre-nossos são abraços;
Rosário dos meus desejos,
A cruz é abrires-me os braços.

[instrumental]


De rezar beijos e abraços,
(Ai) E desejos estou cansado;
Abre depressa os teus braços,
Quero ser crucificado!


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Albano de Noronha – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado no Palácio dos Carrancas (actual Museu Soares dos Reis), Porto, em Fevereiro de 1928



Fado dos Olhos Claros



Letra: Edmundo de Bettencourt
Música: Mário Faria da Fonseca
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Fado dos Olhos Claros / Alegria dos Céus", Columbia, 1930; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fado de Coimbra: Vol. 6", col. Um Século de Fado, Ediclube, 1999)


[instrumental]

A luz dos teus olhos claros
É uma estrela a lucilar
Que eu ora vejo no céu,
(Ai2) Ora nas ondas do mar.

[instrumental]

Ó olhar da claridade,
Ó olhar do luar na água,
Sagrado espelho onde vejo
(Ai2) A sombra da minha mágoa.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Afonso de Sousa – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado em Lisboa, em Dezembro de 1929



Alegria dos Céus



Letra: José Campos de Figueiredo (1899-1965)
Música: Mário Faria da Fonseca
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Fado dos Olhos Claros / Alegria dos Céus", Columbia, 1930; CD "O Poeta Cantor", Discos Popular/Produções Valentim de Carvalho, 1999)


[instrumental]

Ó alegria dos Céus
Tua luz bendita seja!
Quem vive em graça com Deus
Tem aquilo que deseja.

[instrumental]

Luz divina da alegria,
Venha a nós a tua graça!
Que a gente possa sorrir
Na ventura e na desgraça!


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Afonso de Sousa – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado em Lisboa, em Dezembro de 1929



Balada do Encantamento



Letra e música: José Paes de Almeida e Silva (1929)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Balada do Encantamento / Saudades de Coimbra", Columbia, 1930; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "O Poeta Cantor", Discos Popular/Produções Valentim de Carvalho, 1999)


[instrumental]

Dentro de ti, ó Leiria,
Vive uma moira encantada...
Não sabes, é minha amada
E tem por nome Maria.

[instrumental]

Leiria, foste um ladrão,
Leiria do rio Lis,
Roubaste-me o coração
E, vê lá tu, sou feliz.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Afonso de Sousa – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado em Lisboa, em Dezembro de 1929



Saudades de Coimbra



Letra: António de Sousa (1898-1981)
Música: Mário Faria da Fonseca
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Balada do Encantamento / Saudades de Coimbra", Columbia, 1930; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fado de Coimbra: Vol. 6", col. Um Século de Fado, Ediclube, 1999)


[instrumental]

Oh Coimbra do Mondego
E dos amores que lá tive,
Quem te não viu, anda cego;
Quem te não ama, não vive.

[instrumental]

Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores.
A sombra da minha capa
Deu no chão, abriu em flores.


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Afonso de Sousa – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado em Lisboa, em Dezembro de 1929



Senhora do Almortão e Senhora da Póvoa



Letra e música: Popular (Beira Baixa)
Arranjo: Artur Paredes
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Senhora do Almortão e Senhora da Póvoa / Saudadinha", Columbia, 1930; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "Fado de Coimbra: Vol. 1", col. Um Século de Fado, Ediclube, 1999)




[instrumental]

Senhora do Almortão,
Ó minha rosa encarnada,
Ao cimo do Alentejo
Chega a vossa nomeada.

Senhora do Almortão,
Minha tão linda raiana,
Vira as costas a Castela,
Não queiras ser castelhana!

Não queiras ser castelhana
(Ai) Nossa Senhora da Póvoa, [bis]
Minha boquinha de riso,
Minha maçã camoesa [bis]
Criada no Paraíso. [bis]

[instrumental]

Senhora do Almortão,
A vossa capela cheira...
Cheira a cravos, cheira a rosas,
Cheira à flor da laranjeira.

Cheira à flor da laranjeira
(Ai) Nossa Senhora da Póvoa, [bis]
Minha boquinha de riso,
Minha maçã camoesa [bis]
Criada no Paraíso. [bis]

[instrumental]


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Afonso de Sousa – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado em Lisboa, em Dezembro de 1929



Saudadinha



Letra e música: Popular (Açores)
Intérprete: Edmundo de Bettencourt* (in disco de 78 rpm "Senhora do Almortão e Senhora da Póvoa / Saudadinha", Columbia, 1930; LP "Fados de Coimbra: Edmundo de Bettencourt", EMI-VC, 1984; CD "O Poeta Cantor", Discos Popular/Produções Valentim de Carvalho, 1999)




[instrumental]

Ó tirana saudade, [3x]
Saudade, ó minha saudadinha,
Foste nada no Faial, [3x]
No Faial, baptizada na Achadinha.

[instrumental]

Saudade, onde tu fores [3x]
Saudade, leva-me, podendo ser:
Eu quero ir a acabar, [3x]
Saudade, onde tu fores morrer.

[instrumental]


* Edmundo de Bettencourt – voz
Artur Paredes e Afonso de Sousa – guitarras de Coimbra
Mário Faria da Fonseca – viola
Gravado em Lisboa, em Dezembro de 1929



Capa do CD "Fados From Portugal: Volume 2 (1926-1930)" (Heritage, 1992)
Nas fotografias: Artur Paredes (à esquerda) e José Joaquim Cavalheiro Jr.
Contém dez temas cantados por Edmundo de Bettencourt.



Capa do CD "Arquivos do Fado: Vol. II – Fado de Coimbra (1926-1930)" (Tradisom, 1994)
Mesmo conteúdo do disco anterior



Capa do CD "Fado de Coimbra: Vol. 1", col. Um Século de Fado (Ediclube, 1999)
Contém quatro temas cantados por Edmundo de Bettencourt.



Capa do CD "Fado de Coimbra: Vol. 6", col. Um Século de Fado (Ediclube, 1999)
Contém cinco temas cantados por Edmundo de Bettencourt.



Capa do CD "O Poeta Cantor" (Discos Popular/Produções Valentim de Carvalho, 1999)
Contém quinze temas cantados por Edmundo de Bettencourt.



Página do caderno do disco anterior com outra fotografia de Edmundo de Bettencourt e uma dedicatória autografada:
Ao Arthur Paredes, velho e querido amigo e... compadre, com um grande abraço.
Coimbra, 1929
Edmundo Bettencourt