tag:blogger.com,1999:blog-193997432024-03-19T04:02:24.727+00:00A Nossa Rádio...ouvintes da RÁDIO PÚBLICA com opinião!Maria Fernanda Limahttp://www.blogger.com/profile/08694453696352770388noreply@blogger.comBlogger441125tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-27553276921028785212024-03-08T23:08:00.015+00:002024-03-15T16:34:15.844+00:00Margarida Bessa: "Fala da Mulher Sozinha"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwjV5t_oTdNEqGJbcLfL_CNJMJKaioTdI6T1Z8FZsr29xYeX8wXhnILa8yg_MCoIGNsFE-QJw_haYw569cBwMp11lfCAIF2A_cOIXzDJOyTRH2bSkNKzBrZj0622RyKCw78CFSwCsbLogkIsIfgRr7EAcMQxjwWaUL3WjB1RsyWZ9LG_pw6pRv/s1600/mulher_silhueta.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="555" data-original-width="740" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwjV5t_oTdNEqGJbcLfL_CNJMJKaioTdI6T1Z8FZsr29xYeX8wXhnILa8yg_MCoIGNsFE-QJw_haYw569cBwMp11lfCAIF2A_cOIXzDJOyTRH2bSkNKzBrZj0622RyKCw78CFSwCsbLogkIsIfgRr7EAcMQxjwWaUL3WjB1RsyWZ9LG_pw6pRv/w400-h300/mulher_silhueta.png" width="400" /></a><br />
<br />
Algumas partes da letra da canção "Fala da Mulher Sozinha" sugerem que o seu autor, o poeta <b>Eduardo Olímpio</b>, tinha no pensamento uma prostituta de rua sofrendo quase até à loucura de solidão, porém animada pela esperança e pela vontade indómita de rasgar essa solidão e «chegar ao cume, ao cimo, ao alto» do lugar de bem-estar e felicidade a que todo o ser humano tem direito. Nesse desiderato muitas outras mulheres (a solidão não escolhe género mas segundo estudos efectuados afecta mais as mulheres) se sentem irmanadas, de tal sorte que esta canção pode ser considerada o seu "grito do Ipiranga" de libertação da solidão. Aliás, as múltiplas versões que já teve, depois da gravação original por <b>Paco Bandeira</b>, publicada em 1976 (pela Valentim de Carvalho, sob o selo Decca, no LP "Cara ou Coroa"), todas cantadas por intérpretes femininas, maioritariamente fadistas, são um bom sinal do quanto a mensagem nela expressa significa para as mulheres livres e emancipadas do nosso tempo. E sendo a interpretação de <b>Margarida Bessa</b> a melhor, a nosso ouvir, escolhemo-la para assinalar poético-musicalmente o presente Dia Internacional da Mulher. Boa escuta!<br />
<br />
E de que modo a estação pública de rádio homenageou a Mulher neste dia que lhe é dedicado? <br />
Começamos por dar boa nota da rubrica "Vamos Todos Morrer" (Antena 3), na qual o seu autor, Hugo van der Ding, continuando a boa tradição de homenagear figuras femininas no dia 8 de Março, escolheu para hoje a primeira rainha reinante da Europa, Urraca I e Leão (1080-1126), cognominada 'A Temerária' e tia do nosso D. Afonso Henriques [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p5661/e753406/vamos-todos-morrer" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
Na Antena 2, e porque é sexta-feira, tivemos, por volta das 10h:45, com repetição cerca das 15h:45, mais uma edição da rubrica semanal "Virtuosas: as Mulheres na História da Música", hoje consagrada à compositora irlandesa Ina Boyle (1889-1967) [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p11211/e753165/virtuosas-as-mulheres-na-historia-da-musica" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Fazemos questão de exprimir, uma vez mais, o nosso apreço e o nosso louvor ao seu autor, João Rodrigues Pedro, pelo trabalho sério e diligente com que vem mantendo aquele apontamento que representa verdadeiro serviço público na nossa rádio. Relativamente ao mesmo profissional, apraz-nos enaltecer o cuidado que teve, a exemplo do que fez nos anos anteriores, de levar ao seu espaço vespertino "Baile de Máscaras" somente música de compositoras, no caso da francesa Louise Farrenc (1804-1875) e da inglesa Ethel Smyth (1858-1944).<br />
E que mais? Nas incursões que andámos a fazer às emissões das três antenas nacionais, mau grado o incómodo, nada mais apanhámos digno de nota na programação. Nem sequer houve a preocupação de mexer na oferta musical, de maneira que fosse inteiramente de autoras e intérpretes femininas ou que, o não sendo, tivesse como temática o eterno feminino e as múltiplas questões e problemáticas relacionadas com a mulher na sociedade moderna. Seria de bom-tom e não daria assim tanto trabalho pois é abundante o repertório de qualidade (endógeno e exógeno) a que se podia deitar mão. O facto dos directores de programação das Antenas 1, 2 e 3 serem homens não é certamente alheio à clamorosa inacção. Só resta saber se se tratou de puro desleixo (o que não deixa de ser grave) ou se a causa radica em machismo/misoginia (o que é ainda mais grave e absolutamente intolerável na rádio estatal portuguesa, ademais no ano do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos que tornou possível o reconhecimento à mulher de muitos direitos que lhe estavam coarctados).<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Fala da Mulher Sozinha<br /></span>
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/mbe-0001/MBE0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra: <b>Eduardo Olímpio</b><br />
Música: <b>Paco Bandeira</b><br />
Intérprete: <b>Margarida Bessa</b>* (in CD "Fado", Movieplay, 1995)<br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Já estou louca de estar só,<br />
Acompanhada de nada;<br />
Já estou cheia de ser rua<br />
Tão corrida, tão pisada;<br />
Já estou prenhe de amizades,<br />
Tão barriga de saudades...<br />
<br />
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão<br />
E nela entrelaçar o olhar duma canção:<br />
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,<br />
Mais longe e mais além,<br />
Mas a saber que sou alguém!<br />
<br />
Na cidade sou loucura,<br />
Sou begónia, sou ciúme...<br />
E eu que sonhava ser lume,<br />
Caminho, atalho e lonjura,<br />
Não tenho assento na festa,<br />
Sou a migalha que resta...<br />
<br />
Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão<br />
E nela entrelaçar o olhar duma canção:<br />
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,<br />
Mais longe e mais além,<br />
Mas a saber que sou alguém!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Chegar ao cume, ao cimo, ao alto,<br />
Mais longe e mais além,<br />
Mas a saber que sou alguém!<br />
<br />
<br />
* Margarida Bessa – voz<br />
António Parreira e Paulo Parreira – guitarras portuguesas<br />
Francisco Gonçalves – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
Produção – Paco Bandeira<br />
Gravado no Estúdio Profissom, Massamá-Queluz<br />
Técnicos de som – António Cordeiro e José Marinho<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/margarida.bessa.50" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/margarida.bessa.50</span></a><br />
<a href="https://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/240794.html" target="_blank"><span style="color: blue;">https://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/240794.html</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/4FadoLisbon/videos?query=margarida+bessa" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/4FadoLisbon/videos?query=margarida+bessa</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXlNleL4LPDYv2DZw9XE4izI7_LTpiR63_LfIZIcm7y7KzNBuH4rQZsHeTRNpVAqrpcjUsUHX7l1HbbXw1EuKJp3iAO2cGRPJQN1ANQqPsctjVzvVRwXctZO6NRDIFfSkFiqrSwTsfrq6zJPMdCo_er86lAzWEfAMzDA3OPbKvk4jh67bTFd-9/s1600/Margarida_Bessa_-_Fado_1995.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="588" data-original-width="599" height="393" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXlNleL4LPDYv2DZw9XE4izI7_LTpiR63_LfIZIcm7y7KzNBuH4rQZsHeTRNpVAqrpcjUsUHX7l1HbbXw1EuKJp3iAO2cGRPJQN1ANQqPsctjVzvVRwXctZO6NRDIFfSkFiqrSwTsfrq6zJPMdCo_er86lAzWEfAMzDA3OPbKvk4jh67bTFd-9/w400-h393/Margarida_Bessa_-_Fado_1995.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Fado", de Margarida Bessa (Movieplay, 1995)<br />
Fotografia – Mário Cabrita Gil<br />
Design gráfico – Dupla<br />
<br />
________________________________<br />
<br />
Outros artigos de homenagem à mulher:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/03/joao-loio-cicatriz-de-ser-mulher.html" target="_blank"><span style="color: blue;">João Lóio: "Cicatriz de Ser Mulher"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/03/carlos-mendes-calcada-de-carriche.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Carlos Mendes: "Calçada de Carriche" (António Gedeão)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/03/teresa-silva-carvalho-mulher-da-erva.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Teresa Silva Carvalho: "Mulher da Erva"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/03/joao-loio-com-regina-castro-uma-criada.html" target="_blank"><span style="color: blue;">João Lóio com Regina Castro: "Uma Criada para Todo o Serviço"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/elisa-lisboa-mulher-magoa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">
Elisa Lisboa: "Mulher-Mágoa" (Ary dos Santos)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-31344250250053228582024-02-23T17:37:00.010+00:002024-03-08T21:37:06.007+00:00Janita Salomé: "Zeca"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRJrnKFtcUPD_0cAyU5HaymaWMt4CHOvUYIlqaT3uIgP71HCU8mfaIJ5Jt7LyQ7wwVLH-52ZLyG14idp-fBjuV9-MVygTpc9wWiTQbdAf8bULJEcQCxIrb_g9p1CMcVdn29_wlUZtkzie_exM5DPq8e1rwnY1zyBVfQynAK37hO5yhR1dWniiY/s1600/jose_afonso11.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1327" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRJrnKFtcUPD_0cAyU5HaymaWMt4CHOvUYIlqaT3uIgP71HCU8mfaIJ5Jt7LyQ7wwVLH-52ZLyG14idp-fBjuV9-MVygTpc9wWiTQbdAf8bULJEcQCxIrb_g9p1CMcVdn29_wlUZtkzie_exM5DPq8e1rwnY1zyBVfQynAK37hO5yhR1dWniiY/w400-h326/jose_afonso11.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
Foi na sombria e funesta madrugada de 23 de Fevereiro de 1987 que José Afonso partiu deste mundo, sucumbindo a uma doença terrível e fatídica (esclerose lateral amiotrófica). Completaram-se hoje 37 anos e em evocação do maior vulto da Música Popular Portuguesa destacamos a canção "Zeca", com letra de <b>Hélia Correia</b> e música de <b>Janita Salomé</b>, interpretada pelo autor da belíssima melodia. Trata-se de uma versão ao vivo gravada nos espectáculos «José Afonso – "A Utopia e a Música"», realizados no Centro Cultural de Belém, nos dias 22 e 23 de Fevereiro de 1998, mas só publicada em 2004, o que aconteceu – refira-se a título de curiosidade –, um decénio após a edição da gravação original, na voz de Filipa Pais, já objecto de destaque neste blogue, em 2009 [cf. <a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Filipa Pais: "Zeca"</span></a>]. A revisitação da canção, ainda que noutra interpretação, justifica-se plenamente por seis boas razões: primeira, pelas palavras lapidares que a poetisa Hélia Correia escolheu para retratar o autor d' "Os Vampiros"; segunda, pela inspirada música que se adequa na perfeição ao poema; terceira, pelo primoroso arranjo concebido por João Paulo Esteves da Silva e executado pelo próprio (ao piano) e por outros talentosos instrumentistas; quarta, pela irrepreensível e tocante interpretação de Janita Salomé; quinta, porque as comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974 não podem (não devem) dispensar a homenagem que é devida aos cantores que desbravaram os caminhos que conduziram à Revolução dos Cravos (e José Afonso foi – é oportuno relembrar – o mais proeminente de todos esses destemidos arautos da Liberdade); e sexta, por se tratar de um espécime pouquíssimo divulgado. Nas 'playlists' das rádios de cobertura nacional, inclusive na da Antena 1, é impossível de apanhá-lo, similarmente, aliás, à generalidade do repertório de Janita. Se o boicote à obra discográfica do categorizado artista, que ocupa, por mérito próprio, um lugar de relevo na História da Música Popular Portuguesa, é grave nas estações privadas, ainda mais o é na estatal, atendendo às particulares obrigações que tem no domínio da divulgação da melhor música que se fez em Portugal. Urge, pois, que sejam tomadas as medidas necessárias para tornar a rádio pública mais justa para com <b>Janita Salomé</b> e, bem assim, para com muitos outros intérpretes (em nome próprio ou integrados em colectivos) que deram um significativo contributo para o enriquecimento do património musical/fonográfico português!<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><br />Zeca</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/jsa-0012/JSA0012.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra: <b>Hélia Correia</b><br />
Música: <b>Janita Salomé</b><br />
Intérprete: <b>Janita Salomé</b>* [in CD "Utopia: Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso (ao vivo)", Virgin/EMI-VC, 2004]<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/P0_AOuzd-vg" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Quero falar-te e o coração, de comovido,<br />
perde as palavras que juntara para ti.<br />
Cantar-te sei e apenas isso faz sentido.<br />
Menino d'oiro,<br />
vem sentar-te aqui!<br />
Menino d'oiro,<br />
vem sentar-te aqui!<br />
<br />
Por todo o ano é tempo de cantar janeiras.<br />
Mulher da erva, inda agora a vi passar.<br />
Por mar profundo, terra e todas as fronteiras<br />
venham mais cinco<br />
mil p'ra te saudar.<br />
Venham mais cinco<br />
mil p'ra te saudar.<br />
<br />
Pode o Sol morrer de velho,<br />
pode o gelo arder também,<br />
mas a voz que de ti nasce<br />
já não morre com ninguém.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
No céu cinzento, o astro mudo inda revela<br />
um bater de asas, o disfarce do seu pé.<br />
Bebem do sangue, comem tudo... olhai, cautela!<br />
O que faz falta<br />
já se sabe o que é.<br />
O que faz falta<br />
já se sabe o que é.<br />
<br />
Junta-te a nós, ó bairro negro! vem, falua,<br />
p'la noite fora até que se erga o sol de Verão!<br />
Solta as amarras, sopra, ó vento! continua,<br />
que este homem não<br />
se foi embora, não!<br />
Que este homem não<br />
se foi embora, não!<br />
<br />
Pode o Sol morrer de velho,<br />
pode o gelo arder também,<br />
mas a voz que de ti nasce<br />
já não morre com ninguém.<br />
<br />
<br />
* Janita Salomé – voz e percussão <br />
João Paulo Esteves da Silva – piano<br />
Ricardo Rocha – guitarra portuguesa<br />
Jorge Reis – saxofone soprano<br />
Rui Alves – percussão<br />
<br />
Arranjos e direcção musical – João Paulo Esteves da Silva<br />
Produção – Paulo Pulido Valente e Vitorino<br />
Gravado nos espectáculos «José Afonso – "A Utopia e a Música"», realizados no Centro Cultural de Belém, Lisboa, nos dias 22 e 23 de Fevereiro de 1998<br />
Gravação – Amândio Bastos, no estúdio móvel Nuvem Eléctrica<br />
Misturas e masterização – Estúdio Praça das Flores, Lisboa, por Jorge Cervantes, em Fevereiro e Março de 2004.<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/janitasalome" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/janitasalome</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UC1E-8f0Ab_zxiFZQloSHSGg" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UC1E-8f0Ab_zxiFZQloSHSGg</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@DoTempoDosSonhos/videos?query=janita+salome" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@DoTempoDosSonhos/videos?query=janita+salome</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB3kTXZph-_SENf2bC1mohj8ad3Ki5-TEvC1JCmQwkIMQZ22VbQA5IAOxfpbJ8W-j415-UThpGnkyoj3HuGi5LipBjlxuT9MgK5X02E7cG2BKzQommgio4uE28qtFyRXSl_IIIFccKqPzE5v3KXnshIx4uIDGXLxF4SmkNJJlujDMk0gAQ4k6b/s1600/Vitorino_e_Janita_Salome_-_Utopia_2004.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB3kTXZph-_SENf2bC1mohj8ad3Ki5-TEvC1JCmQwkIMQZ22VbQA5IAOxfpbJ8W-j415-UThpGnkyoj3HuGi5LipBjlxuT9MgK5X02E7cG2BKzQommgio4uE28qtFyRXSl_IIIFccKqPzE5v3KXnshIx4uIDGXLxF4SmkNJJlujDMk0gAQ4k6b/w400-h400/Vitorino_e_Janita_Salome_-_Utopia_2004.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Utopia: Vitorino e Janita Salomé cantam José Afonso (ao vivo)" (Virgin/EMI-VC, 2004)<br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poemas/canções de homenagem ou dedicados a José Afonso:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Filipa Pais: "Zeca"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/02/jose-mario-branco-zeca-carta-jose-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Mário Branco: "Zeca (Carta a José Afonso)"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/02/dulce-pontes-o-primeiro-canto-dedicado.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dulce Pontes: "O Primeiro Canto" (dedicado a José Afonso)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/02/jose-medeiros-o-cantador.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Medeiros: "O Cantador"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/02/janita-salome-quando-luz-fechou-os-olhos.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Janita Salomé: "Quando a Luz Fechou os Olhos"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/02/amelia-muge-os-novos-anjos-ao-zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Amélia Muge: "Os Novos Anjos" (ao Zeca Afonso)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/02/manuel-freire-o-zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Manuel Freire: "O Zeca"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/02/vitorino-postal-para-d-joao-iii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">
Vitorino: "Postal para D. João III"</span></a><br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório de Janita Salomé:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/05/galeria-da-msica-portuguesa-janita.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: Janita Salomé</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/12/celebrando-luis-pignatelli.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Luís Pignatelli</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-sophia-de-mello-breyner.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/03/al-mutamid-evocacao-de-silves.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Al-Mu'tamid: "Evocação de Silves"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/04/em-memoria-de-herberto-helder.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Herberto Helder (1930-2015)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/06/janita-salome-reino-de-verao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Janita Salomé: "Reino de Verão"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/02/janita-salome-quando-luz-fechou-os-olhos.html" target="_blank"><span style="color: blue;">
Janita Salomé: "Quando a Luz Fechou os Olhos"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-1161950746582792132024-02-13T23:23:00.011+00:002024-02-17T16:33:11.849+00:00"Onde nos Levam os Caminhos" com Fernando Alves<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf3qJj0ROYARiZfhbJXDyzK1-0EEiF-uFhKFKtmM45ow3WRE6iZT9GoRnPZlBif3uIiCh99WIotWgTGUtxEdXLiJ4LGP8iJCVMBdp8-heCtM6-MgO15mQJavKXz7d8kZHLi1d5Q7xukP8moi0VG0Tf4mv-4LToaicPSQCLcj2s9Yc5VSv20miB/s1600/Fernando_Alves_-_Onde_nos_Levam_os_Caminhos__TSF.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf3qJj0ROYARiZfhbJXDyzK1-0EEiF-uFhKFKtmM45ow3WRE6iZT9GoRnPZlBif3uIiCh99WIotWgTGUtxEdXLiJ4LGP8iJCVMBdp8-heCtM6-MgO15mQJavKXz7d8kZHLi1d5Q7xukP8moi0VG0Tf4mv-4LToaicPSQCLcj2s9Yc5VSv20miB/w400-h225/Fernando_Alves_-_Onde_nos_Levam_os_Caminhos__TSF.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
<br />
<span style="font-size: medium;"><b>Amada Rádio</b></span><br />
<br />
Já corremos de mãos dadas<br />
a mais secreta noite do mundo<br />
já subimos ao alto da montanha<br />
sabemos todos os nomes do medo e da alegria<br />
em ti me transcendo<br />
podia morrer nos teus olhos,<br />
se nestes dias de cigarras doidas<br />
perderes de vista o meu coração vagabundo<br />
dá-me um sinal<br />
abraçar-nos-emos de novo<br />
antes dos rigorosos frios<br />
de novo o grande sobressalto<br />
o formidável estremecimento dos instantes felizes<br />
podia morrer nos teus olhos amada rádio.<br />
<br /><b>
Fernando Alves</b> (1988)<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: large;"><b>O Portugal de Fernando Alves</b></span><br />
<br />
Por: <b>Eduardo Dâmaso</b> (jornalista)<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYRxx1WAOIGVjg8avVYI4fJFDCkEk5rT0uEYOQNX2aAh6sUoiKYPlZDVshM70E_3zR_joSVFp5gtWAz-m9onWkWxPxHB5JrgGOsBWI7mIal6HRtfWqRm9wBtLrNFAesqKW5hRrIWMp1tEYhUmadDdJqKtDwuMBfLO3PSW4DlXaqmV6mzOwRGpY/s1600/Eduardo_Damaso__Sabado.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="890" data-original-width="1000" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYRxx1WAOIGVjg8avVYI4fJFDCkEk5rT0uEYOQNX2aAh6sUoiKYPlZDVshM70E_3zR_joSVFp5gtWAz-m9onWkWxPxHB5JrgGOsBWI7mIal6HRtfWqRm9wBtLrNFAesqKW5hRrIWMp1tEYhUmadDdJqKtDwuMBfLO3PSW4DlXaqmV6mzOwRGpY/w320-h285/Eduardo_Damaso__Sabado.png" width="250" /></a><br />
<br />
É no Verão que mais consigo ouvir um jornalista que há muito sigo e aprecio. É no Verão que a rádio repete as jóias que o Fernando Alves vai lapidando ao longo do ano, que nem sempre se cruzam no meu caminho, demasiado apressado, entre estios. É no Verão que consigo parar um bocadinho para ouvir a respiração do Portugal que ele, sempre delicadamente, nos traz, na TSF. Esse País que não está na velocidade das auto-estradas ou nos relatórios macro-económicos. Que não encontro no atavio das leis e, tampouco, nas preocupações políticas, demasiado centradas na batalha do és-por-mim-ou-és-contra-mim. Que não fervilha em projectos milionários, demasiado imperceptíveis na óptica do interesse público, folgazões na despesa e fugidios no escrutínio. Também não encontro esse País no jornalismo de cada dia. Pelo menos, com a regularidade que seria desejável. <i>Mea culpa</i>. Não ignoro a minha quota de responsabilidade. Mas, ainda assim, é o jornalismo que vai limpando as armas e disparando uns tiros nessa luta da memória contra o esquecimento e a indiferença. E Fernando Alves é um dos grandes expoentes dessa teimosia profissional, quase heróica, que insiste em peneirar qualquer rasto de humanidade nos confins da Guarda e de Bragança, nas estradas remendadas do Alentejo e do barrocal algarvio. Que não larga o interior à invernia da desertificação. Que não desiste das pessoas e das suas vidas, que nos fala do trabalho, tantas vezes do trabalho brutalmente penoso, das infâncias talhadas na lavoura e noutros labores do campo. Na disciplina e no ar rarefeito dos seminários, pontos cardeais nesse velho mundo das Beiras de Vergílio Ferreira e de outros escritores, único caminho para o famoso elevador social, de saída da pobreza e da miséria para gerações e gerações de portugueses.<br />
Fernando Alves é um pescador de estórias e de poesia, é um perscrutador da nossa História. Que maravilha a sua caminhada radiofónica, um esplendor de sons e palavras, de encontros e descobertas, pela <i>Viagem a Portugal</i>, de José Saramago, nos 100 anos do escritor. Que maravilha esta série, mais recente, a que chama <i>Onde nos Levam os Caminhos</i>. Que maravilha diária os seus <i>Sinais</i>, exercício maior do cronista pelos caminhos da ironia, das metáforas esculpidas no rigor da palavra, das perífrases, elipses ou apóstrofes, num manejo encantatório dos recursos da língua de Camões, Pessoa, Junqueiro, Eça ou Camilo.<br />
Pois, foi no Verão passado que me senti como se estivesse a levar o mais belo dos livros para a sombra de um chaparro, lá no meu Alentejo, e ali ficasse mergulhado nas curvas do viajante, até a sesta me apanhar. Metido nalguma fila de trânsito, parado num parque de estacionamento abrigado da canícula, a fazer tempo para um almoço qualquer, levando a voz da rádio no telemóvel, deleitado em casa, foi no Verão do ano passado que tive mais prazer a ouvir o Fernando Alves do que a ler a <i>Viagem</i> do Saramago, um e outro artífices da palavra, uma das maiores invenções da humanidade.<br />
Pela mão do Fernando Alves revisito o meu próprio caminho, as origens que se confundem com a terra que arde em Odemira reencontradas no que vou ouvindo nas reportagens do jornalista e andarilho. Reencontro a velha generosidade rural de quem amanha a terra, mas também serve nos bombeiros, no clube desportivo, na misericórdia ou no transporte dos mais velhos e acamados. Gente desse País que raramente é levado, nas suas vidas e estórias, ao parlamento. Que vive amarrada à servidão das taxas de juro, da falta de emprego e de casa para os filhos. Ou que conta os tostões da magra pensão para comprar os remédios e trocar os óculos. Que paga, obediente, nesse mundo de taxas e taxinhas que engorda um Estado ainda longe de um patamar de eficiência decente. [...]<br />
Pela mão, pela voz e engenho do Fernando Alves revisito os tempos de uma adolescência pessoal e colectiva que o 25 de Abril abriu, de Odemira a Setúbal, de Coimbra ao Porto, de Portugal à descoberta do mundo. A adolescência de um País que invadiu as ruas, os campos e as praias, hoje, aqui e ali, já interditas ao passo livre, como acontece em alguns pontos do litoral vicentino, tomado pelas promessas de um turismo de luxo, servido por preços estratosféricos. Descubro, enfim, como aquela moradora do Bairro da Liberdade, no dia em que o Papa [Francisco] ali foi, que para levar o 25 de Abril ao imenso bairro que é Portugal, a caminhada ainda é longa. Com Fernando Alves, porém, fica sempre a esperança do caminho e nunca o pessimismo da sua intransponibilidade.<br />
<br />
(in revista "Sábado", 10 Ago. 2023 – p. 52)<br />
<br />
<br />
<b>Fernando Alves</b> (n. Lisboa, 1954), depois de colaborar no jornal do liceu de Benguela, deixou-se impressionar pelo sonoplasta Acácio Vieira que fazia emissões em directo com base em dois gira-discos. A 1 de Julho de 1970, ainda não tinha 16 anos de idade, entrou no Rádio Clube de Benguela como locutor, a substituir uma colega que saíra da cidade. Ele tinha voz grave, boa articulação e não dava erros de português. Rapidamente teve um programa próprio, mas revelou-se problemático ao ler textos políticos incómodos e ao passar canções de José Afonso e de Adriano Correia de Oliveira. Em 1973, mudou-se para Sá da Bandeira [actual Lubango] e trocou a rádio por um lugar no centro de emprego local. Mas não demorou a encontrar-se com Emídio Rangel e a aceitar o convite deste para trabalhar no seu programa de três horas na Rádio Comercial de Angola. Rangel tinha um estúdio de rádio, escrevia os conteúdos do programa, angariava a publicidade e empregava sete profissionais. Fernando Alves manteve-se na cidade de Sá da Bandeira após Abril de 1974, ligado ao grupo que tomaria conta da Rádio Comercial de Angola, mas acabou afastado. Ingressou, seguidamente, na Emissora Nacional de Angola, onde permaneceu alguns meses, antes de retornar a Lisboa e ser admitido na RDP, onde fez de tudo, excepto relatos de futebol. Abraçando um novo desafio lançado por Emídio Rangel, Fernando Alves foi um dos jornalistas fundadores (ao lado, entre outros, de Adelino Gomes, António Jorge Branco, David Borges e Joaquim Furtado) da TSF-Cooperativa de Profissionais de Rádio, que se estreou no éter nacional a 17 de Junho de 1984 e que, apesar de ser uma estação 'pirata' (ou talvez por isso mesmo), revolucionou o jornalismo radiofónico português tornando <i>démodé</i> a forma acomodada e cerimoniosa como então a informação era tratada e fornecida ao público. A 29 de Fevereiro de 1988, a TSF-Rádio Jornal passou, finalmente, a emitir legalmente e Fernando Alves continuaria persistentemente fiel a essa sua amada rádio, cujo lema (por si mesmo criado) era «Por uma boa história vamos ao fim da rua, vamos ao fim do mundo». Até que, em Setembro de 2023, desgostoso com a arbitrária destituição do director e seu amigo Domingos Andrade pela nova administração executiva do grupo Global Media, Fernando Alves, num gesto de solidariedade e antevendo «um desfecho triste» para a rádio que ajudara a criar e engrandecer, resolveu meter os papéis para a reforma. Cessou assim, quase quatro décadas volvidas, o vínculo profissional do eminente jornalista-cronista-repórter à TSF, não sem deixar 'órfãos' os rádio-ouvintes que não dispensavam os seus "Sinais" (que estavam no ar desde 1995) e se deliciavam com os maravilhosos programas do repórter-andarilho que se sucederam ao longo dos anos, de que os mais recentes foram os supracitados "Viagem a Portugal" e "Onde nos Levam os Caminhos". Já tivemos o ensejo de dar destaque ao primeiro [cf. <a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/11/viagem-portugal-fernando-alves-nos.html" target="_blank"><span style="color: blue;">"Viagem a Portugal": Fernando Alves nos passos de Saramago</span></a>] e, hoje, em jeito de celebração do Dia Mundial da Rádio, focamo-nos no segundo: um precioso repositório de 44 saborosas entrevistas com portugueses sábios, quase todos desconhecidos do grande público. Boa escuta!<br />
<br />
Uma breve nota adicional para exprimirmos o nosso regozijo por ter sido dada a oportunidade a Fernando Alves de voltar à rádio, no caso à Antena 1, para fazer o programa "Tão Longe, Tão Perto", a emitir nas manhãs de sábado, depois do noticiário das 11h:00, já a partir do próximo dia 17. A não perder!<br />
<br />
<br />
<b><span style="color: red;">ONDE NOS LEVAM OS CAMINHOS:</span></b><br />
<b><span style="color: red;">Ep. 1</span></b> | 18 Set. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/paulo-teia-missionario-jesuita-missao-e-missa-grande-15172932.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/09/ondenoslevamoscaminhos18_20220916225604/mp3/ondenoslevamoscaminhos18_20220916225604.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Paulo Teia</b>, missionário jesuíta: «Missão é missa grande».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 2</span></b> | 25 Set. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/cabrita-nascimento-fotografo-a-sombra-da-sobreira-velha-15195657.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/09/caminhos25_20220925040945/mp3/caminhos25_20220925040945.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Cabrita Nascimento</b>, fotógrafo. À sombra da sobreira velha...<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 3</span></b> | 02 Out. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/rosa-madeira-professora-da-universidade-de-aveiro-vamos-ao-bairro-das-pessoas-invisiveis-15217362.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/10/caminhos2_20221002063207/mp3/caminhos2_20221002063207.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Rosa Madeira</b>, professora da Universidade de Aveiro: vamos ao bairro das pessoas invisíveis...<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 4</span></b> | 09 Out. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/amelia-mendoza-a-bailarina-espanhola-que-pos-o-alentejo-a-dancar-15236310.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/10/caminhos9_20221009033539/mp3/caminhos9_20221009033539.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Amélia Mendoza</b>: a bailarina espanhola que pôs o Alentejo a dançar.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 5</span></b> | 16 Out. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/carlos-portela-professor-de-fisica-e-quimica-a-aula-e-o-lugar-magico-das-perguntas-15258623.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/10/caminhos16_20221016045110/mp3/caminhos16_20221016045110.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Carlos Portela</b>, professor de Física e Química: A aula é o lugar mágico das perguntas.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 6</span></b> | 23 Out. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/rui-mendes-geografo-diante-de-um-picasso-no-mosteiro-de-ancede-15279276.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/10/caminhos23_20221024183646/mp3/caminhos23_20221024183646.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Rui Mendes</b>, geógrafo: diante de um Picasso, no mosteiro de Ancede...<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 7</span></b> | 30 Out. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/miguel-de-carvalho-o-livreiro-editor-e-poeta-da-figueira-da-foz-que-se-enamorou-dos-surrealistas-15301762.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/10/caminhos30_20221031103942/mp3/caminhos30_20221031103942.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Miguel de Carvalho</b>, o livreiro, editor e poeta da Figueira da Foz que se enamorou dos surrealistas.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 8</span></b> | 06 Nov. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/jose-antelo-engenheiro-o-regresso-ao-tecnico-aos-90-anos-15323006.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/11/caminhos6_20221106225241/mp3/caminhos6_20221106225241.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>José Antelo</b>, engenheiro. O regresso ao Técnico, aos 90 anos...<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 9</span></b> | 13 Nov. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/maria-antonia-lopes-historiadora-da-universidade-de-coimbra-a-maior-infamia-e-ser-pobre-tendo-emprego-15347380.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b>
/ <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/11/caminhos13_20221114003858/mp3/caminhos13_20221114003858.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Maria Antónia Lopes</b>, historiadora da Universidade de Coimbra: «A maior infâmia é ser pobre, tendo emprego».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 10</span></b> | 20 Nov. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/os-outros-tempos-de-antonio-mota-revividos-em-baiao-por-entre-milhoes-com-roncante-15370561.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/11/caminhos20_20221121112617/mp3/caminhos20_20221121112617.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
Os "outros tempos" de <b>António Mota</b>, revividos em Baião por entre "milhões com roncante".<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 11</span></b> | 27 Nov. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/alvaro-costa-de-matos-investigador-da-historia-do-jornalismo-os-carnavais-de-bordalo-em-torres-vedras-15392894.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/11/caminhos27_20221127201445/mp3/caminhos27_20221127201445.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Álvaro Costa de Matos</b>, investigador da História do Jornalismo: os carnavais de Bordalo em Torres Vedras...<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 12</span></b> | 04 Dez. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/ernestino-maravalhas-um-entomologo-rendido-a-magia-do-barroso-boticas-e-um-santuario-de-borboletas-15424637.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/12/caninhos4_20221205105925/mp3/caninhos4_20221205105925.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Ernestino Maravalhas</b>, um entomólogo rendido à magia do Barroso: «Boticas é um santuário de borboletas».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 13</span></b> | 11 Dez. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/teresa-perdigao-antropologa-caldas-da-rainha-as-festas-a-religiao-popular-os-comeres-a-invisivel-ancora-15464533.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/12/caminhos11_20221211034418/mp3/caminhos11_20221211034418.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Teresa Perdigão</b>, antropóloga, Caldas da Rainha: as festas, a religião popular, os comeres, a invisível âncora.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 14</span></b> | 18 Dez. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/anibal-zola-contrabaixista-e-cantor-a-rua-do-paraiso-no-porto-e-uma-inspiracao-15507244.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/12/caminhos18_20221218042227/mp3/caminhos18_20221218042227.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Aníbal Zola</b>, contrabaixista e cantor: a rua do Paraíso, no Porto, é uma inspiração...<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 15</span></b> | 25 Dez. 2022 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/luis-antero-paisagista-sonoro-em-alvoco-das-varzeas-vamos-escutar-o-rio-alvoco-15547218.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2022/12/caminhos25_20221226111808/mp3/caminhos25_20221226111808.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Luís Antero</b>, paisagista sonoro, em Alvoco das Várzeas: vamos escutar o rio Alvoco?<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 16</span></b> | 08 Jan. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/fernando-mao-de-ferro-editor-tres-mil-livros-depois-todos-os-caminhos-levam-a-ribeira-de-nisa-15623078.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/01/caminhos8_20230109114635/mp3/caminhos8_20230109114635.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Fernando Mão de Ferro</b>, editor: três mil livros depois, todos os caminhos levam à Ribeira de Nisa.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 17</span></b> | 15 Jan. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/vitor-nogueira-poeta-e-director-da-biblioteca-de-vila-real-leva-nos-pelos-caminhos-da-idade-media-15662117.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/01/caminhos15_20230115130312/mp3/caminhos15_20230115130312.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Vítor Nogueira</b>, poeta e director da Biblioteca de Vila Real, leva-nos pelos caminhos da Idade Média.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 18</span></b> | 22 Jan. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/jose-caldeira-martins-o-veterinario-aposentado-que-guarda-o-estranho-falar-dos-de-alpalhao-15702967.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/01/caminhos22_20230122140123/mp3/caminhos22_20230122140123.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>José Caldeira Martins</b>, o veterinário aposentado que guarda o estranho falar dos de Alpalhão.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 19</span></b> | 29 Jan. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/luisa-pinto-encenadora-actriz-e-professora-de-teatro-por-que-e-que-anonimo-nao-e-nome-de-mulher-15743966.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/01/caminhos29_20230130134959/mp3/caminhos29_20230130134959.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Luísa Pinto</b>, encenadora, actriz e professora de teatro: porque é que «Anónimo não é nome de mulher».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 20</span></b> | 05 Fev. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/conceicao-lopes-arqueologa-do-mundo-eu-sou-aquela-do-casaco-verde-na-foto-do-gageiro-no-piodao-15784789.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/02/caminhos5_20230205215929/mp3/caminhos5_20230205215929.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Conceição Lopes</b>, arqueóloga do mundo: «Eu sou aquela do casaco verde, na foto do Gageiro, no Piódão».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 21</span></b> | 12 Fev. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/manuel-jorge-marmelo-escritor-tantos-romances-conversados-esticando-o-pernil-a-mesa-do-ze-bota-no-porto-15825852.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/02/caminhos12_20230212124243/mp3/caminhos12_20230212124243.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Manuel Jorge Marmelo</b>, escritor: tantos romances conversados, esticando o pernil à mesa do Zé Bota, no Porto.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 22</span></b> | 19 Fev. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/custodia-casanova-a-guardia-das-memorias-de-pavia-15867921.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/02/caminhos19_20230219131731/mp3/caminhos19_20230219131731.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Custódia Casanova</b>, a guardiã das memórias de Pavia.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 23</span></b> | 26 Fev. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/jose-castanheira-historiador-do-mar-algarvio-uma-murejona-contra-o-sueste-no-velho-cais-de-olhao-15906535.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/02/caminhos26_20230226131808/mp3/caminhos26_20230226131808.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>José Castanheira</b>, historiador do mar algarvio: uma murejona contra o sueste, no velho cais de Olhão.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 24</span></b> | 05 Mar. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/jose-manuel-mendes-escritor-professor-universitario-presidente-da-ape-as-memorias-de-um-bracarense-nascido-em-luanda-15940829.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/03/caminhos5_20230303232518/mp3/caminhos5_20230303232518.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>José Manuel Mendes</b>, escritor, professor universitário, presidente da APE: as memórias de um bracarense nascido em Luanda.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 25</span></b> | 12 Mar. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/francisco-lopes-historiador-uma-paixao-pelas-arvores-com-quartel-general-em-abrantes-15989900.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/03/caminhos12_20230312133229/mp3/caminhos12_20230312133229.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Francisco Lopes</b>, historiador: uma paixão pelas árvores com quartel-general em Abrantes.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 26</span></b> | 19 Mar. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/ana-cristina-martins-responsavel-pelo-museu-municipal-de-arouca-vamos-botar-cantas-16031498.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/03/caminhos19_20230319103704/mp3/caminhos19_20230319103704.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Ana Cristina Martins</b>, responsável pelo Museu Municipal de Arouca: vamos botar cantas!<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 27</span></b> | 26 Mar. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/almiro-mateus-medico-jubilado-em-penafiel-ha-por-ai-muitos-doutores-e-poucos-medicos-16074051.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/03/caminhos26_20230326094536/mp3/caminhos26_20230326094536.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Almiro Mateus</b>, médico jubilado em Penafiel: «Há por aí muitos doutores e poucos médicos».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 28</span></b> | 02 Abr. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/afonso-dias-fundador-do-gac-poeta-deputado-honorario-nao-vos-esquecais-da-constituicao-16109219.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/04/caminhos2_20230402113429/mp3/caminhos2_20230402113429.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Afonso Dias</b>, fundador do GAC, músico, poeta, deputado honorário: «Não vos esqueçais da Constituição».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 29</span></b> | 09 Abr. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/luis-farinha-historiador-autor-de-sipote-uma-aldeia-do-pinhal-regresso-as-amoras-da-infancia-16148569.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/04/caminhos9_20230409155441/mp3/caminhos9_20230409155441.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Luís Farinha</b>, historiador, autor de "Sipote, uma aldeia do Pinhal": regresso às amoras da infância.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 30</span></b> | 16 Abr. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/jorge-vaz-de-carvalho-cantor-lirico-professor-tradutor-premiado-poeta-ensaista-conversa-num-caramanchao-com-vista-para-o-rio-16185841.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/04/caminhos16_20230416072517/mp3/caminhos16_20230416072517.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Jorge Vaz de Carvalho</b>, cantor lírico, professor, tradutor premiado, poeta, ensaísta: conversa num caramanchão com vista para o rio.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 31</span></b> | 23 Abr. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/padre-telmo-ferraz-97-anos-capelao-de-barragens-ele-tocou-o-lodo-e-as-estrelas-16230876.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/04/caminhos23_20230423145922/mp3/caminhos23_20230423145922.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Padre Telmo Ferraz</b>, 97 anos, capelão de barragens: ele tocou o lodo e as estrelas.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 32</span></b> | 30 Abr. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/joao-nunes-da-silva-fotografo-de-natureza-a-paixao-de-um-dos-fundadores-da-quercus-pelos-flamingos-e-pelo-sal-da-ria-de-aveiro-16269899.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/04/caminhos30_20230430104322/mp3/caminhos30_20230430104322.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>João Nunes da Silva</b>, fotógrafo de Natureza: a paixão de um dos fundadores da Quercus pelos flamingos e pelo sal da Ria de Aveiro.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 33</span></b> | 07 Mai. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/a-paisagem-no-olhar-do-pintor-joao-queiroz-um-rapaz-dos-olivais-que-gosta-de-betulas-talvez-caminhos-16309071.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b>
/ <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/05/caminhos7_20230508132656/mp3/caminhos7_20230508132656.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
A paisagem no olhar do pintor <b>João Queiroz</b>, um rapaz dos Olivais que gosta de bétulas. Talvez caminhos?<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 34</span></b> | 14 Mai. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/manuel-pinheiro-rei-da-lampreia-no-gaveto-em-matosinhos-para-mario-soares-ele-era-o-melhor-nas-tripas-a-moda-do-porto-16352294.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/05/caminhos14_20230514110352/mp3/caminhos14_20230514110352.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Manuel Pinheiro</b>, "rei da lampreia" no Gaveto, em Matosinhos: para Mário Soares ele era «o melhor nas tripas à moda do Porto».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 35</span></b> | 21 Mai. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/joao-luis-sequeira-director-do-espaco-miguel-torga-em-sao-martinho-de-anta-qualquer-portugues-devia-conhecer-o-miradouro-de-sao-leonardo-de-galafura-16394086.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/05/caminhos21_20230521130112/mp3/caminhos21_20230521130112.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>João Luís Sequeira</b>, director do Espaço Miguel Torga, em São Martinho de Anta: «Qualquer português devia conhecer o miradouro de São
Leonardo de Galafura».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 36</span></b> | 28 Mai. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/francisco-clamote-o-notario-reformado-em-almada-e-a-sua-discreta-paixao-por-plantas-e-passaros-16432977.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/05/caminhos28_20230528095309/mp3/caminhos28_20230528095309.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Francisco Clamote</b>, o notário reformado em Almada e a sua discreta paixão por plantas e pássaros.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 37</span></b> | 04 Jun. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/joaquim-igreja-professor-na-escola-secundaria-da-guarda-o-que-o-agarra-a-este-lugar-sao-os-grandes-penedos-de-granito-16474819.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/06/caminhos4_20230604121251/mp3/caminhos4_20230604121251.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Joaquim Igreja</b>, professor na escola secundária da Guarda: o que o agarra a este lugar são os grandes penedos de granito.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 38</span></b> | 11 Jun. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/antonio-jose-correia-do-surf-em-peniche-a-rede-de-estacoes-nauticas-ele-e-o-homem-de-todas-as-aguas-16510719.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/06/onde_nos_levam_os_caminhos11_20230611110802/mp3/onde_nos_levam_os_caminhos11_20230611110802.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>António José Correia</b>, do surf em Peniche à Rede de Estações Náuticas: ele é o homem de todas as águas.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 39</span></b> | 18 Jun. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/antonio-dos-santos-83-anos-tipografo-guardiao-das-memorias-do-antigo-orfanato-municipal-de-setubal-16549887.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/06/caminhos18_20230618132248/mp3/caminhos18_20230618132248.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>António dos Santos</b>, 83 anos, tipógrafo, guardião das memórias do antigo orfanato municipal de Setúbal.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 40</span></b> | 25 Jun. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/antonio-duraes-actor-e-encenador-a-mesa-em-baiao-o-teatro-salvou-me-16588484.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/06/caminhos25_20230625120316/mp3/caminhos25_20230625120316.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>António Durães</b>, actor e encenador, à mesa, em Baião: «O teatro salvou-me».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 41</span></b> | 02 Jul. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/pedro-caldeira-cabral-o-grande-cuidador-e-estudioso-da-guitarra-portuguesa-e-dos-sons-da-terra-quente-16626353.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/07/caminhos2_20230702130838/mp3/caminhos2_20230702130838.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Pedro Caldeira Cabral</b>: o grande cuidador e estudioso da guitarra portuguesa e dos sons da Terra Quente.<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 42</span></b> | 17 Set. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/jorge-monteiro-armador-sem-barco-na-fuseta-em-noite-de-lua-cheia-nao-se-anda-ao-carapau-17075720.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/09/17_setembro_2023_onde_nos_levam_os_caminhos_42_20230925115901/mp3/17_setembro_2023_onde_nos_levam_os_caminhos_42_20230925115901.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Jorge Monteiro</b>, armador sem barco, na Fuseta: "Em noite de lua cheia, não se anda ao carapau".<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 43</span></b> | 24 Set. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/joaquim-goncalves-o-livreiro-de-sines-gostava-de-receber-itamar-vieira-junior-aqui-na-a-das-artes-ele-e-um-dos-maiores-escritores-do-nosso-seculo-17074287.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/09/ndenoslevamcaminhos24_20230924200927/mp3/ndenoslevamcaminhos24_20230924200927.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>Joaquim Gonçalves</b>, o livreiro de Sines: «Gostava de receber Itamar Vieira Júnior, aqui na A das Artes. Ele é um dos maiores escritores do nosso século».<br />
<br />
<b><span style="color: red;">Ep. 44</span></b> | 01 Out. 2023 [>> <b><a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/emissao/antonio-ramalho-almeida-pneumologista-autor-do-livro-a-face-romantica-da-tuberculose-jose-maria-pedroto-foi-uma-pessoa-que-me-ensinou-medicina-17100108.html" target="_blank"><span style="color: blue;">TSF</span></a></b> / <b><a href="https://dts.podtrac.com/redirect.mp3/d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/ngx-audio/2023/10/ondevais1_20231002022453/mp3/ondevais1_20231002022453.mp3" target="_blank"><span style="color: blue;">MP3</span></a></b>]<br />
<b>António Ramalho Almeida</b>, pneumologista, autor do livro "A Face Romântica da Tuberculose": «José Maria Pedroto foi uma pessoa que me ensinou medicina».<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl8frHzRjSp6UHGjwV4Q0cOL-hxZ0PORKgBoMDlzl6ObN1GV2taAIryUoUZbpAgppUyL9ScPO5HxZcIe79Jsc4hbcNDXUMWt7Dgto9CSok8Kxox00i0C8-PZ1o1WK_RhOCdPNEDlTpyAy_HvSMHEFjlLCgzbEiU97RaJBEfSSharmG9HcFnoEv/s1600/Fernando_Alves_-_Sinais_2000.jpeg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="681" data-original-width="437" height="623" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl8frHzRjSp6UHGjwV4Q0cOL-hxZ0PORKgBoMDlzl6ObN1GV2taAIryUoUZbpAgppUyL9ScPO5HxZcIe79Jsc4hbcNDXUMWt7Dgto9CSok8Kxox00i0C8-PZ1o1WK_RhOCdPNEDlTpyAy_HvSMHEFjlLCgzbEiU97RaJBEfSSharmG9HcFnoEv/w411-h640/Fernando_Alves_-_Sinais_2000.jpeg" width="400" /></a><br />
Capa do livro "Sinais", de Fernando Alves (Oficina do Livro, 2000)<br />
O livro colige 62 crónicas e é acompanhado de um CD com as gravações de 22. Porque, como escreveu Emídio Rangel, seu amigo e companheiro de aventuras radiofónicas, «não chega saborear o texto destes "sinais" mas ouvir/sentir a forma como ele morde as sílabas ou injecta ternura nos versos que cria».<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2aKz_lZRf_Uqd6ABbIPANi0qOkX3T1cgVkZbaEm0YpkebuwwracNZTakHYG5mfDoFU8dHG42ZCzzeL73iWfXhJmkMujdZL2eYkHckQ_3no7SEpVx0D0oEQFB02B97sQClHWLm8Hg5PgiA0BwL2s_lO1B1vQzO98UrmIe7PBTDGvpbCbKLCM76/s1600/Fernando_Alves_-_Sinais_As_Ultimas_50_Cronicas_na_TSF_2003.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1358" data-original-width="886" height="613" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2aKz_lZRf_Uqd6ABbIPANi0qOkX3T1cgVkZbaEm0YpkebuwwracNZTakHYG5mfDoFU8dHG42ZCzzeL73iWfXhJmkMujdZL2eYkHckQ_3no7SEpVx0D0oEQFB02B97sQClHWLm8Hg5PgiA0BwL2s_lO1B1vQzO98UrmIe7PBTDGvpbCbKLCM76/w418-h640/Fernando_Alves_-_Sinais_As_Ultimas_50_Cronicas_na_TSF_2003.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do livro "Sinais: As Últimas 50 Crónicas na TSF", de Fernando Alves (Âncora Editora, Nov. 2023)<br />
<br />
Arquivo áudio das 500 crónicas mais recentes:<br />
<a href="https://podcasts.apple.com/pt/podcast/tsf-sinais-podcast/id120508046" target="_blank"><span style="color: blue;">https://podcasts.apple.com/pt/podcast/tsf-sinais-podcast/id120508046</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-13310227282791929832024-01-06T23:06:00.005+00:002024-01-07T00:30:33.125+00:00Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense: "Cantar à Porta"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSvK-GDuYbofHqg74nXGoSNZ1Q_EpDAHYGR2tEo5uYlTHezUmk4vt046AXkgasUHyk82Kc2P5_e3fc2oSo7NxtzSIKa2azGQIi3zfRpO9KnuzfxgzUZ3pv7s-2O2wuoeOw4d5jxbd2b2ZQdjOOBME2WgZD28bRkxljwzzvVrAb4t_TJkaHG3uP/s1600/Reis_Magos.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="804" data-original-width="1200" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSvK-GDuYbofHqg74nXGoSNZ1Q_EpDAHYGR2tEo5uYlTHezUmk4vt046AXkgasUHyk82Kc2P5_e3fc2oSo7NxtzSIKa2azGQIi3zfRpO9KnuzfxgzUZ3pv7s-2O2wuoeOw4d5jxbd2b2ZQdjOOBME2WgZD28bRkxljwzzvVrAb4t_TJkaHG3uP/w400-h268/Reis_Magos.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
Uiva a fome do lobo<br />
ao rés<br />
da alcateia<br />
<br />
há cheiro<br />
e rumores<br />
de nozes<br />
e avelãs<br />
<br />
Janeiro<br />
acorda o canto<br />
das bicas do azeite<br />
<br />
percorrem os Reis Magos<br />
a coroa das romãs<br />
<br />
SOLEDADE MARTINHO COSTA<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;"><i>
Epifania — Dia de Reis</i></span><br />
<br />
Integrado na quadra natalícia — com a alegoria «até aos Reis é sempre Natal» —, o dia de Reis, ou Epifania, traduz um dos mais relevantes episódios tradicionais associados ao nascimento de Jesus Cristo. A sua comemoração celebra-se no dia 6 de Janeiro, excepto nos lugares onde não é dia santo de guarda, em que se festeja no domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de Janeiro. Constituindo uma das muitas festas pagãs perfilhadas e cristianizadas pela Igreja, a Epifania (cujo antigo nome entre os Cristãos era Teofania) englobava na sua origem a maior parte das celebrações a Cristo: o seu nascimento; a adoração dos Reis Magos; o seu baptismo; a sua vida e sofrimento na Terra e os seus milagres. A partir do ano de 54, separou-se a Natividade — comemoração do seu nascimento — da Epifania, passando esta a ser consagrada, exclusivamente, aos Reis Magos. A data para essa celebração, fixada no ano de 1164 a 6 de Janeiro, pretendia assinalar a viagem dos três Reis Magos, vindos, segundo o Evangelho, dos seus longínquos países do Oriente até Belém, guiados por uma estrela, para render homenagem e oferecer os seus presentes a Cristo recém-nascido. De seus nomes Gaspar (de olhos amendoados e barba fina), Baltasar (negro e imponente) e Melchior (o mais velho dos três, de longa barba branca), os Reis Magos pagãos simbolizam a riqueza, o poder, a ciência e a homenagem de todos os povos da Terra a Cristo Redentor. Paramentados com as suas preciosas vestes, tiaras sobre as cabeças e tesouros nas mãos, assim se apresentaram perante o Menino — até aí adorado apenas por pastores —, a quem ofereceram os seus presentes: um deles três libras de oiro (para o Rei), o outro três libras de incenso (para o Deus) e o outro ainda três libras de mirra (para os restos mortais do Homem). Segundo S. Mateus (o único que narra o episódio dos Magos no Evangelho), estes terão tido uma conversa com Herodes, que não se repetiu, visto, em sonhos, terem sido avisados para o não tornarem a fazer.<br />
São igualmente os Reis que baptizam o manjar cerimonial da doçaria alimentar desta data: o bolo-rei (espécie de pão doce recheado e enfeitado com frutos secos e cristalizados: pinhões, amêndoas, nozes, passas; laranja, figo, cereja, abóbora), cuja tradição se espalhou por quase toda a Europa e alguns países da América (particularmente da América Latina), a resultar, supostamente, do bolo janual, que os Romanos ofereciam e trocavam entre si nas festas do primeiro dia do Ano Novo. Ao bolo juntavam um ramo de verdura colhido num bosque dedicado à deusa Strena, ou Strénia. Do nome da deusa derivarão o vocábulo francês <i>étrenne</i> (que significa «presentes de Ano Novo») e a palavra «estreias», termo que, em certas localidades do nosso país, continua ainda a utilizar-se para definir o acto de oferecer presentes de «boas festas» («dar as estreias»). Todavia, se recuarmos no tempo, deparamos com as «estreias» (<i>atrenua</i>) relacionadas com mascaradas, banquetes, jogos e outras celebrações realizadas pelos povos pagãos. Daí, no Concílio de Tours, em 567, ter sido sugerido que as «estreias» pagãs dessem lugar «às esmolas de carácter cristão e litúrgico», de modo a atenuar os vestígios do politeísmo. Ao bolo janual e ao ramo de verdura acrescentavam os Romanos pequenas lembranças (tâmaras, figos, mel), com votos de bom ano, paz e felicidade. Este costume tornou-se depois mais exigente, acabando o oiro e a prata por substituir os singelos presentes. Em diversos países foi hábito durante muito tempo introduzir no bolo uma pequena cruz de porcelana (que se juntava à fava), substituída depois por minúsculas figurinhas humanas. Tradição que se conserva, ainda hoje, aliada à expectativa de quem será o achador da fava ou do «brinde», que consiste, actualmente, num qualquer objecto minúsculo apropriado para esse efeito.<br />
Associados à quadra natalícia, vamos encontrar também as janeiras e os Reis, que representam peditórios cantados na noite de Natal, de Ano Novo e de Reis. Herança provável das próprias <i>strenas</i> romanas, a entoação dos cânticos tem por finalidade receber dádivas que se revestem de um carácter alusivo e propiciatório, a remeter-nos, como noutras celebrações, para tempos remotos, em que se celebravam deuses e divindades pagãos ou eram pedidas ou oferecidas dádivas no início do ano comum, símbolo de bom augúrio, quer para quem as pedia, quer para quem as doava. O costume, espalhado ainda hoje por toda a Europa, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, entre outros, continua a celebrar-se, com os seus seculares cânticos de religiosidade popular e festiva. Formados por grupos de homens e mulheres, os janeireiros e reiseiros, acompanhados ou não por músicos, percorrem os lugares, de porta em porta, a pedir oferendas em troca da entoação das «loas» ao Menino, das janeiras e dos Reis. De assinalar, porém, a semelhança destes grupos com os grupos que entoam pela Quaresma o «Cantar das Almas» (ou «Amentação» ou «Encomendação das Almas»). Tanto num caso como no outro, os donativos em dinheiro assim angariados revertem para «mandar rezar missas pelas almas do Purgatório». A diferença está, tão-só, nas ofertas de carácter alimentar (chouriços, queijo, castanhas, maçãs), que revertem para os próprios janeireiros ou reiseiros (géneros consumidos, geralmente, em repasto conjunto), e nos seus cânticos festivos, com intenção de benefícios, ou seja, na forma cristianizada da celebração propiciatória do Ano Novo, enquanto no «Cantar das Almas» apenas se ritualiza o sentido penitente e piedoso dos cânticos de consagração, integrados nas comemorações da quadra pascal. Esta semelhança fazia-se notar, principalmente, em Cunqueira (Proença-a-Nova, Beira Baixa), onde em tempos idos os janeireiros pediam «uma quartilha de milho para as almas» ou o «folário», sem prejuízo, todavia, das dádivas alimentares. Também antigamente, na região de Trás-os-Montes, era costume, nos quatro dias que antecediam os Reis, juntarem-se rapazes e raparigas que percorriam os lugares a pedir de casa em casa as «janeirinhas». À frente do grupo seguia um rapaz com uma candeia de azeite, que voltava a ser cheia quando aquele acabava pelos donos da casa seguinte. Em troca, recebiam chouriços, maçãs, passas, castanhas, vinho e outros géneros, com os quais organizavam uma pequena festa, geralmente à roda de uma fogueira, onde assavam e comiam os chouriços e as castanhas oferecidos. Na mesma região (Felgar, Moncorvo), realizava-se no dia 1 de Janeiro a Festa dos Rapazes, conhecida por Festa da Senhora dos Moços, em que os rapazes, em grupo, palmilhavam a freguesia fazendo um peditório. As ofertas (chouriços, orelheira, bolos, frutos secos, vinho, etc.) eram presas depois nos galhos de um ramo (o «galheiro»), que cada um segurava na mão, sendo as ofertas leiloadas no final da «ronda». Respeitando a tradição destes dias, observada de norte a sul de Portugal, os janeireiros, ou cantadores das janeiras, e os reiseiros, ao saudar os donos das casas, vão também anunciar nas velhas canções de cariz popular o nascimento de Jesus e a visita dos Reis Magos. No Algarve perguntava-se primeiro: «reza ou cantiga?», e, conforme a resposta, os janeireiros rezavam ou cantavam em troca de oferendas. Em Niza (Alto Alentejo) rapazes e raparigas organizavam-se em grupos de quatro elementos para cantar o «Menino Jesus» («loas de Natal») e os Reis («loas dos Reis»), antes e depois do Natal. Escolhiam de preferência as casas onde calculavam ser mais rendosa a recepção e ao abrir da porta diziam: «Menino Jesus da Nazaré, quer que cá cante?». Perante a resposta afirmativa, entravam na casa, onde estava reunida a família (quase sempre na cozinha), e logo começava a «loa». Ainda no Alentejo (Beja), constituía tradição oferecer aos grupos que cantavam as «loas» nas vésperas de Ano Bom ou dos Reis as populares «costas», bolos feitos de massa semelhante à do pão, a que se junta açúcar ou mel, sumo de laranja, ovos, leite e canela, moldados à mão e apresentando formas diversas.<br />
[...]<br />
Cantar os Reis, esperar os Reis, correr os Reis ou tirar os Reis são as denominações decorrentes das práticas da quadra que liga o Ano Novo ao dia de Reis. Todas elas integradas nas celebrações tradicionais onde os ritos, os cânticos e os peditórios se cruzam numa praxe (que visa a obtenção de benefícios), a um tempo festiva e expectante, face à renovação e revitalização da Natureza, com a entrada de um novo ano.<br />
[...]<br />
Igualmente provável é a celebração dos Reis resultar de antigos rituais ligados ao culto dos politeístas solares e da sua festa da consagração da luz do Sol no solstício de Dezembro, efectuada no Egipto sob o título <i>Festum Osirid nati</i>, ou <i>Inventio Osirid</i>, em data correspondente ao nosso 6 de Janeiro, designada pelos Judeus como Festa das Luzes, ou <i>Khanu Ka</i>. Há também quem sustente ter a sua comemoração origem nas festas romanas em honra de Jano (de onde provém o nome de Janeiro), o deus das duas faces: um voltada para o futuro, a outra para o passado. <br />
[...]<br />
Em diversas regiões (Trás-os-Montes e Ribatejo, por exemplo), o cantar dos Reis pode prolongar-se até à data limite, ou seja, até ao dia de S. Sebastião (20 de Janeiro), dizendo o povo: «No dia de S. Sebastião, cantam-se os Reis, se os dão.» Por isso, nos Açores, os cânticos de 5 para 6 de Janeiro têm o nome de Reis, enquanto os que se cantam na noite de 19 para 20 são chamados Sebastianas. Estes cânticos apresentam uma articulação idêntica à dos Reis, residindo a diferença apenas nos versos.<br />
<br /><b>
SOLEDADE MARTINHO COSTA</b> (in "Festas e Tradições Portuguesas: Janeiro", Lisboa: Círculo de Leitores, 2002 – p. 35, 63-69 e 73)<br />
<br />
<br />
Fundado pela poetisa terceirense Maria Francisca Bettencourt, e tendo efectuado a sua primeira apresentação pública a 16 de Julho de 1966, o <b>Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense</b> tornou-se uma referência entre os colectivos açorianos de índole folclórica, pelo relevante contributo que tem dado para o esforço (nunca suficiente) de manter viva a tradição musical e de dança da Ilha Terceira. Os cantares do ciclo do Natal contam-se, como não podia deixar de ser, no seu repertório, parte do qual corresponde ao conteúdo do CD "Festa Redonda", publicado em 2003, com chancela Açor, do Prof. Emiliano Toste. O alinhamento do álbum abre com um belíssimo "Cantar à Porta", alusivo aos Reis Magos, que nos serve na perfeição para a ilustração musical da presente Epifania. Esta cantiga deve ser familiar aos terceirenses, pelo menos àqueles que já tiveram ocasião de presenciar alguma actuação do grupo a festejar os Reis, mas são poucos os continentais que alguma vez a ouviram. E isso explica-se grandemente pela muito deficiente divulgação que a Antena 1 vem dando à música tradicional portuguesa, ainda mais a dos arquipélagos atlânticos, ao negar-lhe lugar na 'playlist' (por discricionaríssima vontade de quem ocupa a direcção de programas), relegando-a para dois espaços semanais em horários esconsos: "A Árvore da Música" (domingos, depois do noticiário das 07h:00 da manhã), neste caso para novas edições; e "Alma Lusa" (depois do noticiário da meia-noite de domingo e até às 02h:00 da madrugada de segunda-feira), programa essencialmente devotado ao fado. Uma situação deveras vergonhosa e de todo intolerável a que urge pôr cobro!<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Cantar à Porta</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/crt-0001/CRT0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Ilha Terceira, Açores)<br />
Intérprete: <b>Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense</b>* (in CD "Festa Redonda", Açor/Emiliano Toste, 2003)<br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Uma estrela, uma estrela nos guia<br />
No caminho, no caminho da virtude...<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Uma estrela nos guia<br />
No caminho, no caminho da virtude...<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Ó dono, ó dono da moradia,<br />
Lá vai à... lá vai à vossa saúde!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Ó dono da moradia,<br />
Lá vai à... lá vai à vossa saúde!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Reis Magos, Reis Magos viram Jesus<br />
Numa gruta, numa gruta em Belém;<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Reis Magos viram Jesus<br />
Numa gruta, numa gruta em Belém;<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Guiados, guiados pela mesma luz,<br />
Queremos, queremos vê-lo também!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Guiados pela mesma luz,<br />
Queremos, queremos vê-lo também!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense:<br />
Direcção do grupo – Vera Cunha Azevedo, Margarida Pessoa Pires, Alberto Borba Gonçalves<br />
Direcção técnica – Manuel Brito de Azevedo<br />
Violas (de 12 e de 15 cordas) – Bruno Bettencourt, Jorge David Sousa, José Gabriel Flor, Margarida Oliveira<br />
Violões – Francisco Lourenço (Xavier), José Sales, Manuel Brito de Azevedo<br />
Ferrinhos e mandador – Francisco Gomes (Chico Batata)<br />
Vozes solistas e coros – Andreia Borges, Francisco Lourenço (Xavier), José Pereira Borges, Karla Almeida, Manuel Brito de Azevedo, Reginaldo Fernandes, Rui Fortuna, Vera Duarte<br />
Coros – Alberto Gonçalves, António José Borba, Bruno Bettencourt, Conceição Flor, Francisco Gomes (Chico Batata), João Vicente, Margarida Oliveira, Paula Sales, Virgínia Borges<br />
Participações especiais:<br />
José João Silva – violino<br />
Fernando Ávila – clarinete<br />
José António Santiago – trompete<br />
Manuel Lima – contrabaixo<br />
Rui Furtado – trombone<br />
Tibério Vargas – bombardino<br />
<br />
Gravação, mistura e masterização – Emiliano Toste<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/GBCRT/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/GBCRT/</span></a><br /><a href="https://www.youtube.com/@Jbvila/videos?query=Cancao+Regional+Terceirense" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@Jbvila/videos?query=Cancao+Regional+Terceirense</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGVDnVw-_1i7jnwECe7_HguehAEFn8hje-w0UF71V85_0by5YvJNLfKDlJ5tYcKSggqOWGPjJ6I6iJiy_5xJlC5tUoXLLcuBoeOEiq4_wND1U07JGZO5qEmrMGwt10ovBvSudqALMI6B5U4Jy-G_Z_5yMtdARJcb1vLKFUGliCPhyphenhyphenltpgjWUrq/s1600/Grupo_de_Baile_da_Cancao_Regional_Terceirense_-_Festa_Redonda_2003.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="938" data-original-width="938" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGVDnVw-_1i7jnwECe7_HguehAEFn8hje-w0UF71V85_0by5YvJNLfKDlJ5tYcKSggqOWGPjJ6I6iJiy_5xJlC5tUoXLLcuBoeOEiq4_wND1U07JGZO5qEmrMGwt10ovBvSudqALMI6B5U4Jy-G_Z_5yMtdARJcb1vLKFUGliCPhyphenhyphenltpgjWUrq/w400-h400/Grupo_de_Baile_da_Cancao_Regional_Terceirense_-_Festa_Redonda_2003.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Festa Redonda", do Grupo de Baile da Canção Regional Terceirense (Açor/Emiliano Toste, 2003)<br />
Azulejos do Cantinho<br /><br />
_________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório de Janeiras e de Reis:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/12/musica-portuguesa-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Música portuguesa de Natal</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/01/catarina-moura-ariel-ninas-e-cesar.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Catarina Moura, Ariel Ninas e César Prata: "Entrada de Aninovo"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/01/miguel-pimentel-com-maria-jose-victoria.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Pimentel com Maria José Victória: "Bons Anos"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/01/rafael-carvalho-bons-anos-e-anos-bons.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Rafael Carvalho: "Bons Anos e Anos Bons"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/01/terra-terra-estas-casas-sao-mui-altas.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Terra a Terra: "Estas Casas São Mui Altas"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-27732129096767441012024-01-01T20:01:00.013+00:002024-01-18T22:17:53.942+00:00Natália Correia: "Ode à Paz", por Afonso Dias<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirDIYXGHqrsKliOr7_tfBoTO1uLnFKZsGNpv2V9qINKBdSjK2fodkOl2ydgRZHoAb8hJcC8lcWfuPBSxtgGqAYSBi8IKcFOVPpihyphenhyphenChu5PHhojEM6XjnrRzy33Zn-_AjU5jFvWjQ8YcCrl96-gq3Zs17gNnqXqICjZTKb4NIRp34GOwNarqDvZ/s1600/Julie_Joy_-_World_Peace_p2018.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="900" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirDIYXGHqrsKliOr7_tfBoTO1uLnFKZsGNpv2V9qINKBdSjK2fodkOl2ydgRZHoAb8hJcC8lcWfuPBSxtgGqAYSBi8IKcFOVPpihyphenhyphenChu5PHhojEM6XjnrRzy33Zn-_AjU5jFvWjQ8YcCrl96-gq3Zs17gNnqXqICjZTKb4NIRp34GOwNarqDvZ/w400-h400/Julie_Joy_-_World_Peace_p2018.jpg" width="400" /></a><br />
Julie Joy, "<b>World Peace</b>", p. 23 Jan. 2018 (in "<a href="https://fineartamerica.com/featured/world-peace-julie-joy.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fine Art America</span></a>")<br />
<br />
<br />
<i> A paz é a única maneira de nos sentirmos<br />
verdadeiramente humanos.</i><br />
ALBERT EINSTEIN<br />
<br />
<br />
A Paz, filha dilecta da Justiça e do Bem, é, todavia, frágil e soçobra quando acometida pelo monstro feroz da destruição e da morte que, nas línguas românicas ocidentais, tem o nome de guerra/guerre. Sendo esse monstro uma manifestação da faceta mais animalesca da espécie <i>homo sapiens sapiens</i>, a História já nos mostrou que pode ser contido/inactivado, se nesse nobilíssimo propósito a Humanidade se empenhar, de alma e coração. Assim aconteceu na Europa (continente que desde o colapso do Império Romano sempre fora palco de confrontos bélicos entre povos e nações) nas décadas que se seguiram à colossal hecatombe de 1939-45 – paz essa que só foi interrompida, em 1992, pela guerra da Bósnia-Herzegovina e, em Fevereiro de 2022, pela invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin. É verdade que noutras paragens, mormente no Próximo Oriente e em África, se sucederam guerras, mas quase todas de feição étnico-tribal-religiosa, em resultado da malévola herança dos colonizadores europeus (que traçaram fronteiras a régua e esquadro, sem o mínimo respeito pelos povos e culturas locais), e que têm sido bastante fomentadas pelo muito lucrativo negócio de armas, cuja indústria – é bom ter noção disso – se situa maioritariamente na América do Norte e na Europa. Tudo confrontos que, por estarem relativamente longe do Ocidente, tendiam a ser desconsiderados e esquecidos pelos governos e também sem especial impacto nas opiniões públicas. A inesperada invasão da Ucrânia por um déspota saudosista do grandioso passado do Império Russo e, mais recentemente, a reactivação da guerra na Palestina, decorrente da continuada e inqualificável opressão israelita sobre o povo palestino, despertaram muitos ocidentais da modorra em que parecia terem caído e espicaçaram-lhes as consciências para a necessidade de pugnarem pela defesa e promoção da Paz. Antes, distintos escritores e poetas já haviam escrito romances e poesia de denúncia dos horrores da guerra e em exaltação da benéfica Paz. Entre esses poemas conta-se a "Ode à Paz", de <b>Natália Correia</b>, talvez o mais lapidar libelo de repúdio da terrífica e mortífera guerra e de suplicante invocação da benigna e vivificante Paz. Atendendo à preocupante e perigosa situação a que o mundo chegou, este Dia Mundial da Paz, que é o 60.º primeiro de Janeiro após a publicação da encíclica <i>Pacem in Terris</i>, do bom papa João XXIII, afigurou-se-nos a oportunidade perfeita para revisitarmos a referida ode nataliana e darmos-lhe aqui destaque na voz de <b>Afonso Dias</b>. Sentir-nos-emos gratificados se a leitura/audição de tão lúcidas e sábias palavras ajudar os leitores/visitantes do blogue "A Nossa Rádio" a valorizarem (mais) a Paz e a empenharem-se em acções concretas a seu favor. Não haja ilusões: a Paz mundial só se alcançará se as massas, sobretudo dos países económica e tecnologicamente mais desenvolvidos, se manifestarem de modo veemente e persistente pressionando os dirigentes políticos a tomarem decisões efectivas e justas que façam calar as armas e propiciem a conciliação dos povos desavindos! <br />
<br />
Se o programa "Lugar ao Sul" ainda estivesse em antena, é certo que os ouvintes do primeiro canal da rádio pública teriam a oportunidade de escutar poesia recitada por <b>Afonso Dias</b> e, bem assim, canções suas. Hoje em dia, só muito esporadicamente surge uma ou outra canção do cantautor no espaço "Alma Lusa" e com a agravante da transmissão ser a desoras (entre a meia-noite de domingo e as 2h:00 da madrugada de segunda-feira, que é dia de trabalho). Importa, pois, que, sem prejuízo de passar a haver (e não há razão para que não haja) um espaço consagrado à exploração da vasta e preciosa discografia de música popular portuguesa – a de raiz tradicional e o repertório dos cantautores –, seja reformada a 'playlist' (cujo peso na programação musical do canal é descomunal) de modo a dar visibilidade (ou audibilidade, melhor dizendo) à melhor música portuguesa de vários géneros (e não apenas da que se inscreve na área 'pop'), e se crie, também, um apontamento diário de poesia, a fim de dar divulgação radiofónica ao rico património discográfico de poesia dita/recitada de língua portuguesa. Aliás, a poesia dita sempre foi, desde os primórdios da estação pública de rádio, uma das suas marcas distintivas de excelência, e só por leviana e desatinada decisão do "subalimentado do sonho" António Luís Marinho é que foi suspensa, já lá vão vinte anos.<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">ODE À PAZ</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/adi-0014/ADI0014.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema de <b>Natália Correia</b> (in "Drujba – Amizade", revista da Associação Portugal-Bulgária, Julho/Setembro de 1989; De "Inéditos (1985/1990)", in "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 311; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 559-560)<br />
Recitado por <b>Afonso Dias</b>* (in CD "Poesia de Natália Correia", col. Selecta, Música XXI, 2007)<br />
<br />
<br />
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,<br />
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,<br />
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,<br />
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,<br />
Pela branda melodia do rumor dos regatos,<br />
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,<br />
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,<br />
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,<br />
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,<br />
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,<br />
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,<br />
Pelos aromas maduros de suaves outonos,<br />
Pela futura manhã dos grandes transparentes,<br />
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,<br />
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas<br />
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,<br />
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,<br />
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.<br />
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,<br />
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,<br />
Abre as portas da História,<br />
deixa passar a Vida!<br />
<br />
<br />
* Afonso Dias – voz<br />
Organização, selecção e apresentação – Afonso Dias<br />
Captação de som, mistura e masterização – Adriano St. Aubyn<br />
URL: <a href="https://www.algarvios.pt/members/afonso-dias/info/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.algarvios.pt/members/afonso-dias/info/</span></a><br />
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias</span></a><br />
<a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/afonso-dias-fundador-do-gac-poeta-deputado-honorario-nao-vos-esquecais-da-constituicao-16109037.html" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/afonso-dias-fundador-do-gac-poeta-deputado-honorario-nao-vos-esquecais-da-constituicao-16109037.html</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/afonso.dias.31" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/afonso.dias.31</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQkPRh2xbkk61UQGM2AOZEH0lF2gU97XWBs4_uWavBZUwawLfxXsBz1gw18obc4vTULAuaeUeA62vctkRG12AxWMoWeiobmOVWCc1kmO9tWk7UbBM0jJU-weA8N0zOrHrIQHuquB6bYT3RLed0S5UhJPmGkUFBnSHZtccKoDQeHxZvAAaA8w/s1600/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_II_1993.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="691" height="578" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQkPRh2xbkk61UQGM2AOZEH0lF2gU97XWBs4_uWavBZUwawLfxXsBz1gw18obc4vTULAuaeUeA62vctkRG12AxWMoWeiobmOVWCc1kmO9tWk7UbBM0jJU-weA8N0zOrHrIQHuquB6bYT3RLed0S5UhJPmGkUFBnSHZtccKoDQeHxZvAAaA8w/w442-h640/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_II_1993.jpg" width="400" /></a><br />
Sobrecapa do livro "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II", de Natália Correia (Lisboa: Círculo de Leitores, 1993)<br />
Concepção – Clementina Cabral<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ev1iEg-UgIL51jQHfZf6v6L_UA1OMTmCpgRHc0wHozt-UjO81hpxRark37mBcBNHPcu2SFGoGWwyW6CFwGbyJoe2hwNJnV_ykSE0YbOoPfFiRmIjcIG23rnq8CMtSKCIQxAIMJjAGYGtiAS57_ru_nkubcX4k4kZJqChqk_8ktmbyVFUEA/s1600/Natalia_Correia_-_Poesia_Completa_1999.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2042" data-original-width="1581" height="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ev1iEg-UgIL51jQHfZf6v6L_UA1OMTmCpgRHc0wHozt-UjO81hpxRark37mBcBNHPcu2SFGoGWwyW6CFwGbyJoe2hwNJnV_ykSE0YbOoPfFiRmIjcIG23rnq8CMtSKCIQxAIMJjAGYGtiAS57_ru_nkubcX4k4kZJqChqk_8ktmbyVFUEA/w496-h640/Natalia_Correia_-_Poesia_Completa_1999.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDMiwu_0E0NI78aAF6dT6_RyR8Bse9BXHr6TDCgi58gT1S_hOMy1Tx2Kvwna_KoG9GfOigMUOg7KryiNXFQrQTSz3FXix_02CA6MzqUBPX17D7INntWJBu9V0SS14N8A7eSjhv/s1600/Afonso_Dias_-_Poesia_de_Natalia_Correia_2007.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDMiwu_0E0NI78aAF6dT6_RyR8Bse9BXHr6TDCgi58gT1S_hOMy1Tx2Kvwna_KoG9GfOigMUOg7KryiNXFQrQTSz3FXix_02CA6MzqUBPX17D7INntWJBu9V0SS14N8A7eSjhv/s400/Afonso_Dias_-_Poesia_de_Natalia_Correia_2007.jpg" height="397" width="400"></a><br />
Capa do CD "Poesia de Natália Correia", de Afonso Dias, com a colaboração de Isabel Afonso Dias, Meguy, Rita Neves, Tânia Silva e Telma Veríssimo (Col. Selecta, Música XXI, 2007)<br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia de Natália Correia ou por si adaptada:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/poesia-na-radio-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Poesia na rádio (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/03/ana-moura-creio-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ana Moura: "Creio" (Natália Correia)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/04/natalia-correia-rascunho-de-uma.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/a-natalidade-de-natalia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A Natalidade de Natália</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/natalia-correia-casa-do-poeta-por.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias</span></a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2023/09/poesia-trovadoresca-adaptada-por.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Poesia trovadoresca adaptada por Natália Correia</span></a><br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório de Afonso Dias:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/10/amalia-dez-anos-de-saudade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Amália: dez anos de saudade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2010/06/infancia-e-musica-portuguesa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A infância e a música portuguesa</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/em-memoria-de-antonio-ramos-rosa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de António Ramos Rosa (1924-2013)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-sophia-de-mello-breyner.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/03/al-mutamid-evocacao-de-silves.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Al-Mu'tamid: "Evocação de Silves"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/03/cesario-verde-de-tarde.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Cesário Verde: "De Tarde"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/12/antonio-gedeao-dia-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">António Gedeão: "Dia de Natal", por Afonso Dias</span></a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2020/06/camoes-recitado-e-cantado-vi.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VI)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/natalia-correia-casa-do-poeta-por.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/12/afonso-dias-dieta-algarvia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Afonso Dias: "Dieta Algarvia"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-6261170078093997092023-12-24T18:00:00.018+00:002024-01-26T23:52:12.598+00:00"Ó Meu Menino Jesus" (tradicional do Alto Alentejo)<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoi4HHkKyTlmKqOr3Rr9HFugkRZb6JmU3Ngx2UivYRO7tg-k6kTLuTQppVZ2OpEwHxNvBCfMiRxOzmpBefmZffKk60V5RlK9fTZZfsMFM0g2R-q_UtXkYVXUjXY3Ren_t7NwodKe1AG1giA2yMpeqYT856Ek2TM5gtJnuC84BEJKJ5TQn7B2U0/s1600/Autor_desconhecido_-_Adoracao_dos_Pastores_-_Igreja_de_Santa_Maria_da_Alcacova_Elvas.JPG" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2151" data-original-width="2812" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoi4HHkKyTlmKqOr3Rr9HFugkRZb6JmU3Ngx2UivYRO7tg-k6kTLuTQppVZ2OpEwHxNvBCfMiRxOzmpBefmZffKk60V5RlK9fTZZfsMFM0g2R-q_UtXkYVXUjXY3Ren_t7NwodKe1AG1giA2yMpeqYT856Ek2TM5gtJnuC84BEJKJ5TQn7B2U0/w400-h306/Autor_desconhecido_-_Adoracao_dos_Pastores_-_Igreja_de_Santa_Maria_da_Alcacova_Elvas.JPG" width="400" /></a><br />
Autor desconhecido, "<b>Adoração dos Pastores</b>", Sécs. XVII-XVIII, Igreja de Santa Maria da Alcáçova, Elvas<br />
Fotografia gentilmente cedida pelo Dr. Artur Goulart, responsável pela coordenação científica do inventário artístico da Arquidiocese de Évora<br />
[Para ver a imagem em ecrã inteiro, noutra janela, é favor clicar <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoi4HHkKyTlmKqOr3Rr9HFugkRZb6JmU3Ngx2UivYRO7tg-k6kTLuTQppVZ2OpEwHxNvBCfMiRxOzmpBefmZffKk60V5RlK9fTZZfsMFM0g2R-q_UtXkYVXUjXY3Ren_t7NwodKe1AG1giA2yMpeqYT856Ek2TM5gtJnuC84BEJKJ5TQn7B2U0/s1600/Autor_desconhecido_-_Adoracao_dos_Pastores_-_Igreja_de_Santa_Maria_da_Alcacova_Elvas.JPG" target="_blank"><span style="color: blue;">aqui</span></a>]<br />
<br />
<br />
<b><span style="font-size: medium;">SARRONCA</span></b><br />
<br />
A sarronca, também conhecida pelo nome genérico de <i>ronca</i>, é um instrumento muito primitivo, da categoria especial dos membranofones de fricção, composto essencialmente por uma caixa de ressonância cuja boca é tapada com uma pele esticada que faz de membrana vibratória, posta em vibração sonora não por percussão mas por fricção da membrana ou de um elemento fixo por uma ponta no seu centro, e que se esfrega com a mão; produz-se desse modo um ruído grave e fundo, que o bojo da caixa transforma no ronco que caracteriza o instrumento.<br />
A organologia distingue duas espécies principais destes membranofones de fricção, conforme o processo fricativo pelo qual a pele é posta em vibração: é <i>directo</i>, se se esfrega directamente a membrana, ou <i>indirecto</i>, se existe algum elemento fricativo.<br />
Os membranofones de fricção directa são geralmente membranofones de percussão vulgares, tambores ou pandeiros, usados daquele modo especial; a fricção faz-se então normalmente com a própria mão (que por vezes se unta com qualquer produto que lhe aumenta a força de aderência) ou, em certos casos, com um pano. Entre nós, e no resto da Europa, eles não parecem ser conhecidos.<br />
Os membranofones de fricção indirecta podem, por sua vez, ser de dois tipos, conforme o elemento fricativo é flexível (uma corda) ou rígido (um pau ou haste); cada um destes tipos pode ainda ser de duas espécies, conforme esse elemento fricativo é exterior ou interior, isto é, conforme a corda ou haste se encontram por fora ou por dentro da caixa. Em todos eles, a caixa geralmente não é típica, e qualquer recipiente faz as suas vezes; na maioria dos casos europeus, usa-se para o efeito uma vasilha ou vaso de barro; entre nós, porém, na região de Elvas, fazem-se, em certas olarias, bilhas especiais para as sarroncas, na época em que elas ali se usam, que é o Natal. O instrumento é levado sob o braço direito: a fricção faz-se longitudinalmente, ao longo do elemento fricativo, da pele para fora se este é de corda (<i>jalando</i>), do topo livre para a pele (<i>puiando</i>) ou em ambos os sentidos se ele é de haste; neste último caso, quando o instrumento se integra num conjunto, os dois sons, que correspondem a cada um desses movimentos, fazem um acompanhamento baixo e de ritmo vivo. Estes elementos fricativos, ou os dedos, untam-se com resina, cera, água, saliva ou outro produto pegajoso — por vezes, em certos povos, sangue —, e ora se faz deslizar a mão fechada sobre a corda ou haste, provocando um ronco contínuo, ora, no primeiro caso, se faz passar a corda segura entre o polegar e o indicador em pequenos movimentos sucessivos e bruscos, que produzem uma série de estrépitos secos e iguais. Parece que por vezes o tocador apoia os dedos da mão esquerda sobre a pele, para graduar a sua vibração e sonoridade. Os «virtuosos» valem-se de todos estes processos para fazer floreados e «bonituras», e marcar o ritmo dos bailes (e, nos casos afro-americanos, quando querem fazer falar o morto pela voz do instrumento).<br />
Destes membranofones de fricção indirecta conhecemos entre nós a sarronca de haste exterior, que é a mais corrente, e a de corda interior. Nestas duas formas, o instrumento era certamente outrora de uso bastante corrente e comum em muitas regiões do País, embora com nomes, particularidades e técnicas de factura e funções consideravelmente diferentes, conforme as diversas áreas e localidades. De um modo geral, no Noroeste, o nome mais usual é o de ronca ou sarronca; em Terras de Miranda (Duas Igrejas, Ifanes) dizem zabumbas, e do mesmo modo na zona além-Guadiana, as variantes <i>zabomba</i> (Barrancos, Safara), <i>sabomba</i> (Santo Aleixo da Restauração) ou <i>zambomba</i> (Santo Amador); em Freixo de Espada à Cinta (Mazouco, Fornos) é a <i>zorra</i>; na arraia beiroa, no Sudeste da Beira Baixa (Malpica, Rosmaninhal, etc.), <i>zamburra</i>; em S. Brissos (Beja) registamos <i>roncadeira</i>, e em Valhelhas (Guarda), <i>zurra-burros</i>. No Algarve, finalmente, em Loulé, confundindo significados, Athayde de Oliveira descreve o instrumento sob a designação de <i>adufo</i>. Nestas nossas diversas sarroncas, a caixa é, em regra, geralmente uma vasilha de barro, de diferentes tamanhos e formas, que variam conforme o tipo de louça da região. Mas ela pode ser de outras espécies, como sucede com as zabombas de Barrancos e as zorras de Freixo de Espada à Cinta, onde se usa mesmo tudo o que possa servir para fazer aumentar o barulho da fricção: púcaros ou panelas, pequenos ou grandes, «quanto maiores melhores», de barro, folha, alumínio ou até esmalte, latas, bidões, cortiços, etc.; as zamburras do Rosmaninhal também muitas vezes são canecos de folha, e do mesmo modo em certos casos alentejanos (Ferreira do Alentejo, por exemplo). Em Loulé e em outras partes, além das panelas habituais, usam por vezes os alcatruzes das noras. Os cortiços das abelhas são muito frequentes e então o instrumento leva por vezes mesmo o simples nome de <i>cortiço</i>: temos indicação do seu emprego em Santo Tirso, ocasionalmente em certas partes do Gerês, em Cabeceiras de Basto (Eiró), em Vilarinho da Furna, etc.; no Barroso (Covas do Barroso, Boticas), em vez dele, vê-se em alguns casos um cilindro de madeira; mais excepcionalmente, encontramos também a cabaça de fundo serrado, por exemplo nas roncas pastoris da serra de Mação.<br />
[...]<br />
A pele que se usa para membrana de vibração deve naturalmente ser fina, mas varia também conforme as maiores disponibilidades locais; geralmente de ovelha, carneiro, borrego, cabrito, chibo — por vezes o fole da farinha (Rio Caldo, Gerês) — ou cabra (a samarra das zamburras beiroas), preferem-lhe nas terras de além-Guadiana, e, em Loulé, as de coelho ou lebre, colocadas com o pêlo para dentro; no Leste trasmontano, de Freixo de Espada à Cinta, em Mazouco, Fornos, etc., a Terras de Miranda, usam a bexiga de porco. E é também de bexiga de porco ou de carneiro (as maiores) que se recobrem as sarroncas que se fazem na região de Elvas.<br />
[...]<br />
A sarronca, sob estas diferentes formas, é entre nós usada fundamentalmente em duas épocas definidas e preferentemente à noite: no Carnaval e no ciclo do Natal. De uma maneira geral, em toda a faixa ocidental do Norte do País (onde, de resto, ela é, pelo menos agora, muito pouco frequente), em diversos pontos dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria e Santarém, e também no Leste, nos da Guarda e Castelo Branco — Aranhas (Penamacor), Vilar Barroco (Oleiros), Zebreira e Segura (Idanha-a-Nova), Aldeia Nova do Cabo (Fundão); Malpica do Tejo (Castelo Branco) (aqui juntamente com o adufe, o almofariz e a garrafa com garfo) — e em pontos isolados do Alentejo — por exemplo Redondo e Póvoa (Moura) —, onde ela ainda existe ou há memória de ter existido, a sarronca tem o carácter de um instrumento carnavalesco, justificado de resto, pelo seu aspecto e som, e que se usa nos desfiles e brincadeiras dessa ocasião. Este mesmo carácter festivo — e também nocturno — da sarronca está na base da sua utilização nas esfolhadas e espadeladas, que registámos em Rebordões (Santo Tirso). E numa ordem de ideias afim, vemo-la às vezes nas «rogas» que vêm às vindimas do Douro. Traduzindo esta feição, em certos casos, como por exemplo Eiró (Cabeceiras de Basto), Tecla (Celorico de Basto) ou Cerdeira (Montalegre), ela aparece igualmente na Serração da Velha; e na Ponte da Barca, em Santo Tirso e em Gião (Feira), etc., nas assuadas aos viúvos que casam. Em numerosos casos, como, por exemplo, no Alto Minho, em Alvarães, Anha, Barroselas (Viana do Castelo), na Lapela e Traporiz (Monção), o instrumento e o costume desapareceram, mas subsiste a palavra, com um significado de entidade vaga com que se mete medo às crianças, que personaliza talvez a expressão desse ronco nocturno e tenebroso. Noutros lugares onde a tradição se perdeu mas o instrumento ainda existe, ele é usado em paródias e partidas, também geralmente à noite, para meter igualmente medo aos transeuntes solitários; é o que sucede, por exemplo, em Vale de Nogueira (Vila Real), em Louredo (Feira) (em que são visados, especialmente, os rapazitos novos que infringem a proibição de saírem à noite antes dos 18 anos), em Amoreira da Gândara (Anadia), no Louriçal (Pombal), em Valhelhas (Guarda), e ainda em alguns casos algarvios, como Bensafrim (Lagos).<br />
Na faixa oriental do País, na província bragançana, no Alentejo, de um modo geral, e acentuadamente nas terras de além-Guadiana, e ainda em inúmeros pontos da arraia beiroa — que correspondem à área pastoril portuguesa característica, estreitamente aparentadas com as terras espanholas confinantes —, e também no Sul da Estremadura, a sarronca, que mostra aí os aspectos mais significativos entre nós, embora também de uso por vezes nocturno e feição aparentemente burlesca, pode-se considerar como instrumento de carácter cerimonial, próprio do ciclo do Inverno e, sobretudo, do Natal, isto é, do período em que a Igreja permitia, no interior dos templos, músicas rústicas e pastoris, sendo de notar que, nestas áreas, e especialmente no Alentejo e na arraia beiroa, o costume conserva plena vigência e desperta grande entusiasmo. Nestes casos, a sarronca toca-se ora em casa, como é o caso de Castelo de Vide, de S. Brás da Várzea e de S. Lourenço (Elvas), de Vila Viçosa, de Juromenha (Alandroal), e das terras de além-Guadiana, muitas vezes a acompanhar os «cantes» ou cantares ao Menino Deus (Alcácer do Sal e, sobretudo, Campo Maior, Vila Boim, Santa Eulália, e a própria cidade de Elvas, que se abastecem com as sarroncas aí fabricadas em grandes quantidades nesta ocasião), ora na rua, em grupos festivos, de que ela sustenta a animação. Na tela seis ou setecentista, de autor desconhecido, representando a Adoração dos Pastores, existente em Elvas, na Igreja de Santa Maria da Alcáçova, e a que já nos referimos, vê-se, como dissemos, um pastor ajoelhado junto ao Menino, com a sarronca ao lado [imagem <i>supra</i>]; trata-se de uma vasilha de barro de cerca de 30 cm de altura e medianamente bojuda, e com a boca revestida de pele, recortada em folho à sua volta (certamente por erro, falta o elemento fricativo, corda ou, mais provavelmente — segundo o estilo local —, pau). Esta feição natalícia nota-se na área além-Guadiana e, sobretudo, na arraia beiroa, na Malpica e no Rosmaninhal, onde se cantam quadras humorísticas, toda a noite de Natal, dedicadas à zamburra, e pretexto para copiosas libações (de resto, certamente por se lhe reconhecer esse carácter humorístico, ela usa-se nestas localidades também na matança do porco, ocasião por toda a parte de grande euforia). Em Loulé, por seu turno, a sarronca, como dissemos, com o nome de adufo, acompanha também os cânticos das noites de Natal, Ano Novo e Reis, que terminam com as «chacotas» elogiosas ou insultuosas aos donos das casas. O mesmo sucede na região trasmontana de Leste, de Mazouco e Fornos (Freixo de Espada à Cinta) ao Mogadouro (Bruçô) e Terras de Miranda (Ifanes, Duas Igrejas, etc.), onde a zorra ou zabumba se usa igualmente na noite de Natal, e é mesmo tocada na igreja durante a Missa do Galo. Em algumas terras compreendidas nesta área, a sarronca toca-se não apenas na noite de Natal mas durante todo o ciclo do Inverno, mormente, como em Loulé, nas três celebrações principais que nele têm lugar — Natal, Ano Novo e Reis —, nestes casos a acompanhar as cantigas e peditórios próprios dessas ocasiões.<br />
<br /><b>
ERNESTO VEIGA DE OLIVEIRA</b> (in "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966 – p. 210-213)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgENqXfoMFzZeKx6kJCVq5VDEhKl1NBc_MFyRsNJc9D50yz8tgZZY9mfWnjmVXDlnBZc8NqaxlS9J55XVD4cP69obhxlJKiYPmp35f2GU_QgXz9J3HABxW2sRKCwCQdrtGMd_UqzP8w6HQdEb01eZb2jp9ASUYOoZZcXJPEMR3Y0DSeVqArl_p3/s1600/Tocador_de_sarronca.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="750" data-original-width="562" height="534" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgENqXfoMFzZeKx6kJCVq5VDEhKl1NBc_MFyRsNJc9D50yz8tgZZY9mfWnjmVXDlnBZc8NqaxlS9J55XVD4cP69obhxlJKiYPmp35f2GU_QgXz9J3HABxW2sRKCwCQdrtGMd_UqzP8w6HQdEb01eZb2jp9ASUYOoZZcXJPEMR3Y0DSeVqArl_p3/w480-h640/Tocador_de_sarronca.jpg" width="400" /></a><br />
Tocador de sarronca.<br />
Fotografia respigada de: <a href="https://olhares.com/tocador-de-sarronca-foto1515297.html" target="_blank"><span style="color: blue;">https://olhares.com/tocador-de-sarronca-foto1515297.html</span></a>.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgToCQr3plwrj02Vj6itTD0S1krwgEgJKrxFmnuVIKFb8hDyo3a_kdgsYI42358GU6zoYSeEf1hDPuXv3cfkNUrnz3E-NJXlUdnOsdNpLKf1Ol7AA8rPlFSCJaiMCfg26P3qX0BdRSrxJiItp357eTEzWx7Iu-Zxrr-AlvtAN6kQZELvE5AQTn7/s1600/Tocadores_de_sarronca.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="445" data-original-width="800" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgToCQr3plwrj02Vj6itTD0S1krwgEgJKrxFmnuVIKFb8hDyo3a_kdgsYI42358GU6zoYSeEf1hDPuXv3cfkNUrnz3E-NJXlUdnOsdNpLKf1Ol7AA8rPlFSCJaiMCfg26P3qX0BdRSrxJiItp357eTEzWx7Iu-Zxrr-AlvtAN6kQZELvE5AQTn7/w400-h223/Tocadores_de_sarronca.jpg" width="400" /></a><br />
Tocadores de sarronca.<br />
Fotografia respigada de: <a href="https://folclore.pt/sarronca-ronca-zamburra/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://folclore.pt/sarronca-ronca-zamburra/</span></a>.<br />
<br />
<br />
Se alguém nos pedisse para indicar duas cantigas portuguesas originalmente associadas à sarronca, a escolha recairia, obrigatoriamente, na natalícia "Ó Meu Menino Jesus" (Campo Maior, Alto Alentejo) e na carnavalesca "Moda da Zamburra" (concelho de Castelo Branco, Beira Baixa), ambas recriadas e gravadas pela <b>Brigada Victor Jara</b>. A primeira dessas recriações, que tem como referente a recolha que <b>Michel Giacometti</b> fez naquela vila do distrito de Portalegre e publicou no LP "Alentejo" (1965), integrante da série discográfica "Música Regional Portuguesa", saiu no álbum "Quem Sai aos Seus", de 1981. De então até à presente data gravaram-se, pelo menos, mais doze versões, ora baseadas na referida recolha, ora na que o mesmo etnomusicólogo efectuou meia-dúzia de anos mais tarde, na mesma localidade da raia alentejana, para a série documental televisiva "Povo Que Canta" (1971). Umas mais fiéis à recolha, não dispensando a sarronca, outras menos convencionais, por assim dizer, o conjunto das catorze testemunha exemplarmente a forma como a música de raiz pode ser abordada seriamente e de acordo com as diversas sensibilidades dos músicos que se interessam pelo vasto e ancestral cancioneiro popular português. E tendo esta cantiga alentejana uma das mais belas melodias da nossa tradição oral, contando-se, aliás, entre as mais cativantes e empolgantes de todas as natalícias à escala mundial, e uma letra que transmite uma mensagem humanista que está nos antípodas da alienação consumista que hoje impera no chamado Primeiro Mundo, achámos por bem apresentar, em sequência cronológica, as catorze recriações que inventariámos, precedidas das duas recolhas feitas por Michel Giacometti, em Campo Maior, junto do Sr. António Pereira Ferreira. Boa escuta, com votos de Boas-Festas!<br />
<br />
Com o propósito de averiguar que 'cardápio' musical natalício a direcção de programas da Antena 1 escolheu para presentear, via 'playlist', os ouvintes nesta semana antecedente ao Natal, demo-nos ao cuidado, mau grado o incómodo, de andar a 'picar' a emissão, sobretudo no turno da tarde. Pois apanhámos um sem-número de canções anglo-saxónicas ou adaptadas para inglês, incluindo algumas das mais banais e corriqueiras (como a estafada e pirosa q.b. "Last Christmas", dos Wham!) e ainda uma espanhola. E portuguesas? Nada, nem sequer uma do álbum "Adiafa no Natal dos Reis" que, em finais de Novembro (há escassas semanas, portanto), até foi disco Antena 1. Fica-se com a ideia de que aquele rótulo é mais para inglês ver e que as edições nas quais é aposto, quando não provêm das 'majors' (Universal Music, Warner Music e Sony Music), são rapidamente atiradas para o baú dos intocáveis.<br />
Perguntamos: como explicar tamanha bizarria na rádio que tem a obrigação, mais do que todas as outras, de divulgar o repertório musical português de feição natalícia que é tão rico e diversificado? Fica à consideração das pessoas e entidades a quem compete escrutinar e avaliar o serviço prestado pela estação pública de radiodifusão!<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/mgt-0001/MGT0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: <b>António Pereira Ferreira</b>*<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
E o menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Qu'eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
<br />
<br />
* António Pereira Ferreira – voz e sarronca<br />
<br /><b>
Nota 1</b>:<br />
«Canto de Natal recolhido em Campo Maior. Canta-se na noite de Natal, já pelas ruas, já em família, acompanhado do popular instrumento designado por ronca ou zabumba. Também se canta na igreja, mas, neste caso, sem acompanhamento. A ronca é constituída por um púcaro de barro ao qual se adapta um pedaço de pele de anho, retesada e solidamente atada, através da qual passa um junco que o executante fricciona por meio de um movimento de vaivém. É sabido que este primitivo instrumento dá em Espanha pelo nome de <i>zambomba</i> (na Extremadura, o seu emprego nas festas de Natal já se acha assinalado por um texto que data de 1429), pelos de <i>Goebe</i> e <i>Rommelpot</i>, respectivamente, na Flandres e na Holanda, e pelo de <i>pignato</i> na Provença. Torna-se curioso notar que, em todos estes casos, ele serve para acompanhar os cantos de peditório do Natal, Ano Bom e Reis. O canto aqui registado é na tonalidade frequentemente designada por "modo frígio peninsular" (uma escala menor, cadenciando a melodia por graus conjuntos naturais na dominante). A ronca, com os seus sons "glissados", de intonação não definida, serve-lhe de baixo rítmico. Pelo seu carácter e pela particularidade de acompanhamento instrumental, aproxima-se dos cantos similares correntes em Espanha. (<b>Fernando Lopes-Graça</b> e <b>Michel Giacometti</b>, in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
<br /><b>
Nota 2</b>:<br />
A palavra 'caramelo', nesta acepção, significa 'gelo'.<br />
«O fenómeno da congelação [dos rios] não era desconhecido de Gil Vicente que, no auto da Barca do Inferno, põe na boca do Diabo, ou arrais infernal, estas palavras:<br />
E que he isto na má ora?<br />
E o batel está em sêcco!<br />
O rio s'encaramelou!<br />
A superfície da água, assim solidificada, tem realmente em algumas regiões (bacia do Coa, Guarda, terras de Bragança, etc.) o nome de <i>caramélo</i>, <i>cramélo</i> ou <i>carambélo</i>. Por outro lado, caramélo (Mondim da Beira, etc.) é um fio de água gelada que pende das beiras dos telhados, e paredes dos campos, se estes são aquosos, e a água escorre para fora.» (<b>José Leite de Vasconcelos</b>, in "Etnografia Portuguesa", Volume II, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1980 – p. 41-42)<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/mgt-0002/MGT0002.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: <b>António Pereira Ferreira</b>*<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010) [programa integral >> <a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/ciclo-dos-doze-dias-i-cantos-de-natal-e-janeiras/" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Arquivos</span></a>]<br />
<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
E o Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Qu'eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa qu'eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa qu'eu já vou!<br />
<br />
Mas o Menino Jesus<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
— Dê-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dê-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa qu'eu já vou!<br />
— Dê-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dê-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa qu'eu já vou!<br />
<br />
Mas o Menino Jesus<br />
Já é mais velho do que eu,<br />
Que já era Deus-Menino<br />
Quando o meu avô morreu. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa qu'eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa qu'eu já vou!<br />
<br />
<br />
* António Pereira Ferreira – voz e sarronca<br />
Texto introdutório – Michel Giacometti<br />
Locução – Celeste Amorim<br />
Som – João Rodrigues<br />
Produção – Francisco d'Orey, Manuel Jorge Veloso<br />
Realização – Alfredo Tropa<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/bvj-0001/BVJ0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Intérprete: <b>Brigada Victor Jara</b>* / voz solo de <b>Joaquim Caixeiro</b> (in LP "Quem Sai aos Seus", Vadeca/J.C. Donas, 1981, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2008; CD "Brigada Victor Jara: Essencial", Edições Valentim de Carvalho/CNM, 2014; Livro/11CD "Ó Brigada!: Discografia Completa da Brigada Victor Jara - 40 Anos": CD "Quem Sai aos Seus", Tradisom, 2015)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/vmTp-1_vo28" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[5x]<br />
<br />
<br />
* Instrumentos: bandolim, viola, baixo, sarronca, cavaquinho, ocarina e acordeão<br />
<br />
[Créditos gerais do disco:]<br />
Brigada Victor Jara:<br />
Amílcar Cardoso – baixo, viola, bombo e coros<br />
Manuel Rocha – violino, bandolim e coros<br />
Ananda Fernandes – viola, bandolim, voz solo e coros<br />
Joaquim Caixeiro – bombo, caixa, sarronca, voz solo e coros<br />
Zé Maria – viola, bandolim, braguesa, baixo, cavaquinho, pífaro, voz solo e coros<br />
Rui Curto – acordeão, concertina, viola, castanholas, adufe e coros<br />
Arnaldo Carvalho – viola, baixo, trancanholas, matrecos, voz solo e coros<br />
Fátima Maia – voz solo e coros<br />
Jorge Seabra – gaita-de-foles, cavaquinho, flauta travessa, ocarina, chincalhos e coros<br />
<br />
Assistente de produção – João Donato<br />
Gravado nos Estúdios Arnaldo Trindade, Lisboa<br />
Técnicos de som – Moreno Pinto e Jorge Barata<br />
URL: <a href="https://brigadavictorjara.blogspot.pt/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://brigadavictorjara.blogspot.pt/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/brigadavictorjara/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/brigadavictorjara/</span></a><br />
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigada_Victor_Jara" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigada_Victor_Jara</span></a><br />
<a href="https://soundcloud.com/brigada-victor-jara" target="_blank"><span style="color: blue;">https://soundcloud.com/brigada-victor-jara</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/LuisGarNunes/videos?query=brigada+victor+jara" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/LuisGarNunes/videos?query=brigada+victor+jara</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCxI2DMlDZThBPMRnY8um8pw" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCxI2DMlDZThBPMRnY8um8pw</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cch-0001/CCH0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Intérprete: <b>Canto Chão</b>* / voz solo de <b>Arlindo Costa</b> (in CD "Ventos do Sul", CD Top, 1996)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/msgMH_TcL78" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Logo havias de nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
Ao rigor do caramelo<br />
A neve te faz tremer! [bis]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Ai, não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Ai, não dou, não dou, não dou!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a São José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas<br />
Eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Ai, não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Ai, não dou, não dou, não dou!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Canto Chão:<br />
Arlindo Costa – vozes<br />
Henrique Lopes – guitarra acústica<br />
Adriano Santos – baixo eléctrico<br />
José Emídio – piano e sintetizadores<br />
Augusto Graça – flauta<br />
Leonardo Tomich – bateria<br />
Luís Melgueira – percussão<br />
Participação especial:<br />
José Liaça – piano e sintetizadores<br />
<br />
Arranjos – Canto Chão<br />
Produção – CD Top<br />
Gravado no Tâmara Estúdio, Évora, e no Estúdio Profissom, Massamá-Queluz<br />
Técnicos de som – José Liaça e António Cordeiro<br />
Mistura – Canto Chão, José Liaça e António Cordeiro<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/apo-0001/APO0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Intérprete: <b>Alma Popular</b>* / voz solo de <b>Pedro Machado</b> (in CD "Cantigas de Terreiro", Açor/Emiliano Toste, 1999)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/6q_wyTyodUw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
Ao rigor do caramelo<br />
A neve te faz tremer! [bis]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Alma Popular:<br />
Tibério Carreiro – cavaquinho, bandolim, coros, e voz solo<br />
Evandro Machado – acordeão, bandolim, quirini, coros, e voz solo<br />
José Aurélio – violão baixo e coros<br />
Pedro Machado – flauta, bandolim, cavaquinho, coros, e voz solo<br />
Pedro Forte – banjo, bandola, bandolim e coros<br />
Jorge Areia – violão e coros<br />
Pedro M. Machado – percussões<br />
<br />
Arranjos – Alma Popular<br />
Direcção artística – Tibério Carreiro<br />
Gravado na Igreja do Senhor Santo Cristo (Misericórdia), Praia da Vitória, Ilha Terceira (Açores)<br />
Gravação, mistura e masterização – Emiliano Toste<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ncr-0001/NCR0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Intérprete: <b>Nuno Cristo</b>* (in CD "Minha Terra Banzambira", Nuno Cristo, 2004)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/hycYhEB3SFE" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental / vocalizos]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde fostes a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
[instrumental / vocalizos]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[6x]<br />
<br />
<br />
* Nuno Cristo – guitarra clássica, voz, guitarra portuguesa (afinação de Lisboa), bendir, adufe<br />
Louis Simão – contrabaixo, voz, karkabas<br />
Celina Carroll – voz<br />
Arranjo – Nuno Cristo<br />
<br />
Produção – Nuno Cristo<br />
Gravado, misturado e masterizado por Richard Greenspoon (Sterling Sound Productions, Toronto, Canadá), em 2003<br />
URL: <a href="https://descendencias.pt/nuno-cristo/" target="_blank"><span style="color: blue;"> https://descendencias.pt/nuno-cristo/</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UC_teYr0Ux4qb4_4B-Boy9LA" target="_blank"><span style="color: blue;"> https://music.youtube.com/channel/UC_teYr0Ux4qb4_4B-Boy9LA</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/bvj-0002/BVJ0002.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Arranjo: Brigada Victor Jara<br />
Intérprete: <b>Brigada Victor Jara</b>*, com <b>Vitorino Salomé</b> (in série documental "Povo Que Canta" (revisitado), de Manuel Rocha e Ivan Dias, ep. 10 – "Autos de Criação: Alentejo 2" e ep. 13 – "Música em 2.ª Mão", Duvideo/RTP, 2004; 6DVD "Povo Que Canta" (revisitado): DVD 4 – "Alentejo" e DVD 6 – "Algarve + Extras", Zon Lusomundo, 2010) [a partir de 46':00 >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p10857/e653204/povo-que-canta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</a>] [a partir de 39':49'' >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p10857/e653725/povo-que-canta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</a>]<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ABC9AabyajY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde fostes a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Qu'eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[3x]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* Brigada Victor Jara:<br />
Arnaldo Carvalho – sarronca<br />
Aurélio Malva – guitarra acústica e coros<br />
José Tovim – baixo<br />
Luís Garção Nunes – viola beiroa<br />
Manuel Rocha – violino<br />
Ricardo J. Dias – piano e coros<br />
Rui Curto – acordeão<br />
Quiné Teles – bateria tradicional<br />
Convidados:<br />
António Pinto – guitarra acústica<br />
Vitorino Salomé – voz<br />
<br />
Produção – Idalina Alves<br />
Produção executiva – Ivan Dias<br />
Gravado na Duvideo, Estúdio Torrebela, Pontinha, Odivelas, a 5 de Janeiro de 2003<br />
Técnico de som – Carlos Barbosa<br />
URL: <a href="https://brigadavictorjara.blogspot.pt/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://brigadavictorjara.blogspot.pt/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/brigadavictorjara/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/brigadavictorjara/</span></a><br />
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigada_Victor_Jara" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Brigada_Victor_Jara</span></a><br />
<a href="https://soundcloud.com/brigada-victor-jara" target="_blank"><span style="color: blue;">https://soundcloud.com/brigada-victor-jara</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/LuisGarNunes/videos?query=brigada+victor+jara" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/LuisGarNunes/videos?query=brigada+victor+jara</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCxI2DMlDZThBPMRnY8um8pw" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCxI2DMlDZThBPMRnY8um8pw</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/rpe-0002/RPE0002.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Intérprete: <b>Roda Pé</b>* / voz solo de <b>Agostinho Teodoro</b> (in CD "Escarpados Caminhos", Public-art, 2004)<br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
O Menino chora, chora<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
Meu menino não dou, não dou, não dou!<br />
[3x]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* Agostinho Teodoro – voz<br />
Daniel Canelas – violino<br />
Estêvão – bandolim<br />
Fernando Costa – guitarra acústica<br />
Joaquim Manuel – acordeão e percussão<br />
Manuel Fernandes – percussão e sarronca<br />
João Bacelar – programação/sampling e percussão<br />
<br />
Arranjos – Roda Pé<br />
Produção – João Bacelar e Roda Pé<br />
Misturas e masterização – João Bacelar<br />
Gravado no Estúdio da Quinta Dimensão, Azaruja, Évora, de Dezembro de 2003 a Abril de 2004<br />
URL: <a href="http://www.roda-pe.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.roda-pe.com/</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Natal Alentejano</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cmc-0001/CMC0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Harmonização: <b>Joaquim Vicente Narciso</b><br />
Intérprete: <b>Coro Misto da Covilhã</b>*, dir.: <b>Luís Cipriano</b> (in CD "Música dos Nossos Avós II", Public-art, 2005)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/E0igLmlnonU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[vocalizos]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— ...teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
[vocalizos]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— ...teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
— ...teu menino!...<br />
— Não dou, não dou, não dou, não dou... não dou!<br />
<br />
<br />
* Coro Misto da Covilhã:<br />
Sopranos – Joana Cipriano, Andreia Costa, Margarida Barata, Cristina Cruz, Tatiana Cardoso, Rute Mateus, Rita Cipriano<br />
Contraltos – Diana Nunes, Cristina Moreira, Raquel Moreira, Fernanda Mangana, Carina Garcia, Márcia Ferreira, Ana Raquel Marques, Cátia Cruz, Carmo Santos<br />
Tenores – Alexandre Pereira, Pedro Mendes, Diogo Charro, Ricardo Gomes, César Ribeiro<br />
Baixos – Paulo Poço, Carlos Mangana, António Moreira, António Simões, Daniel Almeida<br />
Maestro – Luís Cipriano<br />
<br />
Engenheiro de som – Heinz Frieden<br />
URL: <a href="https://www.acbi.pt/coro-misto" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.acbi.pt/coro-misto</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@coromistobeirainterior7009/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@coromistobeirainterior7009/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCjQeuKRfun3zzB0dhOUKsUw" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCjQeuKRfun3zzB0dhOUKsUw</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/sva-0001/SVA0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Intérprete: <b>Sons do Vagar</b>* / voz solo de <b>Isabel Bilou</b> (in CD "Sons do Vagar", Associ'Arte, 2006)<br />
<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Quando fostes a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz tremer! [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
E o Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[3x]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Sons do Vagar:<br />
Gil Nave, Isabel Bilou e Susana Russo – adufe, almofariz, castanholas, concertina diatónica, ferrinhos, flauta de cana, matraca, pandeireta, pífaro, sarronca, tamboril, viola campaniça e vozes<br />
<br />
Direcção musical – Gil Nave<br />
Produção – Associação Cultural do Imaginário<br />
Gravado em Évora, de Agosto a Outubro de 2006<br />
Gravação, mistura e masterização – Wladimiro Garrido<br />
URL: <a href="https://doimaginario.pt/musica/#sons" target="_blank"><span style="color: blue;">https://doimaginario.pt/musica/#sons</span></a><br />
<a href="https://raizes-do-som.blogspot.com/2007/02/sons-do-vagar-sons-do-vagar-resultam-de.html" target="_blank"><span style="color: blue;">https://raizes-do-som.blogspot.com/2007/02/sons-do-vagar-sons-do-vagar-resultam-de.html</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nav-0004/NAV0004.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
Adaptação: José Barros<br />
Intérprete: <b>Navegante</b>* / voz solo de <b>José Barros</b> (in CD "Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e Janeiras", José Barros/MediaFactory, 2009)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/7ncnji-vIk8" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o teu menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
[5x]<br />
<br />
<br />
* José Barros – voz, braguesa, bandolim<br />
Carlos SantaClara – violino, coro<br />
Miguel Tapadas – guitarra, coro<br />
Vasco Sousa – baixo, coro<br />
Abel Batista – cajón, coro<br />
Músicos convidados:<br />
José Manuel David – sanfona, coro<br />
António José Martins – sarronca, coro<br />
<br />
Arranjos – Navegante<br />
Direcção musical e produção – José Barros<br />
Gravado no grande auditório do Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra, nos dias 6, 7 e 8 de Julho de 2008<br />
Gravação e misturas – João Magalhães e José Barros<br />
Masterização – João Magalhães<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/jbnavegante/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/jbnavegante/</span></a><br />
<a href="https://soundcloud.com/josebarros-music" target="_blank"><span style="color: blue;">https://soundcloud.com/josebarros-music</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@jobarnavega/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@jobarnavega/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCnughxjRYwBsQBZvKGn9U9w" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCnughxjRYwBsQBZvKGn9U9w</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Deus-Menino</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/mac-0001/MAC0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Intérprete: <b>Macadame</b>* / voz solo de <b>Vânia Couto</b> (in Livro/CD "Firmamento", Macadame, 2016)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/hRc3_Sq_aXY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!...<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Macadame:<br />
Vânia Couto – voz e coros<br />
Alexandre Barros – viola braguesa e coros<br />
Paulo Yoshida – baixo e coros<br />
Rui Macedo – guitarra e coros<br />
João Fong – programação, teclados e coros<br />
Músico convidado:<br />
Miguel Ferreira – teclados, guitarra acústica, ukulele e coros<br />
<br />
Arranjos – Macadame e Miguel Ferreira<br />
Produção – Miguel Ferreira<br />
Gravação – Mário Pereira e Miguel Ferreira<br />
Mistura e masterização – Mário Pereira<br />
URL: <a href="https://macadame.pt/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://macadame.pt/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/osmacadame/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/osmacadame/</span></a><br />
<a href="https://soundcloud.com/macadamebanda" target="_blank"><span style="color: blue;">https://soundcloud.com/macadamebanda</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@macadamebanda5164/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@macadamebanda5164/videos</span></a>
<br /><a href="https://music.youtube.com/channel/UCt0J7-tlQbT8I8q-Qj_CviQ" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCt0J7-tlQbT8I8q-Qj_CviQ</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Menino Jesus<br /></span>
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/gco-0001/GCO0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolhas: <b>Michel Giacometti</b> (in LP "Alentejo", série "Antologia da Música Regional Portuguesa", Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965; 5CD "Portuguese Folk Music": CD 4 – Alentejo, Portugal Som/Strauss, 1998; 6CD "Música Regional Portuguesa": CD 5 – Alentejo, Portugal Som/Numérica, 2008 / série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Arranjo: Amadeu Magalhães<br />
Intérprete: <b>Grupo de Cordas da Secção de Fado da AAC</b>* (in álbum digital "Entre Cordas: Ao Vivo no Conservatório de Música de Coimbra", Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, 2018)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/XeACTXkAxKs" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
(instrumental)<br />
<br />
<br />
* Grupo de Cordas da Secção de Fado da AAC:<br />
Bruno Oliveira – cavaquinho<br />
Miguel Leitão – baixo acústico<br />
Luís Henriques, Filipa Curto, João Freitas – guitarras clássicas<br />
Jéssica Tavares – guitarra folk<br />
Margarida Beatriz – cajón<br />
David Arnaldo, Rafael Loureiro, Tiago Gonçalves, Catarina Coelho – bandolins<br />
<br />
Gravado ao vivo no auditório do Conservatório de Música de Coimbra, no dia 17 de Novembro de 2018<br />
Técnico de gravação – Gonçalo Rui Santos<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/grupodecordas" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/grupodecordas</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCQc-yrpneYj6rRTCZVT4RIg" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCQc-yrpneYj6rRTCZVT4RIg</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Dá-me o Deus-Menino</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ori-0001/ORI0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Intérprete: <b>Origem Tradicional</b>* / voz solo de <b>Casimiro Pereira</b> (in CD "Natal Tradicional", Origem Tradicional/Brandit Music, 2020)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/aUzdw8SJaBo" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Logo vieste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
Ao rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer! [bis]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu lá vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
[bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!...<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Origem Tradicional:<br />
Ana Pereira – flauta, tin-whistle e coros<br />
António Melo – percussões (adufe, caixa, udo, bohdram, shakers, djambé) e percussão fina<br />
Casimiro Pereira – coros, e voz solo<br />
Carlos Cruz – coros<br />
Daniel Pereira – cavaquinho, braguesa, guitarra, tin whisle, ocarina, gaita-de-foles, bouzouki, baixo, percussão, coros, e voz solo<br />
Eduardo Castro – contrabaixo<br />
Emanuel Roriz – bandolim e coros<br />
Lucas Gonçalves – violino<br />
Pedro Guimarães – bandolim e coros<br />
Raquel Ferreira – coros, e voz solo<br />
Renaldo Marques – bouzouki e coros<br />
Convidados:<br />
Catarina Silva – coros, e voz solo<br />
Filipa Torres – coros, e voz solo<br />
João Cunha – violoncelo<br />
<br />
Direção artística, composições e arranjos – Daniel Pereira<br />
Captação e pré-mistura – Daniel Pereira<br />
Mistura e masterização – Hélder Costa<br />
URL: <a href="https://grupoorigem.blogspot.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://grupoorigem.blogspot.com/</span></a><br />
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Origem_Tradicional" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Origem_Tradicional</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/Origemtradicional/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/Origemtradicional/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@Origemtradicional/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@Origemtradicional/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCpTEq23u8KKN0H3CjeBUz6Q" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCpTEq23u8KKN0H3CjeBUz6Q</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ó Meu Menino Jesus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/hvg-0001/HVG0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Intérprete: <b>Há Voz e Guitarra</b>* / voz de <b>Joana Silva</b> (in EP digital "Há Voz e Guitarra: Natal 2021", Ricardo Martins, 2022)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Dty_7M8XDQ0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
No rigor do caramelo<br />
A neve te faz gemer. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
[bis]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Que eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
[bis]<br />
<br />
<br />
* Há Voz e Guitarra:<br />
Joana Silva – voz<br />
Ricardo Martins – guitarras<br />
<br />
Arranjos e produção – Ricardo Martins<br />
Gravado no "Estúdio Nazaré", em Dezembro de 2021<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/havozeguitarra2021/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/havozeguitarra2021/</span></a><br />
<a href="https://soundcloud.com/havozeguitarra" target="_blank"><span style="color: blue;">https://soundcloud.com/havozeguitarra</span></a><br />
<a href="https://havozeguitarra.bandcamp.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://havozeguitarra.bandcamp.com/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@havozeguitarra" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@havozeguitarra</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_myoDfvUe2LqCeH_hKID22xo79qIo84moY" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_myoDfvUe2LqCeH_hKID22xo79qIo84moY</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Dá-me o Deus-Menino</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/adf-0001/ADF0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo) e <b>António Nobre</b> (quadra <i>incipit</i> "Nossa Senhora faz meia", 14.ª estrofe do poema "Para as Raparigas de Coimbra", in "Só", Paris: Léon Vanier Editeur, 1892 – p. 72)<br />
Música: <b>Popular</b> (Campo Maior, Alto Alentejo)<br />
Informante: António Pereira Ferreira (excepto a quadra de António Nobre)<br />
Recolha: <b>Michel Giacometti</b> (in série documental "Povo Que Canta", ep. 11, "Ciclo dos Doze Dias I: Cantos de Natal e Janeiras", RTP-1, 27 Dez. 1971; 12 livro/DVD "Michel Giacometti: Filmografia Completa": vol. 3, RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Intérprete: <b>Adiafa</b>* (in CD "Adiafa no Natal dos Reis", Epopeia Records, 2023)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Jgd8lSjZ2vQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Oh meu Menino Jesus,<br />
Oh meu menino tão belo,<br />
Onde foste a nascer<br />
Ao rigor do caramelo! [bis]<br />
<br />
Ó meu Menino Jesus,<br />
Não queiras menino ser;<br />
Ao rigor do caramelo<br />
A neve te faz tremer. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
[bis]<br />
<br />
O menino da Senhora<br />
Chama pai a S. José,<br />
Que lhe trouxe uns sapatinhos<br />
Da feira de Santo André. [bis]<br />
<br />
O Menino chora, chora,<br />
Chora pelos sapatinhos;<br />
Haja quem lhe dê as solas,<br />
Eu lhe darei os saltinhos. [bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
[bis]<br />
<br />
Nossa Senhora faz meia<br />
Com linha feita de luz:<br />
O novelo é a lua-cheia,<br />
As meias são p'ra Jesus.<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Não dou, não dou, não dou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
[bis]<br />
<br />
— Dá-me o Deus-Menino!<br />
— Vai à missa que eu já vou!<br />
[3x]<br />
<br />
<br />
* Adiafa:<br />
José Emídio – voz<br />
Bernardo Emídio – voz<br />
Ruben Lameira – voz<br />
Convidado:<br />
João Frade – acordeão<br />
URL: <a href="https://adiafa5.webnode.pt" target="_blank"><span style="color: blue;">https://adiafa5.webnode.pt</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/adiafaoficial/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/adiafaoficial/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@adiafaoficial1998/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@adiafaoficial1998/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCRnf8jQR9K8O0Gj0gY8dY0Q" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCRnf8jQR9K8O0Gj0gY8dY0Q</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhESJSlLx0tDd8TrXmCNw4MIChDpqoAvbdhc-rJl96HufAyBz8pgul_c3-VOz7L-TABCkG0_7PdYjNoW_meUl5gpxYZl_enmO1WTk_8Zh9oet36xFd6lUYpgRYrrEept1V0OSzydLaYARZKOiPHWpVKqx3wki6Aw59dWBoGleKuHnUjA6CNGHgF/s1600/Ernesto_Veiga_de_Oliveira_-_Instrumentos_Musicais_Populares_Portugueses_1966.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1168" height="514" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhESJSlLx0tDd8TrXmCNw4MIChDpqoAvbdhc-rJl96HufAyBz8pgul_c3-VOz7L-TABCkG0_7PdYjNoW_meUl5gpxYZl_enmO1WTk_8Zh9oet36xFd6lUYpgRYrrEept1V0OSzydLaYARZKOiPHWpVKqx3wki6Aw59dWBoGleKuHnUjA6CNGHgF/w498-h640/Ernesto_Veiga_de_Oliveira_-_Instrumentos_Musicais_Populares_Portugueses_1966.jpg" width="400" /></a><br />
Sobrecapa do livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", de Ernesto Veiga de Oliveira (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966)<br />
Gaiteiros, desenho da primeira página do "Auto da Segunda Barca" ("Purgatório"), in "Obras de Devaçam", Livro Primeiro da "Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente" (2.ª edição, Lisboa: Andres Lobato, 1586) [>> <a href="https://purl.pt/15106/5/P123.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Biblioteca Nacional Digital</span></a>]<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3KnI4J8pDmORnS6oVPNCsStJxHMMk8cwNpE-AT4jlohL7tr6fLMnzuClAUqzX7bjgTQzSQ9OZxJP2wcXiluqhd84AcsaUf-anbL1c7hEW4fWvckRguBi5oBTa167BUsbF_KeRAIOpk7sgTux-H5P5hOSHStz46N3Nph3pk43IYPyO-NJHIEP0/s1600/Michel_Giacometti_e_Fernando_Lopes-Graca_-_Antologia_da_Musica_Regional_Portuguesa_-_Alentejo_LP_1965.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="565" data-original-width="562" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3KnI4J8pDmORnS6oVPNCsStJxHMMk8cwNpE-AT4jlohL7tr6fLMnzuClAUqzX7bjgTQzSQ9OZxJP2wcXiluqhd84AcsaUf-anbL1c7hEW4fWvckRguBi5oBTa167BUsbF_KeRAIOpk7sgTux-H5P5hOSHStz46N3Nph3pk43IYPyO-NJHIEP0/w398-h400/Michel_Giacometti_e_Fernando_Lopes-Graca_-_Antologia_da_Musica_Regional_Portuguesa_-_Alentejo_LP_1965.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Alentejo", recolhas feitas por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, série "Antologia da Música Regional Portuguesa" (Arquivos Sonoros Portugueses/Michel Giacometti, 1965)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7vsX0iBKorQug3wuAipacHHWMVQLJICEex_TRdfbirKvn6S_e4dvwPBhti6fnKv5y6LnFpSMlIDEJu5Z8rzLC-C5iNdnSP9UkwlsGgPVbJRp0zuUwztqIS8wfarNx256t7MDMgoKcxKpZM-zhHZMLzhKgx_7k8aq4QzpZCYkdsFsaFZ25I1YL/s1600/Michel_Giacometti_e_Fernando_Lopes-Graca_-_Portuguese_Folk_Music__4_-_Alentejo_1998.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="595" data-original-width="599" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7vsX0iBKorQug3wuAipacHHWMVQLJICEex_TRdfbirKvn6S_e4dvwPBhti6fnKv5y6LnFpSMlIDEJu5Z8rzLC-C5iNdnSP9UkwlsGgPVbJRp0zuUwztqIS8wfarNx256t7MDMgoKcxKpZM-zhHZMLzhKgx_7k8aq4QzpZCYkdsFsaFZ25I1YL/w400-h397/Michel_Giacometti_e_Fernando_Lopes-Graca_-_Portuguese_Folk_Music__4_-_Alentejo_1998.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Alentejo", vol. 4 da série "Portuguese Folk Music" (Portugal Som/Strauss, 1998)<br />
Reedição do conteúdo do LP anterior.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOt7BYdx73kF5B-b56_zvM3cECzZTXefn8NAFvy4-ysLE66L1yvIRKPbzWI8mo3pjmY7QoihyphenhyphenTMzQ-BYN8F1D-DvQsMXgMtdXggqeIul2NiPCPjM4igkKWqz9css148uHq7RVxuD30W1B6YNUsm0B99nEuNs1JqqIZJ-fIYGtZBUwl_JgjDQUL/s1600/Michel_Giacometti_e_Fernando_Lopes-Graca_-_Musica_Regional_Portuguesa_cx_2008.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1410" data-original-width="1600" height="353" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOt7BYdx73kF5B-b56_zvM3cECzZTXefn8NAFvy4-ysLE66L1yvIRKPbzWI8mo3pjmY7QoihyphenhyphenTMzQ-BYN8F1D-DvQsMXgMtdXggqeIul2NiPCPjM4igkKWqz9css148uHq7RVxuD30W1B6YNUsm0B99nEuNs1JqqIZJ-fIYGtZBUwl_JgjDQUL/w400-h353/Michel_Giacometti_e_Fernando_Lopes-Graca_-_Musica_Regional_Portuguesa_cx_2008.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da caixa com 6 CD "Música Regional Portuguesa", recolhas feitas por Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça (Portugal Som/Numérica, 2008)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6xc8PGeXNA_O1xI4pGVeFtvq_iWaS11OAwPi90yJOANli-qoxifxxObIKxEtrUCcQdnhfaeVH2m0fVEbqIGqCldpOZftMC_lI0UwTtvjbTGMYat8hOD6Hvls2pcaFsoWjdfm_Ws81rmB-dbjTjXh643WBqDYBlLDJBI0S6SmAHLaTmbXmVdXN/s1600/Michel_Giacometti_-_Filmografia_Completa__vol_3_2010.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1082" data-original-width="765" height="567" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6xc8PGeXNA_O1xI4pGVeFtvq_iWaS11OAwPi90yJOANli-qoxifxxObIKxEtrUCcQdnhfaeVH2m0fVEbqIGqCldpOZftMC_lI0UwTtvjbTGMYat8hOD6Hvls2pcaFsoWjdfm_Ws81rmB-dbjTjXh643WBqDYBlLDJBI0S6SmAHLaTmbXmVdXN/w452-h640/Michel_Giacometti_-_Filmografia_Completa__vol_3_2010.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do vol. 3 (livro + DVD) da "Filmografia Completa", de Michel Giacometti, coordenação de Paulo Lima (RTP Edições/Tradisom/Público, 2010)<br />
Nas fotografias: Manuel Jaleca (tocador de guitarra portuguesa) e Bonecos de Santo Aleixo (na aldeia homónima do concelho de Monforte)<br />
Inclui os episódios 9 a 12 da série documental "Povo Que Canta", de Michel Giacometti e Alfredo Tropa, emitida pela RTP-1, quinzenalmente (com interregnos), de 9 de Agosto de 1971 a 2 de Outubro de 1972 (1.ª temporada) e de 18 de Outubro de 1973 a 2 de Maio de 1974 (2.ª temporada)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKFgGUdBM7tvebA-7KcGLC5EfkaDCSdPw4R5z8iIsjB5z6FjgLSmMADWss2SrT0a4uV0vuFac-AOk3xQygtDe_0GqRna69tIZJgHN6o_YfSiEVAMkXZ2DsVnbhz4z1AdU3ZGvr5c5B0CTpofBKSEem8aOk0yqpRbFikvLXVaTM8q7fT7GJBo87/s1600/Brigada_Victor_Jara_-_Quem_Sai_aos_Seus_LP_1981.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2319" data-original-width="2349" height="395" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKFgGUdBM7tvebA-7KcGLC5EfkaDCSdPw4R5z8iIsjB5z6FjgLSmMADWss2SrT0a4uV0vuFac-AOk3xQygtDe_0GqRna69tIZJgHN6o_YfSiEVAMkXZ2DsVnbhz4z1AdU3ZGvr5c5B0CTpofBKSEem8aOk0yqpRbFikvLXVaTM8q7fT7GJBo87/w400-h395/Brigada_Victor_Jara_-_Quem_Sai_aos_Seus_LP_1981.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Quem Sai aos Seus", da Brigada Victor Jara (Vadeca/J.C. Donas, 1981)<br />
Gravura – Maria Keil (Estúdio Fotográfico Diorama, trabalho de Arlindo Almeida Santos)<br />
Arranjo gráfico – Victor Lages<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4LKsOW9_mxBBKIyLySuRduWfKJlAqIz3IjYpcV89ymho-cXMXRqH2jBelAoYPiyrFU3VlSyZe58iJGM8xTK9DLWfzJhtTl76pRXb_qa-9eYDGNybWSYrrgonQOQt82CgwndKco23GN9Vt_lIEoWmgO8YXj0N1JvGq1KpYV_p818Aaqamt7kF_/s1600/Canto_Chao_-_Ventos_do_Sul_1996.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1422" data-original-width="1414" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4LKsOW9_mxBBKIyLySuRduWfKJlAqIz3IjYpcV89ymho-cXMXRqH2jBelAoYPiyrFU3VlSyZe58iJGM8xTK9DLWfzJhtTl76pRXb_qa-9eYDGNybWSYrrgonQOQt82CgwndKco23GN9Vt_lIEoWmgO8YXj0N1JvGq1KpYV_p818Aaqamt7kF_/w398-h400/Canto_Chao_-_Ventos_do_Sul_1996.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Ventos do Sul", do grupo Canto Chão (CD Top, 1996)<br />
Aguarela – António Caturra<br />
Design gráfico – Roger Alex<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb4gEyuzk8qv9Z3UodBMpaKKqNEHkGggXIq5maUrRkAYyhU3ufkizQ5KA34FtXn3EUHhwh8_69hUtXKr2mI5iVEzXIISqd-hxfuSriLg6gjAFs-AiqBGjJ505eivVwd6iuIrRdU7-UDlD1uxN7UXycaik1zXIM0tr4GL1PcpGyw-S9AXkKfb75/s1600/Alma_Popular_-_Cantigas_de_Terreiro_1999.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb4gEyuzk8qv9Z3UodBMpaKKqNEHkGggXIq5maUrRkAYyhU3ufkizQ5KA34FtXn3EUHhwh8_69hUtXKr2mI5iVEzXIISqd-hxfuSriLg6gjAFs-AiqBGjJ505eivVwd6iuIrRdU7-UDlD1uxN7UXycaik1zXIM0tr4GL1PcpGyw-S9AXkKfb75/w400-h400/Alma_Popular_-_Cantigas_de_Terreiro_1999.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Cantigas de Terreiro", do grupo Alma Popular (Açor/Emiliano Toste, 1999)<br />
Fotografia e concepção gráfica – Carlos Armando (Irislab)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj84eGShh18O_OvVSfNVzjFgOQyX_ckYmwHR-CYr2G3L_byjVNBbwCGmOU-1MP3pdQINjq0GAwcheMxA1QFn0bVcc0f1sj-QNjkFbGk6_po13LYWf43xPwH9XHFouwsFSPtdlf5y72qcctJH3dah_BzDzU7awbq3lMA3SvbCn3JRlzdmT6L0hXO/s1600/Nuno_Cristo_-_Minha_Terra_Banzambira_2004.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj84eGShh18O_OvVSfNVzjFgOQyX_ckYmwHR-CYr2G3L_byjVNBbwCGmOU-1MP3pdQINjq0GAwcheMxA1QFn0bVcc0f1sj-QNjkFbGk6_po13LYWf43xPwH9XHFouwsFSPtdlf5y72qcctJH3dah_BzDzU7awbq3lMA3SvbCn3JRlzdmT6L0hXO/w400-h400/Nuno_Cristo_-_Minha_Terra_Banzambira_2004.png" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Minha Terra Banzambira", de Nuno Cristo (2004)<br />
Design – Nuno Cristo<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZE4FwDifVytfBGVfxJrO-vMjlkY2PpHvxeusdfxkL9q_-SiztEIxkLRysU-eOr7qC9LuuOHin-2E7jD4tIcwrUEBVREF4Z5ZHlhpfksaXWaeorajFPip_FWADeEbKo-K96AQBd223Bm1yUTCjEeKKgvLcneK3fe04kGafnkqvVZGdp0hejtQN/s1600/Manuel_Rocha_e_Ivan_Dias_-_Povo_Que_Canta_DVD_2010.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="497" data-original-width="419" height="474" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZE4FwDifVytfBGVfxJrO-vMjlkY2PpHvxeusdfxkL9q_-SiztEIxkLRysU-eOr7qC9LuuOHin-2E7jD4tIcwrUEBVREF4Z5ZHlhpfksaXWaeorajFPip_FWADeEbKo-K96AQBd223Bm1yUTCjEeKKgvLcneK3fe04kGafnkqvVZGdp0hejtQN/w540-h640/Manuel_Rocha_e_Ivan_Dias_-_Povo_Que_Canta_DVD_2010.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da edição com 6 DVD "Povo Que Canta" (Zon Lusomundo, 2010)<br />
Inclui os 13 episódios da série documental "Povo Que Canta" (revisitado), de Manuel Rocha e Ivan Dias, emitida pela RTP-1, semanalmente, de 8 de Maio a 7 de Agosto de 2005<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1swP-C2XGegtW01B_XvGHwiJQC24Q3ZKxV9SVF-0WUfv9UjAZQBtPEvx8wTIQeS4B0O6C1ViNGR1FkBUV0yPhnIvY_koO6Bdv1E_U6pTZcnWrHJ3nNsczUtGF_SEpX9cfgIK2/s1600/Roda_Pe_-_Escarpados_Caminhos_2004.jpg"><img border="0" data-original-height="1438" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1swP-C2XGegtW01B_XvGHwiJQC24Q3ZKxV9SVF-0WUfv9UjAZQBtPEvx8wTIQeS4B0O6C1ViNGR1FkBUV0yPhnIvY_koO6Bdv1E_U6pTZcnWrHJ3nNsczUtGF_SEpX9cfgIK2/s400/Roda_Pe_-_Escarpados_Caminhos_2004.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Escarpados Caminhos", do grupo Roda Pé (Public-art, 2004)<br />
Concepção gráfica – Fernando Costa e Ricardo Costa<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjouQJN8x6XJ7nyr4tV17bqafeQ3AgkZjNQikeNbKwhyphenhyphenkDFtNLbOVqNqYgdjCh-iMMoe5DjM2UQz01dwgwypMCxeNmVkMlJTN6TxjyEeCp67UgC8OVPjnDT3JDx_5bYMdUVBgQN1OcWqXRSaZC9DaxVtUjZZf3_evcKea3_WVZvD_cDQuIgJ7I4/s1600/Coro_Misto_da_Covilha_-_Musica_dos_Nossos_Avos_II_2005.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjouQJN8x6XJ7nyr4tV17bqafeQ3AgkZjNQikeNbKwhyphenhyphenkDFtNLbOVqNqYgdjCh-iMMoe5DjM2UQz01dwgwypMCxeNmVkMlJTN6TxjyEeCp67UgC8OVPjnDT3JDx_5bYMdUVBgQN1OcWqXRSaZC9DaxVtUjZZf3_evcKea3_WVZvD_cDQuIgJ7I4/w400-h400/Coro_Misto_da_Covilha_-_Musica_dos_Nossos_Avos_II_2005.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Música dos Nossos Avós II", do Coro Misto da Covilhã (2005)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidFC_TbfZdqVC55ixPijqPYUbB8xmXaqz3E29SlLFPbBml0Hq2wOMTI-oi-bAf5crH8U4M4I2DnAUXf7yvvAFoISeqJin5gcDphIkhRXilCIdIIY7UwfcSKwdh22-zzUAjia2z0-OqWm0YwU3_MOd8-EnKd1C2qXxVq9KGBu8FccpONB0Ud_zB/s1600/Sons_do_Vagar_-_Sons_do_Vagar_2006.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1130" data-original-width="1132" height="399" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidFC_TbfZdqVC55ixPijqPYUbB8xmXaqz3E29SlLFPbBml0Hq2wOMTI-oi-bAf5crH8U4M4I2DnAUXf7yvvAFoISeqJin5gcDphIkhRXilCIdIIY7UwfcSKwdh22-zzUAjia2z0-OqWm0YwU3_MOd8-EnKd1C2qXxVq9KGBu8FccpONB0Ud_zB/w400-h399/Sons_do_Vagar_-_Sons_do_Vagar_2006.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Sons do Vagar", do grupo Sons do Vagar (Associ'Arte, 2006)<br />
Fotografia – Paulo Nuno Silva<br />
Design gráfico – Milideias, Comunicação Visual, Lda.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDRV5ty_s4VLw3fojfopvjMuPTjStxOJz-9TZFMCPEisnGUB5o4f5SrxRq0FijqbUQ-cCaWaVoskyaBAJNZ65TcvouZBU-kkTMRWZWrcsGgFnNK3d6WtyuS17DItLbEL3GCk0rq_kktnhFuyEt12HrV-5JNbPn-eVU-dIjtvm4CmzbLfP-X1TC/s1600/Navegante_-_Cantigas_Tradicionais_Portuguesas_de_Natal_e_Janeiras_2009.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1476" data-original-width="1457" height="405" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDRV5ty_s4VLw3fojfopvjMuPTjStxOJz-9TZFMCPEisnGUB5o4f5SrxRq0FijqbUQ-cCaWaVoskyaBAJNZ65TcvouZBU-kkTMRWZWrcsGgFnNK3d6WtyuS17DItLbEL3GCk0rq_kktnhFuyEt12HrV-5JNbPn-eVU-dIjtvm4CmzbLfP-X1TC/w395-h400/Navegante_-_Cantigas_Tradicionais_Portuguesas_de_Natal_e_Janeiras_2009.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e Janeiras", do grupo Navegante (José Barros/MediaFactory, 2009)<br />
Grafismo – Ivone Ralha<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCBqkrmh_8XCq5P6q4BjEMEdQ13nebvKxlylmcIREnAUoCpO80eEg80S8247QAMVuiOQ0dDHAxGhvW9xBvvIjMKPlz5dxkg-nyhfSNw8uHyexUVHfqyAtZtHYmcVshwrzPNwWY4LCFtH5E_KESlLey93t48Z-DysnGkos7Yta9h0WaH2HePdyw/s1600/Macadame_-_Firmamento_2016.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1481" data-original-width="1469" height="403" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCBqkrmh_8XCq5P6q4BjEMEdQ13nebvKxlylmcIREnAUoCpO80eEg80S8247QAMVuiOQ0dDHAxGhvW9xBvvIjMKPlz5dxkg-nyhfSNw8uHyexUVHfqyAtZtHYmcVshwrzPNwWY4LCFtH5E_KESlLey93t48Z-DysnGkos7Yta9h0WaH2HePdyw/w397-h400/Macadame_-_Firmamento_2016.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do livro com CD "Firmamento", do grupo Macadame (2016)<br />
Ilustração – Ana Biscaia<br />
Grafismo – Paul Hardman<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC38hHyK-24Zqg0AGDdoDrsIXKnXenOiO60aX_NnXDkMPaSJ6gu5p52Y9IWKVbW8Ol6PR2sU-nb94Go9nYoRvgRemnEZ3E_CC7-glxap9zay492jofIc6LmTH6Tn2GuCYp8YqQ_wPVQBoacwgXeVx0nPvb1KQRjF1rre3UGyMFMb-hH6vsLNNQ/s1600/Grupo_de_Cordas_da_Seccao_de_Fado_da_AAC_-_Entre_Cordas__Ao_Vivo_no_Conservatorio_de_Musica_de_Coimbra_2018.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC38hHyK-24Zqg0AGDdoDrsIXKnXenOiO60aX_NnXDkMPaSJ6gu5p52Y9IWKVbW8Ol6PR2sU-nb94Go9nYoRvgRemnEZ3E_CC7-glxap9zay492jofIc6LmTH6Tn2GuCYp8YqQ_wPVQBoacwgXeVx0nPvb1KQRjF1rre3UGyMFMb-hH6vsLNNQ/w400-h400/Grupo_de_Cordas_da_Seccao_de_Fado_da_AAC_-_Entre_Cordas__Ao_Vivo_no_Conservatorio_de_Musica_de_Coimbra_2018.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do álbum digital "Entre Cordas: Ao Vivo no Conservatório de Música de Coimbra", do Grupo de Cordas da Secção de Fado da AAC (Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra, 2018)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGogo28FBiVo27v9AGo4mV6DlJ4A0o0TyIZt8E5fyl28_Zyayuq0m6U5SBJfD4A9-xYlNaqcHQw0bVyzPk7w6K1IL5IN8pX22nCofWCouEyGTwBYPuED-0tf96-ztUl1rhlhc7LnjsS38QpI-BCpPcsWBi4fVpbRPQjecDtYnhrnokY0uI906k/s1600/Origem_Tradicional_-_Natal_Tradicional_2020.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGogo28FBiVo27v9AGo4mV6DlJ4A0o0TyIZt8E5fyl28_Zyayuq0m6U5SBJfD4A9-xYlNaqcHQw0bVyzPk7w6K1IL5IN8pX22nCofWCouEyGTwBYPuED-0tf96-ztUl1rhlhc7LnjsS38QpI-BCpPcsWBi4fVpbRPQjecDtYnhrnokY0uI906k/w400-h400/Origem_Tradicional_-_Natal_Tradicional_2020.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Natal Tradicional", do grupo Origem Tradicional (Origem Tradicional/Brandit Music, 2020)<br />
Design gráfico – Jorge Portugal Design<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD21tPmBozWXJkdIpJx5nW5366W7WZmVk2ZUIxQMyzU6Qd-kl3nTdq5YxJi3ZamUka14sLESGXJF5I4MYbXYUTmF_jIcVigN-Tl1hzrJEee0Vc6qRt45o_dVa3Tde1del6ciP5KcBlrlQ2YXB8pz5POV_lvgF2EeOxh_OBpK6w-uH2jPz61cZK/s1600/Ha_Voz_e_Guitarra_-_Ha_Voz_e_Guitarra__Natal_2021_2022.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD21tPmBozWXJkdIpJx5nW5366W7WZmVk2ZUIxQMyzU6Qd-kl3nTdq5YxJi3ZamUka14sLESGXJF5I4MYbXYUTmF_jIcVigN-Tl1hzrJEee0Vc6qRt45o_dVa3Tde1del6ciP5KcBlrlQ2YXB8pz5POV_lvgF2EeOxh_OBpK6w-uH2jPz61cZK/w400-h400/Ha_Voz_e_Guitarra_-_Ha_Voz_e_Guitarra__Natal_2021_2022.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do EP digital "Há Voz e Guitarra: Natal 2021", do duo Há Voz e Guitarra (Ricardo Martins & Joana Silva) (Ricardo Martins, 2022)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtPCmN7BpS6LSKX2EmooJOmxTsG_2Fwn-rPwElgLTAotOtzu4l-vWu1wN2XQCAa3GKm9adcyTLXXGzYn20phjj51mVc3BKVYuAbgJwSrlbgtmXIp6w0xL1qoKiLw4JtwdnlhtNo9JmQcSlIzsc_T6JFZgF7WjNt95C0ek7PiHkCEw6VejpQVvc/s1600/Adiafa_-_Adiafa_no_Natal_dos_Reis_2023.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1373" data-original-width="1353" height="406" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtPCmN7BpS6LSKX2EmooJOmxTsG_2Fwn-rPwElgLTAotOtzu4l-vWu1wN2XQCAa3GKm9adcyTLXXGzYn20phjj51mVc3BKVYuAbgJwSrlbgtmXIp6w0xL1qoKiLw4JtwdnlhtNo9JmQcSlIzsc_T6JFZgF7WjNt95C0ek7PiHkCEw6VejpQVvc/w394-h400/Adiafa_-_Adiafa_no_Natal_dos_Reis_2023.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Adiafa no Natal dos Reis", do grupo Adiafa (Epopeia Records, 2023)<br />
<br />
_______________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório natalício:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2006/12/natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Natal"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/12/musica-portuguesa-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Música portuguesa de Natal</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/12/celina-da-piedade-este-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celina da Piedade: "Este Natal"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/12/antonio-gedeao-dia-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">António Gedeão: "Dia de Natal", por Afonso Dias</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/12/vozes-do-imaginario-nao-ha-noite-mais.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Vozes do Imaginário: "Não Há Noite Mais Alegre"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/12/miguel-torga-natividade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Natividade"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/12/um-natal-viola-da-terra-por-rafael.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Um Natal à viola da terra, por Rafael Carvalho</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/12/cantos-de-natal-da-galiza-e-de-portugal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantos de Natal da Galiza e de Portugal</span></a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2021/12/cancoes-portuguesas-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Canções portuguesas de Natal harmonizadas/musicadas por Fernando Lopes-Graça</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/12/um-natal-madeirense-com-o-grupo.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Um Natal madeirense com o grupo Xarabanda</span></a><br />
<br />
[reeditado em 28 Dez. 2023]</span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-28913889247319300942023-12-04T18:13:00.006+00:002023-12-17T19:15:50.373+00:00Afonso Dias: "Dieta Algarvia"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi57GoJF6h7CdLbsmoQKZS8-MqegyOgRPdJe8X9MD79746IFnSjT96Q-06QqAs8gq3VQhvgYlW68fTsQDtq2LnNoqqBj3t2tbiHVOZTYmHEfYl_W4eM5AkqMxmjbF_FNsb3pMJkm_-XOZhxTXnfcn94VrlSjbD6czazBeIMI9FQPH3r1oxWk5yz/s1600/Roda_dos_Alimentos_-_Proporcoes.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="996" data-original-width="1377" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi57GoJF6h7CdLbsmoQKZS8-MqegyOgRPdJe8X9MD79746IFnSjT96Q-06QqAs8gq3VQhvgYlW68fTsQDtq2LnNoqqBj3t2tbiHVOZTYmHEfYl_W4eM5AkqMxmjbF_FNsb3pMJkm_-XOZhxTXnfcn94VrlSjbD6czazBeIMI9FQPH3r1oxWk5yz/w400-h289/Roda_dos_Alimentos_-_Proporcoes.jpg" width="400" /></a><br />
<b>Roda dos Alimentos</b>, baseada na dieta mediterrânica.<br />
[Para ver a imagem em ecrã inteiro, noutra janela, é favor clicar <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi57GoJF6h7CdLbsmoQKZS8-MqegyOgRPdJe8X9MD79746IFnSjT96Q-06QqAs8gq3VQhvgYlW68fTsQDtq2LnNoqqBj3t2tbiHVOZTYmHEfYl_W4eM5AkqMxmjbF_FNsb3pMJkm_-XOZhxTXnfcn94VrlSjbD6czazBeIMI9FQPH3r1oxWk5yz/s1600/Roda_dos_Alimentos_-_Proporcoes.jpg" target="_blank"><span style="color: blue;">aqui</span></a>].<br />
<br />
<br />
A Dieta Mediterrânica teve a sua origem nos países banhados pelo Mar Mediterrâneo ou que por ele são influenciados.<br />
Este padrão alimentar começou a ser descrito nos anos 50 e 60 do século XX, sobretudo à luz do que se praticava em Creta, noutras regiões da Grécia e no sul de Itália.<br />
A palavra "dieta" deriva do termo grego "diaita" que significa estilo de vida equilibrado. A Dieta Mediterrânica é precisamente isso: um estilo de vida marcado pela diversidade e conjugado com as características seguintes:<br />
<ul style="direction: ltr; list-style-type: disc;">
<li class="MsoNormal">consumo elevado de alimentos de origem vegetal (cereais pouco refinados, produtos hortícolas, fruta, leguminosas secas e frescas, e frutos secos e oleoginosos);</li>
<li class="MsoNormal">consumo de produtos frescos, pouco ou nada processados e locais, respeitando a sua sazonalidade;</li>
<li class="MsoNormal">utilização do azeite como principal gordura para cozinhar ou temperar alimentos;</li>
<li class="MsoNormal">consumo baixo a moderado de lacticínios;</li>
<li class="MsoNormal">consumo frequente de pescado e baixo e pouco frequente de carnes vermelhas;</li>
<li class="MsoNormal">consumo de água como a bebida de eleição e baixo e moderado consumo de vinho a acompanhar as refeições principais;</li>
<li class="MsoNormal">realização de confecções culinárias simples e com os ingredientes nas proporções certas;</li>
<li class="MsoNormal">fazer as refeições em família ou entre amigos, promovendo a convivência entre as pessoas à mesa;</li>
<li class="MsoNormal">prática de actividade física diária.</li>
</ul>
(in "<a href="https://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/Ebook_Dieta_Mediterranica.pdf" target="_blank"><span style="color: blue;">Dieta Mediterrânica: um padrão de alimentação saudável</span></a>", Associação Portuguesa dos Nutricionistas, Maio de 2014)<br />
<br />
<br />
Desde que fisiologista norte-americano Ancel Keys notou que na orla do Mar Mediterrâneo o índice de enfartes do miocárdio era consideravelmente inferior ao de outras regiões do mundo, onde em vez do azeite se consumia gordura animal, e que a insuspeita revista "Time", na sua edição de 13 de Janeiro de 1961, deu a conhecer ao grande público, mais estudos científicos e evidências empíricas comprovaram os grandes benefícios da dieta mediterrânica para a saúde humana e – coisa nada despicienda – para a sustentabilidade do planeta (imagine-se, por exemplo, o quanto a Terra ganharia com a redução generalizada, à escala mundial, do consumo de carne, sobretudo vermelha, conhecidos que são os efeitos altamente nefastos, para o meio ambiente, da produção pecuária intensiva, especialmente de gado ruminante). Cientes da importância e da necessidade de se promover a tradicional e salutar gastronomia mediterrânica, com um distintivo mundialmente reconhecido, sete países com culturas mediterrânicas milenares – Portugal (Tavira), Espanha (Soria), Itália (Cilento), Croácia (Hvar e Brac), Grécia (Koroni), Chipre (Agros) e Marrocos (Chefchaouen) – acordaram em apresentar uma candidatura conjunta à UNESCO. E a declaração oficial da dieta mediterrânica como Património Cultural Imaterial da Humanidade aconteceu a 4 de Dezembro de 2013, em Baku, capital do Azerbaijão, onde se reuniu o Comité Intergovernamental daquela agência da ONU.<br />
Dez anos exactos passaram e para assinalar a efeméride, sob a forma de canção, a escolha mais óbvia e apropriada é precisamente a "Dieta Algarvia", 'confeccionada' e apresentada pelo cantautor <b>Afonso Dias</b>, no seu álbum "Olhar de Pássaro", editado em 2000, e reexposta, quinze anos mais tarde, no álbum "O Mar ao Fundo". Depois de se degustar este saboroso naco poético-musical mais desejosos ficamos de nos saciarmos com as deliciosas e nutritivas iguarias mediterrânicas e de fugir a sete pés do lixo alimentar que por aí se apregoa. Bom apetite e melhor proveito!<br />
<br />
Artista multifacetado nas áreas da música, da poesia e do teatro, <b>Afonso Dias</b> iniciou-se profissionalmente, na arte da musa Euterpe, antes de 1974, a trabalhar com José Afonso, Fausto, Francisco Fanhais, Manuel Freire, Pedro Barroso e outros do chamado canto de intervenção. Na mesma senda, Afonso Dias foi um dos fundadores do Grupo de Acção Cultural (GAC), no seio do qual participou, como autor e intérprete, nos LPs "A Cantiga É uma Arma" (1975), "...E Vira Bom" (1977) e "Ronda de Alegria!!" (1978), além de vários discos de pequeno formato (singles e EPs). "O Que Vale a Pena" (Diapasão/Sassetti, 1979) foi o primeiro dos seus álbuns de canções em nome próprio, que até à data se cifram em onze (o número de discos de poesia recitada é ainda superior). Um deles, justamente o "Olhar de Pássaro" (2000), onde saiu a canção "Dieta Algarvia", hoje em destaque, contou-se entre os nomeados para o então bastante prestigiado Prémio José Afonso, instituído pela Câmara Municipal da Amadora. E os trabalhos discográficos que publicou posteriormente dão também bom testemunho do talento do cantautor e, nessa medida, digno de estar representado na 'playlist' da Antena 1. Não é isso, porém, que acontece. E porquê? Quem decide o que entra e o que não entra nessa lista de difusão musical tem real noção da tremenda injustiça que está a fazer ao meritório artista e do que esse injustificado e leviano acto significa de sonegação cultural aos ouvintes da rádio pública?<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Dieta Algarvia</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/adi-0013/ADI0013.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Afonso Dias</b><br />
Intérprete: <b>Afonso Dias</b>* (in CD "Olhar de Pássaro", Concertante, 2000; CD "O Mar ao Fundo", Bons Ofícios - Associação Cultural, 2015)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/hDkOA9PQJNQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
(Esta é sobre a boa comidinha algarvia!)<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Ele é grão e mais feijão p'ra os intestinos, <br />
porque a tripa tem preciso desta fibra; <br />
peixe assado com tomates e pepinos, <br />
salpicados com orégãos, equilibra<br />
pouca carne, pouca banha e pouco sal; <br />
da gordura só queremos do azeite, <br />
um alhinho bem picado não faz mal <br />
num charrinho alimado a <i>preceite</i>.<br />
<br />
Entre o verde e a proteína, <br />
a gula é que se consola; <br />
se engorda, não contamina,<br />
dá gosto e não "colesterola".<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
E por falar nos cheirinhos principais,<br />
falta picar os coentros na sertã<br />
da amêijoa e da conquilha, e, nos finais,<br />
não esquecer, dos guisados, a hortelã;<br />
mas no peixe é que a fartura é por demais:<br />
lulas, chocos com ferrado dão rijeza,<br />
cavala, sargo, sardinha e outros tais,<br />
e o rascasso que mantém a "vela acesa". <br />
<br />
Entre o verde e a proteína, <br />
a gula é que se consola; <br />
se engorda, não contamina,<br />
dá gosto e não "colesterola".<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
A laranja, que é rainha, desenjoa, <br />
o albricoque de damasco delicia;<br />
vira um medronho, do bom, para a desmoa,<br />
mas se os doces forem muitos, desconfia!<br />
E com tantos comeres tão "bestiais",<br />
ainda há gostos p'rá papinha mastigada <br />
dessas coisas, "fast-foods", "hamburgais" <br />
e que para mim não sabem mesmo a nada!<br />
<br />
Entre o verde e a proteína, <br />
a gula é que se consola; <br />
se engorda, não contamina,<br />
dá gosto e não "colesterola".<br />
<br />
(Mas não esquecer quem não tem!...)<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Tantas modas, modernices nas dietas,<br />
estrangeirices que vemos todos os dias...<br />
Vê se fazes como eu: não vás em tretas, <br />
que as dietas, para mim, são algarvias! <br />
Sejam secos ou molhados, com azeite, <br />
peixe ou carne com salada, o que vier... <br />
Que alguém de prato vazio não se aceite, <br />
porque triste, mesmo, é não ter que comer.<br />
<br />
Entre o verde e a proteína, <br />
a gula é que se consola; <br />
se engorda, não contamina,<br />
dá gosto e não "colesterola".<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Afonso Dias – voz, e guitarra (em "Dieta Algarvia")<br />
Pedro Louzeiro – guitarra, percussões e xilofone<br />
Paulo Ribeiro – teclados, acordeão<br />
Pedro Glória – bateria e percussões<br />
Pedro Guerreiro – baixo eléctrico e acústico, contrabaixo<br />
Zé Alegre – guitarras clássica e de 12 cordas, bandolim, harmónica, baixo acústico e caixa de rufos<br />
Fernando Guerreiro – bandolim (em "Dieta Algarvia")<br />
Francisco Brazão – flauta<br />
<br />
Arranjos e direcção musical – Zé Alegre, Banda Zawaia e Afonso Dias<br />
Produção – Afonso Dias e Luís de Abreu<br />
Gravado e misturado no Estúdio InforArte, Chinicato, Lagos<br />
Técnicos de som – Fernando Guerreiro e Joaquim Guerreiro<br />
URL: <a href="https://www.algarvios.pt/members/afonso-dias/info/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.algarvios.pt/members/afonso-dias/info/</span></a><br />
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias</span></a><br />
<a href="https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/afonso-dias-fundador-do-gac-poeta-deputado-honorario-nao-vos-esquecais-da-constituicao-16109037.html" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.tsf.pt/programa/onde-nos-levam-os-caminhos/afonso-dias-fundador-do-gac-poeta-deputado-honorario-nao-vos-esquecais-da-constituicao-16109037.html</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/afonso.dias.31" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/afonso.dias.31</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIlWvmPgs1_iLpGhMmdMI4rELME5l2O_la7HV6o-kmUrcQadvOZXJtYde4NI9TZfMK8_x903CKBNTA4C5Mpb18ks3MqPtdQATSEcndNqITHqOPskTrYUC6ZOLCPPXQmOqNYG9sL15y2YD13VO1XCp3sq4-lLQ4LqSSQKE0DIYBWfY_ZM0wdWdr/s1600/Afonso_Dias_-_Olhar_de_Passaro_2000.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="767" data-original-width="759" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIlWvmPgs1_iLpGhMmdMI4rELME5l2O_la7HV6o-kmUrcQadvOZXJtYde4NI9TZfMK8_x903CKBNTA4C5Mpb18ks3MqPtdQATSEcndNqITHqOPskTrYUC6ZOLCPPXQmOqNYG9sL15y2YD13VO1XCp3sq4-lLQ4LqSSQKE0DIYBWfY_ZM0wdWdr/w396-h400/Afonso_Dias_-_Olhar_de_Passaro_2000.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Olhar de Pássaro", de Afonso Dias (Concertante, 2000)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2kLsXqSJ3g-c8pKt4u2NIABSghI5Asg87Vzid1JoC-UAFqfFvTy53YyPrDAPvokEFBkqJqW9oulNcBOlOR2zJKJZ6FLaOwMnERnu2y7E9qYJ3m6RNSj28iV-fx_NiJy726vssae5qf-BkEKj2uOBbvb1Km_hEyzDDmPHrcJrNDLKGCXPORgI9/s1600/Afonso_Dias_-_O_Mar_ao_Fundo_2015.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2kLsXqSJ3g-c8pKt4u2NIABSghI5Asg87Vzid1JoC-UAFqfFvTy53YyPrDAPvokEFBkqJqW9oulNcBOlOR2zJKJZ6FLaOwMnERnu2y7E9qYJ3m6RNSj28iV-fx_NiJy726vssae5qf-BkEKj2uOBbvb1Km_hEyzDDmPHrcJrNDLKGCXPORgI9/w400-h400/Afonso_Dias_-_O_Mar_ao_Fundo_2015.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "O Mar ao Fundo", de Afonso Dias (Bons Ofícios - Associação Cultural, 2015)<br />
Design – Daniel Domingues Dias<br />
Fotografia – Telma Veríssimo<br />
<br />
_________________________________________<br />
<br />
Outro artigo relacionado com a dieta mediterrânica:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/06/a-vitoria-do-azeite.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A vitória do azeite</span></a><br />
<br />
_________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório de Afonso Dias:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/10/amalia-dez-anos-de-saudade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Amália: dez anos de saudade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2010/06/infancia-e-musica-portuguesa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A infância e a música portuguesa</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/em-memoria-de-antonio-ramos-rosa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de António Ramos Rosa (1924-2013)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-sophia-de-mello-breyner.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/03/al-mutamid-evocacao-de-silves.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Al-Mu'tamid: "Evocação de Silves"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/03/cesario-verde-de-tarde.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Cesário Verde: "De Tarde"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/12/antonio-gedeao-dia-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">António Gedeão: "Dia de Natal", por Afonso Dias</span></a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2020/06/camoes-recitado-e-cantado-vi.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VI)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/natalia-correia-casa-do-poeta-por.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-45766866216186169282023-12-01T16:40:00.004+00:002023-12-31T16:51:20.073+00:00Sérgio Godinho: "Não te Deixes Assim Vestir..."<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDOHfltW483b5WqsyeIAnhqVUWN0iHzd1zjqiOp5vzXzBboZEO1ZiUmbPsQmYpM5IpJ7g_PT-vbQ5hyGjjIHCJtvu3VlQqmUuH8Gi6ewjg8sppbdM37fTi7jZST5WGUNqBvXtD/s1600/Cristina_Sampaio_-_Apertar_o_cinto.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDOHfltW483b5WqsyeIAnhqVUWN0iHzd1zjqiOp5vzXzBboZEO1ZiUmbPsQmYpM5IpJ7g_PT-vbQ5hyGjjIHCJtvu3VlQqmUuH8Gi6ewjg8sppbdM37fTi7jZST5WGUNqBvXtD/s400/Cristina_Sampaio_-_Apertar_o_cinto.jpg" width="400"></a><br />
<br />
Os feriados nacionais civis, tendo sido criados para comemorar um dado acontecimento histórico que se pretende não seja esquecido, podem (devem) servir também para suscitar a necessária reflexão sobre o país e o maior ou menor ajustamento da realidade existente, num determinando momento, aos valores subjacentes à efeméride. Na presente data em que Portugal celebra a sua independência restaurada em 1640 (depois de seis décadas sob o jugo espanhol), é legítimo conjecturar se os portugueses viveriam hoje melhor ou pior se este rectângulo ocidental da Península Ibérica e os arquipélagos atlânticos fizessem parte integrante de Espanha. Olhando para o nível de vida médio do país vizinho não é difícil de inferir que a generalidade da população lusitana estaria em melhor situação económica. Esse atraso em relação a 'nuestros hermanos' resulta de diversos factores, mas há um que se tem revelado determinante: o secular défice qualitativo das classes dirigentes que (quase) sempre puseram a manutenção/incremento dos seus (imerecidos) privilégios e a satisfação de interesses corporativos de vária ordem acima do bem-estar do Povo. E a democracia portuguesa, que está prestes a completar meio século de existência, não tem conseguido (ou querido) libertar-se desse e doutros 'coletes-de-forças', se nos é permitido tomar de empréstimo uma metáfora que <b>Sérgio Godinho</b> sapientemente utilizou na sua canção "Não te Deixes Assim Vestir...", a qual, apesar de já ter quarenta anos (saiu em 1983, no álbum "Coincidências"), não perdeu um niquinho de actualidade. Estando já em marcha a campanha eleitoral (ainda que não oficialmente declarada) para o sufrágio do próximo 10 de Março, no decurso da qual a mentira, a falácia e a intrujice são/serão expedientes profusamente usados, com o intento de ludibriar os mais crédulos e descontentes com o <i>status quo</i>, afigurou-se-nos extremamente oportuno e pertinente dar destaque à mencionada canção, que apela ao exercício da vigilância crítica e da prudência para se não cair no 'conto do vigário'. Boa escuta!<br />
<br />
Aos ouvintes da Antena 1 é, ocasionalmente, dada a oportunidade de escutarem algo do repertório de <b>Sérgio Godinho</b>, e seria muito anormal se o artista estivesse boicotado, como acontece com outros nomes grados da Música Portuguesa. No seu caso particular, além de não passar com a frequência desejável, é de lamentar que não haja o cuidado de divulgar canções menos conhecidas, em vez de se andar sempre a repisar (preguiçosamente) o lote das mais batidas. Não compete, porventura, à rádio pública desempenhar a nobre função de desocultação de bom repertório português que as estações privadas, por condicionalismos de natureza comercial e por tibieza de quem as dirige, deixam de lado?<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Não te Deixes Assim Vestir...</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/sgo-0003/SGO0003.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Sérgio Godinho</b><br />
Intérprete: <b>Sérgio Godinho</b>* (in LP "Coincidências", Philips/Polygram, 1983, reed. Philips/Polygram, 1994, Universal Music Portugal, 2001, 2018)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Lyy5zVtSIUs" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Ai, Portugal...<br />
dar-te conselhos é bem pouco original,<br />
(mas) se realmente não quiseres querer-te mal,<br />
olha p'ra ti, ó Portugal!<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
[bis]<br />
<br />
O meu país<br />
foi outro dia ao alfaiate encomendar<br />
'toilettes' novas p'rò mundo se embasbacar,<br />
e se dizer, e se elogiar:<br />
«Que bem, que chique,<br />
que beleza!<br />
Para falar com franqueza,<br />
parece outro com esse ar».<br />
<br />
Mas há coletes que são de forças,<br />
por mais que o digam não ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
[3x]<br />
<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Ai, Portugal...<br />
dar-te conselhos é bem pouco original,<br />
(mas) se realmente não quiseres querer-te mal,<br />
olha p'ra ti, ó Portugal!<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
[bis]<br />
<br />
Ao meu país<br />
o alfaiate respondeu: «Venha cá!<br />
Quero saber com que linhas se coserá<br />
o fato feito que fará<br />
a sensação das redondezas,<br />
bem que eu não tenha a certeza<br />
que seja de elogiar...»<br />
<br />
É que há coletes que são de forças,<br />
por mais que o digam não ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
[3x]<br />
<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Ai, Portugal...<br />
dar-te conselhos é bem pouco original,<br />
(mas) se realmente não quiseres querer-te mal,<br />
olha p'ra ti, ó Portugal!<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
[bis]<br />
<br />
O meu país,<br />
outrora usando fraque, luva e paletó,<br />
se rebentar pelas costuras é só<br />
que o fato, que é da trisavó,<br />
não é necessariamente<br />
aquele que no presente<br />
nos fará soltar um "oh!".<br />
<br />
Porque há coletes que são de forças,<br />
por mais que o digam não ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Assim como há meias que nunca hão-de ser inteiras,<br />
por muito que o queiram ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Porque há casacas feitas já p'ra ser viradas,<br />
por mais que o digam não ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Assim como há botas difíceis de descalçar,<br />
por mais que o tentem não ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Assim como há laços feitos já p'ra te enforcar,<br />
por mais que o digam não ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
E há coturnos que eu diria são soturnos,<br />
por mais que o não queiram ser...<br />
Não te deixes assim vestir!<br />
<br />
E não te deixes assim vestir!<br />
<br />
Ai, Portugal...<br />
<br />
<br />
* Sérgio Godinho – guitarra e voz<br />
Rogério Gomes, Agostinho Caineta – clarinetes<br />
João Paulo [Esteves da Silva] – piano<br />
Guilherme Inês – bateria<br />
José Martins, Macello Urgeghe – percussão<br />
Filipe Larsen – baixo<br />
Né Ladeiras, Isabel Bezelga – coros<br />
Arranjo – Luís Caldeira<br />
<br />
Direcção musical – João Paulo [Esteves da Silva] e Luís Caldeira<br />
Produção – Sérgio Godinho, João Paulo [Esteves da Silva] e Luís Caldeira<br />
Gravado no Angel Studio, Lisboa, de Fevereiro a Abril de 1983<br />
Engenheiros de som – Rui Novais e José Fortes<br />
Texto sobre o disco em: <a href="http://nossaradio.blogspot.com/2008/12/grandes-discos-da-msica-portuguesa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Grandes discos da música portuguesa: efemérides em 2008</span></a><br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/Sergio.Godinho.Oficial/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/Sergio.Godinho.Oficial/</span></a><br />
<a href="https://vachier.pt/sergio-godinho/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://vachier.pt/sergio-godinho/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@SergioGodinhoTV" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@SergioGodinhoTV</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/channel/UCCUWcMFHuwlLu7y8cX1LyJg" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/channel/UCCUWcMFHuwlLu7y8cX1LyJg</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UC6NItFDCOUpxXVmOfvAD3Rg" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UC6NItFDCOUpxXVmOfvAD3Rg</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKYydAOA5ahJTHWIbuVPLuTo8ET8ZDAZzPerOz_S9BzG5TSpiYVi81a42c7Pk3S1d8k8xmlEj3KOmbQiPuZQwdz7C5FrfUyvsF-79qyOeu76ZPQcU2htvduoi4w4ZD1pUQM5Nh3eN8TGJUUQ1K6rtx1IoP6st-aei5lopd_h3CmjgWKz7AQyQ5/s1600/Sergio_Godinho_-_Coincidencias_LP_1983.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1280" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKYydAOA5ahJTHWIbuVPLuTo8ET8ZDAZzPerOz_S9BzG5TSpiYVi81a42c7Pk3S1d8k8xmlEj3KOmbQiPuZQwdz7C5FrfUyvsF-79qyOeu76ZPQcU2htvduoi4w4ZD1pUQM5Nh3eN8TGJUUQ1K6rtx1IoP6st-aei5lopd_h3CmjgWKz7AQyQ5/w400-h400/Sergio_Godinho_-_Coincidencias_LP_1983.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Coincidências", de Sérgio Godinho (Philips/Polygram, 1983)<br />
Desenhos – René Bertholo<br />
Arranjo gráfico – António Inverno<br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório interpretado por Sérgio Godinho ou da sua autoria:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/12/musica-portuguesa-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Música portuguesa de Natal</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2010/06/infancia-e-musica-portuguesa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A infância e a música portuguesa</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-carlos-paredes.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Carlos Paredes</span></a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2019/05/sergio-godinho-que-forca-e-essa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Sérgio Godinho: "Que Força É Essa?"</span></a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2019/10/sergio-godinho-mao-na-musica.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Sérgio Godinho: "Mão na Música"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-82130199318915738692023-10-01T17:40:00.011+01:002023-10-06T18:57:44.559+01:00Vai de Roda: "Minha Roda 'stá Parada; Quadrilha Mandada"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHYflC3wCnSszF67i0bqjGeZPzMLsRZS0JpoxGVhWp6773Q6d5IfOu-XkxPlhEiulWrSXiJHAGtdJuOoHIXgbPXmtZ-mzc7nu6T32l5KXKLUMz0f_MCO3pc0xA36S58OrUgzFLhzMsd1abkZdQVN7vp9QcD-GKLqe0VAlMLf235z3itpB9YKGN/s1600/Viva_a_Musica.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1594" data-original-width="1587" height="402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHYflC3wCnSszF67i0bqjGeZPzMLsRZS0JpoxGVhWp6773Q6d5IfOu-XkxPlhEiulWrSXiJHAGtdJuOoHIXgbPXmtZ-mzc7nu6T32l5KXKLUMz0f_MCO3pc0xA36S58OrUgzFLhzMsd1abkZdQVN7vp9QcD-GKLqe0VAlMLf235z3itpB9YKGN/w398-h400/Viva_a_Musica.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
<b>Quadrilha</b> (do francês, <i>quadrille</i>) – variedade da contradança francesa, bailada por quatro pares formando um quadrado ou por dois pares frente a frente, igualmente formando um quadrado. Floresceu nos salões da aristocracia gaulesa, na segunda metade do século XVIII. Foi assim, por via aristocrática, que chegou à côrte portuguesa, que a levou para o Rio de Janeiro, quando aí se radicou em Março de 1808, depois de, cerca de três meses antes, ter zarpado de Lisboa, em fuga do exército napoleónico comandado por Junot. No Brasil, a quadrilha não tardou a ser adoptada pelo povo ficando associada às festividades juninas dos Santos Populares e aos folguedos da época das colheitas. Em Portugal, também o povo dela se apropriou, tendo-se mantido com maior pujança na província do Douro Litoral.<br />
<br />
A quadrilha mandada (assim chamada por ter um mandador), que o grupo <b>Vai de Roda</b> recolheu na aldeia de Pias, concelho de Cinfães, e gravou para o seu primeiro álbum, de título genérico "Vai de Roda", publicado no Outono de 1983 com selo Orfeu, teve o (bendito) condão de tornar-se o ex-libris do grupo. Para tal terão certamente contribuído a beleza e a vivacidade da melodia, assente na rabeca (tocada por <b>Manuel António Tentúgal</b>), e o vigoroso e apelativo mando de <b>Amílcar Sardinha</b> que, sucessivamente (11 vezes), profere "<b>E viva a música!</b>", que funciona simultaneamente como bordão e como incitamento aos tocadores e aos bailadores. E não foi por acaso que nas duas regravações feitas por iniciativa de <b>Tentúgal</b> dessa emblemática quadrilha mandada, para os álbuns "Terreiro das Bruxas" (1990), o segundo do grupo Vai de Roda, com o mando a cargo de <b>Abílio Santos</b> ('Bilão'), e "Rebento" (2019), da Companhia do Canto Popular, com o mando na voz de <b>Rui Vaz</b>, a expressão "Viva a Música" passou a constar no título das faixas: "Quadrilha (e Viva a Música!...)" [>> <a href="https://www.youtube.com/watch?v=h7KMpBy9xbQ" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube</span></a>] e, depois, somente "Viva a Música" [>> <a href="https://music.youtube.com/watch?v=4cHPe4iwy9A" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube Music</span></a>].<br />
Não sabemos se o realizador Armando Carvalhêda, quando, em 1996, escolheu o nome "Viva a Música" para baptizar o seu programa de música ao vivo na Antena 1, que duraria 25 anos [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/palco/p274/viva-a-musica" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Palco</span></a>], o fez inspirado pela "Quadrilha Mandada" do Vai de Roda. Certo, certo é que extraiu um trecho da gravação integrante do álbum "Terreiro das Bruxas" para indicativo da rubrica "Cantos da Casa" [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p311/cantos-da-casa" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>] que, a partir de Setembro de 2006, manteve na mesma antena, e também para o indicativo do programa homónimo de fim-de-semana, iniciado em Outubro de 2015 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p2056/cantos-da-casa" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Serve esta menção para exprimirmos, uma vez mais, a nossa gratidão ao emérito profissional pelo proficiente trabalho de divulgação da música portuguesa de raiz que desenvolveu na nossa rádio. Muito obrigado, Sr. Armando Carvalhêda!<br />
E como os vivas à música nunca são bastantes, ademais no dia instituído para celebrá-la de maneira mais formalizada (afinal, todos os dias se prestam à celebração da arte dos sons, de tão necessária que ela é à existência humana), aqui destacamos a primeira e maravilhosa "Quadrilha Mandada" do grupo Vai de Roda, que tem como introdução um lamiré, dado pela sanfona, da belíssima melodia da cantiga de rega "Minha Roda 'stá Parada". Boa escuta e bons passos de dança (para quem não tiver pés de chumbo)!<br />
<br />
É oportuno apontar o dedo acusador e reprovador à actual direcção de programas da Antena 1, na pessoa de Nuno Galopim de Carvalho, pela vil e criminosa marginalização a que vem votando a música tradicional/folk portuguesa ao negar-lhe a merecida presença na 'playlist', restringindo-a, no caso de novas edições discográficas, ao programa dominical e bem matutino "A Árvore da Música" [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p9838/a-arvore-da-musica" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>] e, mais esporadicamente, ao também dominical "Vozes da Lusofonia" [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p276/vozes-de-lusofonia" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. O património discográfico anterior fica, portanto, sem cabal divulgação, pois só uma ou outra gravação aparece, de vez em quando, no programa "Alma Lusa" [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p356/alma-lusa-fim-de-semana" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>] que é essencialmente de fado e peca por ser transmitido a horas de sono da maioria dos ouvintes (depois do noticiário da meia-noite de domingo até às 2h:00 da madrugada de segunda-feira). Urge, pois, que a rádio pública faça jus à missão para a qual foi criada, não se demitindo jamais de divulgar convenientemente a mais genuína e qualificada música regional de Portugal. A bem dos artistas que nela laboram (e da memória daqueles que laboraram) e pelo respeito que é devido aos ouvintes amantes da boa e bela música tradicional portuguesa!<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Minha Roda 'stá Parada; Quadrilha Mandada</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/vdr-0001/VDR0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Música: <b>Tradicional</b> ("Minha Roda 'stá Parada" – margens do Zêzere, Beira Baixa – Recolha: António Avelino Joyce, 1938; "Quadrilha Mandada" – Pias, Cinfães, Douro Litoral – Recolha: Vai de Roda)<br />
Arranjo: <b>Manuel António Tentúgal</b>; concepção da braguesa: Agostinho Couto<br />
Intérprete: <b>Vai de Roda</b>* (in LP "Vai de Roda", Orfeu, 1983, reed. Movieplay, 1997)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Bb3goUFwvAc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
(instrumental / voz do mandador / palmas)<br />
<br />
<br />
* Instrumentos: sanfona portuguesa, ocarinas soprano, cucos e chocalhos (em "Minha Roda 'stá Parada"); voz do mandador, banjolim, viola braguesa, viola, baixo acústico, cavaquinho, violino e palmas (em "Quadrilha Mandada")<br />
<br />
Vai de Roda:<br />
Manuel António Tentúgal – voz solo, sanfona portuguesa, banjolim, harmónio, cavaquinho, violino, braguesa, viola com arco, baixo acústico, gaita-de-foles, ponteira, ocarina soprano, tambor e congas marroquinas, adufe, pandeireta, bombo, caixa, coros, grilos e arreiocos<br />
Abi Feijó – pífaro de barro, ponteira, ocarina soprano, carrilhão de canas, demónio da floresta, piassába no bombo, címbalos, canas e foguetório, palmas<br />
Agostinho Couto – guitarra, braguesa, baixo acústico, búzio, demónio da floresta, garrafa com garfo, canas, sineta, caixa de ovos, coros e foguetório<br />
Amílcar Sardinha – voz solo (em "Quadrilha Mandada"), gaita-de-beiços, cavaquinho, trancanholas, pandeiro com milho, sarronca, bombo, palmas, almofariz, sino, canas e coros<br />
Carlos Adolfo – guitarra, cavaquinho, conchas, garrafa com garfo, palmas, paulitos, coros e foguetório<br />
Fernando Carvalho – adufe, bombo, caixa, baixo acústico, pandeireta, genebres, forma com milho, ocarina baixo, cuco, guizos, sino, palmas, paulitos, corno, coros, gritos, arreiocos e foguetório<br />
Gi – voz, canas e palmas<br />
Isabel Leal – voz, guitarra, canas e palmas<br />
Fernanda Ramos ('Nanda') – voz, pinhas e palmas<br />
Né Santelmo – voz, canas, carrilhão de seixos, chocalhos e palmas<br />
Paula – voz, chocalhos e palmas<br />
Preciosa Branco – voz, canas, carrilhão de chaves, chocalhos e palmas<br />
Raul – banjolim, guitarra, baixo acústico, pandeireta, caixa, timbalão, caixa de ovos, palmas, garrafa com garfo, canas, sineta e coros<br />
Músicos convidados:<br />
Isabel Afonso – voz solo<br />
Mina – segunda voz<br />
Zé Vítor – flauta sopranino<br />
<br />
Arranjos e direcção musical – Manuel António Tentúgal<br />
Produção artística – Vai de Roda<br />
Gravado nos Estúdios da Rádio Triunfo, Lisboa, em 11, 12 e 13 de Maio e 27, 28 e 29 de Junho de 1983<br />
Captação de som – Moreno Pinto e Jorge Barata<br />
Misturas – Moreno Pinto, Manuel António Tentúgal e Abi Feijó<br />
Texto sobre o disco em: <a href="http://nossaradio.blogspot.com/2008/12/grandes-discos-da-msica-portuguesa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Grandes discos da música portuguesa: efemérides em 2008</span></a><br />
URL: <a href="http://www.sinfonias.org/mais/musica-portuguesa-anos-80/directorio/959-vai-de-roda" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.sinfonias.org/mais/musica-portuguesa-anos-80/directorio/959-vai-de-roda</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/videos?query=vai+de+roda" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/videos?query=vai+de+roda</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipE8VWYW6gSJd1muI8Bbc8H0ThanVm6z3MuXghcqHFI770g55hCwa-5nHCC0WZZwpYBXt2_mfYjX-YhXxgqqytUCt3wqhYPyCEXBmTqF8JpDp7eic6n-VNq8dvryEaw-n9oSLuEn_n8RAQXp4OrlwVCHpwHU0dVZ1MZXZkfpAM9w9uINCWHodY/s1600/Vai_de_Roda_-_Vai_de_Roda_LP_1983.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="913" data-original-width="921" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipE8VWYW6gSJd1muI8Bbc8H0ThanVm6z3MuXghcqHFI770g55hCwa-5nHCC0WZZwpYBXt2_mfYjX-YhXxgqqytUCt3wqhYPyCEXBmTqF8JpDp7eic6n-VNq8dvryEaw-n9oSLuEn_n8RAQXp4OrlwVCHpwHU0dVZ1MZXZkfpAM9w9uINCWHodY/w400-h397/Vai_de_Roda_-_Vai_de_Roda_LP_1983.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Vai de Roda", do grupo Vai de Roda (Orfeu, 1983)<br />
Concepção – Né Santelmo e Abi Feijó.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM-onoQ8O4Co3lBcIICsR2w9esv84wHyxHP7pEgmkX42kxc_mQAXooIQ9xikMxmBY0eJpr9iQbGK1LtBTp8FTqUiprc4uoKpQZKF-69Y6rSQoWDcQxkbluYlBmXGo3PAmlw3S0-mISYnwyCTvq2SilVVM4Qktnb7xlmCkbbJp-n-ZPemPzmhBi/s1600/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes1_c_Pedro_Sa.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1134" data-original-width="1701" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM-onoQ8O4Co3lBcIICsR2w9esv84wHyxHP7pEgmkX42kxc_mQAXooIQ9xikMxmBY0eJpr9iQbGK1LtBTp8FTqUiprc4uoKpQZKF-69Y6rSQoWDcQxkbluYlBmXGo3PAmlw3S0-mISYnwyCTvq2SilVVM4Qktnb7xlmCkbbJp-n-ZPemPzmhBi/w400-h267/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes1_c_Pedro_Sa.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo6fRVYX2RrAFhpotSADrZVJP51vOLr6A2xlswX9WQHCTKuL2EIN6LNbNBnPuz-CuuR4kySHwKAQo6CSKU51vvI4fWNnp-cEKhr155WUNS4VmhlmrgpeZ15DFKLxAWNDm3L9CtOs5XzRO81tgM9iRaqH6Awz_EVGbkzW6_X6wLbHKKbME9pMrz/s1600/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes2_c_Pedro_Sa.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="591" data-original-width="886" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo6fRVYX2RrAFhpotSADrZVJP51vOLr6A2xlswX9WQHCTKuL2EIN6LNbNBnPuz-CuuR4kySHwKAQo6CSKU51vvI4fWNnp-cEKhr155WUNS4VmhlmrgpeZ15DFKLxAWNDm3L9CtOs5XzRO81tgM9iRaqH6Awz_EVGbkzW6_X6wLbHKKbME9pMrz/w400-h267/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes2_c_Pedro_Sa.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdAfddTUcxoKWTtbsSQQEjYeqgyzSpfj9t1KD_ZKu_1TR6R3VGnZ1L-pa0FoLcXzPgDyu9FlBVNgBexkuAZptDeI48voGdY-3HOrIb2XAv_EpgzYqhNhIv6ljglIxRy2D-J537hkJTZgYo4T2jZoaenpUbwBbTtPNVWRn-YSuIriIqAREsYTqW/s1600/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes3_c_Pedro_Sa.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdAfddTUcxoKWTtbsSQQEjYeqgyzSpfj9t1KD_ZKu_1TR6R3VGnZ1L-pa0FoLcXzPgDyu9FlBVNgBexkuAZptDeI48voGdY-3HOrIb2XAv_EpgzYqhNhIv6ljglIxRy2D-J537hkJTZgYo4T2jZoaenpUbwBbTtPNVWRn-YSuIriIqAREsYTqW/w400-h267/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes3_c_Pedro_Sa.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTZBTrqLj-kseiYYDMxgyv0IvdbIw9rgvzvkj6YZ3L4hrf-K9BiKEPaEa649sJFYtGebWdsySxV6Hc7DMZTVAK6ULngcQusHhhPW5P0hS1s-LzkEIcVPrAq_m5GojMwdnvvG4mjKQZ7GBcHFuhJE3UfXM-RYX_sLkECzdK3uDX8xs4D5x6Dcbk/s1600/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes4_c_Pedro_Sa.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTZBTrqLj-kseiYYDMxgyv0IvdbIw9rgvzvkj6YZ3L4hrf-K9BiKEPaEa649sJFYtGebWdsySxV6Hc7DMZTVAK6ULngcQusHhhPW5P0hS1s-LzkEIcVPrAq_m5GojMwdnvvG4mjKQZ7GBcHFuhJE3UfXM-RYX_sLkECzdK3uDX8xs4D5x6Dcbk/w400-h267/Pias_-_aldeia_do_concelho_de_Cinfaes4_c_Pedro_Sa.jpg" width="400" /></a><br />
A pitoresca aldeia de Pias, na margem direita do rio Bestança, afluente do Douro (na margem esquerda).<br />
Fotografias – Pedro Sá.<br />
<br />
_______________________________________<br />
<br />
Outros artigos comemorativos do Dia Mundial da Música:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/10/fernando-tordo-bendita-musica.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Tordo: "Bendita Música"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/10/pedro-barroso-musica-de-mar.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Pedro Barroso: "Música de Mar"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/10/sergio-godinho-mao-na-musica.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Sérgio Godinho: "Mão na Música"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/10/jose-barros-e-navegante-musicos-cravos.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Barros e Navegante: "Músicos, Cravos e Rosas"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/10/luiza-todi-por-carmen-dolores-segundo.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Luiza Todi por Carmen Dolores segundo Margarida Lisboa</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/10/franz-schubert-die-musik.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Franz Schubert: "An die Musik" (Franz von Schober)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-46879967370784562432023-09-23T07:50:00.005+01:002023-09-23T08:22:44.134+01:00Silvestre Fonseca: "Balada de um Outono"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8jcrtz3bY4eEUuAIoMyGcTTHsPrJ4xOm_GOAEtv_88Z2SSoN1_d13KVLbfNCOGxhf3VBzFc3bnJEawUQKjnvT78Jpamh6I9Y6TjOPb9V6Xdzs_5eGI0s-yLgo7k2vSgpgot9fY-eS5IpI9wlh03n4wQR2Zk6P7nbsZLfSEIqxurKDbDVbKWJr/s1600/Claude_Monet_-_Automne_sur_la_Seine_Argenteuil_1873.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="749" data-original-width="1024" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8jcrtz3bY4eEUuAIoMyGcTTHsPrJ4xOm_GOAEtv_88Z2SSoN1_d13KVLbfNCOGxhf3VBzFc3bnJEawUQKjnvT78Jpamh6I9Y6TjOPb9V6Xdzs_5eGI0s-yLgo7k2vSgpgot9fY-eS5IpI9wlh03n4wQR2Zk6P7nbsZLfSEIqxurKDbDVbKWJr/w400-h293/Claude_Monet_-_Automne_sur_la_Seine_Argenteuil_1873.jpg" width="400" /></a><br />
Claude Monet, "<b>Automne sur la Seine Argenteuil</b>" ("<b>Outono sobre o Sena, em Argenteuil</b>"), 1873, óleo sobre tela, 54,2 x 73,3 cm, High Museum of Art, Atlanta, Geórgia, E.U.A.<br />
<br />
<br />
Nascido em Lisboa, a 23 de Abril de 1959, <b>Silvestre Fonseca</b> iniciou os estudos de guitarra clássica, em 1975, na escola fundada por José Duarte Costa, à Avenida João XXI, tendo aí recebido lições do Prof. José Diniz, sujeitando-se depois a exame, como aluno externo, no Conservatório Nacional. Nesta mesma instituição de ensino, estudou composição e análise musical com o distinto compositor Joly Braga Santos. E aos 22 anos de idade, em 1981, publicou, em edição própria (depois licenciada à EMI, selo His Master's Voice) o álbum "Guitarra Clássica", constituído por peças de Antonio Róvira, Isaías Sávio, José Duarte Costa, anónimos ingleses do séc. XVI, Fernando Sor, Francisco Tárrega e Manuel M. Ponce. Nesses primeiros anos do seu percurso artístico, Silvestre Fonseca frequentou também vários cursos de guitarra no estrangeiro que lhe permitiram aperfeiçoar o domínio técnico do instrumento e – não menos importante – aprimorar os seus dotes interpretativos/expressivos. Em 1987, saiu, com chancela Philips, o seu segundo álbum, "Guitarra Clássica com Orquestra de Câmara", sob a regência do maestro Leonardo de Barros, integrando obras de Antonio Vivaldi, Ferdinando Carulli, Francisco Tárrega, António Lauro, António Victorino d'Almeida e Heitor Villa-Lobos. Bem recebido pela crítica especializada (o eminente musicólogo João de Freitas Branco dedicou-lhe uma edição do seu histórico programa "O Gosto pela Música", no então Programa 2, futura Antena 2), o fonograma afirmou Silvestre Fonseca como exímio executante de guitarra clássica e um intérprete a ter em conta a partir daí no panorama nacional e internacional. E os discos (mais de uma vintena) que foi gravando, uns mais centrados no repertório erudito da guitarra clássica, outros mais focados em canções ditas ligeiras (portuguesas, cabo-verdianas, brasileiras, hispano-americanas, etc.), ora em transcrições para guitarra solo, ora acompanhando cantores convidados, bem como os recitais e concertos que foi dando em Portugal e, sobretudo, no estrangeiro (em salas de grande prestígio e em criteriosos canais de televisão) servem para confirmar o altíssimo gabarito do intérprete e revelar os seus talentos enquanto arranjador e compositor. Efectivamente, a par das dezenas de transcrições que fez (muitas das quais estão publicadas em pauta e em CD na "Silvestre Fonseca Collection", pelas London Guitar Studio Publications, de Londres, e pelas Éditions Soldano, de Paris), Silvestre Fonseca compôs de raiz várias peças para ou com guitarra clássica. Seis delas fazem parte do alinhamento do CD "Olhares" (1998), e uma tem por título "Balada de um Outono". Uma composição para guitarra e violino, muito bela e impregnada de nostalgia, logo perfeitamente adequada para assinalar o começo da presente estação outonal (no hemisfério norte, bem entendido). Estando nós cientes de que muitos a desconhecem, esperamos proporcionar aos leitores/visitantes do blogue "A Nossa Rádio" uma agradável descoberta. Boa escuta!<br />
<br />
Apesar de ser um artista de invulgar categoria e da sua discografia incluir repertório perfeitamente enquadrável em qualquer das três antenas nacionais da rádio pública, Silvestre Fonseca tem sido, pura e simplesmente, ignorado por quem escolhe a música que passa naqueles canais. Ora tal atitude de persistente boicote (não se trata de distracção momentânea e fortuita) é de todo intolerável numa estação cujo financiamento os cidadãos são chamados a assegurar (coercivamente e sob o pretexto de beneficiarem, em troca, de serviço público). Haja, pois, mais consideração pelos bons artistas, a quem o país muito deve pelo relevante contributo que deram para o enriquecimento da música/cultura portuguesa, e haja mais respeito pelos pagantes da contribuição do audiovisual!<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Balada de um Outono</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/sfo-0001/SFO0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Música: <b>Silvestre Fonseca</b><br />
Intérprete: <b>Silvestre Fonseca</b>* com <b>David Wahnon</b> (in CD "Olhares", Movieplay, 1998)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/M2UAH21D2Ys" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
(instrumental)<br />
<br />
<br />
* Silvestre Fonseca – guitarra clássica<br />
David Wahnon – violino<br />
<br />
Produção – Silvestre Fonseca<br />
Gravado na Sala da Pedra, Quinta da Aldeia, Vila Nova da Caparica, em Fevereiro de 1998<br />
Engenheiro de som – José Manuel Fortes<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/Silvestre-Fonseca-Guitar-502939090106079/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/Silvestre-Fonseca-Guitar-502939090106079/</span></a><br />
<a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-3/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-3/</span></a><br />
<a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-2/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-2/</span></a><br />
<a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca/</span></a><br />
<a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-4/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-4/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/channel/UCk8pYbl-i1lhZILF4MP6uhA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/channel/UCk8pYbl-i1lhZILF4MP6uhA</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UC0FzmvBAZe5GFPybKw_3xDQ" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UC0FzmvBAZe5GFPybKw_3xDQ</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCoibqv76X636Yqt0HUyWBuA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCoibqv76X636Yqt0HUyWBuA</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFA6jj-k3nDO0655TsWLrdh_aD-9WzRiVJZp0NKfrB6MMmyZt40RKFwf5jo7HAWCIMMxuwzlj-7i3GFQpf5e0h3JUiTuhfdWZ3jsgIlaPeJAyqspcmLF6Qecy7UwTz7ztM8RyGcf7pa5Sh_cd1m_JQXu5o0lAeker6_gU9Y5tqKLqRAj7bO6x-/s1600/Silvestre_Fonseca_-_Olhares_1998.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1424" data-original-width="1425" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFA6jj-k3nDO0655TsWLrdh_aD-9WzRiVJZp0NKfrB6MMmyZt40RKFwf5jo7HAWCIMMxuwzlj-7i3GFQpf5e0h3JUiTuhfdWZ3jsgIlaPeJAyqspcmLF6Qecy7UwTz7ztM8RyGcf7pa5Sh_cd1m_JQXu5o0lAeker6_gU9Y5tqKLqRAj7bO6x-/w400-h400/Silvestre_Fonseca_-_Olhares_1998.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Olhares", de Silvestre Fonseca (Movieplay, 1998)<br />
Fotografia – Roberto Giostra<br />
Design gráfico – Dupla<br />
<br />
_______________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório alusivo ao Outono:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/celebrando-maria-teresa-de-noronha.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Maria Teresa de Noronha</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/09/max-outono-na-cidade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Max: "Outono na Cidade"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/09/jorge-cravo-outono-beira-rio.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Jorge Cravo: "Outono à Beira-Rio"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/09/diabo-sete-outono-embargado.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Diabo a Sete: "Outono Embargado"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/09/jose-medeiros-outono-adiado.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Medeiros: "Outono Adiado"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/09/anibal-raposo-balada-de-outono.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Aníbal Raposo: "Balada de Outono" (Álamo Oliveira)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-23173844190217247402023-09-13T23:53:00.014+01:002024-01-16T19:09:10.175+00:00Poesia trovadoresca adaptada por Natália Correia<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7_ZNGUCGj_eKWb-fg7XHhpAO46418WhqwetNbjQhpVSaw9wzHOdsmmtIPWKTk3U0RHFQwKp_LIMA9kC_7eqN_qAcqb2oIxAgA7kySXOwq_6BitT1wZ-7pSIIJ8DFRBWPzaEVUN6vzQvsRJHoZK8Hx8lE4UmuMOhvQSXdQXeSJJlcwt5wiF38g/s1600/Cancioneiro_da_Ajuda_-_Iluminura_119_21.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="517" data-original-width="517" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7_ZNGUCGj_eKWb-fg7XHhpAO46418WhqwetNbjQhpVSaw9wzHOdsmmtIPWKTk3U0RHFQwKp_LIMA9kC_7eqN_qAcqb2oIxAgA7kySXOwq_6BitT1wZ-7pSIIJ8DFRBWPzaEVUN6vzQvsRJHoZK8Hx8lE4UmuMOhvQSXdQXeSJJlcwt5wiF38g/w400-h400/Cancioneiro_da_Ajuda_-_Iluminura_119_21.jpg" width="400" /></a><br />
Iluminura do "<b>Cancioneiro da Ajuda</b>" representando um nobre (possivelmente trovador) sentado, um jogral tagendo viola d'arco e uma soldadeira tocando pandeiro redondo de soalhas exteriores [>> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/iluminura.asp?img=A_119_21" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>].<br />
A imagem encontra-se no canto superior esquerdo da página onde estão grafadas a cantiga n.º 82, "<a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=174" target="_blank"><span style="color: blue;">De quantos mui coitados som</span></a>", e a parte inicial da cantiga n.º 83, "<a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=175" target="_blank"><span style="color: blue;">Pois contra vós nom me val, mia senhor</span></a>", ambas da autoria do trovador castelhano Pero Garcia Burgalês (Séc. XIII). Foi reproduzida, ainda que parcialmente e retocada, nas capas do LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", de Natália Correia (Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974), e da 3.ª edição (1998) do livro "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", de <b>Natália Correia</b> (Editorial Estampa). [capas >> ao fundo]<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: medium;"><b>CANTARES DOS TROVADORES: INTRODUÇÃO</b></span><br />
<br />
Por: <b>Natália Correia</b><br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5j1mT79UiLebTwWOe8eIMo8G7fVIuwmlklZn3S9HYHhM52rK7ggzEhw3E2G4j2N7bYPjPCRvtxdRk_z4AIpSlBfcRnpETs1j-pINpjjXPvOWZq_3c0HCHSoz99MLsOEBGzHG-QekreyTC_Agh-D8aR-byJFeaQSIQrP4vwGEt_cLOohFHPSlT/s1600/Natalia_Correia_c_Nuno_Calvet.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="787" height="366" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5j1mT79UiLebTwWOe8eIMo8G7fVIuwmlklZn3S9HYHhM52rK7ggzEhw3E2G4j2N7bYPjPCRvtxdRk_z4AIpSlBfcRnpETs1j-pINpjjXPvOWZq_3c0HCHSoz99MLsOEBGzHG-QekreyTC_Agh-D8aR-byJFeaQSIQrP4vwGEt_cLOohFHPSlT/w210-h320/Natalia_Correia_c_Nuno_Calvet.png" width="240" /></a><br />
<br />
Na constelação das novas atitudes espirituais que se encapelam na Renascença do século XII, sobressai uma revolucionária concepção do amor, enraizada na descoberta do espírito feminino.<br />
O amor trovadoresco, no qual há que situar a génese da ideologia amorosa do Ocidente, tem merecido a quantos se debruçaram sobre o assunto uma investigação que incide sobre a questão das origens, sem dar o verdadeiro realce a uma motivação psico-sociológica que não pode ser ignorada, na base da tendência individualista que sumamente caracteriza esse novo código da sentimentalidade ocidental.<br />
À luz deste critério, a rivalidade das teses que pretendem iluminar as origens passa a segundo plano, sendo em princípio todas aceitáveis como pressões culturais, havendo que considerar antes do mais a originalidade da temática trovadoresca e o porquê da sua deflagração revolucionária, no seio de uma sociedade teocrática que devia sentir-se prejudicada por um ideal que canalizava a fervorosa religiosidade medieval para um verdadeiro culto prestado à mulher.<br />
Efectivamente, as teorias que focam a génese do amor cortês, muito embora esclarecedoras no que respeita a um contributo formal para a consumação da poética trovadoresca, deixam na sombra os pressupostos éticos sem os quais é inapreensível a substância desse florescimento poético.<br />
O conhecimento que os trovadores do Languedócio tinham dos elegíacos latinos da época clássica pode sugerir uma influência de Ovídio, ou até mesmo, como admite Vossler, de Catulo, Propércio e Tibulo, na lírica provençal. Se aceitarmos que os trovadores eram iniciados na Retórica, é perfeitamente indicado enquadrar alguns dos temas convencionais do lirismo ocitânico numa topologia clássica. A adopção do tópico nobreza de alma (há uma nobreza de alma que nada tem a ver com o nascimento do homem) adapta-se ao conceito de amor cortês, que vê no amor uma fonte de enobrecimento da alma, podendo, pela exaltação amorosa, o vilão tornar-se cortês. Também a enumeração das virtudes (mesura, prez, formosura, riqueza), qualidades que os trovadores atribuem à dama, corresponde aos esquemas estabelecidos pela <i>epideixis</i>, usados, desde a época helenística, para o panegírico dos soberanos. Mas, se é plausível uma contaminação retórica, através do lirismo amoroso dos poetas médio-latinos, particularmente do lirismo clerical de Angeres, que acusa a influência da arte amatória de Ovídio, essa aproximação não excede a decoração estilística.<br />
A diferença substancial consiste no facto de os antigos considerarem o amor uma enfermidade dos sentidos, elemento de desequilíbrio para o indivíduo, enquanto que para os trovadores é um transporte espiritual que sobrevoa a realidade física e uma via de salvação, como se depreende do tópico <i>morrer de amor</i>.<br />
É certo que, no século XI, os árabes da Andaluzia conheceram os temas primordiais dos poetas ocitânicos: O pseudónimo poético da mulher; uma concepção idêntica da <i>joy</i> trovadoresca, em oposição ao amor doloroso; o custódio da mulher ao serviço do marido ou do rival; o detractor dos amantes responsável pela sua desdita, contra o qual o enamorado desafoga a sua aversão; a superioridade do ser amado; o serviço amoroso; e o amor sem recompensa. Note-se, contudo, que era na prosa ou nos poemas clássicos, cuja estrutura não oferece paralelo com a canção provençal, e não no <i>jezel</i>, formalmente mais próximo daquela forma estrófica, que os poetas árabes derramavam os acentos de um amor platónico que, expandido entre as elites muçulmanas depois das traduções dos sírios cristãos nos séculos VIII e IX, não deixa de coincidir com a ascese amorosa dos trovadores do Sul da França. Mas, mesmo que aceitemos uma ressonância trovadoresca dos temas idealistas dos árabes platonizantes, o amor provençal separa-se daqueles quando elege a mulher como único objecto capaz de acordar a alma para o seu destino metafísico, enquanto que a voluptuosa ascese árabe faz concessões ao conceito platónico da virtude como privilégio viril, atribuindo também à beleza masculina um valor cósmico e ontológico.<br />
Também a tese folclórica oferece um fundamento à erótica provençal, uma vez que encaremos esta como o progresso de uma exaltação sensual para uma mística do amor.<br />
Admitindo o trânsito da poesia popular jogralesca, vestígio da alegria pagã das festas de Maio, para o produto requintado do lirismo cortês, são explicáveis a <i>joy</i> trovadoresca, através da qual os trovadores exprimem a exaltação que o amor produz nas almas bem formadas, assim como a invocação primaveril propiciatória do amor que muitas vezes encabeça a canção, a qual seria uma cristalização dos refrãos cantados nas festas primaveris. Mas, sobretudo, teríamos a chave do enigma proposto pelo amor adulterino tão glorificado pelos trovadores, dado que a licenciosidade dos cantos eróticos, que traziam o selo da euforia orgiástica das antigas Floralia, permite uma conexão com o conceito de amor livre e anticonjugal da poesia provençal.<br />
Se este ponto de vista é consistente no que respeita a <i>canção da mulher</i>, adquirindo transparência na paralelística feminil do lirismo galego-português, perde força em face do carácter subjectivo e aristocrático da canção cortês, deixando por desvendar o cerne da ideologia que a inflama.<br />
Mais sólida, na medida em que serve a questão levantada pela sublimação da mulher, é a tese litúrgica que vê na motivação primaveril da canção trovadoresca uma projecção profana dos hinos pascais. A <i>joy</i> seria uma transposição do gáudio pascal, a alegria provocada pela ressurreição ide Cristo, que simboliza a ressurreição da natureza festejada no antigo culto de Vénus.<br />
A tese litúrgica possibilita, realmente, a clarificação de certos traços marcantes do lirismo amoroso dos poetas provençais. A idealização da mulher explicar-se-ia pelo culto de Maria, celebrada na poesia litúrgica. A adoração da amada corresponderia à prosternação do cristão diante da Virgem. A descrição das graças corporais da dona seria o reflexo do ideal estético da escultura gótica inspirada pela ascese cristã. Finalmente, o apelo à mulher como medianeira traduziria o valor medial entre o homem e a divindade, atribuído à Mãe de Deus. Mas a fraqueza desta teoria reside na impossibilidade de solucionar o tema do <i>marit-gilós</i>, cuja ira o amante evita ocultando o nome da mulher, não logrando conciliar o culto marial da amada com o conceito adulterino dos transportes trovadorescos.<br />
Este elemento tão acentuado no amor cortês diminui as possibilidades de um ponto de partida litúrgico, dando certa verosimilhança a uma possível aproximação do amor provençal e da heresia cátara que, pela mesma altura, triunfou no Sul da França.<br />
Partindo do princípio de que a bondade de Deus não comportava a criação do mundo da matéria, os cátaros acreditavam que este era obra de um segundo deus, o deus do mal. A moral cátara tira todas as conclusões lógicas deste antagonismo do espírito e da matéria, proclamando que, sendo tudo o que é terrenalmente criado obra demoníaca, dar vida a uma criatura é enriquecer a milícia do deus do mal. Contudo, os cátaros não podiam opor-se à união sexual, visto que, aceitando a doutrina das reincarnações sucessivas, era na terra que se operava a evolução da humanidade, até ser conseguida a transformação completa dos corpos. O casamento, sacramentando os laços carnais de origem satânica, era abominado pelos Perfeitos que preferiam o amor livre, concedendo-o aos Crentes porque, sujeitos à sua condição luciferina, não podendo alterar a sua sorte nesta vida, gozavam de liberdade sexual. Aqui é-nos possível estabelecer um paralelo entre a gnose cátara e a ascese amorosa dos trovadores. Presa dos desejos carnais, causa principal das reincarnações, o Crente só tinha um recurso: espiritualizar o desejo, sublimação essa que resultava num esforço para fugir à fatalidade material das reincarnações sucessivas. Por um amor adulterino de natureza casta, reabilitava-se o pecado de um casamento que seria expiado no castigo de inevitáveis reincarnações.<br />
De facto, a observância cátara de uma abstinência de carácter metafísico apresenta impressionante semelhança com o amor puro dos trovadores que não deve diluir-se no desejo, como se a tentação amorosa não tivesse outro valor senão o de ser superada. Tal é a definição que Uc de Saint-Cir nos dá da paixão trovadoresca, descrevendo-a em termos que a permitem relacionar com o amor purificador dos cátaros: A aparição da amada, cuja imagem o homem já conhece (doutrina cátara da reminiscência da bissexualidade celeste dos corpos espirituais, antes de terem incarnado em corpos de lama), liberta-o do desejo e é o espelho onde o amante se reconhece e esquece o seu corpo. Neste momento ele deve morrer, pois contemplou a que salva aquele que qualquer outra morte fará perecer.<br />
O apoucamento do laço matrimonial como obstáculo de um amor desinteressado — tal é o juízo de Maria de Champanhe quanto a apurar-se se o casamento pode comportar um verdadeiro amor — é outro elo que liga as leis do amor cortês à concepção cátara do pecado conjugal. Por fim, os trovadores têm ainda em comum com a heresia cátara o terem sido perseguidos pela Igreja que, em 1209, confiou a Simão de Monfort o extermínio da seita herética apoiada pelos senhores do Sul. Esta coincidência não constitui aliás uma prova decisiva de que os poetas provençais fossem membros da Igreja Cátara. Para justificar a supressão da cultura trovadoresca pela Igreja, bastava a esta a virulência das sátiras anticlericais dos poetas da língua de oc, assim como o escândalo de um ideário amatório que se subtraía à tutela moral da Igreja.<br />
Apesar destas analogias tentadoras, o ideal trovadoresco tem de ser encarado como um fenómeno independente do catarismo, ainda que ambos possam apresentar sinais da influência comum de uma mesma atmosfera mental.<br />
Para os trovadores, é através da beleza feminina que o amor supremo (o Espírito) toca o coração do homem. Pela fidelidade à amada, o amante propõe-se reencontrar o Espírito que ela incarna. O amor é, pois, a possibilidade feminina do destino glorioso do homem. Esta sublimação da mulher, na qual o valor da masculinidade se anula, não se ajusta ao antifeminismo da teoria cátara das reincarnações, segundo a qual a última incarnação devia dar-se no corpo de um homem, para que a salvação fosse possível. Mesmo no plano metafísico, os cátaros mantinham o conceito da superioridade masculina, considerando os homens anjos do terceiro céu, enquanto que as mulheres não passavam de anjos do segundo céu. Tal concepção invalida a acção da doutrina cátara como suporte dos ideais trovadorescos, dado que não é concebível que o homem possa reconhecer a excelência da sua superioridade naquilo que lhe é inferior, e muito menos daí esperar a salvação.<br />
Para além deste argumento, há que pôr em causa a fenomenologia do lirismo trovadoresco, que é uma emergência da subjectividade, o transporte de um arrebatado individualismo. Tanto basta para que se desconfie ser a poesia ocitânica a fabricação de um compromisso doutrinário, o que é admissível para o género realista (o serventês), mas inadequado a uma poesia que se impõe como puro produto vivencial.<br />
Nenhuma das teses apontadas se dirige ao núcleo da erótica trovadoresca, centro esse que deve ser desvendado na situação histórica do homem do século XII que, pela intensificação do individualismo, opõe a uma cultura ortodoxa um ideal de liberdade que anuncia a Renascença. Mas perguntar-se-á: Por que razão este objectivo de abrir novos horizontes ao espírito humano se formaliza num conceito de amor no qual a feminilidade projecta a luz de uma supremacia espiritual? A isto tentaremos responder, analisando a dialéctica do amor e do homem no mundo ocidental.<br />
<br />
★<br />
<br />
A distinção que Platão faz entre o amor popular e sensual, apanágio dos homens vulgares escravos da atracção feminina, e a comunhão espiritual, o amor dos sábios que estimam as virtudes espirituais do homem, transmite-se à mentalidade cristã sob a forma de uma conflituosa antítese da carne e do espírito.<br />
O postulado platónico fundamenta-se na concepção da inferioridade mental da mulher que, por carência de dons intelectuais, não pode inspirar um amor que Platão define como procriação do espírito. Esta noção enquadra-se nos valores do mundo grego, no qual se afirma uma violenta afirmação da superioridade viril, com reacção contra uma cultura pré-helénica de estrutura matriarcal. Sob o advento do pensamento cristão, esta situação da inferioridade da mulher não se altera substancialmente, porque, se ela sofre uma dignificação que corresponde à glorificação espiritual da Virgem em cujo seio o Verbo se faz carne, a moral cristã conforma-se, no plano social, com o rebaixamento da mulher, herdado da mentalidade grega.<br />
Mas o cristianismo vem agravar a cisão do homem dividido entre o espírito e a carne, acrescentando a noção de pecado. Chegamos ao ponto onde nos parece transparecer a estratégia psicológica das forças moralizadoras que, sob essa máscara, dissimulam um projecto de domínio sobre o indivíduo.<br />
Sendo eticamente interdito ao homem o consórcio da carne e do espírito, por aviltamento daquela e exaltação deste, satisfaz-se o indivíduo em regime de pluralidade, satisfação essa sempre unilateral, na qual um dos níveis do ser fica sempre prejudicado. Ao seguir a voz do instinto, entrega-se o homem à angústia do pecado. Ao comprazer-se na fantasmagoria de um amor celestial que repudia o sexo, conhece o desespero da sua natureza insatisfeita. Num e noutro caso, o objecto do seu interesse parece-lhe demasiadamente pequeno para responder à sua inata e imensa necessidade de paixão, que é a saudade do seu ser integral que se realiza na complementaridade. Este comportamento, que é a impossibilidade de o homem realizar a sua síntese, corresponde a uma desordem interior, porque o homem que não se encontra, que não se unifica, vive em desordem e, se vive em desordem, não é livre. Só aquele que conhece a ordeira plenitude de uma identificação, na qual o ser se reconhece, pode legitimamente considerar-se livre. Este resistirá às pressões externas que personologicamente o despromovem. Vive em regime de androginato, de unificação, e não teme enfrentar a autoridade paterna do deus, assim como o estatuto terreno que a reflecte.<br />
Não é por acaso que aludimos ao mito do andrógino que Júpiter separou em sexos, porque temia que eles conquistassem o céu. Se transpusermos este mito para a sociedade, o poder teocrático, que se autoriza com a autoridade divina, é-nos dada a razão de uma persistente oposição à unificação do separado que, uma vez reunido, é mais forte que a divindade. Eis o motivo por que o amor é concebido como agente de subversão, e não é outro o significado do par Tristão e Isolda, cuja paixão é o entusiasmo da impossibilidade social de o amor triunfar.<br />
O amor cortês, pelo seu carácter herético e revolucionário, insere-se num complexo ideológico, que determina a Renascença e a Reforma, surgindo como a síntese encontrada pelo homem pré-renascentista para se furtar a um poder desfigurante da sua individualidade<br />
É no século XII que ganha consistência a lenta elaboração medieval, iniciada com o humanismo carolíngio, de uma mentalidade que renova a cultura da Antiguidade que descobre a natureza e a força libertária do individualismo, constituindo-se a génese da nossa civilização. Precisamente nesta época afirma-se uma individualidade intelectual que desabrocha com o exercício apaixonado da dialéctica. Abelardo funda o racionalismo medieval. A razão suspeita do pensamento dogmático, e o que era indiscutível passa a ser problemático. Béranger de Tours leva a sua argumentação dialéctica ao ponto de negar a transubstanciação e o dogma da Eucaristia. O optimismo naturalista da Escola de Chartres culmina no humanismo pagão de Bernardo Silvestre. Os <i>clerici vagantes</i> cantam a volúpia dos prazeres terrestres, libertando-os do estigma do pecado, parodiando os Evangelhos, as orações e os ofícios e criticando a venalidade, a imoralidade e a hipocrisia do clero. Um florilégio de poesia erótica latina, de inspiração ovidiana, coloca-se sob o signo da lasciva Afrodite. A controvérsia das escolas conturba os espíritos, e essa agitação ganha o grande público sob a forma das heresias populares. O povo crê que o Espírito Santo, cujo reino fora anunciado para 1260, incarnará numa mulher, afrontando o antifeminismo do dogma oficial. Uma cultura secular dirige a vida individual e social segundo princípios que se afastam da esfera rigorosa do cristianismo ortodoxo e se manifesta de forma mais vital e mundana no Sul da França.<br />
Esta região oferecia condições privilegiadas para o florescimento de uma cultura adequada a um forte individualismo. Uma acentuada civilização urbana desenvolve-se no Meio-Dia, onde as cidades tinham independência política análoga às Repúblicas italianas. Um desenvolvido regime municipal fomentava potentes focos mercantilistas. A divisão da propriedade era mais racional. Uma forte impregnação do Direito Romano, que sobrepõe os direitos do indivíduo à força do contrato e à sujeição jurada, tornava mais ténues os laços feudais. Um intenso tráfico portuário de importação e exportação proporcionava uma opulência na qual os burgueses competiam com os nobres. A independência económica estimulava as tendências individualistas do meridional. Finalmente, a mulher beneficiava de uma situação jurídica que estabelecia a igualdade de direitos de herança para os dois sexos, estando as suas terras fora do serviço feudal.<br />
Se juntarmos a esta civilização de cunho liberal a predisposição psicológica do homem ocitânico para uma cultura subordinada às exigências secretas do íntimo, uma cultura da alma, compreende-se que a ardorosa reivindicação dos direitos do indivíduo, em luta com a administração moral da Igreja, tenha tomado a forma subjectiva da expressão poética. Recorrendo ao real absoluto da poesia, o homem explora um mundo de liberdade que lhe é vedado pelo poder, sobrepondo-se às contingências da argumentação controversa de uma posição lógica.<br />
Resta contudo por explicar o facto de o amor cortês afirmar a sua originalidade através da apaixonada visão da superioridade da mulher, o que de modo algum traduz a sua situação real, condicionada pela tradição greco-cristã.<br />
<br />
★<br />
<br />
O amor trovadoresco não exprime um ajustamento da realidade e do conceito do amor e do amar, mas é um conceito que quer operar sobre a realidade, transformá-la, ou seja, converter a situação passiva da mulher em princípio activo, a mulher que inspira o amor que integra a personalidade do homem, a fim de que este reconquiste a sua natureza una, perdida na pluralidade que o escraviza à autoridade desnaturante. Nestes termos, a valorização do princípio feminino, a exaltação do amor como portador do valor da unificação que liberta, é uma arma de combate contra a autoridade que oprime o livre exercício da individualidade.<br />
Torna-se assim compreensível que as épocas em que o homem quer reconquistar a sua natureza perdida na teia das leis deformantes assumam um carácter que Rattray Taylor <i>(Il Sesso nella Storia)</i> define como tendência matrista.<br />
Muito embora R. Taylor não aprofunde o substrato psicológico da sua observação, limitando-se a destacar uma evidência que ressalta dos movimentos empenhados em libertar o homem da sua dependência das leis opressivas da moral, a sua análise surpreende curiosas significações de uma identificação com o símbolo materno, quando nos diz o seguinte: Quer o trovadorismo quer o Romantismo, que daquele retoma o tema da liberdade através da ascese amorosa, doutrina que tem por núcleo a mulher, são reacções contra uma identificação paterna, na medida em que esta representa o princípio da autoridade, o espírito das leis mediante as quais se exercem os imperativos de um mundo patriarcalmente organizado. Esta atitude implica uma inconsciente preocupação pelo incesto na literatura romântica; a simpatia pelo liberalismo político e a aversão à tirania, que os trovadores relacionam com a Igreja e os Românticos com o absolutismo dos governos; e a rebeldia contra Deus, como princípio absoluto masculino, justificação transcendente da autoridade paterna na Terra.<br />
Mas por que razão o movimento para a liberdade no homem subentende uma vinculação ao princípio feminino, entronizado na figura mítica da Mãe?<br />
Mergulhamos assim na psicologia das profundezas, na qual o amor é anterior ao sexo, não emergindo de uma cripto-sexualidade, mas derivando de um instinto de autoconservação.<br />
Como motivação primordial dos sentimentos de ansiedade e de satisfação, depara-se-nos aquilo que Ian D. Suttie <i>(The Origins of Love and Hate)</i> chama o amor dependente da mãe. Na primeira fase da mentalidade infantil, a criança não pode apreciar-se como ser distinto da mãe. Quando descobre gradualmente o seu corpo, relacionando movimentos com sensações e o desejo com o acto, por contraste com o próprio, distingue-se o não-próprio (a mãe), que se torna poderoso pela sua capacidade de satisfazer ou deixar insatisfeitos os desejos do próprio. Estabelece-se assim uma relação emocional com base no instinto de conservação, que é o elemento psíquico do amor.<br />
Esta estratificação infantil da segurança incarnada na mãe, projectando-se na vida social do adulto, torna-se premente sempre que o homem conhece a ansiedade de uma situação em que a sua natureza sofre o vexame de leis que ameaçam o seu sentido de conservação individual. Numa sociedade que não satisfaz o indivíduo, desde que organizada segundo os desígnios masculinos, é contra estes que se insurgirá o inadaptado, convertendo-os em objecto de ódio, porque representam aquilo que separa o homem da mãe, que é a fonte da sua conservação. Daí um movimento de simpatia mental pelo princípio materno.<br />
Esta opção, que é a defesa vital do indivíduo socialmente inseguro, quer dizer, quando a cultura e a realidade humana se não coadunam, explica as tendências matristas das épocas que valorizam o amor (a relação emocional com o mundo através da mãe) como elemento de subversão das normas que sufocam o indivíduo. É o momento em que a imaginação se compraz em desencantar os tesouros da Natureza redentora, trazendo à luz da consciência o arquétipo da Grande Mãe partenogenética, a que autoconcebe sem intervenção do elemento masculino e que representa a substância, o princípio estável em cujo seio se gera o filho, que é o contínuo instável, o que incessantemente morre e renasce.<br />
A procura da estabilidade no mundo instável é, em última análise, a determinante deste impulso para a mãe, que se traduz na estima apaixonada e intelectual das virtudes femininas.<br />
Esta perspectiva ajuda-nos a penetrar no conteúdo da topologia literária do amor cortês.<br />
Na sua doutrina antimatrimonial do amor, Maria de Champanhe diz-nos que os amantes dão reciprocamente, sem que os mova o menor constrangimento, ao passo que os casados se obrigam, por dever, a não se recusar coisa nenhuma. Daqui ressalta a eleição do que é natural e a dignificação da recusa ao artifício instituído pelo poder. O amor adulterino, que não podia deixar de constituir escândalo, se não configurasse um enleio idealista, traduz o objectivo de amesquinhar a <i>potestas</i> marital, subestimando o poder legal do homem sobre a mulher, ou seja, a sua acção possessiva sobre a natureza.<br />
Por outro lado, o pseudónimo poético da mulher — o <i>senhal</i> —, se é um imperativo de descrição em relação ao marido ciumento, revela-nos também como que uma renúncia ao orgulho do amante que não pode vangloriar-se dos favores concedidos pela dama. De facto, a paixão que emociona os poetas provençais dirige-se acima de tudo contra o orgulho e o egoísmo masculinos, que se anulam em face de um amor que reflecte o valor da alma feminina, que é adorada pelo homem numa humildade total. É um amor que se intensifica na destruição da virilidade, ou melhor, dos aspectos típicos que esta assume numa cultura patrista.<br />
A fidelidade, encarada como emblema de eleição espiritual, a glorificação do amor único, indica, por sua vez, a voluntária concentração dos interesses psíquicos, físicos e espirituais num só objecto, cuja superioridade apaixonante fortalece a coesão do sujeito, isto é, a ordem interior que lhe permite opor-se às leis que não espelhem a estatura da sua individualidade.<br />
Finalmente, bastante significativo, no que respeita à abdicação ascética da masculinidade, é o tema da piedade que constantemente aparece nessa poesia que adopta o tom de uma prece dirigida pelo crente à divindade.<br />
Para os trovadores, a piedade feminina é a mais alta virtude que o amor confere à mulher. Recusar a <i>merci</i> ao cavaleiro que ama devotadamente é um pecado mortal, pois que a sua salvação depende de um gesto desse amor misericordioso que é o valor supremo do amor feminino. Dir-se-ia que o trovador, em cuja consciência se repete a metamorfose crística da morte e da ressurreição, quer dizer, o homem que morre para uma mentalidade dogmática e quer renascer através de uma atitude libertária que inicie uma cultura de harmonia com o ser, exalta na mulher a maternidade inefável da Piedosa. Ela representa o seio da matéria, ao qual o filho se acolhe sempre que for ressurgir das próprias cinzas. E este é o caso do homem da Renascença do século XII que, na poesia, como receptáculo das forças inconscientes, faz explodir a tendência geral da época, para promover o nascimento do homem novo.<br />
<br />
★<br />
<br />
[...]<br />
Para alguns será um alarme esta iniciativa de dar acesso à nossa poesia medieval mediante uma actualização que transgride as regras da vigilância erudita que a monopoliza. Entendemos, porém, que os esclarecimentos filológicos, por mais úteis e respeitáveis que sejam, não encurtam a distância que separa o leitor actual de uma poesia cuja divulgação é um dado fundamental para a compreensão histórico-literária da poesia portuguesa. Atrevemo-nos por isso, em nome de uma cultura que não deve ser privilégio de iniciados, mas o património de um povo que a tornou possível, aduzir aos valiosos estudos que têm iluminado essa alvorada da nossa literatura uma interpretação poética que não só é exigida pela natureza do género como vem reanimar um corpo poético entorpecido pelo peso da camada lexical que o rouba à vida.<br />
Se são consideradas legítimas as transcrições em prosa que tornam explícito o conteúdo desses poemas, com muito mais razão se justifica a transposição para uma linguagem poética, na qual tivemos o cuidado de salvaguardar, sempre que possível, a fidelidade ao esquema formal das cantigas, a fim de estabelecer maior proximidade entre o original e a sua versão actualizada. Cremos, assim, ter conseguido conciliar a legibilidade do texto com a conservação de um estilo que, a não ser respeitado, nos desviaria da atmosfera peculiar da poesia galego-portuguesa.<br />
[...]<br />
<br />
(in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Selecção, introdução, notas e adaptação de <b>Natália Correia</b>, Editorial Estampa, 1970 – p. 15-31 e 49-50)<br />
<br />
<br />
Ciente de que a poesia, ademais a trovadoresca, se torna viva e actuante quando recitada e/ou cantada, <b>Natália Correia</b>, ainda antes de publicar aquele livro, já recitava, entre amigos, adaptações suas de cantigas galaico-portuguesas. A primeira de que se conhece registo fonográfico foi a cantiga de amor "A Formosinha de Elvas", recitada em casa de Amália Rodrigues no serão de 19 de Dezembro de 1968, integrante do álbum "Amália/Vinicius", editado em 1970 [>> <a href="https://music.youtube.com/watch?v=UvE67cyl5Mc" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube Music</span></a>]. Empenhada nesse propósito de divulgação da primeva produção poética de Portugal e da Galiza a um público nela não iniciado, Natália levou a cabo a gravação de três álbuns inteiramente preenchidos com poesia trovadoresca: "Cantigas d'Amigos" (1971), com Amália Rodrigues e Ary dos Santos, "Alegre Eu Ando" (1972) e "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses" (1974). E no seu álbum "Improviso" (1973), feito em colaboração com o pianista e compositor António Victorino d'Almeida, também incluiu duas cantigas de trovadores do séc. XIII que interpretou cantando.<br />
Este precioso património fonográfico não é, hoje em dia, suficientemente valorizado e cultivado, pelo que achámos por bem debruçarmo-nos sobre ele, a pretexto do centenário do nascimento da autora de "Mátria", aproveitando para apresentar também uns quantos espécimes dispersos por discos de outrem, a maioria na forma cantada. Votos de boa celebração nataliana com a sua tão amada poesia trovadoresca!<br />
À laia de complemento ao texto acima transcrito, recomendamos vivamente o programa televisivo "A Poesia dos Trovadores", inserto na série "Neste Lugar Onde..." (1981), da autoria de Natália Correia [>> <a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/a-poesia-dos-trovadores/" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Arquivos</span></a>].<br />
<br />
No que à rádio pública diz respeito, começamos por dar nota do louvável cuidado do realizador Germano Campos ao assinalar a efeméride do centenário, por antecipação, consagrando a edição de domingo passado do seu programa "Café Plaza" (Antena 2) a Natália Correia, com excertos de entrevistas por ela concedidas a Francisco Igrejas Caeiro e a Maria José Mauperrin, e poemas com a marca nataliana, uns recitados e outros cantados [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p2556/e714396/cafe-plaza" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
No dia de hoje, apraz-nos registar a transmissão na mesma Antena 2 de poemas e excertos de textos em prosa de Natália Correia, uns recitados pela autora e outros nas vozes de Flora Miranda, Micaela Soares, Romi Soares e Sara Barros Leitão, estas acompanhadas ao piano por Pedro Almeida, no âmbito do recital "Poetas na Praça", gravado ao vivo, a 23 de Agosto de 2023, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p396/e713717/especial" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. E a fechar o dia, n' "A Ronda da Noite", pela mão de Luís Caetano, tivemos o grato prazer de escutar, em primeira audição, a gravação de uma sessão de poesia dada por Natália Correia no estúdio B da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington D.C, a 18 de Abril de 1978. Apesar do registo estar em bruto e do aparelho fonador da autora não se encontrar, na ocasião, nas melhores condições, foi um interessante momento de celebração nataliana [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p1299/e714586/a-ronda-da-noite" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
Desde 2 de Julho passado, igualmente na Antena 2, no espaço "Caleidoscópio" [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p330/caleidoscopio" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>], vem sendo transmitido, semanalmente, o ciclo "Em Que Ponto Estarei da Eternidade: Natália Correia, 100 Anos de Transversalidade", da autoria de Miriam Cardoso. A ideia de explorar, de modo mais amplo e aprofundado, a obra de tão marcante e importante figura da Cultura Portuguesa da segunda metade do século XX era excelente, mas a sua concretização tem-se revelado pífia. Mais de 80 % do tempo de cada episódio (que dura cerca de 55 minutos) tem sido preenchido com música, não tanto canções sobre poemas natalianos (que as há em quantidade e qualidade) mas mais obras de autoria alheia, com o predomínio de peças instrumentais. Não duvidamos que entre os compositores já incluídos no ciclo se contam alguns que eram predilectos de Natália Correia, como J.S. Bach, Beethoven e Fernando Lopes-Graça, mas temos sérias dúvidas de que a distinta livre-pensadora e lutadora pela liberdade gostasse de ver o seu nome associado a uns quantos, tais como Ruy Coelho (amigo de António Ferro e fiel servidor do Estado Novo, designadamente na companhia de bailado "Verde Gaio") e Carl Orff (apoiante do regime nazi, e ao qual prestou um relevante serviço ao concordar que a sua composição mais popular e impactante, "Fortuna Imperatrix Mundi", integrante da cantata cénica "Carmina Burana", fosse usada como instrumento de propaganda do III Reich). Além disso, a abordagem à obra de Natália Correia peca por ser bastante superficial e diletante, quase 'naïf', com erros de palmatória à mistura, como considerar que o PS venceu as primeiras eleições legislativas, em 1976, com maioria <u>absoluta</u>. O episódio menos mal conseguido foi o dedicado à poesia trovadoresca, em que esteve em destaque o álbum "Cantigas d'Amigos" [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p330/e706516/caleidoscopio" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Ainda assim foram cometidos dois erros crassos: situar o disco no ano de 1970 (impossível, porque foi gravado no Outono de 1971) e considerar que a cantiga "Na Ermida de S. Simeão", cantada por Amália, fora adaptada por Natália, quando na verdade quem fez a adaptação (e compôs a música) foi Alain Oulman (a gravação saiu primeiramente, sob o título de "Cantiga de Amigo", no álbum "Fado Português", de 1965). A versão nataliana do texto de Mendinho é a que apresentamos neste artigo recitada pela adaptadora. Enfim, quem estava à espera de conhecer, com o mínimo de rigor e sem ser pela rama, o poliédrico universo de Natália Correia, só pode sentir-se defraudado...<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Fui à Fonte Lavar os Cabelos</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0029/NCO0029.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=76" target="_blank"><span style="color: blue;">João Soares Coelho</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=709" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 167)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
Música: <b>Cristiana</b><br />
<br />
<br />
Fui à fonte lavar os cabelos,<br />
minha mãe; e gostei eu deles,<br />
e de mim também.<br />
<br />
Fui à fonte as tranças lavar;<br />
e das tranças pus-me eu a gostar,<br />
e de mim também.<br />
<br />
Lá na fonte, onde eu gostei deles,<br />
vi o dono dos meus cabelos,<br />
e de mim também.<br />
<br />
Lá na fonte, antes que eu partisse,<br />
gostei tanto do que ele me disse,<br />
e de mim também.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Cristiana – viola<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Captação de som – Hugo Ribeiro<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Fui à Fonte Lavar os Cabelos</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ama-0012/AMA0012.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=76" target="_blank"><span style="color: blue;">João Soares Coelho</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=709" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 167)<br />
Música: <b>Alain Oulman</b><br />
Intérprete: <b>Amália Rodrigues</b>* [grav. 1969, in CD "Com Que Voz (Remastered)", Edições Valentim de Carvalho, 2019]<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/IVvDDiFFHR4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Fui à fonte lavar os cabelos,<br />
minha mãe; e gostei eu deles,<br />
e de mim também.<br />
<br />
Fui à fonte as tranças lavar;<br />
e das tranças pus-me eu a gostar,<br />
e de mim também.<br />
<br />
Lá na fonte, onde eu gostei deles,<br />
vi o dono dos meus cabelos,<br />
e de mim também.<br />
<br />
Lá na fonte, antes que eu partisse,<br />
gostei tanto do que ele me disse,<br />
e de mim também.<br />
<br />
<br />
* Amália Rodrigues – voz<br />
José Fontes Rocha – guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Gravado por Hugo Ribeiro, nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos, em 1969<br />
Remasterizado por Jorge Barata<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A Formosinha de Elvas</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ary-0009/ARY0009.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=156" target="_blank"><span style="color: blue;">Vidal</span></a></b> [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1631" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 295)<br />
Recitado por <b>Ary dos Santos</b>* (in LP "Espiral Op. 70", Espiral/Decca/VC, 1969; Livro/8CD "O Mundo segundo Carlos Paredes: Integral 1958-1993": CD 2 - "Na Corrente", EMI-VC, 2003)<br />
Música: <b>Carlos Paredes</b><br />
<br />
<br />
Faz-me por ela morrer<br />
e traz-me desesperado<br />
alguém que dá gosto ver<br />
e de corpo bem talhado,<br />
por quem a morte hei-de ter<br />
como cervo lanceado<br />
que se vai do mundo a perder<br />
da companhia das cervas.<br />
Antes ficasse sandeu<br />
ou me embruxassem com ervas<br />
no dia em que me apareceu<br />
a tal formosinha de Elvas.<br />
<br />
Mais a morte me convém,<br />
pois da sensatez me queixo<br />
de quem desejo não tem<br />
de matar o meu desejo<br />
e me parece tão bem<br />
que cada vez que a vejo<br />
me lembra a rosa que vem<br />
saindo por entre as relvas.<br />
Antes ficasse sandeu<br />
ou me embruxassem com ervas<br />
no dia em que me apareceu<br />
a tal formosinha de Elvas.<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz<br />
Carlos Paredes – guitarra clássica<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Dom Fulano</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/jci-0003/JCI0003.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de escárnio): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1572" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b><br />
Música: <b>José Cid</b><br />
Intérprete: <b>José Cid</b>* (in LP "José Cid", Columbia/VC, 1971; CD "O Melhor de José Cid", EMI-VC, 1990; CD "O Melhor de José Cid", Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2008; CD "José Cid: Essencial", Edições Valentim de Carvalho/CNM, 2014)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Lt9Nk5Pybgs" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Estando Dom Fulano a tagarelar<br />
comigo, de tédio senti-me morrer,<br />
tantas as tolices que lhe ouvi dizer.<br />
Finalmente disse: «Tenho que ir deitar.»<br />
Respondi-lhe logo: «Se isso vos apraz,<br />
ide-vos embora que eu cá fico em paz.»<br />
<br />
Morrendo de tédio farto de o ouvir,<br />
fiquei muito tempo ali massacrado,<br />
já pestanejavam meus olhos de enfado.<br />
Finalmente disse: «Tenho é que ir dormir.»<br />
Respondi-lhe logo: «Se isso vos apraz,<br />
ide-vos embora que eu cá fico em paz.»<br />
<br />
Foi tagarelando pela noite fora<br />
e dentro de mim o tédio crescia,<br />
mas o maçador mal se apercebia.<br />
Finalmente disse: «Eu tenho é que ir dormir.»<br />
Respondi-lhe logo: «Se isso vos apraz,<br />
ide-vos embora que a mim tanto faz.»<br />
<br />
<br />
* José Cid – voz, órgão, bateria, viola baixo e piano<br />
Produção e direcção musical – José Cid<br />
Orquestrações – Pedro Osório<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Técnico de som – Hugo Ribeiro<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Serventês</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/lci-0020/LCI0020.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Serventês): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=11" target="_blank"><span style="color: blue;">Afonso X de Castela e de Leão, o Sábio</span></a></b> (1221-1284) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=498" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 193)<br />
Música: <b>Luís Cília</b><br />
Intérprete: <b>Luís Cília</b>* (in LP "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours 3", Moshé-Naïm, 1971)<br />
<br />
<br />
O que atravessou a serra<br />
e não quis servir a terra<br />
que ora se lança na guerra,<br />
o que fareça?<br />
Se em farejar tanto erra,<br />
maldito seja!<br />
<br />
O que arrecadou dinheiros,<br />
e não trouxe cavaleiros,<br />
e não quis ser dos primeiros,<br />
o que fareça?<br />
Se só vem com os derradeiros,<br />
maldito seja!<br />
<br />
Quem cobrou grande soldada<br />
mas nunca fez cavalgada,<br />
e não quer ir a Granada,<br />
o que fareça?<br />
Se tem fortuna ou mesnada,<br />
maldito seja!<br />
<br />
Quem muita manha meteu<br />
no saco e pouco de seu<br />
e em Veiga não se atreveu,<br />
o que fareça?<br />
Se a alma lhe amoleceu,<br />
maldito seja!<br />
<br />
<br />
* Luís Cília – voz e guitarra<br />
Produção – Moshé-Naïm<br />
Engenheiro de som – Daniel Vallancien<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Vim Esperar o Meu Amigo</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ama-0013/AMA0013.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (tenção)] de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=22" target="_blank"><span style="color: blue;">Bernaldo de Bonaval</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1152" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 87)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
Intérpretes: <b>Ary dos Santos</b> e <b>Amália Rodrigues</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ydhIUjIMcOk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
— Ai, formosinha, se me escutais,<br />
longe da vila, que procurais?<br />
— Vim esperar o meu amigo.<br />
<br />
— Ai, formosinha, se me atendeis,<br />
longe da vila, o que fazeis?<br />
— Vim esperar o meu amigo.<br />
<br />
— Longe da vila que procurais?<br />
— Sabei-o, já que o perguntais:<br />
vim esperar o meu amigo.<br />
<br />
— Longe da vila o que fazeis?<br />
— Sabei-o, já que o não sabeis:<br />
vim esperar o meu amigo.<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz (recitação)<br />
Amália Rodrigues – voz (canto)<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Vem Comigo, Irmã</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0009/NCO0009.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=37" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Esguio</span></a></b> (Sécs. XIII-XIV) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1327" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 265)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/j82YkMvd7xU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Vem comigo, irmã, iremos dormir<br />
nas margens do lago onde andar eu vi<br />
às aves, o meu amigo.<br />
<br />
Vem comigo, irmã, iremos folgar<br />
nas margens do lago onde eu vi andar<br />
às aves, o meu amigo.<br />
<br />
Nas margens do lago, onde andar, eu vi <br />
com o arco na mão as aves ferir,<br />
às aves, o meu amigo.<br />
<br />
Nas margens do lago, onde eu vi andar,<br />
com o arco na mão as aves matar,<br />
às aves, o meu amigo.<br />
<br />
Com o arco na mão as aves ferir;<br />
mas as que cantavam deixava-as fugir<br />
às aves, o meu amigo.<br />
<br />
Com o arco na mão as aves matar;<br />
mas as que cantavam deixava-as voar<br />
às aves, o meu amigo.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Perigosas Elas São</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ary-0010/ARY0010.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Serventês moral) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=11" target="_blank"><span style="color: blue;">Afonso X de Castela e de Leão, o Sábio</span></a></b> (1221-1284) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=484" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 189 e 191)<br />
Recitado por <b>Ary dos Santos</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/pjO_IG4rcWk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Não me posso agradar tanto<br />
do canto<br />
das aves nem de ambição<br />
nem de canseira ou paixão<br />
nem de armas com que me espanto,<br />
por quanto<br />
perigosas elas são,<br />
como de um bom galeão<br />
que me arrebate à vizinha<br />
maldição desta campina<br />
onde vive o escorpião;<br />
pois dentro, no coração<br />
dele senti a espinha.<br />
<br />
Não mais trazer barba e manto<br />
garanto;<br />
tampouco me enredarão<br />
do amor a inquietação<br />
ou armas que só quebranto<br />
e pranto<br />
são o fruto que elas dão.<br />
Antes quero embarcação<br />
que me leve e na marinha<br />
vendendo azeite e farinha<br />
fugirei do escorpião,<br />
já que para a peçonha não<br />
conheço melhor mèzinha.<br />
<br />
De lançar a tavolado<br />
agrado<br />
não tenho ou de bafordar;<br />
e se obrigado a rondar<br />
o faço de noite armado,<br />
enfado<br />
é o que tenho a lucrar.<br />
Partir e fazer-me ao mar<br />
prefiro a ser cavaleiro<br />
eu que já fui marinheiro<br />
e me quero resguardar<br />
de escorpiões e voltar<br />
àquilo que fui primeiro.<br />
<br />
Sabei que do Inimigo<br />
o perigo<br />
já me não pode enganar<br />
fazendo-me armas tomar.<br />
Pelejar não é comigo.<br />
Castigo<br />
não me vale imaginar<br />
se não o hei-de aplicar.<br />
Antes sozinho onde for<br />
como qualquer mercador<br />
outras terras procurar<br />
onde não me há-de acusar<br />
escorpião de vária cor!<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos, de 29 de Setembro a 1 de Outubro de 1971<br />
Captação de som e mistura – Hugo Ribeiro<br />
Restauro e remasterização (edição em CD) – Joel Conde, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Não sei eu, amigo, de quem padecesse</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0045/NCO0045.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=628" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 255)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/iCa5_ghWq2Q" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Não sei eu, amigo, de quem padecesse<br />
mágoas que padeço e que não morresse,<br />
senão eu, coitada, antes não nascesse,<br />
já que não vos vejo como merecia;<br />
Ah, quisesse Deus que eu vos esquecesse,<br />
amigo que vi em tão triste dia!<br />
<br />
Não sei eu, amigo, de outra que penasse<br />
penas como eu peno e as suportasse<br />
e que não morresse ou desesperasse,<br />
já que não vos vejo como merecia;<br />
Ah, quisesse Deus que eu vos não lembrasse,<br />
amigo que vi em tão triste dia!<br />
<br />
Não sei eu, amigo, de quem tal sentisse,<br />
e que assim sentindo o sol encobrisse,<br />
senão eu, coitada, a quem Deus maldisse,<br />
já que não vos vejo como merecia;<br />
Ah, quisesse Deus que nunca eu vos visse,<br />
amigo que vi em tão triste dia!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – saxofones<br />
Direcção literária – Alberto Ferreira<br />
Gravado nos Estúdios Polysom e Rádio Triunfo, Lisboa<br />
Captação de som e mistura – Moreno Pinto<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ah, Quisesse Deus</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ama-0014/AMA0014.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=628" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 255)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
Intérprete: <b>Amália Rodrigues</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/8EhtcLhncmE" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Não sei eu, amigo, de quem padecesse<br />
mágoas que padeço e que não morresse,<br />
senão eu, coitada, antes não nascesse,<br />
já que não vos vejo como merecia;<br />
Ah, quisesse Deus que eu vos esquecesse,<br />
amigo que vi em tão triste dia!<br />
<br />
Não sei eu, amigo, de outra que penasse<br />
penas como eu peno e as suportasse<br />
e que não morresse ou desesperasse,<br />
já que não vos vejo como merecia;<br />
Ah, quisesse Deus que eu vos não lembrasse,<br />
amigo que vi em tão triste dia!<br />
<br />
Não sei eu, amigo, de quem tal sentisse,<br />
e que assim sentindo o sol encobrisse,<br />
senão eu, coitada, a quem Deus maldisse,<br />
já que não vos vejo como merecia;<br />
Ah, quisesse Deus que nunca eu vos visse,<br />
amigo que vi em tão triste dia!<br />
<br />
<br />
* Amália Rodrigues – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Senhora, Que Bem Pareceis</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ary-0011/ARY0011.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de mestria) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=566" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 253)<br />
Recitado por <b>Ary dos Santos</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/AEIMoK98VH0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Senhora que bem pareceis,<br />
se de mim vos recordasse<br />
Deus que vos fez e mandasse<br />
que do mal que me fazeis<br />
me fizésseis correcção;<br />
quem dera, senhora, então<br />
que eu vos visse e agradasse.<br />
<br />
Ó formosura sem falha<br />
que nunca um homem viu tanto<br />
para meu mal e meu quebranto!<br />
Senhora, que Deus vos valha!<br />
Por quanto tenho penado<br />
seja eu recompensado<br />
vendo-vos só um instante.<br />
<br />
Da vossa grande beleza<br />
da qual eu esperei um dia<br />
grande bem e alegria,<br />
só me vem mal e tristeza.<br />
Sendo-me a mágoa sobeja,<br />
deixai que ao menos vos veja<br />
no ano, o espaço de um dia.<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">...E Pede-me Agora o Que Não Devia</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ama-0015/AMA0015.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=68" target="_blank"><span style="color: blue;">João Garcia de Guilhade</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=767" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 129)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
Intérprete: <b>Amália Rodrigues</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/1no63UJvUMU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Reparastes, donas, quando noutro dia<br />
o meu namorado comigo falou<br />
como se queixava? Tanto se queixou<br />
que lhe dei o cinto. Dei-lhe o que podia;<br />
e pede-me agora o que não devia.<br />
<br />
Vistes (antes nunca tal coisa se visse!)<br />
que à força de muito, muito se queixar,<br />
fez-me da camisa o cordão tirar;<br />
o cordão lhe dei; no que fiz tolice;<br />
e o que pede agora, antes não pedisse.<br />
<br />
Das minhas ofertas, João de Guilhade,<br />
enquanto as quiser, não o privarei,<br />
que muitas e boas já dele alcancei;<br />
nem lhe negarei minha lealdade.<br />
Mas de outras loucuras tem ele vontade.<br />
<br />
<br />
* Amália Rodrigues – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O Rapinante</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0010/NCO0010.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de escárnio) de <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=61" target="_blank"><span style="color: blue;"><b>João Airas</b>, de Santiago</span></a> (Sécs. XIII-XIV) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1500" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 237)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/jNBiocjufCw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Uma dama, não digo qual,<br />
não agoirou este ano mal<br />
pelas oitavas do Natal:<br />
ia ela a missa ouvir<br />
e ouvindo um corvo carniçal<br />
já de casa não quis sair.<br />
<br />
Ia a dama com devoção<br />
ouvir a missa e o sermão.<br />
Mas não podendo à tentação<br />
carnal do corvo resistir,<br />
logo mudou de opinião:<br />
já de casa não quis sair.<br />
<br />
Diz a dama: «mal me virá!<br />
Paramentado o padre está<br />
e a maldição me lançará <br />
se na igreja me não vir.»<br />
Diz o corvo: «vem cá! vem cá!»<br />
Já de casa não quis sair.<br />
<br />
Eis os agoiros que com espanto<br />
este ano ouvi; nunca durante<br />
a vida ouvira semelhante:<br />
ia à igreja mas ao sentir<br />
em cima dela o rapinante,<br />
já de casa não quis sair.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Uma Pastora Delgada</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0011/NCO0011.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Pastorela de mestria) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=558" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Recitado por <b>Ary dos Santos</b> e Natália Correia* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Id5E2xRMLCM" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Uma pastora delgada<br />
recordando o seu amor<br />
estava e era muita a dor<br />
que a pastora revelava<br />
dizendo: «ai da namorada<br />
que no amigo acredita!<br />
que só ser atraiçoada,<br />
como eu, terá por dita.»<br />
<br />
Ela trazia na mão<br />
um papagaio formoso<br />
cantando muito viçoso<br />
porque já entrava o verão.<br />
«Não sei, amigo loução,<br />
que fazer com tais amores<br />
se me pagais com traição?»,<br />
disse e caiu entre as flores.<br />
<br />
Esteve ali parte do dia<br />
a pastora e não falava;<br />
umas vezes acordava;<br />
as outras, esmorecia:<br />
«Valha-me Santa Maria!<br />
que será de mim agora?»<br />
Ao que a ave respondia:<br />
«Bem, pelo que sei, senhora.»<br />
<br />
«Se me queres ver consolada»,<br />
disse ela, «só a verdade<br />
quero ouvir, por caridade».<br />
E a ave: «Ó mulher dotada<br />
de bem, não te queixes mais.<br />
Quem te escolheu por amada...<br />
ergue os olhos: vê-lo-ás.»<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz<br />
Natália Correia – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Lá Vão as Flores</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ama-0016/AMA0016.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=115" target="_blank"><span style="color: blue;">Paio Gomes Charinho</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=818" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 201 e 203)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
Intérprete: <b>Amália Rodrigues</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/D1WwjAQc_vg" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
As flores do meu amigo<br />
briosas vão no navio.<br />
Lá vão as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
Foram-se as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
<br />
As flores do meu amado<br />
briosas leva-as o barco.<br />
Lá vão as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
Foram-se as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
<br />
Briosas vão no navio.<br />
Na armada irão seguindo.<br />
Lá vão as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
Foram-se as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
<br />
Briosas leva-as o barco<br />
para lutar no fossado.<br />
Lá vão as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
Foram-se as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
<br />
Na armada irão seguindo<br />
servir meu corpo garrido.<br />
Lá vão as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
Foram-se as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
<br />
Para lutar no fossado,<br />
servir meu corpo louvado.<br />
Lá vão as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
Foram-se as flores<br />
e com elas meus amores!<br />
<br />
<br />
* Amália Rodrigues – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Nem por Rei ou Infante Eu me Trocaria</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ary-0012/ARY0012.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=557" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 241)<br />
Recitado por <b>Ary dos Santos</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/vQ3c1cnF6uo" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Senhora, tanto eu queria,<br />
se a Deus e a vós aprouvesse,<br />
que onde estais sempre estivesse,<br />
senhora, então me daria<br />
por tão radiante<br />
que daí em diante<br />
nem por rei ou infante<br />
eu me trocaria.<br />
<br />
Sabendo que vos sorria<br />
que onde morásseis, morasse,<br />
sempre vos visse e falasse,<br />
senhora, então me daria<br />
por tão radiante<br />
que daí em diante<br />
nem por rei ou infante<br />
eu me trocaria.<br />
<br />
Muito contente andaria,<br />
se onde vivêsseis, vivesse.<br />
Apenas isto entendesse,<br />
com razão eu me daria<br />
por tão radiante<br />
que daí em diante<br />
nem por rei ou infante<br />
eu me trocaria.<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Sejamos Como Toda a Gente</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0012/NCO0012.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo de mestria) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=68" target="_blank"><span style="color: blue;">João Garcia de Guilhade</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=763" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 133)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/E4Su6ie_9G4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Por Deus, amigas, que fazer,<br />
se vejo o mundo volver-se em nada:<br />
esquece o amigo a namorada,<br />
e já o amor não tem poder;<br />
da formosura se desdenha<br />
e um corpo belo a quem o tenha,<br />
mais lhe valera nunca o ter.<br />
<br />
Vede que falo com razão:<br />
não sei no mundo de rei que visse<br />
meu corpo esbelto e resistisse,<br />
ou não morresse de paixão.<br />
Mas meu amigo aqui passou<br />
e ver meus olhos não procurou,<br />
estes meus olhos que verdes são.<br />
<br />
Não mais, ó donas, ingenuamente<br />
por namorados porfieis;<br />
e vossos olhos, não os canseis<br />
por quem vos é inclemente:<br />
quem os meus viu e quis outrora<br />
meu corpo esbelto, passa agora<br />
junto de mim indiferente.<br />
<br />
Se ao mundo importa minimamente<br />
rosto formoso, corpo atraente,<br />
sejamos como toda a gente.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ai, Dona Feia, Foste-vos Queixar</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/ary-0013/ARY0013.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de maldizer) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=68" target="_blank"><span style="color: blue;">João Garcia de Guilhade</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 137)<br />
Recitado por <b>Ary dos Santos</b>* (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/GvbWz1ks-s4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Ai, dona feia, foste-vos queixar<br />
de que vos nunca louvo em meu trovar.<br />
Mas umas trovas vos quero dedicar<br />
em que louvada de toda a maneira<br />
sereis, tal é o meu louvar:<br />
dona feia, velha e gaiteira.<br />
<br />
Ai, dona feia, se com tanto ardor<br />
quereis que vos louve, como trovador,<br />
trovas farei e de tal teor<br />
em que louvada de toda a maneira<br />
sereis, tal é o meu louvar:<br />
dona feia, velha e gaiteira.<br />
<br />
Ai, dona feia, nunca vos louvei<br />
em meu trovar eu que tanto trovei<br />
e eis que umas trovas vos dedicarei<br />
em que louvada de toda a maneira<br />
sereis, tal é o meu louvar:<br />
dona feia, velha e gaiteira.<br />
<br />
<br />
* Ary dos Santos – voz<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Amores Eu Tenho</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0013/NCO0013.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (tenção)]: <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=134" target="_blank"><span style="color: blue;">Pero Meogo</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1221" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 159)<br />
Música: <b>José Fontes Rocha</b><br />
Intérpretes: <b>Natália Correia</b>* e <b>Amália Rodrigues</b> (in LP "Cantigas d'Amigos", Columbia/VC, 1971, reed. Edições Valentim de Carvalho/iPlay, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/xB0XPTam13Y" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
— Responde, filha, formosa filha,<br />
porque tardaste na fonte fria?<br />
Amores eu tenho!<br />
<br />
Filha, formosa filha, responde:<br />
porque tardaste na fria fonte?<br />
Amores eu tenho!<br />
<br />
— Tardei, minha mãe, na fonte fria;<br />
cervos do monte a água volviam.<br />
Amores eu tenho!<br />
<br />
Tardei, minha mãe, na fria fonte;<br />
volviam a água cervos do monte.<br />
Amores eu tenho!<br />
<br />
— Que escondes, filha, por teu amigo?<br />
cervos do monte não volvem o rio.<br />
Amores eu tenho!<br />
<br />
Por teu amado, filha, que escondes?<br />
o mar não volvem cervos do monte.<br />
Amores eu tenho!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz (recitação)<br />
Amália Rodrigues – voz (canto)<br />
José Fontes Rocha – 1.ª guitarra portuguesa<br />
Carlos Gonçalves – 2.ª guitarra portuguesa<br />
Pedro Leal – viola<br />
Joel Pina – viola baixo<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos, de 29 de Setembro a 1 de Outubro de 1971<br />
Captação de som e mistura – Hugo Ribeiro<br />
Restauro e remasterização (edição em CD) – Joel Conde, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Na Ermida de S. Simeão</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0014/NCO0014.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=103" target="_blank"><span style="color: blue;">Mendinho</span></a></b> [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=861" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 289 e 291)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Estava eu na ermida de São Simeão,<br />
cercaram-me as ondas que tão altas são!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
<br />
Estando eu na ermida diante do altar,<br />
cercaram-me as ondas grandes do mar:<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
<br />
Cercaram-me as ondas que tão altas são!<br />
remador não tenho nem embarcação:<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
<br />
Cercaram-me as ondas do alto mar;<br />
não tenho barqueiro e não sei remar:<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
<br />
Remador não tenho nem embarcação;<br />
morrerei formosa na imensidão:<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
<br />
Não tenho barqueiro e não sei remar;<br />
morrerei formosa no alto mar:<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
eu esperando o meu amigo!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ai, Minha Senhora, Assim Morro Eu</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0015/NCO0015.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=116" target="_blank"><span style="color: blue;">Paio Soares de Taveirós</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=121" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 57)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Como morreu quem nunca amar<br />
se fez pela coisa que mais amou,<br />
e quanto dela receou<br />
sofreu, morrendo de pesar,<br />
ai, minha senhora, assim morro eu.<br />
<br />
Como morreu quem foi amar<br />
quem nunca bem lhe quis fazer,<br />
e de quem Deus lhe fez saber<br />
que a morte havia de alcançar,<br />
ai, minha senhora, assim morro eu.<br />
<br />
Igual ao homem que endoideceu<br />
com a grande mágoa que sentiu,<br />
senhora, e nunca mais dormiu,<br />
perdeu a paz, depois morreu,<br />
ai, minha senhora, assim morro eu.<br />
<br />
Como morreu quem amou tal<br />
mulher que nunca lhe quis bem<br />
e a viu levada por alguém<br />
que a não valia nem a vale,<br />
ai, minha senhora, assim morro eu.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Mas se Eu Ficasse com o Meu Amigo...</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0016/NCO0016.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=85" target="_blank"><span style="color: blue;">Juião Bolseiro</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1195" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 121)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Sem o meu amigo sinto-me sozinha<br />
e não adormecem estes olhos meus.<br />
Tanto quanto posso peço a luz de Deus<br />
e Deus não permite que a luz seja minha.<br />
Mas se eu ficasse com o meu amigo<br />
a luz agora estaria comigo.<br />
<br />
Quando eu a seu lado folgava e dormia<br />
depressa passavam as noites; agora<br />
vai e vem a noite, a manhã demora;<br />
demora-se a luz e não nasce o dia.<br />
Mas se eu ficasse com o meu amigo<br />
a luz agora estaria comigo.<br />
<br />
Diferente é a noite quando ele aparece,<br />
meu lume e senhor e o dia me traz;<br />
pois apenas chega logo a luz se faz.<br />
Vai-se agora a noite, vem de novo e cresce.<br />
Mas se eu ficasse com o meu amigo<br />
a luz agora estaria comigo.<br />
<br />
Padres-nossos já rezei mais de um cento<br />
implorando Àquele que morreu na cruz<br />
que cedo me mostre novamente a luz<br />
em vez destas longas noites de Advento.<br />
Mas se eu ficasse com o meu amigo<br />
a luz agora estaria comigo.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Estava a Formosa a Seda Torcendo</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0017/NCO0017.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (tenção)] de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=29" target="_blank"><span style="color: blue;">Estêvão Coelho</span></a></b> (Sécs. XIII-XIV) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=740" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 269)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
Música: <b>Cristiana</b><br />
<br />
<br />
Estava a formosa a seda torcendo,<br />
sua voz mansinha formosa dizendo<br />
cantigas de amigo.<br />
<br />
Estava a formosa a seda lavrando,<br />
sua voz mansinha formosa cantando<br />
cantigas de amigo.<br />
<br />
— Por Deus, dona, amores vos fazem sofrer,<br />
tão sentidamente vos vejo dizer<br />
cantigas de amigo.<br />
<br />
— Por Deus, dona, amores vos fazem penar,<br />
tão sentidamente vos vejo cantar<br />
cantigas de amigo.<br />
<br />
— Abutre comestes pois que adivinhastes.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Cristiana – viola<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Senhora, Senhora, Morrerei de Amor</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0018/NCO0018.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=49" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernão Velho</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=426" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 117)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Quanto, senhora, de vós receei, <br />
dizem-me agora que mo ides dar. <br />
Apenas senti que vos ia amar, <br />
ai Nosso Senhor, como eu receei <br />
que vos casassem; mas se assim for,<br />
senhora, senhora, morrerei de amor.<br />
<br />
Sempre vos amei cheio de pavor, <br />
desde que vos vi, quando vos falei; <br />
depois que este amor vos desocultei <br />
nunca mais deixei de sentir pavor <br />
que vos casassem; mas se assim for,<br />
senhora, senhora, morrerei de amor.<br />
<br />
Sempre vos amei tremendo de medo. <br />
Dizem-me agora que tinha razão. <br />
Apenas perdido que fui de paixão, <br />
ai Nosso Senhor, como eu tive medo <br />
que vos casassem; mas se assim for,<br />
senhora, senhora, morrerei de amor.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Captação de som – Hugo Ribeiro<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Morrerei de Amor</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nav-0003/NAV0003.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=49" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernão Velho</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=426" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 117)<br />
Música: <b>José Barros</b><br />
Intérprete: <b>José Barros e Navegante</b>* (in CD "Não Há Heróis", Lusogram, 1999)<br />
<br />
<br />
Quanto, senhora, de vós receei, <br />
dizem-me agora que mo ides dar. <br />
Apenas senti que vos ia amar, <br />
ai Nosso Senhor, como eu receei <br />
que vos casassem; mas se assim for,<br />
senhora, senhora, morrerei de amor.<br />
<br />
Sempre vos amei cheio de pavor, <br />
desde que vos vi, quando vos falei; <br />
depois que este amor vos desocultei <br />
nunca mais deixei de sentir pavor <br />
que vos casassem; mas se assim for,<br />
senhora, senhora, morrerei de amor.<br />
<br />
Sempre vos amei tremendo de medo. <br />
Dizem-me agora que tinha razão. <br />
Apenas perdido que fui de paixão, <br />
ai Nosso Senhor, como eu tive medo <br />
que vos casassem; mas se assim for,<br />
senhora, senhora, morrerei de amor.<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
José Barros – voz e viola braguesa<br />
Vasco Sousa – baixo<br />
Carlos Passos – violino<br />
Miguel Tapadas – piano e sintetizador<br />
Mário Delgado – guitarra<br />
Hugo Tapadas – acordeão<br />
José Manuel David – flauta transversal<br />
Eduardo Monteiro – sanfona<br />
Arranjos – José Barros (com a participação de Navegante)<br />
Produção e direcção musical – José Barros<br />
Gravado nos Estúdios Musicorde, Lisboa, em Fevereiro e Março de 1999<br />
Técnico de som – João Magalhães<br />
Misturas e masterização – João Magalhães e José Barros, no Estúdio JMJB<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Será Que me Quer Matar?</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0019/NCO0019.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de mestria) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=112" target="_blank"><span style="color: blue;">Osoir' Eanes</span></a></b> (Sécs. XII-XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=13" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 69)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Cuidei eu que meu coração<br />
não mais me pudesse forçar<br />
pois me tirara da prisão<br />
onde me torna a encarcerar;<br />
e eis que me queima em nova chama<br />
e me escraviza a outra dama.<br />
Será que me quer matar?<br />
<br />
Desde que alguém desamparar<br />
quis meu amor, cuidei que não<br />
à escravidão de outra paixão<br />
me voltaria a sujeitar;<br />
e eis que me forçam os olhos meus,<br />
a formosura que vi nos seus<br />
seu alto preço e um cantar<br />
<br />
que lhe eu ouvi, vendo-a mostrar<br />
os seus cabelos. Perdição<br />
me foi ouvir essa canção.<br />
Antes a morte que suportar<br />
da minha dor o extremo anseio;<br />
e já não sei se mais receio<br />
morrer ou lha manifestar.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Vi Eu no Sagrado em Vigo</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0020/NCO0020.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=92" target="_blank"><span style="color: blue;">Martim Codax</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1313" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 75)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Vi eu no sagrado em Vigo<br />
bailar um corpo tão lindo:<br />
enamorei-me!<br />
<br />
Vi em Vigo no sagrado<br />
bailar um corpo delgado:<br />
enamorei-me!<br />
<br />
Bailar um corpo tão lindo<br />
que nunca vira em amigo:<br />
enamorei-me!<br />
<br />
Bailar um corpo delgado<br />
que nunca vira em amado:<br />
enamorei-me!<br />
<br />
Que nunca vira em amigo<br />
senão no sagrado em Vigo:<br />
enamorei-me!<br />
<br />
Que nunca vira em amado,<br />
só em Vigo no sagrado:<br />
enamorei-me!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Por Deus, Coitada Vivo</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0021/NCO0021.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=129" target="_blank"><span style="color: blue;">Pero Gonçalves de Portocarreiro</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=925" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 145)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
Música: <b>Cristiana</b><br />
<br />
<br />
Por Deus, coitada vivo,<br />
pois não vem meu amigo,<br />
pois não vem, que farei?<br />
meus cabelos, com sirgo,<br />
não mais vos atarei.<br />
<br />
Pois não vem de Castela;<br />
morreu! ai, quem soubera!<br />
ou mo detém el-rei?<br />
minhas toucas de Estela,<br />
não mais vos usarei.<br />
<br />
Se contente semelho,<br />
não me sei dar conselho;<br />
amigas, que farei?<br />
em vós, ai meu espelho,<br />
nunca mais me verei.<br />
<br />
Estas prendas tão belas<br />
ele mas deu, donzelas,<br />
não vos ocultarei.<br />
Ai, cintas de fivelas,<br />
não mais vos cingirei.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Cristiana – viola<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Alegre Eu Ando</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0022/NCO0022.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (alba)] de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=107" target="_blank"><span style="color: blue;">Nuno Fernandes Torneol</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=662" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 219)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias!<br />
Todas as aves do mundo, de amor, diziam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs claras!<br />
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Todas as aves do mundo, de amor, diziam;<br />
do meu amor e do teu se lembrariam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam;<br />
do meu amor e do teu se recordavam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Do meu amor e do teu se lembrariam;<br />
tu lhes tolheste os ramos em que eu as via:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Do meu amor e do teu se recordavam;<br />
tu lhes tolheste os ramos em que pousavam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Tu lhes tolheste os ramos em que eu as via;<br />
e lhes secaste as fontes em que bebiam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
Tu lhes tolheste os ramos em que pousavam;<br />
e lhes secaste as fontes que as refrescavam:<br />
alegre eu ando.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Por Deus, Ai Dona Leonor</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0023/NCO0023.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=148" target="_blank"><span style="color: blue;">Rui Pais de Ribela</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=313" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 177 e 179)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Por Deus, ai Dona Leonor<br />
bela vos fez Nosso Senhor!<br />
<br />
Senhora sois tão bem parecida:<br />
em mais ninguém vi repetida<br />
a formosura que em vós contida<br />
não poderia ser maior:<br />
por Deus, ai Dona Leonor,<br />
bela vos fez Nosso Senhor!<br />
<br />
Deus que por bem vos escolheu<br />
tanto em fazer-vos se excedeu<br />
que melhor modo não concebeu<br />
de vos fazer com mais rigor:<br />
por Deus, ai Dona Leonor,<br />
bela vos fez Nosso Senhor!<br />
<br />
Em vós mostrou Deus o poder<br />
de pôr no mundo uma mulher<br />
que no falar e no parecer<br />
a glória é do Criador:<br />
por Deus, ai Dona Leonor,<br />
bela vos fez Nosso Senhor!<br />
<br />
Como entre as pedras o rubi<br />
a melhor sois de quantas vi.<br />
Criou-vos Deus pensando em mim<br />
para me mostrar o seu amor:<br />
por Deus, ai Dona Leonor,<br />
bela vos fez Nosso Senhor!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Eu Sou Guiomar Afonso!</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0024/NCO0024.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=149" target="_blank"><span style="color: blue;">Rui Queimado</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=251" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 185)<br />
Música: <b>António Victorino d'Almeida</b><br />
Intérprete: <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Quando morto eu for por ela,<br />
sei que dirá minha bela:<br />
— Eu sou Guiomar Afonso!<br />
<br />
Quando ela me der a morte,<br />
sei que dirá desta sorte:<br />
— Eu sou Guiomar Afonso!<br />
<br />
Quando eu morrer, levará<br />
a mão ao queixo e dirá:<br />
— Eu sou Guiomar Afonso!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
António Victorino d'Almeida – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Já Passou</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0025/NCO0025.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=68" target="_blank"><span style="color: blue;">João Garcia de Guilhade</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=777" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 131)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Por muito tempo, ó amado,<br />
sei eu que me dedicastes<br />
grande amor e que ficastes<br />
muito feliz a meu lado.<br />
Falo do tempo passado:<br />
já passou.<br />
<br />
Os nossos grandes amores,<br />
(longamente nos amámos!)<br />
porque não os acabámos<br />
como Brancaflor e Flores?<br />
E o tempo dos amadores<br />
já passou.<br />
<br />
Muitas coisas vos dizia,<br />
ora louca, ora com sizo,<br />
com muito e nenhum juízo,<br />
enquanto durava o dia.<br />
Mas, ai Dom João Garcia,<br />
já passou.<br />
<br />
Porque essa loucura toda<br />
já passou!<br />
O alegre tempo da boda<br />
já passou.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Pelas Verdes Ervas</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0026/NCO0026.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=134" target="_blank"><span style="color: blue;">Pero Meogo</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1218" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 161 e 163)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Pelas verdes ervas,<br />
vi andar as cervas,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Pelos verdes prados,<br />
vi os cervos bravos,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Contente com vê-las,<br />
lavei as madeixas,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Contente com vê-los,<br />
lavei os cabelos,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Logo que os lavei,<br />
com ouro os atei,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Logo que as lavara,<br />
com ouro as atara,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Com ouro os atei,<br />
e vos esperei,<br />
meu amigo.<br />
<br />
Com ouro as atara,<br />
e vos esperara,<br />
meu amigo.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Tu, Que Ora Vens de Montemor</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0027/NCO0027.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=56" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Gil Sanches</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=22" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 65)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Tu, que ora vens de Montemor,<br />
Tu, que ora vens de Montemor,<br />
dá-me notícias do meu amor,<br />
dá-me notícias do meu amor;<br />
que se as não tiver<br />
viverei penado<br />
e ela em pecado<br />
por me não valer,<br />
a mim, malfadado,<br />
tão enamorado,<br />
sem dela saber.<br />
<br />
Tu, que ora viste os olhos seus,<br />
Tu, que ora viste os olhos seus,<br />
dá-me notícias dela, por Deus,<br />
dá-me notícias dela, por Deus;<br />
que se as não tiver<br />
viverei penado<br />
e ela em pecado<br />
por me não valer,<br />
a mim, malfadado,<br />
tão enamorado,<br />
sem dela saber.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Levantou-se a Bela</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0028/NCO0028.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (alba)] de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=593" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 259 e 261)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
Música: <b>António Victorino d'Almeida</b><br />
<br />
<br />
Levantou-se a bela;<br />
rompe a alvorada;<br />
vai lavar camisas<br />
no rio:<br />
lava-as, de alvorada.<br />
<br />
Levantou-se a alva;<br />
rompe a alvorada;<br />
finas peças lava<br />
no rio:<br />
lava-as, de alvorada.<br />
<br />
Vai lavar camisas;<br />
rompe a alvorada;<br />
o vento as desvia<br />
no rio:<br />
lava-as, de alvorada.<br />
<br />
Finas peças lava;<br />
rompe a alvorada;<br />
o vento as levava<br />
no rio:<br />
lava-as, de alvorada.<br />
<br />
O vento as desvia;<br />
rompe a alvorada;<br />
fica a alva em ira<br />
no rio:<br />
lava-as, de alvorada.<br />
<br />
O vento as levava;<br />
rompe a alvorada;<br />
fica a alva irada<br />
no rio:<br />
lava-as, de alvorada.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
António Victorino d'Almeida – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Bailemos Nós Todas Três, Ai Amigas!</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0030/NCO0030.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (bailada)] de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=16" target="_blank"><span style="color: blue;">Airas Nunes</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=883" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 209)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Bailemos nós todas três, ai amigas,<br />
debaixo destas avelaneiras floridas<br />
e quem for bonita como nós bonitas,<br />
se amigo amar,<br />
debaixo destas avelaneiras floridas<br />
virá bailar.<br />
<br />
Bailemos nós todas três, ai irmãs,<br />
sob este ramo florido de avelãs<br />
e quem for louçã como nós louçãs<br />
se amigo amar,<br />
sob este ramo florido de avelãs,<br />
virá bailar.<br />
<br />
Sem mais cuidados, bailemos amorosas<br />
debaixo destas avelaneiras frondosas<br />
e quem for formosa como nós formosas,<br />
se amigo amar,<br />
debaixo destas avelaneiras frondosas<br />
virá bailar.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz e sonoplastia<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Quantos o Amor Faz Padecer</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0031/NCO0031.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=68" target="_blank"><span style="color: blue;">João Garcia de Guilhade</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=398" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 125)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Alegre Eu Ando", Decca/VC, 1972; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
Quantos o amor faz padecer<br />
penas que tenho padecido,<br />
querem morrer e não duvido<br />
que alegremente queiram morrer.<br />
Porém enquanto vos puder ver,<br />
vivendo assim eu quero estar<br />
e esperar, e esperar.<br />
<br />
Sei que a sofrer estou condenado<br />
e por vós cegam os olhos meus.<br />
Não me acudis; nem vós, nem Deus.<br />
Mas, se sabendo-me abandonado,<br />
ver-vos, senhora, me for dado.<br />
vivendo assim eu quero estar<br />
e esperar, e esperar.<br />
<br />
Esses que vêem tristemente<br />
desamparada sua paixão,<br />
querendo morrer, loucos estão.<br />
Minha fortuna não é diferente;<br />
porém eu digo constantemente:<br />
vivendo assim eu quero estar<br />
e esperar, e esperar.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Captação de som – Hugo Ribeiro<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A Donzela de Biscaia</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0032/NCO0032.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de maldizer): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=148" target="_blank"><span style="color: blue;">Rui Pais de Ribela</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1468" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 181)<br />
Música: <b>António Victorino d'Almeida</b><br />
Intérprete: <b>Natália Correia</b>* (in LP "Improviso", Guilda da Música/Sassetti, 1973, reed. CD "Natália Correia: Poemas Ditos (e até Cantados) pela Autora", CNM, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/i7vnJQDrd1w" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
A donzela de Biscaia,<br />
nunca ao meu encontro saia<br />
de noite, ao luar!<br />
<br />
Se ela agora me desdenha,<br />
nunca ao meu encontro venha<br />
de noite, ao luar!<br />
<br />
Se ela agora me amesquinha,<br />
que me apareça sozinha<br />
de noite, ao luar!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
António Victorino d'Almeida – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Cabelos os Meus Cabelos</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0033/NCO0033.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=82" target="_blank"><span style="color: blue;">João Zorro</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1179" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 227)<br />
Música: <b>António Victorino d'Almeida</b><br />
Intérprete: <b>Natália Correia</b>* (in LP "Improviso", Guilda da Música/Sassetti, 1973, reed. CD "Natália Correia: Poemas Ditos (e até Cantados) pela Autora", CNM, 2011)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/s52WTR9Hhzs" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
— Cabelos os meus cabelos<br />
quer El-Rei ser dono deles;<br />
minha mãe, que lhes farei?<br />
— Filha, dai-os a El-Rei.<br />
<br />
— Madeixas minhas tão belas<br />
quer El-Rei ser dono delas;<br />
minha mãe, que lhes farei?<br />
— Filha, dai-as a El-Rei.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
António Victorino d'Almeida – cravo<br />
Arranjos e direcção – António Victorino d'Almeida<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Técnico de som – Hugo Ribeiro<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Sempre que eu vejo as ondas</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0034/NCO0034.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=143" target="_blank"><span style="color: blue;"><b>Rui Fernandes</b>, de Santiago</span></a> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=908" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 81)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/8RE9mgD_s9Q" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Sempre que eu vejo as ondas<br />
e as altivas falésias,<br />
logo me vêm ondas<br />
ao peito pela bela.<br />
Maldito seja o mar<br />
que me faz tanto mal!<br />
<br />
Nunca vejo eu as ondas<br />
nem as altivas rochas<br />
que me não venham ondas<br />
ao peito pela formosa.<br />
Maldito seja o mar<br />
que me faz tanto mal!<br />
<br />
Sempre que eu vejo as ondas<br />
e as altas ribanceiras,<br />
logo me vêm ondas<br />
ao peito pela perfeita.<br />
Maldito seja o mar<br />
que me faz tanto mal!<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – saxofones<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>A dona que eu sirvo e que muito adoro</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0035/NCO0035.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=22" target="_blank"><span style="color: blue;">Bernaldo de Bonaval</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1083" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 85)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/H0abj6V92EU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
A dona que eu sirvo e que muito adoro,<br />
mostrai-ma, ai Deus! pois que vos imploro,<br />
senão dai-me a morte.<br />
<br />
Essa que é a luz destes olhos meus<br />
por quem sempre choram, mostrai-ma, ai Deus!<br />
senão dai-me a morte.<br />
<br />
Essa que entre todas fizestes formosa,<br />
mostrai-ma, ai Deus! onde vê-la eu possa,<br />
senão dai-me a morte.<br />
<br />
A que me fizestes mais que tudo amar,<br />
mostrai-ma onde possa com ela falar,<br />
senão dai-me a morte.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – saxofones<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Dona do corpo delgado</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0036/NCO0036.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=121" target="_blank"><span style="color: blue;">Pero da Ponte</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=989" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 91)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Bg7JUD2g36U" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Dona do corpo delgado,<br />
em má hora fui gerado,<br />
que só afã e cuidado<br />
ganhei desde que vos vi.<br />
Em má hora fui gerado,<br />
dona, por vós e por mim.<br />
<br />
Com este afã perlongado,<br />
em má hora fui gerado,<br />
amando contrariado<br />
a quem contrario assim.<br />
Em má hora fui gerado,<br />
dona, por vós e por mim.<br />
<br />
Ai, eu cativo e coitado,<br />
em má hora fui gerado,<br />
servindo desesperado<br />
amores que não consegui.<br />
Em má hora fui gerado,<br />
dona, por vós e por mim.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – flautas<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Já dona por quem trovar</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0037/NCO0037.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de maldizer) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=55" target="_blank"><span style="color: blue;">Gil Peres Conde</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1560" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 111)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/pk-J-Pgko78" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Já dona por quem trovar<br />
não tenho, nem me apetece;<br />
mais amara, mas amar<br />
absurdo me parece.<br />
Roubou-me Deus meu amor.<br />
Leve o demónio ao Senhor<br />
tudo quanto lhe pertence,<br />
<br />
como a cadeira levou<br />
outrora que pertencia<br />
ao Filho! Por que roubou<br />
Deus quem feliz me fazia?<br />
Diz Deus que não tem mulher.<br />
Se a não tem porque quer<br />
tanto à bondosa Maria?<br />
<br />
Nunca bem de Deus me veio,<br />
antes do amor me privou.<br />
Por isso, se hoje descreio,<br />
por pecador não me dou.<br />
A amada fez-me perder.<br />
Vede o que Deus foi fazer<br />
a quem nele confiou!<br />
<br />
Sempre Deus hei-de negar<br />
se me não der tal senhora;<br />
mas quer, em vez de ma dar,<br />
destruir-me antes que morra.<br />
É homem: por malvadez<br />
comigo faz o que fez<br />
já em Sodoma e Gomorra.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>A bela acordara</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0038/NCO0038.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema [Cantiga de amigo (alba)] de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=134" target="_blank"><span style="color: blue;">Pero Meogo</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1217" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 155 e 157)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/w_AdaXRrOuM" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
A bela acordara, formosa se erguia;<br />
lavar seus cabelos vai, na fonte fria,<br />
radiante de amores, de amores radiante.<br />
<br />
Formosa se erguia, a bela acordara;<br />
lavar seus cabelos vai, na fonte clara,<br />
radiante de amores, de amores radiante.<br />
<br />
Lavar seus cabelos vai, na fonte fria;<br />
passa seu amigo que muito lhe queria,<br />
radiante de amores, de amores radiante.<br />
<br />
Lavar seus cabelos vai, na fonte clara;<br />
passa seu amigo que muito a amava,<br />
radiante de amores, de amores radiante.<br />
<br />
Passa seu amigo que muito lhe queria;<br />
o cervo do monte a água volvia,<br />
radiante de amores, de amores radiante.<br />
<br />
Passa seu amigo que muito a amava;<br />
o cervo do monte revolvia a água,<br />
radiante de amores, de amores radiante.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – flautas<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Disseram-me hoje, amiga, que já não</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0039/NCO0039.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=115" target="_blank"><span style="color: blue;">Paio Gomes Charinho</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=847" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 199)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/QX6Wk_moiQA" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Disseram-me hoje, amiga, que já não<br />
é meu amigo almirante do mar.<br />
Porque posso dormir e sossegar<br />
e já pode folgar meu coração;<br />
quem do mar o meu amigo tirou,<br />
tire-o Deus das mágoas que amargou.<br />
<br />
Muito me alegro e doravante sei<br />
que a ventania não mais hei-de temer,<br />
nem a tormenta me fará perder<br />
o sono, amiga; e se foi El-Rei<br />
quem do mar o meu amigo tirou,<br />
tire-o Deus das mágoas que amargou.<br />
<br />
Muito me alegro! e mais me hei-de alegrar:<br />
sempre que da fronteira alguém vier,<br />
não temerei as novas que trouxer<br />
porque me fez feliz sem lho rogar;<br />
quem do mar o meu amigo tirou,<br />
tire-o Deus das mágoas que amargou.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – saxofones<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Muito me eu alegro com este verão</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0040/NCO0040.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de mestria) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=16" target="_blank"><span style="color: blue;">Airas Nunes</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=879" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 207)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/TNajp7x3SCI" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Muito me alegro com este verão,<br />
com estas ramagens com estas flores,<br />
com as aves que cantam entoando amores.<br />
Ando eu tão alegre e tão descuidado,<br />
e quem como eu estando enamorado<br />
não há-de sentir esta exaltação?<br />
<br />
Quando pelas margens dos rios passeio<br />
debaixo das árvores, por prados viçosos,<br />
se pássaros ouço cantar amorosos<br />
com eles de amor me ponho a cantar;<br />
de amor com os pássaros fico-me a trovar;<br />
mil cantigas faço e nelas me enleio.<br />
<br />
Muito me eu alegro, deleito e sorrio<br />
quando as aves ouço cantar no estio.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – flautas<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Se em partir, senhora minha</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0041/NCO0041.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=107" target="_blank"><span style="color: blue;">Nuno Fernandes Torneol</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=161" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 217)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/UMXk2EPiAY8" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Se em partir, senhora minha,<br />
mágoas haveis de deixar<br />
a quem firme em vos amar<br />
foi desde a primeira hora,<br />
se me abandonais agora,<br />
ó formosa! que farei?<br />
<br />
Que farei se nunca mais<br />
contemplar vossa beleza?<br />
Morto serei de tristeza.<br />
Se Deus me não acudir,<br />
nem de vós conselho ouvir,<br />
ó formosa! que farei?<br />
<br />
A Nosso Senhor eu peço<br />
quando houver de vos perder,<br />
se me quizer comprazer,<br />
que a morte me queira dar.<br />
Mas se a vida me poupar,<br />
ó formosa! que farei?<br />
<br />
Vosso amor me leva a tanto!<br />
Se, partindo, provocais<br />
quebranto que não curais<br />
a quem de amor desespera,<br />
de vós conselho quisera:<br />
ó formosa! que farei?<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz <br />
Rui Cardoso – saxofones<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Pelo souto do Crescente</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0042/NCO0042.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Pastorela) de <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=61" target="_blank"><span style="color: blue;"><b>João Airas</b>, de Santiago</span></a> (Sécs. XIII-XIV) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=974" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 233 e 235)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/6WYV3-jwLkY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Pelo souto do Crescente<br />
uma pastora vi andar,<br />
muito afastada das gentes<br />
erguendo a voz a cantar,<br />
em sua saia cingida<br />
quando a luz do Sol nascia<br />
nas margens do rio Sar.<br />
<br />
E as aves que voavam,<br />
quando rompia o alvor,<br />
os seus amores entoavam<br />
pelos ramos de arredor.<br />
Não sei de quem lá estivesse<br />
que o pensamento pusesse<br />
se não em coisas de amor.<br />
<br />
Ali estive muito quedo,<br />
quis falar e não ousei;<br />
disse-lhe, por fim, a medo:<br />
«Senhora, falar-vos-ei,<br />
se me quiserdes ouvir,<br />
e se melhor vos servir,<br />
ordenai e eu partirei.»<br />
<br />
«Senhor, por Santa Maria,<br />
ide-vos, deixai-me só.<br />
Ver-vos partir preferia<br />
deste lugar onde estou:<br />
pois quantos aqui chegarem<br />
dirão, se nos encontrarem,<br />
mais do que aqui se passou.»<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – flautas, saxofones<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Já nem prazer já nem pesar me acodem</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0043/NCO0043.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de refrão) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=522" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 245)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/6KBR-RDE6kQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Já nem prazer já nem pesar me acodem,<br />
que nunca mais, senhora, algum senti<br />
depois que dos meus olhos vos perdi.<br />
E sem prazer ou sem pesar não podem,<br />
senhora, meus sentidos estremar<br />
o bem do mal, o prazer do pesar.<br />
<br />
Por nada mais prazer posso sentir,<br />
ou pesar, se de vós me separei.<br />
E se não mais no mundo os sentirei,<br />
não vejo como possam conseguir,<br />
senhora, meus sentidos estremar<br />
o bem do mal, o prazer do pesar.<br />
<br />
Se de vós me afastei e desde então<br />
perdi quer o pesar quer o prazer<br />
que me destes outrora a conhecer;<br />
se ambos perdi, como é que poderão,<br />
senhora, meus sentidos estremar<br />
o bem do mal, o prazer do pesar.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – flautas<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Os provençais que bem sabem trovar!</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0044/NCO0044.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor de mestria) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=548" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 251)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/554IqRHYz1w" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Os provençais que bem sabem trovar!<br />
e dizem eles que trovam com amor,<br />
mas os que cantam na estação da flor,<br />
e nunca antes, jamais no coração<br />
semelhante tristeza sentirão<br />
qual por minha senhora ando a levar.<br />
<br />
Muito bem trovam! Que bem sabem louvar<br />
as suas bem-amadas! Com que. ardor<br />
os provençais lhes tecem um louvor!<br />
Mas os que trovam durante a estação<br />
da flor, e nunca antes, sei que não<br />
conhecem dor que à minha se compare.<br />
<br />
Os que trovam e alegres vejo estar<br />
quando na flor está derramada a cor<br />
e que depois, quando a estação se for,<br />
de trovar não mais se lembrarão,<br />
esses, sei eu que nunca morrerão<br />
da desventura que vejo a mim matar.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Minha mãe bonita</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0046/NCO0046.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amigo) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=25" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Dinis</span></a></b> (1261-1325) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=616" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/HYNxPqfigC4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Minha mãe bonita,<br />
vou eu à bailia<br />
do amor.<br />
<br />
Minha mãe louvada,<br />
vou eu à bailada<br />
do amor.<br />
<br />
Vou eu à bailia<br />
que fazem na vila<br />
do amor.<br />
<br />
Vou eu à bailada<br />
que fazem na casa<br />
do amor.<br />
<br />
Que fazem na vila<br />
do que eu muito queria,<br />
do amor.<br />
<br />
Que fazem na casa<br />
do que eu muito amava,<br />
do amor.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – flautas, percussão<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Estes que me afastam hoje do meu amor</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0047/NCO0047.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Cantiga de amor) de <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=337" target="_blank"><span style="color: blue;">D. Afonso Sanches</span></a></b> (c.1288-1328) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=385" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptado por <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 273)<br />
Recitado por <b>Natália Correia</b>* (in LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Música: <b>Rui Cardoso</b><br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/bY0p_qAcj0I" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Estes que me afastam hoje do meu amor,<br />
e que nem sequer nos deixam falar,<br />
por mais que lhes pese não hão-de evitar<br />
que eu a veja um dia sem nenhum pavor;<br />
porque morrerei e tempo virá<br />
em que ela, formosa, também morrerá<br />
e a amada verei já sem dissabor.<br />
<br />
Tenho eu a certeza, por Nosso Senhor,<br />
que se por lá vir o seu belo rosto<br />
não me tolherão nem mal nem desgosto<br />
mesmo no inferno, se com ela for;<br />
e quantos jazerem por lá a penar<br />
não mais sofrerão só de contemplar<br />
da sua beleza o raro esplendor.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Rui Cardoso – saxofones<br />
Direcção literária – Alberto Ferreira<br />
Gravado nos Estúdios Polysom e Rádio Triunfo, Lisboa<br />
Captação de som e mistura – Moreno Pinto<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Pastorela</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nav-0002/NAV0002.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (Pastorela): <b><a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/autor.asp?cdaut=88" target="_blank"><span style="color: blue;">Lourenço</span></a></b> (Séc. XIII) [texto original >> <a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1291" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH/UNL</span></a>]<br />
Adaptação: <b>Natália Correia</b> (in "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", Editorial Estampa, 1970 – p. 141)<br />
Música e arranjo: <b>José Barros</b><br />
Intérprete: <b>Navegante</b>* (in CD "Navegante", Movieplay, 1994)<br />
<br />
<br />
Três moças de amor cantavam,<br />
três pastorinhas formosas,<br />
de seus amores desditosas.<br />
Disse então a que eu amava:<br />
«Amigas, dizei comigo<br />
o cantar do meu amigo».<br />
<br />
Cantavam sua canção<br />
de moças enamoradas,<br />
todas três desventuradas.<br />
Disse a minha amada então:<br />
«Amigas, dizei comigo<br />
o cantar do meu amigo».<br />
<br />
Com que prazer eu ouvia<br />
as três pastoras cantar<br />
e que me era doce escutar<br />
o que a amada dizia:<br />
«Amigas, dizei comigo<br />
o cantar do meu amigo».<br />
<br />
Se mais tempo ali estivera,<br />
maior meu enlevo fôra,<br />
ouvindo a minha senhora<br />
e o modo como dissera:<br />
«Amigas, dizei comigo<br />
o cantar do meu amigo».<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
Navegante:<br />
José Barros – voz, viola braguesa, bandolim e cavaquinho<br />
Jorge Cruz – acordeão, sintetizadores e voz<br />
Rui Júnior – percussões<br />
Luís Baptista – guitarras<br />
Músicos convidados:<br />
Quim Correia – baixo eléctrico e acústico<br />
José Sá Machado – violino<br />
Rui Vaz – flautas, gaita-de-foles, coro<br />
Mário Laginha – piano<br />
António José Martins – sintetizador<br />
José Eduardo – violoncelo<br />
Paulo Parreira – guitarra portuguesa<br />
Joaquim Caixeiro – coro<br />
António Lopes – coro<br />
<br />
Direcção musical – José Barros e Jorge Cruz<br />
Produção – Rui Júnior e José Barros<br />
Produção executiva – José Barros<br />
Gravado nos Estúdios Namouche, Lisboa, de Maio a Julho de 1994<br />
Técnicos de som – Maria João Castanheira e João Pedro de Castro<br />
Misturas – Maria João Castanheira, João Pedro de Castro, Rui Júnior e José Barros<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglvcBB1p0HpmO8Qo-OeJki7U3xdsa_bW2aJasoa--U6Da_OZDrUm-aZ8qQZTO7r8C8azUKFdXIn1pjGWH5lk-c_xN0bp-rtNsbYtsg4nVIz0x7j3g-wNzNpRNHZxrRyl-g6hnFbjNR3sxNkJvgBIZKSd16FNNT9v98Gc3R8vT0SghQoZ7oWo1M/s1600/Natalia_Correia_-_Cantares_dos_Trovadores_Galego-Portugueses_1a_edicao_1970.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="908" data-original-width="548" height="662" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglvcBB1p0HpmO8Qo-OeJki7U3xdsa_bW2aJasoa--U6Da_OZDrUm-aZ8qQZTO7r8C8azUKFdXIn1pjGWH5lk-c_xN0bp-rtNsbYtsg4nVIz0x7j3g-wNzNpRNHZxrRyl-g6hnFbjNR3sxNkJvgBIZKSd16FNNT9v98Gc3R8vT0SghQoZ7oWo1M/w386-h640/Natalia_Correia_-_Cantares_dos_Trovadores_Galego-Portugueses_1a_edicao_1970.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", de <b>Natália Correia</b> (Col. Clássicos de Bolso, Editorial Estampa, 1970)<br />
Arranjo gráfico – Alda Rosa e Eduardo Dias<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNTjjAWtW9zELZEQ5SFEyo4rNNxIoVWEH2nmgTxsc632NFgCN7BCCIJSRunxyr819cj5rNsC6n5X4qSmfLUJBfXTliz-YLXKV20nKELvkoYRA5j0YI2MASg9lfuIAhFTLbvtn1ZSbpX-1xzWE1-LoiMHXpw-8W9XP57C2PQs68Dfq29Mf_VyKx/s1600/Natalia_Correia_-_Cantares_dos_Trovadores_Galego-Portugueses_2a_edicao_1978.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1402" data-original-width="872" height="643" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNTjjAWtW9zELZEQ5SFEyo4rNNxIoVWEH2nmgTxsc632NFgCN7BCCIJSRunxyr819cj5rNsC6n5X4qSmfLUJBfXTliz-YLXKV20nKELvkoYRA5j0YI2MASg9lfuIAhFTLbvtn1ZSbpX-1xzWE1-LoiMHXpw-8W9XP57C2PQs68Dfq29Mf_VyKx/w398-h640/Natalia_Correia_-_Cantares_dos_Trovadores_Galego-Portugueses_2a_edicao_1978.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 2.ª edição do livro "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", de <b>Natália Correia </b>(Col. Clássicos de Bolso, Editorial Estampa, 1978)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYtPEdckCYPpIOUlF3ya4U9dUDmrquRSjmsoyJWXTwsOFgE60rqSzE0d4vka4Mj4jfEPeMcQmEESBgP0LuBXQQyKyoJ980i8FemPjpeqEOhX74W0PdevHSEtCxaJyJWcNdilfkocXbKWmead6YTnQxX-BDeRWxEaNzw1d5MYOT6iWdlj5z9k8A/s1600/Natalia_Correia_-_Cantares_dos_Trovadores_Galego-Portugueses_3a_edicao_1998.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="628" height="652" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYtPEdckCYPpIOUlF3ya4U9dUDmrquRSjmsoyJWXTwsOFgE60rqSzE0d4vka4Mj4jfEPeMcQmEESBgP0LuBXQQyKyoJ980i8FemPjpeqEOhX74W0PdevHSEtCxaJyJWcNdilfkocXbKWmead6YTnQxX-BDeRWxEaNzw1d5MYOT6iWdlj5z9k8A/w393-h640/Natalia_Correia_-_Cantares_dos_Trovadores_Galego-Portugueses_3a_edicao_1998.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 3.ª edição do livro "Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses", de <b>Natália Correia</b> (Col. Clássicos de Bolso, Editorial Estampa, 1998)<br />
Reprodução parcial e ligeiramente retocada de uma iluminura do "<a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/iluminura.asp?img=A_119_21" target="_blank"><span style="color: blue;">Cancioneiro da Ajuda</span></a>".<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRzPbusRRLtjWrLgimMZ1U6rAOk8naK8NtYSLRalO9o9asXLsbt-J63jLkcisZD5ASU40hMKV00xUj0LPzkxWP3TXDH2EKGTD0GLT6ZLKkHN5tIIL84kpnfOtzZcEO-qsxQNGrZNGHJWsAlra5YWZpRGaUW1RYq7kdk8KJ8wRN13pX0VlIrbaI/s1600/Natalia_Correia_Amalia_Rodrigues_e_Ary_dos_Santos_-_Cantigas_d_Amigos_LP_1971.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRzPbusRRLtjWrLgimMZ1U6rAOk8naK8NtYSLRalO9o9asXLsbt-J63jLkcisZD5ASU40hMKV00xUj0LPzkxWP3TXDH2EKGTD0GLT6ZLKkHN5tIIL84kpnfOtzZcEO-qsxQNGrZNGHJWsAlra5YWZpRGaUW1RYq7kdk8KJ8wRN13pX0VlIrbaI/w400-h400/Natalia_Correia_Amalia_Rodrigues_e_Ary_dos_Santos_-_Cantigas_d_Amigos_LP_1971.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Cantigas d'Amigos", de <b>Natália Correia</b>, Amália Rodrigues e Ary dos Santos (Columbia/VC, 1971)<br />
Concepção – Maluda.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBmIXkKtXqVSEKVNPydAehe8ym-OTfmuiIXmqLKaVe39GbzOiZxxvA2_mybOnexpHOw4QxXhPTvbOrRdzU3d-bnGPww-vF-sBwGWyH9y9dLE8jaQvyQAGSj1yLokLdILiN7Ku17h49_fjklpqdyk-sFtwPGkaHuMwQtBE4Dzm1KkHNzsNAsdKg/s1600/Natalia_Correia_-_Alegre_Eu_Ando_LP_1972.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="593" data-original-width="600" height="395" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBmIXkKtXqVSEKVNPydAehe8ym-OTfmuiIXmqLKaVe39GbzOiZxxvA2_mybOnexpHOw4QxXhPTvbOrRdzU3d-bnGPww-vF-sBwGWyH9y9dLE8jaQvyQAGSj1yLokLdILiN7Ku17h49_fjklpqdyk-sFtwPGkaHuMwQtBE4Dzm1KkHNzsNAsdKg/w400-h395/Natalia_Correia_-_Alegre_Eu_Ando_LP_1972.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Alegre Eu Ando", de <b>Natália Correia</b> (Decca/VC, 1972)<br />
Reprodução parcial de um desenho à pena, aguarelado a nanquim, assinado por Zuzarte (Séc. XVIII), mostrando o lado oriental do Rossio, antes do Terramoto de 1755 [imagem inteira >> <a href="https://acasasenhorial.org/acs/images/csimgs/Desenhos_Pinturas/Desenhos/Sec_XVIII/Palacio_Tancos/Digitalizar0037.jpg" target="_blank"><span style="color: blue;">aqui</span></a>].<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdxZd2zHxfz9w1sBuSqcqYr4kE2VSAo8E2VOnFBlhNCNnLjUxtFItaATX33WmbLsWuacDUkgWIIb8NhmqWr16BsSAyhA0KCz0qUTfXoz7t2iVENDvMZwpww5V8EbyKL-ytTNr6/s1600/Natalia_Correia_-_A_Defesa_do_Poeta_2003.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdxZd2zHxfz9w1sBuSqcqYr4kE2VSAo8E2VOnFBlhNCNnLjUxtFItaATX33WmbLsWuacDUkgWIIb8NhmqWr16BsSAyhA0KCz0qUTfXoz7t2iVENDvMZwpww5V8EbyKL-ytTNr6/s400/Natalia_Correia_-_A_Defesa_do_Poeta_2003.jpg" height="391" width="400"></a><br />
Capa do CD "A Defesa do Poeta", de <b>Natália Correia</b> (EMI-VC, 2003)<br />
Inclui, entre outras, todas as faixas do LP "Alegre Eu Ando", excepto "Senhora, Que Bem Pareceis", substituída pela faixa homónima do LP "Cantigas d'Amigos".<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS12-RPUgzVaAyp0hNpG911VAkDEvZdMQpDCEBVnwY6cCtpWS1vS12Q0DEJMYSh-qmOymMOoNZTEiuAP87AIYodoqlIpLkEU1-YOOOvcjZAW9jxXsf8YjbxuuH94jApG_rNJtk/s1600/Natalia_Correia_&_Antonio_Victorino_D'Almeida_-_Improviso_LP_1973.jpeg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS12-RPUgzVaAyp0hNpG911VAkDEvZdMQpDCEBVnwY6cCtpWS1vS12Q0DEJMYSh-qmOymMOoNZTEiuAP87AIYodoqlIpLkEU1-YOOOvcjZAW9jxXsf8YjbxuuH94jApG_rNJtk/s400/Natalia_Correia_&_Antonio_Victorino_D'Almeida_-_Improviso_LP_1973.jpeg" height="400" width="400"></a><br />
Capa do LP "Improviso", de <b>Natália Correia</b> e António Victorino d'Almeida (Guilda da Música/Sassetti, 1973)<br />
Inclui, entre os 15 poemas recitados/interpretados por Natália Correia, dois de trovadores galego-portugueses do século XIII.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO9wSpoMNo5J9PaFKmGw78fBkGHHVfGvRk_rdqTUjo1jG_Nd6wgNx3qPaocKUMPgUiKJfC3sNiyZFwdS9lydXBGlZ02ZXqkmeDf4OPzbhLhEY18x4BvRAarg0CL8oVzhVNfPrX/s1600/Natalia_Correia_-_Poemas_ditos_e_ate_cantados_pela_autora_2011.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO9wSpoMNo5J9PaFKmGw78fBkGHHVfGvRk_rdqTUjo1jG_Nd6wgNx3qPaocKUMPgUiKJfC3sNiyZFwdS9lydXBGlZ02ZXqkmeDf4OPzbhLhEY18x4BvRAarg0CL8oVzhVNfPrX/s400/Natalia_Correia_-_Poemas_ditos_e_ate_cantados_pela_autora_2011.jpg" height="360" width="400"></a><br />
Capa do CD "<b>Natália Correia</b>: Poemas Ditos (e até Cantados) pela Autora" (CNM, 2011)<br />
O conteúdo é o mesmo do LP "Improviso" (1973).<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir5Kv0xtirc6yLLkqnqIqPCQblg3qnEVhJr26tuSrpj1SyakKjEFeIKXl7vTIfPs24ynCE8CioJVCaWnUUnJcd_TeX130MKz6fx9LRkyIJA1tOReftynn3ViCQc1jnr5tRr8tgtMAFQFeRSE0FSpcJI50WrAE2x1xBZDBK0yPeVyn9JMrQB8in/s1600/Natalia_Correia_-_Cantigas_de_Amor_e_de_Amigo_dos_Trovadores_Galeco-Portugueses_LP_1974.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir5Kv0xtirc6yLLkqnqIqPCQblg3qnEVhJr26tuSrpj1SyakKjEFeIKXl7vTIfPs24ynCE8CioJVCaWnUUnJcd_TeX130MKz6fx9LRkyIJA1tOReftynn3ViCQc1jnr5tRr8tgtMAFQFeRSE0FSpcJI50WrAE2x1xBZDBK0yPeVyn9JMrQB8in/w400-h400/Natalia_Correia_-_Cantigas_de_Amor_e_de_Amigo_dos_Trovadores_Galeco-Portugueses_LP_1974.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Cantigas de Amor e de Amigo dos Trovadores Galego-Portugueses", de <b>Natália Correia</b> (Série 'Disco Falado', Guilda da Música/Sassetti, 1974)<br />
Concepção – Cipriano Dourado (a partir de uma iluminura do "<a href="https://cantigas.fcsh.unl.pt/iluminura.asp?img=A_119_21" target="_blank"><span style="color: blue;">Cancioneiro da Ajuda</span></a>").<br />
<br />
_______________________________<br />
<br />
Artigos com poesia de Natália Correia:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/poesia-na-radio-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Poesia na rádio (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/03/ana-moura-creio-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ana Moura: "Creio" (Natália Correia)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/04/natalia-correia-rascunho-de-uma.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/a-natalidade-de-natalia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A Natalidade de Natália</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/natalia-correia-casa-do-poeta-por.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias</span></a><br />
<br />
[Reeditado em 15 Set. 2023]</span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-81647444244806530842023-07-30T19:28:00.009+01:002024-03-02T15:28:16.829+00:00"Ecos da Ribalta": homenagem a Eunice Muñoz<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkgFkKNQP_3MSWb1_xlXnllDiy-dm36H0eZc7ZjDF-HfsUZvUOkyx8_08pa-PaAkyP70QG4fwVbp9aaQD3IKmJWpitYrcki6D1c4Q_DG5CLCcLDt5zi1V2h14fkM9mZRMGxxlnw9YnuNYmo8tbKeeXL-UdVUdLA7F9-tLjtflzCjh37U_LzBPM/s1600/Eunice_Munoz_como_Joana_d_Arc_-_Teatro_Avenida_1955_c_Bourdain_de_Macedo_MNT214805.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="301" data-original-width="450" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkgFkKNQP_3MSWb1_xlXnllDiy-dm36H0eZc7ZjDF-HfsUZvUOkyx8_08pa-PaAkyP70QG4fwVbp9aaQD3IKmJWpitYrcki6D1c4Q_DG5CLCcLDt5zi1V2h14fkM9mZRMGxxlnw9YnuNYmo8tbKeeXL-UdVUdLA7F9-tLjtflzCjh37U_LzBPM/w400-h268/Eunice_Munoz_como_Joana_d_Arc_-_Teatro_Avenida_1955_c_Bourdain_de_Macedo_MNT214805.jpg" width="400" /></a><br />
<b>Eunice Muñoz</b> encarnando Joana d'Arc, na peça homónima (título original: "L'Alouette") de Jean Anouilh, numa tradução de Redondo Júnior, levada à cena pela Empresa Vasco Morgado, com encenação de Virgílio Macieira e figurinos de Pinto de Campos, no Teatro Avenida (Lisboa), em 1955.<br />
© Bourdain de Macedo / Museu Nacional do Teatro (MNT 214805) [<a href="http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=196086" target="_blank"><span style="color: blue;">MatrizNet</span></a>]<br />
<br />
<br />
<b>Eunice Muñoz</b>, se não tivesse sido subtraída ao número dos vivos, o que tristemente ocorreu a 15 Abril do ano passado, completaria hoje 95 anos de idade. Assinalamos a efeméride destacando as edições do programa "Ecos da Ribalta", que o seu autor, João Pereira Bastos, teve a mui louvável iniciativa de dedicar à genial actriz, antes e depois do falecimento. Homenagear um artista deve fazer-se, mais do que com panegíricos, cultivando a obra que nos legaram, que, no caso da de Eunice Muñoz, está repartida pelo teatro radiofónico e televisivo, pela recitação de poesia e leitura de prosa (gravadas para edição discográfica ou para programas de rádio e de televisão), pelo cinema e pela ficção televisiva. A presente celebração incide no teatro feito puramente de som (o radiofónico e um pedaço de uma actuação em palco, pertencente ao espólio de Francisco Igrejas Caeiro) e na poesia dita/recitada – registos que por darem perfeito testemunho da altíssima e singular craveira artística da saudosa actriz têm o bendito condão de incrementar, em quem não for desprovido de sensibilidade (obviamente), o desejo de ouvir mais teatro e poesia com a sua distintiva e qualitativa marca. Parte da poesia e da prosa editada em disco a que a Senhora D. Eunice emprestou a sua inconfundível e tão carismática voz pode hoje ser facilmente ouvida 'online' (nas plataformas de 'streaming'), mas o que gravou para a rádio nesse capítulo permanece ainda inacessível, se exceptuarmos um ou outro programa avulso em que foi convidada a participar. E no caso do teatro radiofónico a situação não é muito melhor uma vez que são escassas as peças presentes na plataforma <a href="https://arquivos.rtp.pt/page/1/?s=Eunice+Munoz+&advanced=1&sort=score&content_material%5B%5D=53" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Arquivos</span></a>. Entre as ausentes contam-se algumas que o Sr. João Pereira Bastos em boa hora recuperou do arquivo da RDP para gáudio dos amantes de arte de Talma que escutam o seu programa. Reiteramos, pois, o apelo a quem de direito para que não demorem muito mais a resgatar o inestimável acervo de teatro, poesia e prosa em que intervieram Eunice Muñoz e outros categorizados actores portugueses. Escusado será acrescentar que tal disponibilização 'online' não deve obstar à difusão radiofónica, mormente na Antena 2, em espaços regulares consagrados à literatura (poesia e prosa) e ao teatro do imaginário. A rádio pública de hoje peca por omissão ao não valorizar e tirar partido do fabuloso património cultural que ao longo de décadas foi produzido no seu seio por talentosos artistas (ensaiadores e directores de actores incluídos) e briosos profissionais – tradutores, adaptadores, produtores, realizadores, técnicos (de captação de som, sonorização e montagem) –, quase todos já desaparecidos ou retirados do activo (o actor Ruy de Carvalho, que fez muito e bom teatro radiofónico e, aos 96 anos de idade, continua a pisar as tábuas dos palcos, é um dos últimos sobreviventes dessa época áurea e gloriosa da História da Rádio Portuguesa).<br />
<br />
<br />
<b><span style="color: red;">ECOS DA RIBALTA</span></b> | 19 Set. 2018 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p3080/e365493/ecos-da-ribalta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]<br />
<ol style="direction: ltr; list-style-type: square;">
<li class="MsoNormal">Peça "<b>O Infante de Sagres</b>" (excerto), drama histórico de <b>Jaime Cortesão</b><br />
Adaptação: Patrício Álvares<br />
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor<br />
Intérpretes (e personagens): <b>Eunice Muñoz</b> (Dona Beatriz), Carmen Dolores (Dona Mécia), Rogério Paulo (Infante D. Henrique), Jaime Santos (Frei Gaspar), Manuel Correia (Mestre Guedelha), Manuel Lereno (João Fernandes) e Álvaro Benamor (D. Fernando, 1.º Duque de Beja)<br />
Assistência técnica: Fernando Pires<br />
Sonorização: Jorge Santos [TEATRO DAS COMÉDIAS, 1968].</li>
<li class="MsoNormal">Peça "<b>O Indiferente</b>" (monólogo), de <b>Jean Cocteau</b><br />
Tradução e adaptação: António Carlos, da peça "O Belo Indiferente"<br />
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor<br />
Intérprete: <b>Eunice Muñoz</b><br />
Assistência técnica: Fernando Pires<br />
Montagem: Jorge Alves [TEATRO DAS COMÉDIAS, 16 Nov. 1969].</li>
<li class="MsoNormal">Sonetos de <b>Florbela Espanca</b> recitados por <b>Eunice Muñoz</b> (in LP "Florbela Espanca por Eunice Muñoz", Orfeu, 1977, reed. CD "Eunice Muñoz diz Florbela Espanca", col. O Melhor dos Melhores, vol. 61, Movieplay, 1997)<br />
Música: Rui Guedes<br />
- "<b>Amiga</b>" (Deixa-me ser a tua amiga, Amor)<br />
- "<b>De Joelhos</b>" ("Bendita seja a Mãe que te gerou.")<br />
- "<b>Sem Remédio</b>" (Aqueles que me têm muito amor)<br />
- "<b>Fanatismo</b>" (Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida)<br />
- "<b>O Meu Orgulho</b>" (Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera)<br />
- "<b>Saudades</b>" (Saudades! Sim.. talvez.. e porque não?...)<br />
- "<b>Ódio?</b>" (Ódio por Ele? Não... Se o amei tanto)<br />
- "<b>Versos de Orgulho</b>" (O mundo quer-me mal porque ninguém)<br />
- "<b>Rústica</b>" (Ser a moça mais linda do povoado)<br />
- "<b>A Um Moribundo</b>" (Não tenhas medo, não! Tranquilamente)</li>
</ol>
<br />
<b><span style="color: red;">ECOS DA RIBALTA</span></b> | 14 Nov. 2018 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p3080/e376824/ecos-da-ribalta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]<br />
<ol style="direction: ltr; list-style-type: square;">
<li class="MsoNormal">Peça "<b>O Fabricante de Orquídeas</b>", de <b>Marjorie Fry</b><br />
Tradução e adaptação: Botelho da Silva<br />
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor<br />
Intérpretes (e personagens): <b>Eunice Muñoz</b> (Eliei), Carmen Dolores (Nina), Ruy de Carvalho (Joseph), Paiva Raposo (Lorine), Ricardo Alberty (Lim) e Carmen Santos (secretária)<br />
Assistência técnica: Fernando Pires<br />
Montagem: Teles Gomes [TEATRO DAS COMÉDIAS, 6 Ago. 1967].</li>
<li class="MsoNormal">Peça "<b>O Cabelo Branco</b>", de <b>Octave Feuillet</b><br />
Tradução e adaptação: Alice Ogando<br />
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor<br />
Intérpretes (e personagens): <b>Eunice Muñoz</b> (Clotilde) e Jacinto Ramos (Fernando)<br />
Assistência técnica: Fernando Pires<br />
Montagem: Teles Gomes [TEATRO DAS COMÉDIAS, 25 Jun. 1967].</li>
<li class="MsoNormal">Poema "<b>Adeus</b>" (Já gastámos as palavras...), de <b>Eugénio de Andrade</b>, dito pelo autor (in CD "Eugénio de Andrade por Eugénio de Andrade", Numérica, 1997).</li>
<li class="MsoNormal">Poema "<b>Canção</b>" (Tinha um cravo no meu balcão), de <b>Eugénio de Andrade</b>, recitado por <b>Eunice Muñoz</b> (in documentário televisivo "Eugénio de Andrade: O Poeta", da autoria de Jorge Campos, RTP, 1993).</li>
</ol>
<br />
<b><span style="color: red;">ECOS DA RIBALTA</span></b> | 7 Set. 2022 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p3080/e639006/ecos-da-ribalta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]<br />
<ol style="direction: ltr; list-style-type: square;">
<li class="MsoNormal">Peça "<b>Antígona</b>", de <b>Jean Anouilh</b><br />
Tradução: António Mega Ferreira<br />
Adaptação: Jorge de Filgueiras<br />
Direcção de actores: Carlos Avilez<br />
Intérpretes (e personagens): <b>Eunice Muñoz</b> (Antígona), Ruy de Carvalho (Creonte), João Vasco (Prólogo), António Marques (Hémon), Lurdes Norberto (Isménia), Maria Albergaria (ama), Mário Sargedas (guarda), Álvaro Faria (mensageiro), Fernanda Coimbra (Eurídice), Adelaide João (1.ª mulher), Marília Costa (2.ª mulher), Carlos Rosa (um homem)<br />
Locução: Martins Costa (texto de apresentação escrito por Maria José Mauperrin)<br />
Assistência técnica: Fernando Pires<br />
Montagem: Rui Leitão<br />
Realização: Maria José Mauperrin [TEMPO DE TEATRO, 5 Mai. 1978].</li>
</ol>
<br />
<b><span style="color: red;">ECOS DA RIBALTA</span></b> | 5 Out. 2022 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p3080/e645019/ecos-da-ribalta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]<br />
<ol style="direction: ltr; list-style-type: square;">
<li class="MsoNormal">Peça "<b>Joana d'Arc</b>" (excerto), de <b>Jean Anouilh</b><br />
Tradução: Redondo Júnior<br />
Encenação: Virgílio Macieira<br />
Intérpretes (e personagens) (da peça integral): <b>Eunice Muñoz</b> (Joana d'Arc), Alves da Cunha (Pierre Cauchon, bispo de Beauvais), Artur Semedo (o inquisidor), Alberto Ghira (o promotor), Fernando Gusmão (frei Martin Ladvenu), Álvaro Benamor (o conde Warwick), José Gamboa (Carlos VII, o delfim), Fernanda de Sousa (a rainha Iolanda), Madalena Sotto (a jovem rainha), Mariana Vilas (Agnès Sorel), Costa Ferreira (o arcebispo), Carlos José Teixeira (La Trémouille), Mário Santos (Robert de Baudricourt), Pisani Burnay (La Hire), Luís de Campos (o pai), Berta Bivar (a mãe), Andrade e Silva (o irmão), Mário Pereira (o carrasco) e Armando Cortez (o soldado inglês)<br />
Produção: Empresa Vasco Morgado [GRAVAÇÃO DE UM ENSAIO NO TEATRO AVENIDA, LISBOA, EM 1955 – ESPÓLIO DE FRANCISCO IGREJAS CAEIRO].</li>
<li class="MsoNormal">Peça "<b>A Estátua Mutilada</b>", de <b>Jorge de Filgueiras</b><br />
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor<br />
Intérpretes (e personagens): <b>Eunice Muñoz</b> (Afrodite), Assis Pacheco (o edil António), Ruy de Carvalho (o escultor Marco)<br />
Assistência técnica: Leonel da Silva <br />
Sonorização: Jorge Santos [TEATRO DAS COMÉDIAS, 1968].</li>
</ol>
<br />
<b><span style="color: red;">ECOS DA RIBALTA</span></b> | 21 Dez. 2022 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p3080/e660785/ecos-da-ribalta" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]<br />
<ol style="direction: ltr; list-style-type: square;">
<li class="MsoNormal">"<b>Auto da Virgem Gloriosa</b>", de <b>Gil Vicente</b><br />
Adaptação e tradução: Leopoldo de Araújo (compilação de excertos de: "Auto da Fé", "Auto de Sibila Cassandra", "Auto de Mofina Mendes" e "Auto dos Reis Magos")<br />
Direcção e ensaio: Raul de Carvalho<br />
Intérpretes: Amélia Rey Colaço, <b>Eunice Muñoz</b>, Mariana Rey Monteiro, Carmen Dolores, Lourdes Norberto, Hortense Luz, Alina Vaz, Maria José, Teresa Mota, José Gamboa, Ruy de Carvalho, Paulo Renato, Pedro Lemos, Alves da Costa, Luís Filipe, Barreto Poeira, Varela Silva, Armando Cortez e Raul de Carvalho<br />
Locução: D. João da Câmara<br />
Captação e registo de som: Leonel da Silva<br />
Realização: Castela Esteves [NOITE DE TEATRO, 25 Dez. 1967].</li>
</ol>
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdJkVbm6aN5aDs5bw9rBQZi8mp21s5MeuhIY9H2dSLEke_4B7B628bjh8guCtoMsIHHzF73zyf0DJ3gqaFHWeC8OOKZWvElAzRDCIGyOh8PForRZn9dEkADcO0nLilv_oyEQQddIjOlIxRQrGxw9qB-XCXDhINdyfEyGkAeKPGi4B58Xx0DWu2/s1600/Eunice_Munoz_como_Joana_d_Arc_1955_-_O_Seculo_Ilustrado_12-11-1955_c_Augusto_Bobone_MNT177967.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="314" height="573" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdJkVbm6aN5aDs5bw9rBQZi8mp21s5MeuhIY9H2dSLEke_4B7B628bjh8guCtoMsIHHzF73zyf0DJ3gqaFHWeC8OOKZWvElAzRDCIGyOh8PForRZn9dEkADcO0nLilv_oyEQQddIjOlIxRQrGxw9qB-XCXDhINdyfEyGkAeKPGi4B58Xx0DWu2/w447-h640/Eunice_Munoz_como_Joana_d_Arc_1955_-_O_Seculo_Ilustrado_12-11-1955_c_Augusto_Bobone_MNT177967.jpg" width="400" /></a><br />
Capa d' "O Século Ilustrado", de 12 de Novembro de 1955<br /><b>
Eunice Muñoz</b> caracterizada para a peça "Joana d'Arc" acima referenciada<br />
Fotografia – Augusto Bobone / Museu Nacional do Teatro (MNT 177967) [<a href="http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=1037328" target="_blank"><span style="color: blue;">MatrizNet</span></a>]<br />
<br />
__________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia recitada por Eunice Muñoz:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/06/camoes-recitado-e-cantado-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-sophia-de-mello-breyner.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/04/florbela-espanca-morte-por-eunice-munoz.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Florbela Espanca: "À Morte", por Eunice Muñoz</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-64642287041939075942023-06-21T15:58:00.005+01:002023-10-07T15:52:49.854+01:00Fernando Girão: "Cai Neve em Pleno Verão"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrNJ7Qlij0WnEOoXPprNZa3V69lHawyv-tQ2-S4c7MXVScBikOViZJAkWv5zFjBIT9Jg10wDTulhmWP85-T8Kx6HUfmL9ytEh8tOxYmUMiHMsRy8bwo2MLUIBPwGuCalj17JEw4xpms3UDI9SLvoCTXv3I-Y7FDUD8uBMIAYIWxCXD8Rz99vmP/s1600/Coracao_a_sangrar.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="640" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrNJ7Qlij0WnEOoXPprNZa3V69lHawyv-tQ2-S4c7MXVScBikOViZJAkWv5zFjBIT9Jg10wDTulhmWP85-T8Kx6HUfmL9ytEh8tOxYmUMiHMsRy8bwo2MLUIBPwGuCalj17JEw4xpms3UDI9SLvoCTXv3I-Y7FDUD8uBMIAYIWxCXD8Rz99vmP/w400-h267/Coracao_a_sangrar.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
A canção "Cai Neve em Pleno Verão", com letra, música e interpretação de <b>Fernando Girão</b>, apesar de já ter 25 anos – saiu em 1998 no álbum "Cantos da Alma" – permanece assaz actual, sendo que alguns pontos nela aflorados – como a problemática ambiental, os conflitos bélicos, o desgaste das democracias incapazes de evitar a depauperização das classes média e média-baixa, as patologias do foro psíquico/mental – registaram um preocupante agravamento. Em suma: o mundo está hoje pior do que no fim do século passado, o que torna ainda mais pertinente recuperarmos "Cai Neve em Pleno Verão", tomando como pretexto a chegada do Estio de 2023. E se quem a não conhecia ou já a havia esquecido ficar, depois de ouvi-la, menos apático e mais inconformista, de tal sorte que se sinta motivado a agir para tornar as coisas melhores e fazer do mundo um lugar mais sustentável, redobrada será a nossa satisfação pela escolha que fizemos. Boa escuta!<br />
<br />
Filho do guitarrista Fernando Freitas (acompanhador de Amália Rodrigues nas temporadas que fez no Brasil na década de 1940, essencialmente) e da fadista baiana Maria Girão, <b>Fernando Girão</b> trilhou na Música Portuguesa um caminho muito próprio e distintivo, tendo como influências principais os ritmos tropicais e o fado de Lisboa. Além da participação em trabalhos colectivos [de que merece especial menção o álbum "Homo Sapiens" (1976), do grupo Saga] e alheios [por exemplo, o álbum "Triângulo do Mar" (1982), de Carlos Mendes, no qual interveio como músico e assinou a direcção musical], Fernando Girão gravou, em nome individual, vários 'singles' (no decénio 1972-1982, quase todos sob designação de Very Nice) e uma dúzia de álbuns (desde 1977 até 2010), os quais, pela qualidade e originalidade que apresentam, lhe garatem um lugar de relevo da História da Música Portuguesa. Seria, portanto, da mais elementar justiça que o meritório artista estivesse representado na 'playlist' da Antena 1 (e também na da Antena 3, porque não?) – mas não está. E a soez exclusão não é de agora: há largos anos que se verifica. Em programas de autor também não tem sido fácil ouvir algo do repertório de Fernando Girão na Antena 1: só muito esporadicamente no espaço "Alma Lusa" (depois do noticiário da meia-noite de domingo até às 02h:00 da madrugada de segunda-feira) e, mais recentemente, em duas edições do programa "Gramofone" (Antena 1, sábados, depois do noticiário das 08h:00 da manhã), no âmbito de um ciclo devotado ao artista [11 Mar. 2023 >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p9837/e690183/gramofone" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a> / 13 Mai. 2023 >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p9837/e690959/gramofone" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Tomara que a atenção que João Carlos Callixto prestou a Fernando Girão (e tem prestado a outras figuras importantes da nossa música) fosse extensiva a quem mexe e remexe nas 'playlists' da rádio pública!<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Cai Neve em Pleno Verão</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fgi-0001/FGI0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Fernando Girão</b><br />
Intérprete: <b>Fernando Girão</b>* (in CD "Cantos da Alma", Upgrade Records/Ovação, 1998)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/E8NECEnFJ88" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Se eu não tivesse que pagar a salvação,<br />
Se as novas igrejas não fossem velhos cinemas,<br />
Se a vida não tivesse tantos dilemas,<br />
Se houvesse um volte-face<br />
E o mundo melhorasse<br />
E nós vivêssemos em paz...<br />
<br />
Se eu soubesse ser um pouco mais feliz,<br />
Se o meu país fosse igual ao teu país,<br />
Se eu pudesse ter sorte e algum tino,<br />
Se a poluição dos mares<br />
E a contaminação dos ares<br />
Não fossem hoje tão reais,<br />
Talvez eu não dissesse mais:<br />
<br />
«Cai neve em pleno Verão...<br />
E dentro da nossa alma.<br />
Nós não queremos compaixão:<br />
Só um pouco de atenção<br />
E a solução p'ra os nossos traumas.»<br />
[bis]<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Se o trabalho hoje não fosse tão escasso,<br />
Se a Lua coubesse inteira nos meus braços,<br />
Se um dia eu conhecesse um outro eu,<br />
Se o partido em que eu votasse<br />
Fosse sério e respeitasse<br />
Aquilo que nos prometeu,<br />
Talvez eu não dissesse mais:<br />
<br />
«Cai neve em pleno Verão...<br />
E dentro da nossa alma.<br />
Nós não queremos compaixão:<br />
Só um pouco de atenção<br />
E a solução p'ra os nossos traumas.<br />
[3x]<br />
<br />
Cai neve em pleno Verão...<br />
E sangra o nosso coração.<br />
<br />
Cai neve em pleno Verão...<br />
E sangra o nosso coração.<br />
<br />
Cai neve em pleno Verão...<br />
Cai neve em pleno Verão.»<br />
<br />
<br />
* [Créditos gerais do disco:]<br />
José Manuel Neto – guitarra portuguesa<br />
Carlos Manuel Proença – viola de fado, baixo eléctrico, coros<br />
Miguel Braga – piano acústico, teclados<br />
Lúcio – baixo eléctrico<br />
Dalú Roger – percussão<br />
Filipe Larsen – baixo eléctrico<br />
Ernesto Leite – piano acústico, teclados, coros<br />
Gil do Carmo – coros<br />
Anabela – coros<br />
Tó Cruz – coros<br />
Fernando Girão – vozes, coros, guitarra clássica, percussão, teclados<br />
<br />
Arranjos – Fernando Girão, Miguel Braga, Carlos Manuel Proença, Ernesto Leite<br />
Produção e direcção – Fernando Girão para Upgrade Records<br />
Gravado e misturado nos Estúdios Gravisom, Lisboa<br />
Engenheiro de som – Mário Santos<br />
Misturado por Fernando Girão e Mário Santos<br />
Masterização – João Oliveira<br />
URL: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Gir%C3%A3o" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Gir%C3%A3o</span></a><br />
<a href="https://www.rtp.pt/rtpmemoria/gramofone/fernando-girao-por-joao-carlos-callixto_1197" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.rtp.pt/rtpmemoria/gramofone/fernando-girao-por-joao-carlos-callixto_1197</span></a><br />
<a href="https://www.muralsonoro.com/mural-sonoro-pt/2014/1/16/fernando-giro" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.muralsonoro.com/mural-sonoro-pt/2014/1/16/fernando-giro</span></a><br />
<a href="https://soundcloud.com/fernando-gir/tracks" target="_blank"><span style="color: blue;">https://soundcloud.com/fernando-gir/tracks</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UC39tu43jb55xuxu3wK9xO-Q" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UC39tu43jb55xuxu3wK9xO-Q</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3R6HA8shty8YHw-P-E7ooIYGccP0-6TWpX3WKzhbBZS33d-pEDlLqBJjnQs3OUMDc2dEgJZk9XSJlYSbxB2L0QxJwRa350ZEaZ7VCuaEVB8q-CtM2VF_1U2UCmsi6EmIiHngcfjFqm5DRq2Aq8pDZC3WLSC5dDq8RF-UHogW7MpFeSMcQEw5i/s1600/Fernando_Girao_-_Cantos_da_Alma_1998.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="575" data-original-width="600" height="383" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3R6HA8shty8YHw-P-E7ooIYGccP0-6TWpX3WKzhbBZS33d-pEDlLqBJjnQs3OUMDc2dEgJZk9XSJlYSbxB2L0QxJwRa350ZEaZ7VCuaEVB8q-CtM2VF_1U2UCmsi6EmIiHngcfjFqm5DRq2Aq8pDZC3WLSC5dDq8RF-UHogW7MpFeSMcQEw5i/w400-h383/Fernando_Girao_-_Cantos_da_Alma_1998.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Cantos da Alma", de Fernando Girão (Upgrade Records/Ovação, 1998)<br />
Fotografia – Vasco Célio<br />
Arranjo gráfico – Ana Matias<br />
<br />
_____________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório alusivo ao Verão:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/06/janita-salome-reino-de-verao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Janita Salomé: "Reino de Verão"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/06/grupo-banza-verao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Grupo Banza: "Verão"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/fernando-pardal-estio-manuel-da-fonseca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Pardal: "Estio" (Manuel da Fonseca)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/06/trovante-noite-de-verao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Trovante: "Noite de Verão" (Manuel da Fonseca)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/06/trio-fado-espera-do-verao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Trio Fado: "À Espera do Verão"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/06/jose-peixoto-estio.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Peixoto: "Estio"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-88516043066033064392023-06-10T20:10:00.009+01:002023-10-07T15:55:34.127+01:00Camões recitado e cantado (IX)<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUvv_8gmEVRh0LK2XPVmPqLnHDDgOfLihz8vlaYUvX6GLqTU_ff4kqygaXA0XfO-2fYi_PosCczvILMK5inHgrnxmKerQx3o8gRY5_Y2ETxYe7CwmGx72r91zezpud1k0vOEtTjZHMH7aBbDBnyJTxx9WEQyZiyp2Wrzkl7C4Zm1UgCeUw7A/s1600/Mario_Botas_-_Camoes_1980.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1268" data-original-width="877" height="578" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUvv_8gmEVRh0LK2XPVmPqLnHDDgOfLihz8vlaYUvX6GLqTU_ff4kqygaXA0XfO-2fYi_PosCczvILMK5inHgrnxmKerQx3o8gRY5_Y2ETxYe7CwmGx72r91zezpud1k0vOEtTjZHMH7aBbDBnyJTxx9WEQyZiyp2Wrzkl7C4Zm1UgCeUw7A/w443-h640/Mario_Botas_-_Camoes_1980.jpg" width="400" /></a><br />
Mário Botas, "<b>Camões</b>", 1980, aguarela<br />
<br />
<br />
O que primeiramente torna apetecível um disco antológico de Camões é o revelar aspectos principais da sua poesia, a que vulgarmente se não dá o devido lugar: a respiração e o tempo de respirar, a humanização das palavras através de tal virtuosismo, as potencialidades orais que nela se afirmam, para além dos cânones literários renascentistas.<br />
Quando a uma actividade artística a época, a moda, as gerais condicionantes impõem regras estritas, o Artista tem de adestrar-se, exibir domínio e agilidade, ganhar uma certa forma de liberdade, que lhe permita, apesar dos espartilhos que lhe vestem, manifestar o que é seu pessoal — sem o que se confinará à mediocridade da correcção.<br />
Assim com Camões, com a sua linguagem ordenada. Sábio da ciência possível na sua época, homem do seu tempo, acatou e obedeceu; mas criou permanentemente e descobriu; perito em fonética e no sortilégio das palavras, deixou uma orquestração verdadeira, partitura poética para respiração, ritmo, silêncio e voz.<br />
O disco parece destinar-se a violar ou a proteger a intimidade; apresenta-se, portanto, adequado a servir a linguagem camoniana, inclusive as suas menos evidentes ou ocultas virtualidades.<br />
Detesto aquela atitude que nos obriga a aproximar-nos dos clássicos em bicos de pés para não incomodar o «monstro» na pasmaceira e consagração em que jaz. Gosto dos clássicos vivos, insusceptíveis de certidão de óbito, convivendo com os seus iguais de séculos adiante, afirmando solidariedade nos problemas comuns, propondo tácita e segura compreensão para com aqueles que o tempo, entretanto, descobriu. Estes são os «meus» clássicos. Prefiro-os em encadernação simples ou em cartonagem popular, pois mal se convive com quem se nos apresenta entalado em capa doirada e em materiais nobilitantes. Expurgados de sumptuária, nus, ou quase, sem rebuços e sem distâncias. «Salte, Senhor Clássico — apetece bradar —, salte aqui para a nossa dança!» Convite que o clássico aceitará com gosto pois, se o for autenticamente, pertence a todos os tempos. Esta atitude, este convívio quase corporal, será, decerto, respeitador, em excesso, pois não se limita ao respeito literal e simplista; procura motivos de respeito profundo, para além das aparências e das formas, para além dos convencionalismos ou conveniências interpretativas, para além das opções divulgadas.<br />
Trabalhoso respeito que obriga, por exemplo, a imaginar Camões, descontente com um verso, repeti-lo de cor vezes sem conta, em busca de identificar o defeito, obter a solução; já os transeuntes o notam e fazem chacota porque fala sozinho consigo, porque, em plena rua, imerso no seu mundo, apela para todos os dons, envia o destrambelhado verso à zona do subconsciente a fim de dormir, ser revisto e reparado; até que um dia, inesperadamente, surge a solução; e o verso eclode, musical e esplendoroso, no momento em que Camões seguia, olhando a rua sem a ver, na plataforma de um «eléctrico». Oh, desculpem...<br />
Camões tem andado longe do convívio, afastado pelas cargas que a História depôs sobre os ombros do Poeta. Transformaram-no em símbolo. Distribuíram-lhe responsabilidades inumanas, sobretudo nos momentos de tristeza colectiva (que muitos têm sido, do seu tempo a esta parte). Ensinaram-no às crianças, atemorizando-as: «quem não souber Camões reprova no exame». Reduziram-no a estátua de bronze, coroada pelos loiros da glória, mas medonha, atrabiliária.<br />
Aqui, nesta Antologia, vamos à procura do Camões que, sem abdicar de quem é, mais apeteça à nossa convivência dos seus contemporâneos de quatro séculos depois.<br />
Não é, portanto, critério, em sentido restrito, o que esta Antologia tem por motivo condutor. Escolha de poemas como se joga um jogo: chamei para a liça, dentro das limitações de tempo que um disco impõe, aqueles poemas que a experiência de conviver me sugere como susceptíveis de boa convivência com os meus contemporâneos. Cada um deles, no entanto, é válido por si: tirei-os, parece-me, de entre os mais perfeitos e significativos que Camões nos legou.<br />
Oxalá que esta Antologia possa contribuir para uma actual aprendizagem do Poeta.<br />
No mínimo, terá utilidade. A poesia animada pela fala ganha extensas motivações. Os alunos das escolas podem senti-la fora da frieza dos compêndios; a audição oferece novos planos de empatia, crítica e integração estilística e epocal. Os portugueses que não são estudantes (profissionais), mas que se deixam mover por certas curiosidades, poderão usá-la para os ajudar a determinar por que motivo Camões lhes chega na figura de génio por excelência.<br />
<br />
<b>CARLOS WALLENSTEIN</b> (texto<br />
publicado no álbum "Camões: Antologia",<br />
Série "Disco Falado", Guilda da Música/<br />
Sassetti, 1973)<br />
<br />
<br />
Continuando a divulgação do CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", de <b>Fernando Serafim</b> e <b>Filipe de Sousa</b>, apresentamos hoje mais sete espécimes: "Aquela triste e leda madrugada", Op. 112, e "Seis Sonetos de Camões", Op. 215. Os registos recitados, conforme o texto <i>supra</i> sugere, extraímo-los do álbum "Camões: Antologia", do actor e dramaturgo <b>Carlos Wallenstein</b>, originalmente publicado há cinquenta anos, pela Sassetti, sob o selo Guilda da Música, na Série "Disco Falado". Escolhemos três sonetos (os que coincidem com os cantados por Fernando Serafim), mais três redondilhas e uma écloga que intercalámos, tanto quanto possível em harmonia temática, com os espécimes musicados/cantados, estes segundo a ordenação estabelecida por <b>Fernando Lopes-Graça</b>. Esperamos que a audição seja prazenteira e proveitosa. E boa celebração camoniana!<br />
<br />
No que à rádio pública diz respeito, cumpre-nos enaltecer o realizador Germano Campos pelo louvável cuidado que teve ao consagrar boa parte da edição de hoje do seu "Café Plaza" ao nosso Poeta-Maior, com a transmissão de excertos do documentário sobre "Os Lusíadas" da série "Grandes Livros" (RTP-2, 2009), com guião de Arlindo Horta e locução de Diogo Infante, intercalados com poesia, recitada ou cantada, nas vozes de Luís Caetano, Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, Amália Rodrigues, Simone de Oliveira, José Afonso, Eunice Muñoz, Carlos Mendes, Camané e António Pinto Basto [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p2556/e697288/cafe-plaza" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
Nada mais de poesia camoniana lográmos apanhar ao longo desde Dia de Camões na Antena 2, nem nas irmãs Antenas 1 e 3, andando a escrutinar as respectivas emissões – miséria confrangedora que denota e comprova a boçalidade e a falta de sentido de serviço público dos locatários das direcções de programas daqueles canais. Vistas bem as coisas, a culpa maior nem é deles mas dos administradores que os colocaram em lugares para os quais não possuem adequada e necessária aptidão. Enfim, um exemplo entre tantos neste desventurado país onde a mediocridade consegue sobrepor-se ao mérito!...<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Aquela triste e leda madrugada</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0001/CWA0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto) de <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 12)<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b> (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Tg6h48MUb0A" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Aquela triste e leda madrugada,<br />
cheia toda de mágoa e de piedade,<br />
enquanto houver no mundo saudade,<br />
quero que seja sempre celebrada.<br />
<br />
Ela só, quando amena e marchetada<br />
saía, dando ao mundo claridade,<br />
viu apartar-se de uma outra vontade,<br />
que nunca poderá ver-se apartada.<br />
<br />
Ela só viu as lágrimas em fio,<br />
que de uns e de outros olhos derivadas,<br />
juntando-se, formaram largo rio.<br />
<br />
Ela ouviu as palavras magoadas<br />
que puderam tornar o fogo frio<br />
e dar descanso às almas condenadas.<br />
<br />
<br />
<b>Notas</b>:<br />
Triste e leda madrugada: "triste" por se tratar da despedida dos dois amantes; "leda" (alegre) porque de todas as madrugadas nasce um novo dia.<br />
Marchetada – vivamente colorida, matizada de tonalidades luminosas.<br />
Vontade – coração.<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Aquela triste e leda madrugada</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0010/FSE0010.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 12)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> ("Aquela triste e leda madrugada", Op. 112, LG 209, 1959)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/UqMNxr8ei10" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Aquela triste e leda madrugada,<br />
cheia toda de mágoa e de piedade,<br />
enquanto houver no mundo saudade,<br />
quero que seja sempre celebrada.<br />
<br />
Ela só, quando amena e marchetada<br />
saía, dando à terra claridade,<br />
viu apartar-se de ũa outra vontade,<br />
que nunca poderá ver-se apartada.<br />
<br />
Ela só viu as lágrimas em fio,<br />
que duns e doutros olhos derivadas,<br />
juntando-se, formaram largo rio.<br />
<br />
Ela ouviu as palavras magoadas<br />
que puderam tornar o fogo frio<br />
e dar descanso às almas condenadas.<br />
<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Écloga VIII</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0002/CWA0002.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (écloga) de <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 606-608)<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b> (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/O3_-acqOwTk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
(Piscatória)<br />
<br />
SERENO<br />
<br />
Arde por Galateia branca e loura,<br />
Sereno, pescador pobre, forçado<br />
duma estrela, que quer à míngua moura.<br />
<br />
Os outros pescadores têm lançado<br />
no Tejo as redes; ele só fazia<br />
este queixume ao vento descuidado:<br />
<br />
«Quando virá, formosa Ninfa, um dia<br />
em que te possa dar a conta estreita<br />
desta doudice triste e vã porfia?<br />
<br />
Não vês que me foge a alma e que me enjeita,<br />
buscando em um só riso dessa boca,<br />
nos teus olhos azuis, mansa colheita?<br />
<br />
Se ao teu esp'rito alguma mágoa toca,<br />
se de Amor fica nele uma pègada,<br />
que te vai, Galateia, nesta troca?<br />
<br />
Dar-te-ei minha alma; lá ma tens roubada;<br />
não ta demandarei; dá-me por ela<br />
uma só volta de olhos descuidada.<br />
<br />
Se muito te parece, e minha estrela<br />
não consentir ventura tão ditosa,<br />
dou-te as asas do Amor perdidas nela.<br />
<br />
Que mais te posso dar, Ninfa formosa,<br />
inda que o mar de aljôfar me cobrira<br />
toda esta praia leda e graciosa?<br />
<br />
Amansam-se ondas, quebra o vento a ira;<br />
minha tormenta só nunca sossega;<br />
o meu peito arde em vão, em vão suspira.<br />
<br />
Anda no romper d'alva a névoa cega<br />
sobre os montes da Arrábida viçosos,<br />
enquanto o solar raio lhes não chega.<br />
<br />
Eu, vendo aparecer outros formosos<br />
raios, que a graça e cor ao céu roubaram;<br />
se os olhos cegos vi, vejo saudosos.<br />
<br />
Quantas vezes as ondas se encresparam<br />
com meus suspiros! Quantas com meu pranto<br />
as fiz parar de mágoa e me escutaram!<br />
<br />
Se na força da dor, a voz levanto,<br />
e ao som do remo, que a água vai ferindo,<br />
perante a Lua meu cuidado canto,<br />
<br />
os maviosos delfins me estão ouvindo;<br />
a noite sossegada; o mar calado.<br />
Tu só foges de ouvir-me e te vás rindo.<br />
<br />
Estranhas, porventura, o mar cercado<br />
da fraca rede, a barca ao vento solta,<br />
e um pobre pescador aqui lançado?<br />
<br />
Antes que o Sol no céu cerre uma volta<br />
se pode melhorar minha ventura,<br />
como a outros sucede, na água envolta.<br />
<br />
Igual preço não é da formosura<br />
de ouro a areia, que o rico Tejo espraia,<br />
mas um amor que para sempre dura.<br />
<br />
Vejam teus olhos, bela Ninfa, a praia;<br />
verás teu nome na mimosa areia.<br />
Nunca sobre ele o mar com fúria saia!<br />
<br />
Vento algum até agora o não salteia;<br />
três dias há que escrito aqui o deixou<br />
Amor, e o veda a toda a força alheia.<br />
<br />
Ele com suas mãos próprio ajudou<br />
a escolher estas conchas, afirmando<br />
que o sol para ti só as matizou.<br />
<br />
Um ramo te colhi de coral brando;<br />
antes que o ar lhe desse, parecia<br />
o que de tua boca estou cuidando.<br />
<br />
Ditoso se o soubesse inda algum dia!<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Alegres campos, verdes arvoredos</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0011/FSE0011.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 20)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (1.ª peça de "Seis Sonetos de Camões", Op. 215, LG 237, 1979)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<br />
Alegres campos, verdes arvoredos,<br />
claras e frescas águas de cristal,<br />
que em vós os debuxais ao natural,<br />
discorrendo da altura dos rochedos;<br />
<br />
silvestres montes, ásperos penedos,<br />
compostos em concerto desigual;<br />
sabei que, sem licença de meu mal,<br />
já não podeis fazer meus olhos ledos.<br />
<br />
E, pois me já não vedes como vistes,<br />
não me alegrem verduras deleitosas,<br />
nem águas que correndo alegres vêm.<br />
<br />
Semearei em vós lembranças tristes,<br />
regando-vos com lágrimas saudosas,<br />
e nascerão saudades de meu bem.<br />
<br />
<br />
<b>Notas</b>:<br />
Debuxais – retratais, reproduzis a imagem.<br />
Ledos – alegres.<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Babel e Sião</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0003/CWA0003.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (trova em redondilha maior) de <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 712-713) (excerto - estrofes 5.ª a 8.ª) [texto integral em: <a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/camoes-recitado-e-cantado-v.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (V)</span></a>]<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b> (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/FSHWfTkuUCk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Bem são rios estas águas,<br />
com que banho este papel;<br />
bem parece esta cruel<br />
variedade de mágoas<br />
a confusão de Babel.<br />
Como homem que, por exemplo<br />
dos transes em que se achou,<br />
depois que a guerra deixou,<br />
pelas paredes do templo<br />
suas armas pendurou:<br />
<br />
Assim, depois que assentei<br />
que tudo o tempo gastava,<br />
da tristeza que tomei,<br />
nos salgueiros pendurei<br />
os órgãos com que cantava.<br />
Aquele instrumento ledo<br />
deixei da vida passada,<br />
dizendo: — «Música amada,<br />
deixo-vos neste arvoredo<br />
à memória consagrada.<br />
<br />
Frauta minha que, tangendo,<br />
os montes fazíeis vir<br />
para onde estáveis, correndo;<br />
e as águas, que iam descendo,<br />
tornavam logo a subir,<br />
jamais vos não ouvirão<br />
os tigres, que se amansavam;<br />
e as ovelhas, que pastavam,<br />
das ervas se fartarão<br />
que por vos ouvir deixavam.<br />
<br />
Já não fareis docemente<br />
em rosas tornar abrolhos<br />
na ribeira florescente;<br />
nem poreis freio à corrente,<br />
e mais, se for dos meus olhos.<br />
Não movereis a espessura,<br />
nem podereis já trazer<br />
atrás vós a fonte pura,<br />
pois não pudestes mover<br />
desconcertos da ventura.»<br />
<br />
<br />
<b>Notas</b>:<br />
Babel – refere-se o Poeta à torre de Babel que os homens, que então falavam uma só língua, pretendiam construir. Javé, para frustrar-lhes os intentos, confundiu-lhes as línguas e dispersou-os pela face da Terra (<i>Génesis</i>, 11, 1-9).<br />
Assentei – tive por certo.<br />
Da tristeza – por causa da tristeza.<br />
Órgãos – harpas. Cf. Salmo 136, v. 2, <i>in salicibus in medio eius suspendimus organa nostra</i>: «pendurámos as nossas harpas nos salgueiros que estão no meio da cidade».<br />
Espessura – floresta.<br />
Mover – evitar, arredar.<br />
Ventura – destino.<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Na ribeira de Eufrates assentando</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0012/FSE0012.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Dom António Álvares da Cunha, Lisboa, 1668; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 83)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (2.ª peça de "Seis Sonetos de Camões", Op. 215, LG 237, 1979)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<br />
Na ribeira de Eufrates assentado,<br />
discorrendo me achei pela memória<br />
aquele breve bem, aquela glória,<br />
que em ti, doce Sião, tinha passado.<br />
<br />
Da causa de meus males perguntado<br />
me foi: «Como não cantas a história<br />
de teu passado bem, e da vitória<br />
que sempre de teu mal hás alcançado?<br />
<br />
Não sabes que, a quem canta, se lhe esquece<br />
o mal, inda que grave e rigoroso?<br />
Canta, pois, e não chores dessa sorte».<br />
<br />
Respondi com suspiros: «Quando cresce<br />
a muita saudade, o piedoso<br />
remédio é não cantar senão a Morte».<br />
<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A uma Senhora que rezava por umas contas</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0004/CWA0004.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (trova em redondilha maior) de <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 736-737)<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b> (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/7_geuasLmTA" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Peço-vos que me digais:<br />
as orações que rezastes,<br />
se são pelos que matastes,<br />
se por vós, que assim matais.<br />
Se são por vós, são perdidas;<br />
que qual será a oração<br />
que seja satisfação,<br />
Senhora, de tantas vidas?<br />
<br />
Que se vedes quantos vêm<br />
a só vida vos pedir,<br />
como vos há Deus de ouvir,<br />
se vós não ouvis ninguém?<br />
Não podeis ser perdoada<br />
com mãos a matar tão prontas,<br />
que, se numa trazeis contas,<br />
na outra trazeis espada.<br />
<br />
Se dizeis que encomendando<br />
os que matastes andais,<br />
se rezais por quem matais,<br />
para que matais, rezando?<br />
Que, se na força do orar,<br />
levantais as mãos aos Céus,<br />
não as ergueis para Deus,<br />
erguei-las para matar.<br />
<br />
E quando os olhos cerrais<br />
toda enlevada na fé,<br />
cerram-se os de quem vos vê<br />
para nunca verem mais.<br />
Pois se assim forem tratados<br />
os que vos vêem quando orais,<br />
essas horas que rezais<br />
são as horas dos finados.<br />
<br />
Pois logo, se sois servida<br />
que tantos mortos não sejam,<br />
não rezeis onde vos vejam,<br />
ou vede para dar vida.<br />
Ou, se quereis escusar<br />
estes males que causastes,<br />
ressuscitai quem matastes,<br />
não tereis por quem rezar.<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Eu cantarei de amor tão docemente</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0013/FSE0013.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 4)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (3.ª peça de "Seis Sonetos de Camões", Op. 215, LG 237, 1979)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<br />
Eu cantarei de amor tão docemente,<br />
por uns termos em si tão concertados,<br />
que dois mil acidentes namorados<br />
faça sentir ao peito que não sente.<br />
<br />
Farei que Amor a todos avivente,<br />
pintando mil segredos delicados,<br />
brandas iras, suspiros magoados,<br />
temerosa ousadia e pena ausente.<br />
<br />
Também, Senhora, do desprezo honesto<br />
de vossa vista branda e rigorosa,<br />
contentar-me-ei dizendo a menor parte.<br />
<br />
Porém, para cantar de vosso gesto<br />
a composição alta e milagrosa<br />
aqui falta saber, engenho e arte.<br />
<br />
<br />
<b>Notas</b>:<br />
Dois mil – muitíssimos, inúmeros.<br />
Brandas iras – iras amorosas.<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>O dia em que nasci moura e pereça</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0005/CWA0005.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto) de <b>Luís de Camões</b> (do conjunto de poemas recolhidos por Luís Franco Correia, entre 1557 e 1589, in "Rimas", org. João António de Lemos Pereira de Lacerda, 2.º visconde de Juromenha, Lisboa, 1861; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 171)<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b> (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/9cCVnBJzis0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
O dia em que nasci moura e pereça,<br />
não o queira jamais o tempo dar;<br />
não torne mais ao mundo e, se tornar,<br />
eclipse nesse passo o Sol padeça.<br />
<br />
A luz lhe falte, o Sol se lhe escureça,<br />
mostre o mundo sinais de se acabar,<br />
nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,<br />
a mãe ao próprio filho não conheça.<br />
<br />
As pessoas pasmadas, de ignorantes,<br />
as lágrimas no rosto, a cor perdida,<br />
cuidem que o mundo já se destruiu.<br />
<br />
Ó gente temerosa, não te espantes,<br />
que este dia deitou ao mundo a vida<br />
mais desgraçada que jamais se viu!<br />
<br />
<br /><b>
Nota</b>:<br />
Moura – morra<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>O dia em que nasci moura e pereça</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0014/FSE0014.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (do conjunto de poemas recolhidos por Luís Franco Correia, entre 1557 e 1589, in "Rimas", org. João António de Lemos Pereira de Lacerda, 2.º visconde de Juromenha, Lisboa, 1861; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 171)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (4.ª peça de "Seis Sonetos de Camões", Op. 215, LG 237, 1979)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<br />
O dia em que nasci moura e pereça,<br />
não o queira jamais o tempo dar;<br />
não torne mais ao mundo e, se tornar,<br />
eclipse nesse passo o Sol padeça.<br />
<br />
A luz lhe falte, o Sol se lhe escureça,<br />
mostre o mundo sinais de se acabar,<br />
nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,<br />
a mãe ao próprio filho não conheça.<br />
<br />
As pessoas pasmadas, de ignorantes,<br />
as lágrimas no rosto, a cor perdida,<br />
cuidem que o mundo já se destruiu.<br />
<br />
Ó gente temerosa, não te espantes,<br />
que este dia deitou ao mundo a vida<br />
mais desgraçada que jamais se viu!<br />
<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">Ao desconcerto do Mundo</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0006/CWA0006.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (esparsa em redondilha maior) de <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Estêvão Lopes, Lisboa, 1598; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 801)<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b> (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/49CMR8vrfag" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Os bons vi sempre passar<br />
no mundo graves tormentos;<br />
e, para mais me espantar,<br />
os maus vi sempre nadar<br />
em mar de contentamentos.<br />
Cuidando alcançar assim<br />
o bem tão mal ordenado,<br />
fui mau, mas fui castigado:<br />
assim que, só para mim<br />
anda o mundo concertado.<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Quanta incerta esperança, quanto engano!</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0015/FSE0015.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Manuel de Faria e Sousa, Lisboa, 1685; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 138)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (5.ª peça de "Seis Sonetos de Camões", Op. 215, LG 237, 1979)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<br />
Quanta incerta esperança, quanto engano!<br />
Quanto viver de falsos pensamentos,<br />
pois todos vão fazer seus fundamentos<br />
só no mesmo em que está seu próprio dano!<br />
<br />
Na incerta vida estribam de um humano;<br />
dão crédito a palavras que são ventos;<br />
choram depois as horas e os momentos<br />
que riram com mais gosto em todo o ano.<br />
<br />
Não haja em aparências confianças;<br />
entendei que o viver é de emprestado;<br />
que o de que vive o mundo são mudanças.<br />
<br />
Mudai, pois, o sentido e o cuidado,<br />
somente amando aquelas esperanças<br />
que duram para sempre com o amado.<br />
<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Cá nesta Babilónia, donde mana</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cwa-0007/CWA0007.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto) de <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Domingos Fernandes, Lisboa, 1616; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 62)<br />
Recitado por <b>Carlos Wallenstein</b>* (in LP "Camões: Antologia", Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Camões: Antologia", Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/z1p91SZ4UXw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Cá nesta Babilónia, donde mana<br />
matéria a quanto mal o mundo cria;<br />
cá, donde o puro Amor não tem valia,<br />
que a Mãe, que manda mais, tudo profana;<br />
<br />
cá, donde o mal se afina, o bem se dana,<br />
e pode mais que a honra a tirania;<br />
cá, donde a errada e cega Monarquia<br />
cuida que um nome vão a Deus engana;<br />
<br />
cá, neste labirinto, onde a nobreza,<br />
o valor e o saber pedindo vão<br />
às portas da cobiça e da vileza;<br />
<br />
cá, neste escuro caos de confusão,<br />
cumprindo o curso estou da Natureza.<br />
Vê se me esquecerei de ti, Sião!<br />
<br />
<br />
<b>Notas</b>:<br />
Mana – sai, brota.<br />
Matéria – riquezas.<br />
O puro Amor – o verdadeiro amor espiritual.<br />
Mãe – Vénus, símbolo da luxúria.<br />
Sião – Jerusalém celeste (Céu, Paraíso).<br />
<br />
* Carlos Wallenstein – voz<br />
Selecção de textos/poemas – Carlos Wallenstein<br />
<br />
Direcção literária – Alberto Ferreira<br />
Assistente de produção – Carmen Santos<br />
Produção – Sassetti<br />
Gravado nos Estúdios Polysom, Lisboa<br />
Captação de som e montagem – Moreno Pinto<br />
Remasterização – Jorge d'Avillez (Strauss Studio, Lisboa)<br />
URL: <a href="http://www.cinept.ubi.pt/pt/pessoa/2143690279/Carlos+Wallenstein" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.cinept.ubi.pt/pt/pessoa/2143690279/Carlos+Wallenstein</span></a><br />
<a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/perfil-carlos-wallenstein/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://arquivos.rtp.pt/conteudos/perfil-carlos-wallenstein/</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCAB5mYWk4Z9tVkwp-RrXdgQ" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCAB5mYWk4Z9tVkwp-RrXdgQ</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;"><i>Cá nesta Babilónia, donde mana</i></span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/fse-0016/FSE0016.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema (soneto): <b>Luís de Camões</b> (in "Rimas", org. Domingos Fernandes, Lisboa, 1616; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 62)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (6.ª peça de "Seis Sonetos de Camões", Op. 215, LG 237, 1979)<br />
Intérpretes: <b>Fernando Serafim</b>* & <b>Filipe de Sousa</b> (in CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
<br />
<br />
Cá nesta Babilónia, donde mana<br />
matéria a quanto mal o mundo cria;<br />
cá, onde o puro Amor não tem valia,<br />
que a Mãe, que manda mais, tudo profana;<br />
<br />
cá, onde o mal se afina e o bem se dana,<br />
e pode mais que a honra a tirania;<br />
cá, onde a errada e cega Monarquia<br />
cuida que um nome vão a Deus engana;<br />
<br />
cá, neste labirinto, onde a nobreza,<br />
com esforço e saber pedindo vão<br />
às portas da cobiça e da vileza;<br />
<br />
cá, neste escuro caos de confusão,<br />
cumprindo o curso estou da Natureza.<br />
Vê se me esquecerei de ti, Sião!<br />
<br />
<br />
* Fernando Serafim – voz (tenor)<br />
Filipe de Sousa – piano<br />
<br />
Supervisão artística – Fernando Lopes-Graça<br />
Direcção musical – Jorge Costa Pinto<br />
Produção – Secretaria de Estado da Cultura (Direcção-Geral de Acção Cultural)<br />
Gravado nos Estúdios Jorsom, Lisboa, nos dias 12, 13 e 15 de Dezembro de 1983<br />
Técnico de som – João Magalhães<br />
Remasterização digital – Fernando Abrantes (Strauss Studio, Lisboa)<br />
URL: <a href="https://www.meloteca.com/portfolio-item/fernando-serafim/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.meloteca.com/portfolio-item/fernando-serafim/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/FernandoSerafimMusic" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/FernandoSerafimMusic</span></a><br />
<a href="https://www.meloteca.com/portfolio-item/filipe-de-sousa/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.meloteca.com/portfolio-item/filipe-de-sousa/</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0bI0XMjEMJXJIsJ9frNuSxtsnesHct5QD17IKoGE1264bNa_HXZ_QDGqV15ASmuN_EDxqtW23sBAOfP54mlmo3wtxZ_QfVHqzrVEbmLI91IugBPhev9eVRR1_yHQCf0LpRujLlkrrPfxeBBwpJEtRGCEWWU1-9GznMo3TurmZpgu7itXxjA/s1600/Carlos_Wallenstein_-_Camoes_Antologia_LP_1973.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0bI0XMjEMJXJIsJ9frNuSxtsnesHct5QD17IKoGE1264bNa_HXZ_QDGqV15ASmuN_EDxqtW23sBAOfP54mlmo3wtxZ_QfVHqzrVEbmLI91IugBPhev9eVRR1_yHQCf0LpRujLlkrrPfxeBBwpJEtRGCEWWU1-9GznMo3TurmZpgu7itXxjA/w400-h400/Carlos_Wallenstein_-_Camoes_Antologia_LP_1973.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Camões: Antologia", de Carlos Wallenstein (Série "Disco Falado", Guilda da Música/Sassetti, 1973)<br />
Concepção – Soares Rocha<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit3QZQgARX9P2Bd5wMv_N3wFhLmmzYwXQkATe5AF_H28xG7AEmYlGqNNvgTdWycxMu2q8gm6CWxyJmdQtCEhMyt6-ZEhpTS4X9kM-aWAu6lik28ngslqATRKZoWbA5EVWXMnzvv8bfsOVcCBo5WVz2y0xsjo5XXqjWzS2h0IHI0ZJzQ0phXQ/s1600/Carlos_Wallenstein_-_Camoes_Antologia_CD_2002.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1414" data-original-width="1435" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit3QZQgARX9P2Bd5wMv_N3wFhLmmzYwXQkATe5AF_H28xG7AEmYlGqNNvgTdWycxMu2q8gm6CWxyJmdQtCEhMyt6-ZEhpTS4X9kM-aWAu6lik28ngslqATRKZoWbA5EVWXMnzvv8bfsOVcCBo5WVz2y0xsjo5XXqjWzS2h0IHI0ZJzQ0phXQ/w400-h394/Carlos_Wallenstein_-_Camoes_Antologia_CD_2002.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da reedição em CD do álbum "Camões: Antologia", de Carlos Wallenstein (Col. Palavras, Strauss, 2002)<br />
Retrato de Camões – Soares Rocha<br />
Grafismo – João P. Cachenha (Breathe)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjykloqJlYounNRWQpqaP6p1IQhpP-aJBH2Q_Y5tsM2OT2_cWQqSMFw-O-sdSEmx21O0cyG9rVQb-Jo-QZPe-MyUU2zo5PwlS0g9Kfm_pRHrhrnmcDSiDhELNkDmij1B2ONJXMtfh9dbWGQTnuTk4M2qaF8uwroboArN3hgSCDKSXB6_IETTg/s1600/Fernando_Serafim_e_Filipe_de_Sousa_-_Fernando_Lopes-Graca_Sonetos_de_Camoes_1995.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1409" data-original-width="1428" height="395" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjykloqJlYounNRWQpqaP6p1IQhpP-aJBH2Q_Y5tsM2OT2_cWQqSMFw-O-sdSEmx21O0cyG9rVQb-Jo-QZPe-MyUU2zo5PwlS0g9Kfm_pRHrhrnmcDSiDhELNkDmij1B2ONJXMtfh9dbWGQTnuTk4M2qaF8uwroboArN3hgSCDKSXB6_IETTg/w400-h395/Fernando_Serafim_e_Filipe_de_Sousa_-_Fernando_Lopes-Graca_Sonetos_de_Camoes_1995.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Fernando Lopes-Graça: Sonetos de Camões", de Fernando Serafim e Filipe de Sousa (PortugalSom/Strauss, 1995)<br />
Pintura de Andrea Mantegna (c.1474) retratando Bárbara Gonzaga, filha de Ludovico III Gonzaga, Marquês de Mântua, e de sua esposa Bárbara de Brandemburgo (pormenor de um fresco existente na Camera degli Sposi, no torreão nordeste do Castelo de S. Jorge, em Mântua)<br />
<br />
_____________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia de Luís de Camões:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/06/camoes-recitado-e-cantado.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/06/camoes-recitado-e-cantado-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/04/em-memoria-de-manoel-de-oliveira.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Manoel de Oliveira (1908-2015)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/06/camoes-recitado-e-cantado-iii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (III)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/06/camoes-recitado-e-cantado-iv.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (IV)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/camoes-recitado-e-cantado-v.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (V)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/06/camoes-recitado-e-cantado-vi.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VI)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/06/camoes-recitado-e-cantado-vii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VII)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/06/camoes-recitado-e-cantado-viii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VIII)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-55217839899824399982023-06-01T19:01:00.007+01:002023-10-07T16:02:26.210+01:00Eugénio de Andrade e Fernando Lopes-Graça: "Aquela Nuvem e Outras"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCG9Jh764MW0S_w5O8i47dY7McHOo1ynImPmlq29IlqGvLE-TFOHVUn9qS6eyPg3gbTVih9RtPc_wUsP4cz-pG_Ja1WaEXeA8Ht3RJ8TPwy3b0nOQbSuSYnWoaliLN-hE_K7Hdck5Yf_ZxDtWe-Xa7I_0d5tDJ9hI5MPSg-dXv-UE8tyH9ww/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1986_Julio_Resende_Edicoes_ASA_frontispicio.jpg"><img border="0" data-original-height="935" data-original-width="950" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCG9Jh764MW0S_w5O8i47dY7McHOo1ynImPmlq29IlqGvLE-TFOHVUn9qS6eyPg3gbTVih9RtPc_wUsP4cz-pG_Ja1WaEXeA8Ht3RJ8TPwy3b0nOQbSuSYnWoaliLN-hE_K7Hdck5Yf_ZxDtWe-Xa7I_0d5tDJ9hI5MPSg-dXv-UE8tyH9ww/w400-h394/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1986_Julio_Resende_Edicoes_ASA_frontispicio.jpg" width="400" /></a><br />
Ilustração da autoria de <b>Júlio Resende</b> para o frontispício do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Colecção ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986) [capa >> ao fundo]<br />
<br />
<br /><span style="font-size: large;">À maneira de explicação, se tal for necessário</span><br />
<br />
Por mais impessoal que seja a minha poesia, nunca o foi tanto como a que fui escrevendo à medida que o Miguel [Miguel Moura, n. 1980] ia crescendo diante dos meus olhos, e me ia pedindo uma história ou um poema. Provavelmente isto é coisa comum entre miúdos, mas este parecia-me especialmente atraído pelas coisas da imaginação, e foi para o ver sorrir ou lhe dar prazer que inventei estas puerilidades, algumas das quais me atrevo agora a publicar. O mais curioso é que a palavra, com todos os seus sortilégios, parecia fasciná-lo, mesmo quando a não entendia.<br />
O que ele ignorava sabêmo-lo nós de sobra: a simples matéria sonora – rimas, aliterações, reiterações, estribilhos, consonâncias – é fonte de sedução e razão de encantamento desde que o homem se demorou, pela primeira vez, a escutar o vento entre os ramos.<br />
Ao escrever estes versos, procurei abrir os ouvidos da alma às vozes que encheram os dias já distantes da minha infância. Por isso, não se deve estranhar que se encontrem aqui ecos de romances velhos ou velhos cantares, que também já ecoaram em Gil Vicente e Camões, se não é pretensioso juntar tão altos nomes ao nome tão humilde de minha mãe, que está na origem de todos os meus paraísos infantis, se me for consentido citar Baudelaire de maneira tão torpe. Tudo isto eu quis, consciente ou inconscientemente. Como quis também que o oiro e a púrpura das sílabas de certas palavras, cujo aroma espesso nos mergulha inteiros num sono com grandes e luminosas frestas para o sonho – Alexandria, Turquestão, Granada – pudessem aqui ser encontrados pela primeira vez. Eu seria outro poeta se, aos cinco ou seis anos, tivesse deparado com as cintilações dessas sílabas.<br />
Só mais uma palavra. A uma retórica de fogo-de-artifício procurei opor, uma vez mais, e agora com redobradas razões, uma poética da luz, articulando a nudez e a transparência com a simplicidade de quem fala para que outros o escutem – daí o uso frequente das sete sílabas contadas que é o ritmo natural e português da nossa fala, se não for também o dos nossos próprios passos. Quis misturar a minha voz às vozes anónimas da infância – oxalá ela venha a tornar-se anónima também.<br />
<br />
<b>Eugénio de Andrade</b><br />
Setembro de 1986<br />
<br />
<br />
O ano de 1986 é marcante na vida de Fernando Lopes-Graça. É nesse ano que é condecorado com o título de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, a par da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, e é-lhe concedido o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro. É também em 1986 que Eugénio de Andrade publica <i>Aquela Nuvem e Outras</i> e que Lopes-Graça se ocupa de criar um ciclo homónimo a partir desses 22 poemas, «as cançõezinhas do Miguel», como viria a apelidar [na carta dirigida ao poeta, de 12 Fev. 1987], inspirado pelo espírito de Eugénio que escrevera os poemas para crianças imbuído pelo imenso afecto que nutria pelo seu afilhado Miguel. A iniciativa de musicar os poemas parte do próprio compositor e é, tal como acontecera com <i>Mar de Setembro</i>, comunicada já em fase de finalização da obra, em 1987: «"Aquela Nuvem e Outras" que delícia, que ternura! E eu já pus em música, para crianças e adultos, boa parte dos poemazinhos. Espero acabar dentro em breve, mas receio que as minhas canções não estejam à altura da simplicidade admirável dos seus versos. Perdoará, mas eu não pude resistir.» [carta a E.A., 2 Jan. 1986]<br />
A resposta de Eugénio de Andrade a estas palavras acaba por nos dar uma boa imagem da relação de grande comunhão artística entre os dois, assumindo o poeta uma postura de grande generosidade em relação à complementaridade da obra de arte: «Fiquei encantado com as suas notícias. Ao enviar-lhe os poemazinhos, qualquer coisa dizia em mim que v. [você] iria gostar deles e talvez pôr-lhes a música que lhes faltava» [carta a F.L.G., 6 Jan. 1986]. Teríamos, no entanto, de esperar até ao ano de 1993 para a estreia deste terceiro ciclo. Nesse mesmo ano, na Casa das Artes do Porto, deu-se um concerto com um programa que contemplou os três ciclos que o diálogo artístico entre Fernando Lopes-Graça e Eugénio de Andrade nos legou.<br />
<br />
<b>Tiago Manuel da Hora</b> (in "Fernando Lopes-Graça e Eugénio de Andrade: O Diálogo entre a Música e a Poesia [Correspondência]", Lisboa: Chiado Editora, 2018 – p. 18-19)<br />
<br />
<br />
Neste ano do centenário do nascimento de <b>Eugénio de Andrade</b>, o Dia Mundial da Criança afigura-se da máxima oportunidade para celebramos a poesia que escreveu para a infância, inicialmente dedicada ao seu afilhado Miguel Moura, e que <b>Fernando Lopes-Graça</b> musicou. E fazêmo-lo socorrendo-nos das cativantes interpretações de alunos do 1.º ciclo do ensino básico (anos lectivos 2005/2006 e 2006/2007) da Academia de Música de Santa Cecília, acompanhados ao piano por Inês Mesquita, sob a direcção de Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – gravações publicadas no belíssimo CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças" (2013), em edição conjunta daquela honorável instituição de ensino e da chancela Althum.com, de Luís Nazaré Gomes. Um trabalho primoroso que se recomenda vivamente, quer a miúdos quer a graúdos, pois, como escreveu o insigne compositor, a música que apôs aos poemas d' "Aquela Nuvem e Outras" pode também ser ouvida (e com proveito) pelos adultos. Foi o nosso caso e esperamos que seja também o de todos os leitores/visitantes, qualquer que seja a idade, do blogue "A Nossa Rádio". Boa escuta e feliz Dia da Criança!<br />
<br />
Acaso a Rádio ZigZag já deu a ouvir aos seus ouvintes algumas das canções para crianças, com música de Fernando Lopes-Graça? Suspeitamos que não, a avaliar pela profusão de (sub)produtos musicais que foram debitados durante as incursões que fizemos à respectiva emissão nos últimos dias. Praticamente só música pop, a maioria da qual anglo-americana ou dela tributária e com a agravante de ser da mais banal e medíocre. Uma pequena amostra: Ricky Gervais and Costantine, Macklemore (feat. Skylar Grey), Dua Lipa, Edward Sharp and The Magnetic Zeros, Ed Sheeran & Justin Bieber, BlackPink, Jack Johnson, KIDZ BOP Kids, TWICE, Miley Cyrus, Zlata Dziunka, Marshmello & Demi Lovato, Lukas Graham, Axwell Λ Ingrosso, Matoma, David Guetta & Bebe Rexha, The Sausage Factory Singers, Rihanna, Kids United (feat. Black M)... <br />
E como se isso não bastasse, os pobres ouvidos dos petizes são incessantemente metralhados com 'jingles' horripilantes e anúncios promocionais fatelas, não sendo também poupados, em apontamentos pretensamente didácticos, a erros de palmatória como o de considerar «a Turquia o <u>único</u> país que, de facto, está em dois continentes»...<br />
É caso para exclamar: coitadas das crianças que se sujeitam a escutar a Rádio ZigZag! E que desperdício do dinheiro cobrado aos adultos!<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">ADIVINHA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0001/ASC0001.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (1.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Não é galo nem galão,<br />
nem padre nem sacristão:<br />
é um animal esquisito,<br />
entre peru e pavão,<br />
tem barbas ruivas de milho,<br />
tem olhos de crocodilo,<br />
rabo de rato ou de cão,<br /> ão ão ão!<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos do 3.º ano 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O GATO</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0002/ASC0002.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (2.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Onde está o gato?<br />
Dentro do sapato?<br />
Anda atrás do pato <br />
ou caiu do pote?<br />
— Anda no jardim<br />
à roda do pudim.<br />
Dó si dó ré mi.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos dos 1.º e 2.º anos 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">1, 2, 3</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0003/ASC0003.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (3.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Um, dois, três,<br />
lá vai outra vez<br />
o gato maltês<br />
a correr atrás<br />
da franga pedrês,<br />
talvez a mordesse<br />
apenas no pé,<br />
o sítio ao certo<br />
não sei bem qual é<br />
(quatro, cinco, seis),<br />
ou só lhe arranhasse<br />
a ponta da crista,<br />
e talvez nem isso,<br />
seria só susto,<br />
ou nem sequer mesmo<br />
foi susto nenhum;<br />
sete, oito, nove,<br />
para dez falta um.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">VERÃO</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0004/ASC0004.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (4.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Caracol, caracol,<br />
onde vais com tanto sol?<br />
Vou à loja do senhor Adão<br />
comprar um girassol;<br />
com tanto sol<br />
ninguém aguenta o verão.<br />
Adeus, adeus, caracol,<br />
tens razão,<br />
sem guarda-sol<br />
ninguém aguenta este sol.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos dos 2.º e 4.º anos 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O BURRO DE LOULÉ</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0005/ASC0005.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (5.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Era um burro muito burro,<br />
ou melhor, era pateta,<br />
pois viera de Loulé,<br />
sem ser coxo nem perneta,<br />
sempre, sempre sobre um pé.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos do 2.º ano 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O PASTOR</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0006/ASC0006.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (6.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Pastor, pastorinho,<br />
onde vais sozinho?<br />
<br />
Vou àquela serra<br />
buscar uma ovelha.<br />
<br />
Porque vais sozinho,<br />
pastor, pastorinho?<br />
<br />
Não tenho ninguém<br />
que me queira bem.<br />
<br />
Não tens um amigo?<br />
Deixa-me ir contigo.<br />
<br />
<br />
* Joana Marques Vidal – voz<br />
Miguel de Melo Sobral – voz<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O LAGARTO</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0007/ASC0007.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (7.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Vejam que janota<br />
o lagarto vem!<br />
Parece um ministro.<br />
Irá a Belém?<br />
<br />
Vem do costureiro?<br />
Vem de trabalhar?<br />
Que pergunta tola:<br />
vem só de almoçar.<br />
<br />
E que bem comeu<br />
o nosso janota!<br />
Quem seria o parvo<br />
que pagou a conta?<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos do 1.º ano 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">CANÇÃO DE LEONORETA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0008/ASC0008.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (8.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Borboleta, borboleta,<br />
flor do ar,<br />
onde vais, que me não levas?<br />
Onde vais tu, Leonoreta?<br />
<br />
Vou ao rio, e tenho pressa,<br />
não te ponhas no caminho.<br />
Vou ver o jacarandá,<br />
que já deve estar florido.<br />
<br />
Leonoreta, Leonoreta,<br />
que me não levas contigo.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos do 4.º ano 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">GATOS</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0009/ASC0009.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (9.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Gato dos quintais<br />
gato dos portões,<br />
gato dos quartéis<br />
gato das pensões.<br />
<br />
Vêm da Índia, da Pérsia,<br />
de Ninive, Alexandria.<br />
Vêm do lado da noite,<br />
do oiro e rosa do dia.<br />
<br />
Gato das duquesas,<br />
gato das meninas,<br />
gato das viúvas,<br />
gato das ruínas.<br />
<br />
Gatos e gatos e gatos.<br />
Arre, que já estamos fartos!<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">CANÇÃO DA JOANINHA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0010/ASC0010.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (10.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
A Lisboa, vamos a Lisboa.<br />
Joaninha voa, voa.<br />
<br />
Num cavalo baio<br />
ou num alazão, vamos a Lisboa.<br />
Joaninha voa, voa.<br />
<br />
Num cavalo de Alter<br />
ou do Turquestão, vamos a Lisboa.<br />
Joaninha voa, voa.<br />
<br />
Num cavalo de pau<br />
ou num garanhão, vamos a Lisboa.<br />
Joaninha voa, voa.<br />
<br />
Ah, que bom, que bom, que bom;<br />
voa, voa, vamos a Lisboa.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2006/2007)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O INVERNO</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0011/ASC0011.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (11.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Velho, velho, velho.<br />
Chegou o inverno.<br />
<br />
Vem de sobretudo,<br />
vem de cachecol,<br />
o chão onde passa<br />
parece um lençol.<br />
<br />
Esqueceu as luvas<br />
perto do fogão:<br />
quando as procurou,<br />
roubara-as um cão.<br />
<br />
Com medo do frio,<br />
encosta-se a nós:<br />
dai-lhe café quente<br />
senão perde a voz.<br />
<br />
Velho, velho, velho.<br />
Chegou o inverno.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos do 3.º ano 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A FORMIGA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0012/ASC0012.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (12.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Sete palmos, sete metros,<br />
anda a formiga por dia<br />
(sete palmos a correr,<br />
sete metros devagar),<br />
só para lamber o mel<br />
que lentamente escorria<br />
quer da boca quer do pão,<br />
quer dos dedos do Miguel.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos dos 3.º e 4.º anos 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">ANDORINHA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0013/ASC0013.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (13.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Era uma andorinha branca<br />
que me batia à janela<br />
e contente anunciava<br />
que chegara a primavera,<br />
ou era eu que sonhava?<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2006/2007)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">FAZ DE CONTA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0014/ASC0014.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (14.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
— Faz de conta que sou abelha.<br />
— Eu serei a flor mais bela.<br />
<br />
— Faz de conta que sou cardo.<br />
— Eu serei somente orvalho.<br />
<br />
— Faz de conta que sou potro.<br />
— Eu serei sombra em agosto.<br />
<br />
— Faz de conta que sou choupo.<br />
— Eu serei pássaro louco,<br />
<br /> pássaro voando e voando<br /> sobre ti vezes sem conta.<br />
<br />
— Faz de conta, faz de conta.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos dos 2.º, 3.º e 4.º anos 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A ROSA E O MAR</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0015/ASC0015.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (15.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Eu gostaria ainda de falar<br />
da rosa brava e do mar.<br />
A rosa é tão delicada,<br />
o mar tão impetuoso,<br />
que não sei como os juntar<br />
e convidar para um chá<br />
na casa breve do poema.<br />
O melhor é não falar:<br />
sorrir-lhes só da janela.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">ANDANÇAS DO POETA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0016/ASC0016.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (16.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Pelo céu cor de violeta,<br />
que lindo,<br />
que lindo vai o poeta.<br />
<br />
Pôs uma camisa branca<br />
e sapatos amarelos,<br />
as calças agarradinhas<br />
são da feira de Barcelos.<br />
<br />
Pelo céu vai o poeta.<br />
Sobe, sobe de bicicleta.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos dos 3.º e 4.º anos 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">AQUELA NUVEM</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0017/ASC0017.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (17.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
— É tão bom ser nuvem,<br />
ter um corpo leve,<br />
e passar, passar.<br />
<br />
— Leva-me contigo.<br />
Quero ver Granada.<br />
Quero ver o mar.<br />
<br />
— Granada é longe,<br />
o mar é distante,<br />
não podes voar.<br />
<br />
— Para que te serve<br />
ser nuvem, se não<br />
me podes levar?<br />
<br />
— Serve para te ver.<br />
E passar, passar.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de alunos do 2.º ano 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">FRUTOS</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0018/ASC0018.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (18.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Pêssegos, pêras, laranjas,<br />
morangos, cerejas, figos,<br />
maçãs, melão, melancia,<br />
ó música de meus sentidos,<br />
pura delícia da língua;<br />
deixai-me agora falar<br />
do fruto que me fascina,<br />
pelo sabor, pela cor,<br />
pelo aroma das sílabas:<br />
tangerina, tangerina.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2006/2007)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">ROSA</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0019/ASC0019.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (19.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
É uma rosa amarela.<br />
Uma rosa de verão.<br />
Sempre uma rosa em botão<br />
estava posta à janela.<br />
Quem mora naquela casa<br />
certamente que sabia<br />
quanto essa rosa em botão,<br />
seja branca ou amarela,<br />
perfuma todo o verão.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2005/2006)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">ROMANCE DE D. JOÃO</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0020/ASC0020.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (20.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Foi-se D. João,<br />
foi à sua vida,<br />
sem dificuldade<br />
saltou pelo muro,<br />
não voltou senão<br />
quando ao outro dia<br />
já fazia escuro.<br />
Vinha enfarruscado,<br />
partida a viola,<br />
o boné ao lado,<br />
rasgado o calção<br />
e a camisola.<br />
Fiz-lhe uma carícia,<br />
não me respondeu,<br />
foi-se encafuar<br />
perto do borralho<br />
arrastando o pé.<br />
Percebi então<br />
que não vinha bem.<br />
Que desgosto teve?<br />
Com quem se bateu?<br />
Disputas de gatos<br />
em pleno janeiro?<br />
Ou foi antes cão<br />
que o filou primeiro?<br />
Nada perguntei<br />
por delicadeza,<br />
mas que fora coça,<br />
da rija, da boa,<br />
da que deixa mossa<br />
para a vida toda,<br />
isso bem se via.<br />
Queria ajudá-lo,<br />
não só por carinho:<br />
custa tanto vê-lo<br />
metido na fossa<br />
da melancolia!<br />
E para acabar<br />
quase me atrevia<br />
a pedir que guardem<br />
muito bem guardado<br />
tudo isto em segredo.<br />
E muito obrigado.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2006/2007)<br />
Ana Rita Valente – voz falada<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">NÃO QUERO, NÃO</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0021/ASC0021.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (21.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Não quero, não quero, não,<br />
ser soldado nem capitão.<br />
<br />
Quero um cavalo só meu,<br />
seja baio ou alazão,<br />
sentir o vento na cara,<br />
sentir a rédea na mão.<br />
<br />
Não quero, não quero, não,<br />
ser soldado nem capitão.<br />
<br />
Não quero muito do mundo:<br />
quero saber-lhe a razão,<br />
sentir-me dono de mim,<br />
ao resto dizer que não.<br />
<br />
Não quero, não quero, não,<br />
ser soldado nem capitão.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2006/2007)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">CAVALOS</span><br />
<br />
<audio body="" controls="" controlslist="nodownload" oncontextmenu="return false;" source="" src="https://archive.org/download/asc-0022/ASC0022.mp3"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Eugénio de Andrade</b> (in "Aquela Nuvem e Outras", ilustrações de Júlio Resende, col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Música: <b>Fernando Lopes-Graça</b> (22.ª peça do ciclo "Aquela Nuvem e Outras", Op. 238, LG 241, 1987)<br />
Intérprete: <b>Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília</b>* (in CD com livro "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
<br />
<br />
Uma canção de cavalos<br />
me pede o Miguel que escreva:<br />
cavalos de sol sedentos,<br />
mansos cavalos de seda.<br />
Cavalos bebendo a sombra<br />
verde e rosa das palmeiras<br />
ou bailando nas areias<br />
com as luzes derradeiras.<br />
Cavalos de romanceiro<br />
disparados como setas<br />
em terras da minha terra<br />
ou só na minha cabeça.<br />
Cavalos de sol sedentos,<br />
mansos cavalos de seda:<br />
uma canção de cavalos<br />
me pede o Miguel que escreva.<br />
<br />
<br />
* Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (coro de câmara 2006/2007)<br />
Inês Mesquita – piano<br />
Ana Paula Rodrigues, António Gonçalves e Artur Carneiro – direcção<br />
<br />
Produção – Althum.com, Edições Especiais, Lda. / Luís Nazaré Gomes<br />
Produção executiva – Rui Paiva / Academia de Música de Santa Cecília<br />
Gravado nos Estúdios Namouche, Lisboa, de 2005 a 2007<br />
Captação de som, edição e masterização – João Pedro Castro<br />
URL: <a href="https://www.am-santacecilia.pt/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.am-santacecilia.pt/</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh0PDmTxEsD_0yvw_LqUum7rp91on7OMs0R5yyJm99tVPIJDBpXhVjhur___s-ANN5oM5j37dOU7CDKqiY5EnLeq2Gdsr9Jpz9M-Bn1mOg4wgpbwOSNtbcuXC69dDHL73b8HNZydHB0T7aR5qbciuZyY1f0-UuNP6BY_0n4ASzhOCEbOvn_A/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1986_Julio_Resende_Edicoes_ASA_capa.jpg"><img border="0" data-original-height="1159" data-original-width="1100" height="421" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh0PDmTxEsD_0yvw_LqUum7rp91on7OMs0R5yyJm99tVPIJDBpXhVjhur___s-ANN5oM5j37dOU7CDKqiY5EnLeq2Gdsr9Jpz9M-Bn1mOg4wgpbwOSNtbcuXC69dDHL73b8HNZydHB0T7aR5qbciuZyY1f0-UuNP6BY_0n4ASzhOCEbOvn_A/w379-h400/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1986_Julio_Resende_Edicoes_ASA_capa.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Col. ASA Juvenil, vol. 32, Porto: Edições ASA, 1986)<br />
Ilustrações de <b>Júlio Resende</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbvqrSO-EwOKoVof3gil_IkPgwvFf4yt2-7mMkrCy5jdyoN0gjMk-rrIVxGGLdHVUkLAg-2Pk6-rjhJKWEAN3qSaVHO9wTkUjAfm2HwvVWpFchWrJpdO6vbK6ZXR5VR1PCA5FCJf7qXpPeRpjkSPne6ereGue8hfOPsp0nMVFfLIBCNDhCyg/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1989_Jorge_Colombo_Circulo_de_Leitores.jpg"><img border="0" data-original-height="1434" data-original-width="1054" height="544" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbvqrSO-EwOKoVof3gil_IkPgwvFf4yt2-7mMkrCy5jdyoN0gjMk-rrIVxGGLdHVUkLAg-2Pk6-rjhJKWEAN3qSaVHO9wTkUjAfm2HwvVWpFchWrJpdO6vbK6ZXR5VR1PCA5FCJf7qXpPeRpjkSPne6ereGue8hfOPsp0nMVFfLIBCNDhCyg/w470-h640/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1989_Jorge_Colombo_Circulo_de_Leitores.jpg" width="400" /></a><br />
Capa de outra edição do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Lisboa: Círculo de Leitores, 1989)<br />
Desenhos de <b>Jorge Colombo</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm8cRm1AGfNEhueszRUoNqs4hc1knkAg9_vKVJBl7cz9jn5rOUgOeQFjx1YgPKcwAM46hSgZFG7ACspkUePE7YM0gnPcpj6rjuapdeZlOi4XU74sM4ji1UPOOj0xR8qHg9y0V96eE-qbVO8yLb2et4-gL4-cUyegI02CiIF9jK6V8ruwd6Wg/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1999_Alfredo_Martins_Campo_das_Letras.jpg"><img border="0" data-original-height="835" data-original-width="1000" height="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm8cRm1AGfNEhueszRUoNqs4hc1knkAg9_vKVJBl7cz9jn5rOUgOeQFjx1YgPKcwAM46hSgZFG7ACspkUePE7YM0gnPcpj6rjuapdeZlOi4XU74sM4ji1UPOOj0xR8qHg9y0V96eE-qbVO8yLb2et4-gL4-cUyegI02CiIF9jK6V8ruwd6Wg/w400-h334/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_1999_Alfredo_Martins_Campo_das_Letras.jpg" width="400" /></a><br />
Capa de outra edição do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Col. Palmo e Meio, vol. 7, Porto: Campo das Letras, 1999)<br />
Ilustrações de <b>Alfredo Martins</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhre5uZ3KXahkXiSt07En_Eym3j6ZppDjaiG1pKk3_XzLbzg5xQHc0zbC97wEmF3uTN0P8LEQpJkw_l5o2Np6ly-Sa-sdEfK9mG6rhm5gqzFemkfa8T3I0Zcvuup1gOWDdtL-yp7unSFolgOFVn1XqqGo32MRCUY_JHIHNBm3M2z5QQecx41g/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_2005_Joana_Quental_Quasi_Edicoes.jpg"><img border="0" data-original-height="1193" data-original-width="1358" height="351" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhre5uZ3KXahkXiSt07En_Eym3j6ZppDjaiG1pKk3_XzLbzg5xQHc0zbC97wEmF3uTN0P8LEQpJkw_l5o2Np6ly-Sa-sdEfK9mG6rhm5gqzFemkfa8T3I0Zcvuup1gOWDdtL-yp7unSFolgOFVn1XqqGo32MRCUY_JHIHNBm3M2z5QQecx41g/w400-h351/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_2005_Joana_Quental_Quasi_Edicoes.jpg" width="400" /></a><br />
Capa de outra edição do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Col. Tempo dos Mais Novos, vol. 2, Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2005)<br />
Ilustrações de <b>Joana Quental</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglNK8rjwDma79Lse4N1IuFXwepOXUYqZ5Yl0fS9pA0zAAB2EHKMLdodG-MsDh_7Xzimi1QqMMIqC7ziEDYIKFCoR6xu9nTpWi_xqMDYTMwI4oWQvlOJ2RftmjvR1iXdlpw8_peFZQUSLTNFYph3ApaogryiYkuQl1mTCxv5WrpRseiYlSsdA/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_2014_Cristina_Valadas_Assirio_&_Alvim.png"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="689" height="406" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglNK8rjwDma79Lse4N1IuFXwepOXUYqZ5Yl0fS9pA0zAAB2EHKMLdodG-MsDh_7Xzimi1QqMMIqC7ziEDYIKFCoR6xu9nTpWi_xqMDYTMwI4oWQvlOJ2RftmjvR1iXdlpw8_peFZQUSLTNFYph3ApaogryiYkuQl1mTCxv5WrpRseiYlSsdA/w394-h400/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_2014_Cristina_Valadas_Assirio_&_Alvim.png" width="400" /></a><br />
Capa de outra edição do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Lisboa: Assírio & Alvim, 2014)<br />
Ilustrações de <b>Cristina Valadas</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP8tYfHrFqITOmg12HCoZV3HSbTTaYqLOoklQ2_JzfULtJbkZMo_iTDcOEaphayauB0Y7GvjAnlEWJyv0T4xGqLbsZ660rFybHZcXqRQxPYj86ya0hKmkpsWGHp9Sh477EerMaixIePeuJi3Vgf2lDDcIMuwnxSN73l6mTjuzWAEKE_z2Egw/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_2016_Aurelie_de_Sousa_Porto_Editora.png"><img border="0" data-original-height="763" data-original-width="500" height="610" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP8tYfHrFqITOmg12HCoZV3HSbTTaYqLOoklQ2_JzfULtJbkZMo_iTDcOEaphayauB0Y7GvjAnlEWJyv0T4xGqLbsZ660rFybHZcXqRQxPYj86ya0hKmkpsWGHp9Sh477EerMaixIePeuJi3Vgf2lDDcIMuwnxSN73l6mTjuzWAEKE_z2Egw/w419-h640/Eugenio_de_Andrade_-_Aquela_Nuvem_e_Outras_2016_Aurelie_de_Sousa_Porto_Editora.png" width="400" /></a><br />
Capa de outra edição do livro "Aquela Nuvem e Outras" (Col. Educação Literária, Porto: Porto Editora, 2016)<br />
Ilustrações de <b>Aurélie de Sousa</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijKCp5LbQJq-QBhi3PZ11A9U9yrQSa77XdrN1FOmTciEQ1VlsTTbvSR6ILPaFxc91JxMC_ISzMuVTPXJzE9uznEmZke8SgS47ucIQh8TiEWdhKY3qSKRDEjA4ZJtieXxGqu5Xawu7eee0mJOTsw_GiiXswWlb2T2Bs31OeovBdPIRI7WeSFw/s1600/Eugenio_de_Andrade_-_Aquella_Nube_e_Otras_1996_Beatriz_Atheide_Hiperion.png"><img border="0" data-original-height="1196" data-original-width="808" height="592" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijKCp5LbQJq-QBhi3PZ11A9U9yrQSa77XdrN1FOmTciEQ1VlsTTbvSR6ILPaFxc91JxMC_ISzMuVTPXJzE9uznEmZke8SgS47ucIQh8TiEWdhKY3qSKRDEjA4ZJtieXxGqu5Xawu7eee0mJOTsw_GiiXswWlb2T2Bs31OeovBdPIRI7WeSFw/w432-h640/Eugenio_de_Andrade_-_Aquella_Nube_e_Otras_1996_Beatriz_Atheide_Hiperion.png" width="400" /></a><br />
Capa da edição espanhola do livro "Aquela Nuvem e Outras", versão em castelhano de Jesús Munárriz (Col. Ajonjolí, Madrid: Hiperión, 1996)<br />
Ilustrações de <b>Beatriz Atheide</b><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaZxOoF-CaF1mJtEmDM7kYMH_NwtzUfuuxz7Egn75ZdhnfOUrX7HpO4ZkmpoAkk8O9AvIfD6dBp1daYWJ1PxKYAEDh-sxs0uz6IoMDLcuPP0uaVOGtKgDRLzvSeQV2REq4VMdW33Yu_Vs-x7hlHlQ_I3mO8oSagwGE4IQGYxo4a9Br_E1Utg/s1600/Coro_Infantil_da_Academia_de_Musica_de_Santa_Cecilia_-_Fernando_Lopes-Graca__Cancoes_para_Criancas_2013.jpg"><img border="0" data-original-height="1501" data-original-width="1594" height="377" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaZxOoF-CaF1mJtEmDM7kYMH_NwtzUfuuxz7Egn75ZdhnfOUrX7HpO4ZkmpoAkk8O9AvIfD6dBp1daYWJ1PxKYAEDh-sxs0uz6IoMDLcuPP0uaVOGtKgDRLzvSeQV2REq4VMdW33Yu_Vs-x7hlHlQ_I3mO8oSagwGE4IQGYxo4a9Br_E1Utg/w400-h377/Coro_Infantil_da_Academia_de_Musica_de_Santa_Cecilia_-_Fernando_Lopes-Graca__Cancoes_para_Criancas_2013.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do livro com CD "Fernando Lopes-Graça: Canções para Crianças", do Coro Infantil da Academia de Música de Santa Cecília (Academia de Música de Santa Cecília / Althum.com, 2013)<br />
Design gráfico – Luís Henriques sobre desenhos dos alunos do 1.º ciclo do ensino básico da AMSC<br />
Edição de imagem – João Pedro Cochofel<br />
<b>Nota</b>: Além de "Aquela Nuvem e Outras", o CD inclui os ciclos "As Cançõezinhas da Tila" e "Presente de Natal para as Crianças". Pode ser encomendado no site <a href="https://www.althum.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.althum.com/</span></a>.<br />
<br />
________________________________________<br />
<br />
Artigos relacionados:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2010/06/infancia-e-musica-portuguesa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A infância e a música portuguesa</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/06/julio-pereira-com-sara-tavares-os.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Júlio Pereira com Sara Tavares: "Os Ponteirinhos"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/06/diabo-sete-cantiga-de-vir-ao-mundo.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Diabo a Sete: "Cantiga de Vir ao Mundo"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/o-bau-cala-te-menino-cala.html" target="_blank"><span style="color: blue;">O Baú: "Cala-te, Menino, Cala!"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/06/gina-branco-cantiga-do-leite-jose-mario.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Gina Branco: "Cantiga do Leite" (José Mário Branco)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/06/taleguinho-pele-de-piolho.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Taleguinho: "Pele de Piolho"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/06/vitorino-o-capitao-dos-tanques.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Vitorino: "O Capitão dos Tanques" </span></a><br />
<br />
________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia de Eugénio de Andrade:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/06/eugenio-de-andrade-por-eugenio-de.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Eugénio de Andrade por Eugénio de Andrade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/06/celebrando-eugenio-de-andrade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Eugénio de Andrade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/01/eugenio-de-andrade-por-joao-perry.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Eugénio de Andrade por João Perry</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-80881421135963926982023-05-01T19:01:00.018+01:002023-10-07T16:04:31.290+01:00Luís Cília: "O Cavador" (Guerra Junqueiro)<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD2Th8LDBD4FX-zST01_3qBr98wEO4pDbVFAP1TkxjbplDgp8EnBZgH2oX_k99k_KojM4dTLky_SdcDEE2U8QSlllBAS-vV8MbZrwyp0CrWUaH7br7MhO1mr_OYeTF73u_GWU8SdX8VZ4XNQKA4zSeCIGE6aRjcgIl20g5lIg-VTaWYGdCyA/s1600/O_Cavador_-_por_Antonio_Augusto_da_Costa_Mota_tio_1913.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="4096" data-original-width="2734" height="599" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD2Th8LDBD4FX-zST01_3qBr98wEO4pDbVFAP1TkxjbplDgp8EnBZgH2oX_k99k_KojM4dTLky_SdcDEE2U8QSlllBAS-vV8MbZrwyp0CrWUaH7br7MhO1mr_OYeTF73u_GWU8SdX8VZ4XNQKA4zSeCIGE6aRjcgIl20g5lIg-VTaWYGdCyA/w427-h640/O_Cavador_-_por_Antonio_Augusto_da_Costa_Mota_tio_1913.jpg" width="400" /></a><br />
"<b>O Cavador</b>", escultura de pedra concebida por <b>António Augusto da Costa Mota</b> (tio, 1862-1930), inaugurada em 1913 no Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela), em Lisboa. Foi a primeira escultura a ser colocada naquele jardim após a implantação da República.<br />
© Ana Alvim, 22 Jun. 2022 (<a href="https://www.flickr.com/photos/167399054@N07/52166099320/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.flickr.com/photos/167399054@N07/52166099320/</span></a>)<br />
<br />
<br />
<b>Enxada</b> – instrumento primordial para o trabalho manual da terra, difundido e conhecido largamente em todos os continentes pelos agricultores dos mais diversos níveis, e utilizado nas múltiplas e diversificadas operações que a preparação da terra implica, conforme a sua natureza e tipo de culturas, designadamente cavar, plantar, sachar e até roçar mato. A enxada consta de uma lâmina de ferro ou aço, cheia ou fendida – a <i>pá</i>, <i>aba</i> (Cinfães), ou <i>pata</i> (Barcelos) –, ligada ao <i>olho</i> em que entra o cabo [de madeira], e disposta obliquamente em relação a este, fazendo com ele um ângulo mais ou menos fechado [cf. verbete do livro "<a href="https://books.openedition.org/etnograficapress/6772" target="_blank"><span style="color: blue;">Alfaia Agrícola Portuguesa</span></a>", de Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira, Lisboa: Instituto de Alta Cultura/Centro de Estudos de Etnologia, 1976].<br />
<br />
Ainda hoje indispensável a quem cultiva a sua horta, a enxada perdeu, em consequência da mecanização da lavoura, muita da importância que teve outrora e a tornou o símbolo por excelência da agricultura, representado em emblemas de partidos políticos [por exemplo, no da extinta UDP (União Democrática Popular)] e na bandeira nacional de Moçambique. A cultura da vinha – e Portugal sempre foi um país acentuadamente vitivinícola – era das que mais requeria a mão-de-obra de cavadores, a começar pela cava da manta para o plantio do bacelo, que se realizava ao ritmo da voz de um mandador, também ele cavador. Esse trabalho árduo e extenuante, a troco de magra jorna, já é, felizmente, só memória nos ainda vivos que o executaram e naqueles que o presenciaram. Para conhecimento da posteridade ficaram registos áudio e audiovisuais, sendo de menção obrigatória os feitos por iniciativa do etnógrafo Michel Giacometti, em finais dos anos 1960 e inícios de 1970: a faixa "Bacelada" que abre o alinhamento do disco LP "Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral", publicado em 1971 no âmbito da série "Música Regional Portuguesa", e que cerca de três décadas mais tarde os Gaiteiros de Lisboa recriaram no "Canto de Trabalhos", pertencente ao álbum "Macaréu", de 2002 [>> <a href="https://www.youtube.com/watch?v=4CaPXEYaFB8&ab_channel=DoTempoDosSonhos" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube</span></a>], e o episódio da série documental televisiva "Povo Que Canta", emitido a 24 de Janeiro de 1972, quase todo filmado algures na freguesia de Tavarede, concelho da Figueira da Foz [>> <a href="https://www.youtube.com/watch?v=ifi2qGp3vZM&ab_channel=Tradisom" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube</span></a> / <a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/cantos-de-trabalho-2/" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Arquivos</span></a>]. Também obra de muitos ranchos de cavadores são os socalcos do Alto Douro vinhateiro, onde se produzem (sobretudo desde 1756, ano em que o ministro Sebastião José de Carvalho e Mello, futuro Marquês de Pombal, fundou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro e demarcou a região de cultivo) as uvas que dão um dos néctares mais apreciados em todo mundo, o vinho do Porto. Poucas das pessoas que o bebem e nem todas as que ficam extasiadas na contemplação daquela beleza paisagística, muito apropriadamente classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, têm real noção de que no princípio de tudo esteve o esforço e o suor de milhares de anónimos cavadores. Homens que mal ganhavam para comer e para matar a fome às mulheres e aos filhos (que, por regra, não eram poucos), e que, como é fácil de depreender, não morriam velhos. Vários escritores e poetas, ainda antes de Alves Redol, de Joaquim Namorado e de outros autores neo-realistas, foram sensíveis à penosa, miserável e efémera existência dos cavadores durienses. Um deles foi Antero de Figueiredo que nos deixou este vívido e tocante testemunho:<br />
<br />
<i>Do Corgo para cima é Alto-Douro: – chão de xisto esfarelado pelo ar, pelo calor, pelo trabalho mortal da enxada, bidente e sarrada, do cavador-escravo, que, de sol a sol, debaixo da torreira calcinante, curvo, fincado no alvião, com a pele a escaldar e a luzir de suor, o corta, o espedaça, o pulveriza, convertendo a pedra em terra – em humo aspérrimo de que as raízes das cepas se alimentam com voracidade infernal, como plantas do diabo que exigissem, para seu sustento, o fogo da terra e o suor dos homens. A terra escalda; o ar queima. Secam as fontes, ardem os montes. Não há uma sombra de arbusto, nem um pingo de água. Há sessenta graus de calor do inferno, sede, sezões, dor, morte. Uma gota de vinho custa todo o suor de um homem!</i> (in "Jornadas em Portugal", Lisboa: Livrarias Aillaud & Bertrand, 1918, p. 128-129).<br />
<br />
Outro foi <b>Guerra Junqueiro</b>, natural do concelho de Freixo de Espada à Cinta (freguesia de Ligares), que no seu livro "Os Simples" (1892) lhes dedicou um poema, precisamente o quem por título "O Cavador". Texto esse que o cantautor <b>Luís Cília</b>, no final da década de 1960, musicou e cantou para o segundo volume da sua trilogia "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours", publicada em França por Moshé-Naïm. Em Portugal, a profissão de cavador/jornaleiro está extinta (e ainda bem!), mas ainda há muitos trabalhadores de outros ofícios socialmente desconsiderados (mas necessários), principalmente na indústria e no sector terciário, que não recebem o mínimo necessário para prover às necessidades básicas deles próprios e dos familiares. Trabalham mas vivem pobremente, de saúde frágil e com uma esperança de vida abaixo da média. Nessa ordem de ideias, não será exagerado considerá-los os cavadores da actualidade. A eles e aos de antanho, como penhor de gratidão pelo seu relevante legado, patente no Alto Douro vinhateiro e noutras partes de Portugal, rendemos homenagem neste Dia do Trabalhador dando destaque à canção "O Cavador", magnificamente interpretada por Luís Cília.<br />
<br />
Apesar de alguns álbuns de Luís Cília estarem disponíveis em edição digital, no iTunes e na Amazon, pelo menos, há mais de dois anos, e de, muito provavelmente, existir na discoteca da RDP o CD "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours" (1996), nada do repertório do artista foi ainda incluído na 'playlist' da Antena 1, onde por direito devia estar representado. Não cremos que se trate de esquecimento fortuito, nem da falta de uns míseros euros para a compra 'online' de algumas faixas áudio, mas de exclusão intencional. Ora tal atitude é absolutamente intolerável, atendendo às particulares obrigações, consignadas na lei, que a rádio pública tem no domínio da música portuguesa, quer a publicada nos últimos doze meses, quer a anterior que seja culturalmente relevante, como é o caso da obra discográfica de Luís Cília. A Antena 1 não existe para funcionar como uma espécie de gueixa privativa de Nuno Galopim de Carvalho, mas para prestar verdadeiro serviço público aos cidadãos que a pagam!<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">O Cavador</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/lci-0019/LCI0019.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Guerra Junqueiro</b> (excerto ligeiramente adaptado) [texto integral >> abaixo]<br />
Música: <b>Luís Cília</b><br />
Intérprete: <b>Luís Cília</b>* (in LP "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours – 2", Moshé-Naïm, 1969; CD "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours", Moshé-Naïm/EMEN, 1996)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/dFlaSInC8xw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental / assobio]<br />
<br />
Dezembro, noite, canta o galo...<br />
Rouco na treva canta o galo...<br />
Aldeão não durmas!... Vai chamá-lo,<br />
Miséria negra, vai chamá-lo!...<br />
— Oh, dor! oh, dor! oh, dor! —<br />
Bate-lhe à porta, é teu vassalo,<br />
Que traga a enxada, é teu vassalo,<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
Vem roxa a estrela d'alvorada...<br />
Vem morta a estrela d'alvorada —<br />
Montanhas nuas sob a geada!...<br />
Hirtas, de bronze, sob a geada!...<br />
— Oh, dor! oh, dor! oh, dor! —<br />
Torvo, inclinado sobre a enxada,<br />
Rasga as montanhas com a enxada,<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
[instrumental / assobio]<br />
<br />
Cavou, cavou desde que é dia...<br />
Cavou, cavou... Bateu meio-dia...<br />
De pé na encosta erma e bravia,<br />
Triste na encosta erma e bravia,<br />
— Oh, dor! oh, dor! oh, dor! —<br />
Largando a enxada, «Ave-Maria!...»<br />
Reza em silêncio... «Ave-Maria!...»<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
Cavou cem montes... que é do trigo?<br />
Gerou seis bocas... que é do trigo?<br />
Bateu a Fome ao seu postigo...<br />
Bateu a Morte ao seu postigo...<br />
— Oh, dor! oh, dor! oh, dor! —<br />
«Que a paz de Deus seja comigo!...<br />
Que a paz de Deus seja comigo!...»<br />
Disse, expirando, o cavador!<br />
<br />
<br />
* Luís Cília – voz, guitarra, berimbau e assobio<br />
François Rabbath – contrabaixo<br />
<br />
Produção – Moshé Naïm<br />
Engenheiro de som – Jean-Pierre Dupuy<br />
Masterização (antologia de 1996) – A.D.L.<br />
URL: <a href="http://www.luiscilia.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.luiscilia.com/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/LeoMOV/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/LeoMOV/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCqL_T8TPQ2ffVAKn-v4kN_A" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCqL_T8TPQ2ffVAKn-v4kN_A</span></a><br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">O CAVADOR</span><br />
<br />
(<b>Guerra Junqueiro</b>, in "Os Simples", Porto: Typographia Occidental, 1892 – p. 95-98; "Os Simples: Poesias Líricas", Porto: Lello & Irmão – Editores, 1978 – p. 95-98)<br />
<br />
<br />
Dezembro, noite, canta o galo...<br />
Rouco na treva canta o galo...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Aldeão não durmas!... Vai chamá-lo,<br />
Miséria negra, vai chamá-lo!...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Bate-lhe à porta, é teu vassalo,<br />
Que traga a enxada, é teu vassalo,<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
O vento ulula... Tremem ninhos...<br />
Na noite aziaga tremem ninhos...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
A neve cai, fria d'arminhos...<br />
Na escuridão, fria d'arminhos...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Passa maldito nos caminhos,<br />
D'enxada ao ombro nos caminhos,<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
Vem roxa a estrela d'alvorada...<br />
Vem morta a estrela d'alvorada —<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Montanhas nuas sob a geada!...<br />
Hirtas, de bronze, sob a geada!...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Torvo, inclinado sobre a enxada,<br />
Rasga as montanhas com a enxada,<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
Cavou, cavou desde que é dia...<br />
Cavou, cavou... Bateu meio-dia...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
De pé na encosta erma e bravia,<br />
Triste na encosta erma e bravia,<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Largando a enxada, «Ave-Maria!...»<br />
Reza em silêncio... «Ave-Maria!...»<br />
Fantasma negro, o cavador!<br />
<br />
Cavou, cavou na serra agreste,<br />
D'alva à noitinha, em serra agreste...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
E um caldo em prémio tu lhe deste,<br />
Meu Deus!... seis filhos tu lhe deste...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Batem trindades... «Pai Celeste!...<br />
Bendito sejas, Pai Celeste!...»<br />
Reza, fantasma, o cavador!<br />
<br />
Cavou cem montes... que é do trigo?<br />
Gerou seis bocas... que é do trigo?<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
Bateu a Fome ao seu postigo...<br />
Bateu a Morte ao seu postigo...<br />
— Oh, dor! oh, dor! —<br />
«Que a paz de Deus seja comigo!...<br />
Que a paz de Deus seja comigo!...»<br />
Disse, expirando, o cavador!<br />
<br />
Junho — 91.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB6i6mYXb3LSvE1ev7a7Ota8_lnZ5GPy50TqCxVk0WOj534SNK_Z2KhD7h2YIBvqDfFuF8w8vbnn1xW3iuqkoaC2Ro5qN5sNxvn6yfUkNlYzbUfu7cs5VcTxpsPaAkPPJnsCXrVgJ_phosVxztIlkwirnqcxtcvWdNaDcA7LI8nj5Y2CY0EQ/s1600/Guerra_Junqueiro_-_Os_Simples_1892.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="990" data-original-width="679" height="583" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB6i6mYXb3LSvE1ev7a7Ota8_lnZ5GPy50TqCxVk0WOj534SNK_Z2KhD7h2YIBvqDfFuF8w8vbnn1xW3iuqkoaC2Ro5qN5sNxvn6yfUkNlYzbUfu7cs5VcTxpsPaAkPPJnsCXrVgJ_phosVxztIlkwirnqcxtcvWdNaDcA7LI8nj5Y2CY0EQ/w439-h640/Guerra_Junqueiro_-_Os_Simples_1892.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Os Simples", de Guerra Junqueiro (Porto: Typographia Occidental, 1892)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4rY6jAhsr5jIa84pwhgakj9RmYTyr-whsYfzcPbj1v9CLk9PBIoZBE5Ksw32PNgtDFcv_v89a7A8tfCBVv-0aapJ7KB78gahDSOD5I70x4QHiaiXa2zUncNSn5ytxQ0_BzY_JbigcFRKCBR4wSKRnhiiN7jnXhPrMIxN4m5-VGhj1pnejQQ/s1600/Luis_Cilia_-_La_Poesie_Portugaise_de_Nos_Jours_et_de_Toujours-2_LP_1969.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1561" data-original-width="1565" height="399" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4rY6jAhsr5jIa84pwhgakj9RmYTyr-whsYfzcPbj1v9CLk9PBIoZBE5Ksw32PNgtDFcv_v89a7A8tfCBVv-0aapJ7KB78gahDSOD5I70x4QHiaiXa2zUncNSn5ytxQ0_BzY_JbigcFRKCBR4wSKRnhiiN7jnXhPrMIxN4m5-VGhj1pnejQQ/w400-h399/Luis_Cilia_-_La_Poesie_Portugaise_de_Nos_Jours_et_de_Toujours-2_LP_1969.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours – 2", de Luís Cília (Moshé-Naïm, 1969)<br />
Fotografia – Alain Appéré<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXy5PiHY9l0zjfvryp7-MtnDickFe_b4aX6AUk1_T-MoG1jBv5NogApfWUm7XUNTxHLFYfMgC7BuyTKLeL7cLEf0KhJRTm-3P6NEamBT_dnrpOqtJvpFcNkVr6Yyd763W-sfum/s1600/Luis_Cilia_-_La_Poesie_Portugaise_de_Nos_Jours_et_de_Toujours_CD_1996.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1415" data-original-width="1425" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXy5PiHY9l0zjfvryp7-MtnDickFe_b4aX6AUk1_T-MoG1jBv5NogApfWUm7XUNTxHLFYfMgC7BuyTKLeL7cLEf0KhJRTm-3P6NEamBT_dnrpOqtJvpFcNkVr6Yyd763W-sfum/s400/Luis_Cilia_-_La_Poesie_Portugaise_de_Nos_Jours_et_de_Toujours_CD_1996.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da antologia em CD "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours", de Luís Cília (Moshé-Naïm/EMEN, 1996)<br />
Pintura (à esquerda) – Maria Helena Vieira da Silva<br />
Fotografia (à direita) – Alain Appéré<br />
<br />
____________________________________________<br />
<br />
Artigos relacionados:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/05/sergio-godinho-que-forca-e-essa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Sérgio Godinho: "Que Força É Essa?"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/05/dialecto-instrumentos-de-trabalho.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dialecto: "Instrumentos de Trabalho" (Maria Teresa Horta)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/05/fausto-bordalo-dias-uma-cantiga-de.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fausto Bordalo Dias: "Uma Cantiga de Desemprego"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/05/modas-margem-do-tempo-meus-senhores.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Modas à Margem do Tempo: "Meus Senhores"</span></a><br />
<br />
____________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório interpretado por Luís Cília ou da sua autoria:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/08/em-memoria-de-urbano-tavares-rodrigues_16.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/06/celebrando-eugenio-de-andrade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Eugénio de Andrade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/camoes-recitado-e-cantado-v.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (V)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/06/jose-saramago-dia-nao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Saramago: "Dia Não"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/04/adriano-correia-de-oliveira-exilio.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Adriano Correia de Oliveira: "Exílio" (Manuel Alegre)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/02/luis-cilia-tango-poluido.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Luís Cília: "Tango Poluído"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-85542042408354644522023-04-25T19:49:00.006+01:002023-10-07T16:10:21.477+01:00Teresa Salgueiro: "Liberdade"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7R5Voifinz3RK7l4Cdo0c3Vl27h81ui-CBi74m5JOLSSL31o52XyfhUYScByYi1_0ufMreaQOZOV21zBS6GCtAN-HqZzZpaHqSGxtKjHyx93estEMuqMW3WL9R4HhmSu-aAt6S_RuUN3hXcynVZB6Zp2gHz6WZ-cKjAnFlxl_6VzdIMHaiw/s1600/Liberdade_com_cravo.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1544" data-original-width="1544" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7R5Voifinz3RK7l4Cdo0c3Vl27h81ui-CBi74m5JOLSSL31o52XyfhUYScByYi1_0ufMreaQOZOV21zBS6GCtAN-HqZzZpaHqSGxtKjHyx93estEMuqMW3WL9R4HhmSu-aAt6S_RuUN3hXcynVZB6Zp2gHz6WZ-cKjAnFlxl_6VzdIMHaiw/w400-h400/Liberdade_com_cravo.png" width="400" /></a><br />
<br />
É próprio dos ditadores e dos déspotas fazerem passar por verdade o que não é, de modo a perpetuarem-se no poder. Em democracia, quando um político mente ou incorre em conduta reprovável (de corrupção, nepotismo, clientelismo, etc.) e não recebe a devida punição, é inevitavelmente gerada descrença face ao regime nos cidadãos/eleitores, levando-os a voltarem-se para movimentos políticos que se apresentam como impolutos e moralmente superiores mas que mais não são do que a reencarnação hodierna, convenientemente 'travestida', de pretéritas forças políticas de feição totalitária, por natureza avessas à Liberdade e aos direitos humanos. E de pouco adianta diabolizar tais partidos/movimentos e propalar aos sete ventos que a democracia é o melhor (ou o menos mau) de todos os regimes conhecidos se o povo a rejeitar, precisamente porque nela deixou de acreditar. Se quiser sobreviver, a democracia não pode perder a capacidade de se auto-reformar e, por essa via, reconquistar a confiança dos cidadãos, coisa que não se faz com discursos mas com acções concretas que tenham efectiva repercussão na vida das pessoas e promovam a justiça social. Acções que sejam iluminadas pela insubmissa chama da Verdade e possibilitem que a Dignidade do Povo se cumpra imaculada, se nos é permitido tomar de empréstimo palavras que <b>Teresa Salgueiro</b> escreveu para a sua canção "Liberdade", que escolhemos para aqui dar destaque neste 25 de Abril, o quadragésimo nono a contar da Revolução dos Cravos.<br />
<br />
A voz de <b>Teresa Salgueiro</b>, quer em nome individual, quer no seio dos Madredeus, quer como convidada em trabalhos alheios, há uns bons anos que não soa na Antena 1 durante o larguíssimo tempo de emissão em que reina a 'playlist'. E é apenas um dos muitos casos de artistas portugueses que vêm sendo vítimas de vil e criminosa marginalização por parte da rádio pública. Em contrapartida, a música pop anglo-americana dos anos 80 tem posição dominante, obscenamente dominante. Impõe-se a pergunta: valerá a pena os cidadãos continuarem a financiar uma estação que despreza o nosso património musical mais valioso e se empenha em mimetizar a M80? O indecoroso silenciamento a que estão a ser votados tantos intérpretes nacionais de reconhecido mérito (desde os consagrados aos novos talentos), por arbitrária e pessoalíssima vontade de Nuno Galopim de Carvalho, além de se traduzir num flagrante desvio às obrigações de serviço público que compete à Antena 1 cumprir, é claramente atentatório da liberdade – seja a dos artistas de darem a conhecer aos rádio-ouvintes a sua produção, seja a dos segundos de poderem escutar no éter nacional o que de melhor se faz/fez no seu país em matéria de música.<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Liberdade</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/tsa-0001/TSA0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra: <b>Teresa Salgueiro</b><br />
Música: <b>Teresa Salgueiro</b>, <b>Rui Lobato</b>, <b>Óscar Torres</b>, <b>Marlon Valente</b> e <b>Graciano Caldeira</b><br />
Intérprete: <b>Teresa Salgueiro</b>* (in CD "O Horizonte", Teresa Salgueiro/Lemon, 2016)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/vDvVDnuHPIY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Sempre tão constante<br />
o pulsar da Liberdade<br />
ameaçada a cada instante,<br />
perseguida pela vaidade<br />
em que a mentira<br />
gera ambiguidade.<br />
<br />
Hoje, tão desperta<br />
como nunca, a Humanidade<br />
é confrontada com a severa,<br />
insidiosa impunidade...<br />
e a indiferença<br />
esmaga a vontade.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Ferozmente silenciadas<br />
as Palavras necessárias<br />
às mudanças, tão contrárias<br />
às ideias instaladas...<br />
<br />
Brilha,<br />
por entre as sombras<br />
rompe a Claridade<br />
insubmissa,<br />
a chama da Verdade.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Luta<br />
por encontrar um rumo,<br />
para cumprir-se <br />
imaculada a Dignidade,<br />
a insubmissa<br />
chama da Verdade.<br />
<br />
[instrumental / vocalizos]<br />
<br />
<br />
* Teresa Salgueiro – voz<br />
Rui Lobato – bateria, percussão e guitarra<br />
Óscar Torres – contrabaixo<br />
Marlon Valente – acordeão<br />
Graciano Caldeira – guitarra<br />
<br />
Produzido por Teresa Salgueiro e Rui Lobato<br />
Gravado por Rui Lobato, em Lisboa, nos meses de Julho e Agosto de 2016<br />
Misturado e masterizado por António Pinheiro da Silva, com Rui Lobato e Teresa Salgueiro<br />
URL: <a href="https://teresasalgueiro.pt/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://teresasalgueiro.pt/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/teresa.salgueiro/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/teresa.salgueiro/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/teresasalgueiro" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/teresasalgueiro</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCmibt046t9JFHtdDqmQX74A" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCmibt046t9JFHtdDqmQX74A</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidlLaAl2JvA1PKJOZ0ByADc0-9wT6dzRu1IboR1Xu2bXHmAEC6Rmkzq73IjsR-Vs09C3cS5K1dPSOzSwEaq8P326fhBr49_tX1yp0tByZtcRx4G2RfmuXWeUEXQIAjst1extppRMn7cxSpkBOZeicNcrW16xvocLt3x7k5zC6tvnxRzYEBtw/s1600/Teresa_Salgueiro_-_O_Horizonte_2016.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidlLaAl2JvA1PKJOZ0ByADc0-9wT6dzRu1IboR1Xu2bXHmAEC6Rmkzq73IjsR-Vs09C3cS5K1dPSOzSwEaq8P326fhBr49_tX1yp0tByZtcRx4G2RfmuXWeUEXQIAjst1extppRMn7cxSpkBOZeicNcrW16xvocLt3x7k5zC6tvnxRzYEBtw/w400-h400/Teresa_Salgueiro_-_O_Horizonte_2016.png" width="400" /></a><br />
Capa do CD "O Horizonte", de Teresa Salgueiro (Teresa Salgueiro/Lemon, 2016)<br />
Fotografia por Susana Pereira.<br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com canções ou poemas alusivos à Revolução dos Cravos ou à Liberdade:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/04/verdade-ou-mentira.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Contrabando: "Verdade ou Mentira?"</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/04/grupo-coral-os-ganhoes-de-castro-verde.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Grupo Coral "Os Ganhões de Castro Verde": "Grândola, Vila Morena"</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/04/miguel-torga-flor-da-liberdade.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Flor da Liberdade"</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/04/natalia-correia-rascunho-de-uma.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/04/carlos-do-carmo-o-madrugar-de-um-sonho.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Carlos do Carmo: "O Madrugar de um Sonho"</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/04/amalia-rodrigues-abril.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Amália Rodrigues: "Abril" (Manuel Alegre)</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/04/manuel-alegre-pais-de-abril-por-mario.html" target="_blank"><span style="color: blue;"><span style="color: blue;">Manuel Alegre: "País de Abril", por Mário Viegas</span></span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/04/manuel-freire-livre-carlos-de-oliveira.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Manuel Freire: "Livre" (Carlos de Oliveira)</span></a><br />
<br />
___________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório interpretado por Teresa Salgueiro:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2012/10/teresa-salgueiro-marginalizada-pelas.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Teresa Salgueiro marginalizada pelas rádios nacionais</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/06/revisitando-os-dias-da-madredeus.html" target="_blank"><span style="color: blue;">
Revisitando "Os Dias da MadreDeus"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-carlos-paredes.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Carlos Paredes</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/04/em-memoria-de-manoel-de-oliveira.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Manoel de Oliveira (1908-2015)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-11410546703640231862023-03-27T17:15:00.004+01:002023-10-07T16:12:49.935+01:00Dia Mundial do Teatro: mensagem de Arthur Miller (1963)<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQUB6phvSCajhAM4dWASdD-AS2-k0SsmkEjkmhvcMtHHb-fb7pb7E5v51uHEirOeqnBXlIYdGvjT8Qx094o4FaofTzo8q1gIdo0WFoQ_peY8zK-HN3Gtfsd8fh7nYT9hNhOa_XkFmdEMLu8ihN_8Q7BZDFOzBI_Hce6UWE8avlNSvDGwv-wg/s1600/Arthur_Miller_1959_AP.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1584" height="404" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQUB6phvSCajhAM4dWASdD-AS2-k0SsmkEjkmhvcMtHHb-fb7pb7E5v51uHEirOeqnBXlIYdGvjT8Qx094o4FaofTzo8q1gIdo0WFoQ_peY8zK-HN3Gtfsd8fh7nYT9hNhOa_XkFmdEMLu8ihN_8Q7BZDFOzBI_Hce6UWE8avlNSvDGwv-wg/w396-h400/Arthur_Miller_1959_AP.jpg" width="400" /></a><br />
© Associated Press, 1959<br />
<br />
<br />
</span> <span style="font-family: Segoe UI Semibold;">INSTITUTO INTERNACIONAL DO TEATRO<br />
DIA MUNDIAL DO TEATRO – 27 DE MARÇO DE 1963<br />
MENSAGEM INTERNACIONAL DE ARTHUR MILLER<br />
<br />
Ao contrário de outras tentativas de celebrar, à escala internacional, uma determinada instituição, este reconhecimento do teatro em tantos países, no mesmo dia, corresponde a uma realidade precisa. É certo, com efeito, que o teatro tem sido quase sempre internacional. Por isso, numa ocasião como esta, regista-se uma verdade já existente, e não apenas uma simples aspiração. O único factor novo, a meu ver, reside no seguinte: enquanto noutros tempos uma peça russa, representada (por exemplo) nos Estados Unidos, pouca repercussão teria para além das portas do respectivo teatro, hoje, como em quase tudo o que fazemos, a questão da sobrevivência ou da destruição do Homem está de certo modo posta em causa. Num tempo em que a diplomacia e a política dispõem de braços tragicamente tão curtos e tão fracos, o alcance subtil (mas por vezes longo) da arte terá de suportar a responsabilidade de manter unida toda a comunidade humana. Tudo o que possa mostrar-nos que pertencemos ainda à mesma espécie é uma coisa humanamente preciosa. É precioso que, neste momento, dezenas de milhares de pessoas, talvez milhões, interrompam a sua procura de entretenimento, ou, como seria para desejar, de uma experiência mais profunda, e reconheçam que neste imenso palco planetário o maior elenco da História precisa de encontrar uma verdadeira catarse, uma libertação do medo que nos oprime através de uma redentora tomada de consciência — pois de contrário a catástrofe desabará sobre nós. O dramaturgo anónimo que nos distribuiu os papéis que desempenhamos, esse grande ironista, esse extraordinário humorista, fez do palco o nosso Mundo. O incremento da ciência transformou-nos a todos em actores: já não há público para o grande silêncio que ameaça envolver-nos a todos no seu manto fúnebre.<br />
Falo, evidentemente, do problema da guerra; mas implícito em todas as peças de algum significado está, e sempre esteve, o destino do Homem. A única diferença que agora existe, mas que é fundamental, é que somos nós, e não já um herói isolado, que teremos de encontrar a solução — ou perecer. A suprema ironia é que, enquanto nos sentirmos dominados por impiedosas forças destrutivas, não poderemos alcançar o que sempre exigimos aos nossos heróis trágicos: um lugar de reconciliação, um momento de aceitação, se é que não de resignação, um estilhaço de segundo em que reconheçamos que o nosso destino não está inscrito nos astros, mas em nós próprios. Quantos de entre nós, no decurso destes anos, ainda que por vezes encarando o temor real de destruição, terão sido capazes de repetir, com Shakespeare, que a falta não está nos astros, mas sim em nós próprios?<br />
É por isso que precisamos do teatro; pois, acima de tudo, o teatro coloca o homem no centro do Mundo. Necessitamos de um lugar de quietude precária, de onde seja possível presenciar a tempestade e testemunhar a eterna luta do Homem que desafia Deus na edificação do seu próprio destino.<br />
O teatro vivo é singularmente apto para esse efeito. Um homem e uma lâmpada bastam para fazer uma peça. É hoje evidente que o cinema e a televisão têm de esforçar-se por atingir a nudez e a simplicidade que, desde sempre, são apanágio da arte dramática. Como todas as máquinas, como a própria ciência, a visão do Homem que esses meios oferecem amplifica a sua natureza material, o seu meio ambiente, os poros da sua pele, mas na medida em que engrandecem e sublinham os seus elementos perecíveis afastam-se da sua essência, que é invisível. Na verdade, é precisamente a revelação gradual do que não se vê e do que não se pode ver que constitui a matriz oculta da própria arte dramática. O valor de uma peça não está no que ela mostra, mas nas suas revelações, subjacentes, e as peças que perduram ao longo dos tempos são exactamente aquelas que revelam o que há de universal no Homem, os elementos da sua natureza que são, de facto, comuns a todos os homens, seja qual for o lugar onde vivem.<br />
É um facto curioso que hoje, enquanto o Mundo se nos apresenta politicamente dividido, a Arte — e muito em especial o teatro — demonstra com toda a clareza que a sua vocação mais profunda é universal. As peças que obtêm sucesso num país (e isto é cada vez mais evidente) depressa se tornam conhecidas nos outros. Sempre as culturas dos vários países estiveram interligadas, mas hoje desenvolvem-se conjuntamente com maior evidência. E, no entanto, no que respeita às questões vitais defrontamo-nos uns aos outros como criaturas de planetas diferentes. Involuntariamente, e decerto sem intenção consciente, o teatro deu-nos a prova de que a espécie humana, apesar da enorme variedade de tradições e culturas, é profundamente una. Julgo que em nenhuma outra época as peças contemporâneas foram tão rapidamente compreendidas em todas as partes do Mundo. Uma estreia importante em Nova York repete-se logo a seguir em Berlim, Tóquio, Londres, ou Atenas. E se a minha experiência pessoal pode servir de exemplo, o acolhimento não difere muito de uns países para os outros. Também neste sentido a metáfora se tornou real — o Mundo inteiro é hoje um palco. O Mundo inteiro, e ao mesmo tempo.<br />
E é bom que o teatro, porventura mais do que as outras formas de comunicação através da arte, seja o instrumento escolhido. Pois, sobre as tábuas do palco o homem deve agir ante um pano de fundo de valores humanos. Nestes tempos em que a futilidade afogou o espírito, em que uma inacção mortal o ameaça, é bom dispormos de uma forma artística de cuja própria existência é inseparável a acção. E se, nos últimos anos, o chamado antiteatro, bem como o teatro do absurdo, parecem contradizer o papel fundamental da arte dramática, não devemos ver aí uma contradição, mas apenas um paradoxo. A dramaturgia que recusa uma acção significante reflecte o impasse internacional, a descrença generalizada no poder do Homem sobre o seu próprio destino, a rejeição de todo e qualquer sentido além da ironia. É uma dramaturgia que encara o Homem à beira do seu túmulo, inevitavelmente derrotado por si próprio; que nos oferece a imagem do Homem desorientado, aturdido pela derrocada dos vários sistemas em que, uns após outros, acreditara. São peças que nos convencem inteiramente se forem representadas na véspera de o Mundo acabar. E ainda mais no dia seguinte. Mas as longas carreiras que têm alcançado significam que o público encontra prazer nelas — talvez o prazer de indirectamente confirmarem a suspeita generalizada de que nada do que sabemos é, na verdade, absolutamente real.<br />
E assim, também através destas peças o teatro denuncia a inacção, a ausência de sentido — pois se elas recusam a acção, essa mesma recusa constitui um desafio, para alguns de nós pelo menos; um desafio para descobrirmos uma ordem interior que reflicta, não apenas a morte que há na vida e a ironia de toda a acção, mas a presença da vida até na morte: uma ordem, ou antes, um novo tipo de teatro capaz de oferecer ao Homem uma esperança de identidade e liberdade que não seja inferior à que a física contemporânea concede à matéria. Os cientistas sabem hoje que já não há observadores; que ao observar um fenómeno estão já a transformá-lo. Semelhantemente, o dramaturgo que observa o desespero transforma-o — que mais não seja ao fazer-nos tomar consciência dele. E se a contemplação do desespero nem sempre transforma o dramaturgo, o público é que não pode deixar de ser transformado por via dela. Ao contemplarmos o desespero no palco, através das formas dramáticas que ele assumiu no nosso tempo, temos o direito (direito, aliás, cientificamente legítimo) de exclamar: «Muito bem; mas eu, que sou um dos átomos que o dramaturgo observou, mediu e pesou, devo dizer, agora que a cortina dos seus olhos desceu, que sou já um pouco diferente do que era quando o dramaturgo me viu pela última vez. Como os outros átomos, eu sou, ainda que tenuemente, um ser livre».<br />
O que significa não estar porventura longe o tempo de um teatro da vontade, cuja raiz é essa ténue, precária liberdade que, apesar de tudo, realiza na terra os sonhos do Homem, lhe permite assenhorear-se dos astros e fazer com que nos reunamos hoje, nesta e em tantas outras cidades, compartilhando uma esperança comum no Homem.<br />
<br />
<b>ARTHUR MILLER</b> (trad. Luiz Francisco Rebello,<br />
dramaturgo, tradutor, ensaísta, crítico<br />
e historiador de teatro)<br />
<br />
<br />
</span><span style="font-family: verdana;">Escrito pouco tempo (algumas semanas ou escassos meses) após a crise dos mísseis de Cuba, quando a Guerra Fria atingiu o seu auge e o confronto entre as duas superpotências atómicas de então, os Estados Unidos da América e a União Soviética, esteve iminente, este primoroso texto do insigne dramaturgo nova-iorquino <b>Arthur Miller</b> parece ter sido redigido de propósito para o Dia Mundial do Teatro de 2023. Sinal de que, volvidas seis décadas, os impulsos mais instintivos e animalescos do <i>homo sapiens</i> se têm sobreposto (estão a sobrepor) ao pensamento mais lúcido e ponderado, como o do ilustre autor de "As Bruxas de Salem", que preconizava (preconiza) a concórdia e a fraternidade entre todos os povos da Terra, possível de se alcançar pela fruição das artes, e muito especialmente do teatro. Seria bom que os poderosos senhores da guerra e da política de hoje, cuja visão parece toldada pelo insano desejo de vãs vitórias, dispensassem alguns minutos a ler, com a máxima atenção, a avisada mensagem de Arthur Miller, pois ajudá-los-ia a ver claro e longe. Mas não somente eles o deviam ler (e isto é muito importante!): também os cidadãos dos países beligerantes e, bem assim, os de todos os outros cujos governos apoiam algum dos beligerantes – porque a intervenção cívica dos povos a favor da paz é essencial e fundamental para se evitar que a Humanidade caia no precipício...<br />
<br />
A empresa Rádio e Televisão de Portugal tem à sua guarda o mais substancial e importante acervo de teatro radiofónico e televisivo de produção nacional e, muito provavelmente, de todo o mundo de língua portuguesa. Mas é confrangedor constatar que não tem sido suficientemente valorizado e explorado (no bom sentido do termo, bem entendido). Na RTP-Memória é bastante raro aparecer uma peça (nem sequer no Dia Mundial do Teatro – pasme-se! – isso tem acontecido nos últimos anos). Quanto à rádio, só no programa "<a href="https://www.rtp.pt/play/p3080/ecos-da-ribalta" target="_blank"><span style="color: blue;">Ecos da Ribalta</span></a>", da Antena 2, graças ao mui louvável cuidado de João Pereira Bastos, os amantes da arte de Talma têm a possibilidade de ouvir, de vez em quando, uma das muitas e boas produções dos tempos áureos do teatro do imaginário. Importa, portanto, que nas grelhas da RTP-Memória e da Antena 2 (pelos menos) passe a existir um espaço regular, de periodicidade semanal, reservado à divulgação dos valiosíssimos arquivos de teatro televisivo e radiofónico, respectivamente. Escusado será acrescentar que a existência de tais espaços não deve obstar à disponibilização <i>online</i> dos acervos completos daquelas duas modalidades de teatro. No caso do radiofónico, verificamos que na plataforma <a href="https://arquivos.rtp.pt/?s=pe%C3%A7a+de+teatro&advanced=1&sort=score&content_material%5B%5D=53" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Arquivos</span></a> muitas peças ainda não constam. Damos apenas três exemplos, de que guardamos gratíssima memória auditiva: "Deus lhe Pague", de Joracy Camargo; "Yerma", de Federico García Lorca; e "A Cotovia", de Jean Anouilh.<br />
<br />
_____________________________________<br />
<br />
Artigos relacionados:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2006/12/eduardo-street-morreu-o-grande-arteso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Eduardo Street: morreu o grande artesão do teatro radiofónico</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/06/teatro-imaginrio-ciclo-eduardo-street.html" target="_blank"><span style="color: blue;">"Teatro Imaginário": ciclo Eduardo Street na Antena 2</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2011/10/porque-o-fim-do-teatro-imaginario.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Porquê o fim da reposição do "Teatro Imaginário"?</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/05/aquilino-ribeiro-cinquentenario-da-morte.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Aquilino Ribeiro: cinquentenário da morte</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/03/teatro-radiofonico-criminosamente.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Teatro radiofónico: criminosamente ausente do serviço público</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/03/teatro-radiofonico-criminosamente.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Teatro radiofónico: criminosamente ausente do serviço público (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/03/e-preciso-resgatar-o-teatro-radiofonico.html" target="_blank"><span style="color: blue;">É preciso resgatar o teatro radiofónico</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.pt/2018/03/ecos-da-ribalta-homenagem-carmen-dolores.html" target="_blank"><span style="color: blue;">"Ecos da Ribalta": homenagem a Carmen Dolores</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/03/dia-mundial-do-teatro-mensagem-de-joao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dia Mundial do Teatro: mensagem de João de Freitas Branco (1981)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/03/dia-mundial-do-teatro-mensagem-de.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dia Mundial do Teatro: mensagem de Edward Albee (1993)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/11/bernardo-santareno-centenario-do.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Bernardo Santareno: centenário do nascimento</a><br />
<a href="https://nossaradio.blogspot.com/2021/03/dia-mundial-do-teatro-mensagem-de.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dia Mundial do Teatro: mensagem de Carlos Celdrán (2019)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/10/luiza-todi-por-carmen-dolores-segundo.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Luiza Todi por Carmen Dolores segundo Margarida Lisboa</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/03/dia-mundial-do-teatro-mensagem-de-jean.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dia Mundial do Teatro: mensagem de Jean Cocteau (1962)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-61035070092970075712023-03-21T23:30:00.012+00:002023-10-07T16:27:21.736+01:00Natália Correia: "A Casa do Poeta", por Afonso Dias<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaDmxYIog_rS41ih0HuQ3xMsHL4byKXN2hGSFGwiwQynJr1ddKHel-xqyekB9LAOV6_stkja3D05bY9IBiCEgWZAJVIjlnrSSBodIBuy5JZvPSqVbraxS_kYUHkcQXN1YkJ4DiTQiF5iA-4pMEj33L3Ho-re30GnYyQ9QQ7v_LMyWE3xKyRQ/s1600/Natalia_Correia_-_Auto-Retrato_1956_2.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2896" data-original-width="2297" height="504" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaDmxYIog_rS41ih0HuQ3xMsHL4byKXN2hGSFGwiwQynJr1ddKHel-xqyekB9LAOV6_stkja3D05bY9IBiCEgWZAJVIjlnrSSBodIBuy5JZvPSqVbraxS_kYUHkcQXN1YkJ4DiTQiF5iA-4pMEj33L3Ho-re30GnYyQ9QQ7v_LMyWE3xKyRQ/w508-h640/Natalia_Correia_-_Auto-Retrato_1956_2.jpg" width="400" /></a><br />
<b>Natália Correia</b>, "Auto-Retrato", 1956, Óleo sobre tela, 92,5 x 72,5 cm, Museu Carlos Machado, Ponta Delgada [MCM 6930]<br />
Fotografia – António Ferreira Pacheco<br />
<br />
<br />
Natália Correia viveu quase toda a sua vida em Lisboa, cidade angular de toda a sua existência.<br />
Na capital escolheu a sua residência numa zona de confluência de várias camadas sociais. À distância ficava-lhe o Rato (espaço aristocrático), ao cimo o Marquês de Pombal (área burguesa) e, defronte, a Avenida da Liberdade (zona cosmopolita).<br />
Corriam os anos 50, quando a escritora, então em início da sua fulgurante carreira, descobriu, casualmente, um 5.º andar na Rua Rodrigues Sampaio. «Um dia vim aqui visitar uns amigos e a atmosfera da casa atraiu-me logo. Eles mudaram-se e este apartamento esteve muito tempo devoluto, como que à espera que eu casasse e o alugasse».<br />
Situava-se num edifício sólido e elegante, discreto e requintado com, no rés-do-chão, uma das melhores pastelarias-restaurantes da cidade. Natália Correia passou a habitar o último piso após o seu casamento, em 1953, com Alfredo Lage Machado. «Ele foi o grande amor da sua vida», confidencia-nos Helena Cantos (protagonista feminina do filme "Santo Antero"), e amiga íntima durante décadas.<br />
Com invulgar bom gosto, a poetisa decorou-o. Na entrada, dispôs sobre numa credência um busto seu da autoria de Martins Correia. No salão principal instalou a biblioteca composta por milhares de volumes, um auto-retrato [>> imagem <i>supra</i>], um óleo de Cesariny, uma escultura de Júlio de Sousa e uma máscara de Eça de Queiroz. Em posição de destaque, uma gigantesca mesa-secretária, estilo império, com tampo de mármore escuro e pés dourados, cadeiras Luís XVI, porcelanas chinesas (herdadas da mãe), peças de artesanato e um tabuleiro de xadrez; numa sala anexa, vários quadros contemporâneos, um canapé, um par de 'bergeres' e um bar de estilo renascença.<br />
Durante duas décadas a casa tornou-se um dos mais pujantes salões literários de Lisboa, onde se reuniam, pelas noites fora, escritores, pintores e políticos.<br />
«Natália Correia e o seu marido cederam a sua elegante residência», descreve um jornal da época, «para a representação da peça de Jean-Paul Sartre, "Huis Clos", inédita entre nós. Foi interpretada por Natália Correia, Maria Ferreira, Castro Freire e Manuel Lima».<br />
O espectáculo, encenado por Carlos Wallenstein (açoriano), teve entre a assistência Isabel da Nóbrega, Urbano Tavares Rodrigues, Sophia de Mello Breyner, Francisco Sousa Tavares, João Gaspar Simões, Fernando Amado e Almada Negreiros.<br />
Numa noite, em 1960, Henry Miller bate à porta de Natália que fica espantada. Ele entra, senta-se e discute com os presentes, entre os quais David Mourão-Ferreira e Delfim Santos, o tema do amor. Ao sair, o romancista norte-americano exclamará: «Aqui sentimo-nos ou no século XVIII ou no ano 2000. Foi preciso vir a Portugal para encontrar uma verdadeira pitonisa».<br />
Entre outros vultos universais que a frequentaram, destacam-se Ionesco, Claude Roi e Michaux.<br />
<br /><b>
ANTÓNIO BRÁS</b> (in <a href="https://www.modaemoda.pt/c%C3%B3pia-0-centen%C3%A1rio-de-nat%C3%A1lia-correia" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.modaemoda.pt/</span></a>)<br />
<br />
<br />
A casa de <b>Natália Correia</b> (à rua Rodrigues Sampaio) e, muito especialmente, a sala de estar onde trabalhava depois do almoço e recebia os amigos à noite, também foi, ela mesma, objecto do seu labor poético, designadamente no poema, em oito estrofes (quadras), intitulado precisamente "A Casa do Poeta". Metaforicamente, a casa do poeta é a sua poesia e, nessa medida, podem frequentá-la sempre todos os que precisam dela para o seu sustento espiritual. Neste Dia Mundial da Poesia, que acontece no ano do centenário do nascimento da autora d' "A Mosca Iluminada", acolhemo-nos em sua casa, guiados por <b>Afonso Dias</b>, e tornamo-nos convivas e comensais do lauto banquete que a generosa anfitriã pôs à disposição de quem quis dar-lhe a honra de visitá-la. Porque a poesia é para comer e em sua casa não há lugar para subalimentados do sonho! Bom apetite e melhor proveito!<br />
<br />
E como se tem comportado a estação pública de radiodifusão neste dia que a UNESCO instituiu para celebrar «a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, a criatividade e a inovação»?<br />
Na Antena 2, cumpre-nos mencionar João Chambers que, por antecipação, devotou a edição de domingo passado do seu programa "Musica Aeterna" à poesia de Goethe, em tradução do próprio João Chambers e do Prof. Paulo Quintela, dita por Carla Aranha [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p302/e679238/musica-aeterna" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Hoje, logo de manhã, pela mão de Paulo Alves Guerra, houve poesia de Nuno Júdice, Ana Luísa Amaral, Fiama Hasse Pais Brandão e Luiza Neto Jorge. E Luís Caetano, assinalando o 10.º aniversário (parabéns!) da sua rubrica "A Vida Breve", presenteou-nos com a "Pedra Filosofal", de e por António Gedeão [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p1109/e679519/a-vida-breve" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Ao fim da tarde, a partir das 19h:00, foi transmitida a gravação do recital "O Poema Ensina a Cair", que se havia realizado a 1 de Março passado no auditório do Museu do Oriente, preenchido com poemas de um bom rol de autores contemporâneos de língua portuguesa (alguns bem pouco conhecidos) escolhidos e lidos por Raquel Marinho, com o acompanhamento e interligação musical do pianista João Paulo Esteves da Silva [>> <a href="https://www.rtp.pt/antena2/videos/recital-o-poema-ensina-a-cair-21-marco-19h00_5140" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP.PT/Antena2</span></a>]. Desta vez, a Antena 2 esteve bem!<br />
E o que fizeram as outras duas antenas nacionais? Apenas lográmos ouvir algo na Antena 1, no programa "Uma Noite em Forma de Assim", de Jorge Afonso, pela voz de dois jovens autores. Nada mais nos constou de poesia dita/recitada nas Antenas 1 e 3, visitando as 'homepages' e fazendo incursões periódicas às respectivas emissões! Perguntamos: será que Nuno Galopim e Nuno Reis, que aparentemente não gostam de poesia, julgam que os ouvintes dos canais que estão sob a sua direcção também não suportam as palavras dos poetas? Ou tratou-se de mera e simples inércia?<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">A CASA DO POETA</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/adi-0012/ADI0012.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema de <b>Natália Correia</b> (in "A Mosca Iluminada", Colecção Poesia, vol. 3, Lisboa: Quadrante, 1972 – p. 26-28; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 428-429; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 319-320)<br />
Recitado por <b>Afonso Dias</b>* (in CD "Poesia de Natália Correia", col. Selecta, Música XXI, 2007)<br />
<br />
<br />
Pelo meu acto de inventar amigos<br />
como quem lá de cima vê Lisboa<br />
a acusar-se numa fotografia<br />
tirada de um avião e lhe perdoa<br />
<br />
minha propriedade vertical<br />
levanto como quem na hora extrema<br />
se salva a tempo como quem ao inimigo<br />
oferece a face esquerda do poema.<br />
<br />
Ó pedreiros do meu amor de sempre<br />
fazendo a minha casa com a alegria<br />
de quem se escolhe a morrer pelos outros<br />
deita uma lágrima e merece o dia!<br />
<br />
Casa que não se esconde atrás das portas<br />
endereço de guerra redimida<br />
roupa de amor a pingar sobre quem passa<br />
renda que pago em sofrimento à vida<br />
<br />
minha casa ingénua de armistício<br />
assinado entre mim e os descrentes<br />
casa de versos que escrevo na brancura<br />
da cal que empalidece pelos ausentes.<br />
<br />
No acalento da sala que é de estar<br />
entre algodões porque é sala de ser<br />
esperamos que o elefante solitário<br />
da tarde se afaste para morrer<br />
<br />
e a noite com alcoólicos gorjeios<br />
de pássaros de gim dentro dos copos<br />
mata a sede de sermos um infinito<br />
animal em lacerados corpos.<br />
<br />
Plural solidão de casa muita<br />
espaçoso afago casa substância<br />
de amigos que encontramos no futuro<br />
dançando o que nos resta de crianças.<br />
<br />
<br />
* Afonso Dias – voz<br />
Organização, selecção e apresentação – Afonso Dias<br />
Captação de som, mistura e masterização – Adriano St. Aubyn<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/afonso.dias.31" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/afonso.dias.31</span></a><br />
<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_Dias</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@afonsodias4584/videos</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCChoajupsYfGsG5uIGj8XMA</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHYdWm3ZTH6H71tBtUwctUVMpP7dYxie7YOoMKWrEYFaH-ir64Wrqbi0C3lJ2va_gu7tB182wLZ9bqTMQDVGEzrLFbmvbFYt2xRNS1XznHYOsfLJmQUHyb4ybZewc9kXDWUu6gtzyyMLvWWN25TZwJqTtiUECSFzJjx7XJs846tYPvuR0wrQ/s1600/Natalia_Correia_-_A_Mosca_Iluminada_1972.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="881" data-original-width="564" height="625" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHYdWm3ZTH6H71tBtUwctUVMpP7dYxie7YOoMKWrEYFaH-ir64Wrqbi0C3lJ2va_gu7tB182wLZ9bqTMQDVGEzrLFbmvbFYt2xRNS1XznHYOsfLJmQUHyb4ybZewc9kXDWUu6gtzyyMLvWWN25TZwJqTtiUECSFzJjx7XJs846tYPvuR0wrQ/w410-h640/Natalia_Correia_-_A_Mosca_Iluminada_1972.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "A Mosca Iluminada", de Natália Correia (Colecção Poesia, vol. 3, Lisboa: Quadrante, 1972)<br />
Concepção – Cidália de Brito Pressler<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVGJI259RSMqQgj2SwgSXHDDewdjSXQxLKrG8Qge0xtT63dShj3_aGlXlYzSp_nEDAqsJAVGBkVWASm1_jlziyGpx1QupJPrwqAXo9788eATbbf0_98gObdJnU7KMPz7iefvvYTXgWmjG-yOEAcwkjpy6gMD4jYnbb9dyEB4qP8Gmz8RoyyA/s1600/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_I_1993.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="682" height="586" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVGJI259RSMqQgj2SwgSXHDDewdjSXQxLKrG8Qge0xtT63dShj3_aGlXlYzSp_nEDAqsJAVGBkVWASm1_jlziyGpx1QupJPrwqAXo9788eATbbf0_98gObdJnU7KMPz7iefvvYTXgWmjG-yOEAcwkjpy6gMD4jYnbb9dyEB4qP8Gmz8RoyyA/w436-h640/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_I_1993.jpg" width="400" /></a><br />
Sobrecapa do livro "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", de Natália Correia (Lisboa: Círculo de Leitores, 1993)<br />
Concepção – Clementina Cabral<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ev1iEg-UgIL51jQHfZf6v6L_UA1OMTmCpgRHc0wHozt-UjO81hpxRark37mBcBNHPcu2SFGoGWwyW6CFwGbyJoe2hwNJnV_ykSE0YbOoPfFiRmIjcIG23rnq8CMtSKCIQxAIMJjAGYGtiAS57_ru_nkubcX4k4kZJqChqk_8ktmbyVFUEA/s1600/Natalia_Correia_-_Poesia_Completa_1999.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2042" data-original-width="1581" height="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ev1iEg-UgIL51jQHfZf6v6L_UA1OMTmCpgRHc0wHozt-UjO81hpxRark37mBcBNHPcu2SFGoGWwyW6CFwGbyJoe2hwNJnV_ykSE0YbOoPfFiRmIjcIG23rnq8CMtSKCIQxAIMJjAGYGtiAS57_ru_nkubcX4k4kZJqChqk_8ktmbyVFUEA/w496-h640/Natalia_Correia_-_Poesia_Completa_1999.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDMiwu_0E0NI78aAF6dT6_RyR8Bse9BXHr6TDCgi58gT1S_hOMy1Tx2Kvwna_KoG9GfOigMUOg7KryiNXFQrQTSz3FXix_02CA6MzqUBPX17D7INntWJBu9V0SS14N8A7eSjhv/s1600/Afonso_Dias_-_Poesia_de_Natalia_Correia_2007.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDMiwu_0E0NI78aAF6dT6_RyR8Bse9BXHr6TDCgi58gT1S_hOMy1Tx2Kvwna_KoG9GfOigMUOg7KryiNXFQrQTSz3FXix_02CA6MzqUBPX17D7INntWJBu9V0SS14N8A7eSjhv/s400/Afonso_Dias_-_Poesia_de_Natalia_Correia_2007.jpg" height="397" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Poesia de Natália Correia", de Afonso Dias, com a colaboração de Isabel Afonso Dias, Meguy, Rita Neves, Tânia Silva e Telma Veríssimo (col. Selecta, Música XXI, 2007)<br />
<br />
____________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia de Natália Correia:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/poesia-na-radio-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Poesia na rádio (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/03/ana-moura-creio-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ana Moura: "Creio" (Natália Correia)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/04/natalia-correia-rascunho-de-uma.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/03/a-natalidade-de-natalia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A Natalidade de Natália</span></a><br />
<br />
____________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia dita/recitada:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2006/04/mrio-viegas-10-anos-de-saudade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Mário Viegas: 10 anos de saudade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2006/12/natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Natal"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2008/07/arte-e-poesia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Arte e poesia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2012/03/jorge-de-sena-carta-meus-filhos-sobre.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Jorge de Sena: "Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya", por Mário Viegas</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/03/sebastiao-da-gama-poesia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Sebastião da Gama: "Poesia", por Carmen Dolores</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/05/joao-villaret-centenario-do-nascimento.html" target="_blank"><span style="color: blue;">João Villaret: centenário do nascimento</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/06/camoes-recitado-e-cantado.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/palavras-mal-ditas-ou-palavras-malditas.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Pedro Barroso: "Palavras Mal Ditas" ou "Palavras Malditas"?</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/em-memoria-de-guilherme-de-melo-1931.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Guilherme de Melo (1931-2013)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/em-memoria-de-antonio-ramos-rosa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de António Ramos Rosa (1924-2013)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/10/celebrando-vinicius-de-moraes_29.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Vinicius de Moraes</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/11/fernando-pessoa-por-joao-villaret.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Pessoa por João Villaret</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/03/miguel-torga-ode-poesia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Ode à Poesia", por João Villaret</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/04/celebrando-agostinho-da-silva.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Agostinho da Silva</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/06/camoes-recitado-e-cantado-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-sophia-de-mello-breyner.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/03/al-mutamid-evocacao-de-silves.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Al-Mu'tamid: "Evocação de Silves"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/04/em-memoria-de-herberto-helder.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Herberto Helder (1930-2015)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/06/celebrando-eugenio-de-andrade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Eugénio de Andrade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/11/fernando-pessoaalvaro-de-campos-dois.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Pessoa/Álvaro de Campos: "Dois Excertos de Odes", por Mário Viegas</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/03/cesario-verde-de-tarde.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Cesário Verde: "De Tarde"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/04/cesario-verde-por-mario-viegas.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Cesário Verde por Mário Viegas</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/12/antonio-gedeao-dia-de-natal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">António Gedeão: "Dia de Natal", por Afonso Dias</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/03/camilo-pessanha-singra-o-navio.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camilo Pessanha: "Singra o navio", por Mário Viegas</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/04/miguel-torga-flor-da-liberdade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Flor da Liberdade"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/06/camoes-recitado-e-cantado-iii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (III)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/03/sebastiao-da-gama-louvor-da-poesia-por.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Sebastião da Gama: "Louvor da Poesia", por José Nobre</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.pt/2018/03/ecos-da-ribalta-homenagem-carmen-dolores.html" target="_blank"><span style="color: blue;">"Ecos da Ribalta": homenagem a Carmen Dolores</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/06/camoes-recitado-e-cantado-iv.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (IV)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/06/fernando-pessoaalvaro-de-campos.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Pessoa/Álvaro de Campos: "Aniversário", por Luís Lima Barreto</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/12/miguel-torga-natividade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "Natividade"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/03/antonio-botto-homem-que-vens-de-humanas.html" target="_blank"><span style="color: blue;">António Botto: "Homem que vens de humanas desventuras"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/04/fernando-namora-centenario-do-nascimento.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Fernando Namora: centenário do nascimento</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/camoes-recitado-e-cantado-v.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (V)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/03/miguel-torga-um-negrilho.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Miguel Torga: "A um Negrilho"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/06/camoes-recitado-e-cantado-vi.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VI)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/03/mario-dionisio-solidariedade-por-carmen.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Mário Dionísio: "Solidariedade", por Carmen Dolores</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/04/manuel-alegre-pais-de-abril-por-mario.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Manuel Alegre: "País de Abril", por Mário Viegas</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/06/camoes-recitado-e-cantado-vii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VII)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/03/maria-teresa-horta-mulher-poetisa.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Maria Teresa Horta: "Mulher-Poetisa"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/04/florbela-espanca-morte-por-eunice-munoz.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Florbela Espanca: "À Morte", por Eunice Muñoz</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/06/camoes-recitado-e-cantado-viii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (VIII)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2023/01/eugenio-de-andrade-por-joao-perry.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Eugénio de Andrade por João Perry</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-55584200263210094802023-03-20T21:24:00.004+00:002023-10-07T16:30:02.786+01:00Celina da Piedade: "Primavera"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6gx9drUCGtPrffleJnOBmM_dwYpiw6LqkZzQXoxyquF8Fdjvyh5LylETilFlziLAxOOGYUeQsIbMbLm3TQNaemfPEwVMWaQWS42dko_Hh4dVRCfp5ELFn1N_x94MwK5aP_qJZ0dffdownU0h6pttp69aTGpGQcoyoM6tUqdrZaxW3ibp7MQ/s1600/Primavera_Alentejana_-_Campo_de_papoilas.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="952" data-original-width="1270" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6gx9drUCGtPrffleJnOBmM_dwYpiw6LqkZzQXoxyquF8Fdjvyh5LylETilFlziLAxOOGYUeQsIbMbLm3TQNaemfPEwVMWaQWS42dko_Hh4dVRCfp5ELFn1N_x94MwK5aP_qJZ0dffdownU0h6pttp69aTGpGQcoyoM6tUqdrZaxW3ibp7MQ/w400-h300/Primavera_Alentejana_-_Campo_de_papoilas.jpg" width="400" /></a><br />
Fotografia extraída do blogue "<a href="https://portugal-mais.blogspot.com/2019/01/campo-de-papoilas-alentejo-portugal.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Portugal +</span></a>"<br />
<br />
<br />
No ramalhete de espécimes musicais alusivos à estação das flores e do renascimento, já objecto de destaque no blogue "A Nossa Rádio", ainda não constava a jovial e animada "Primavera", de <b>Celina da Piedade</b>. Não houve outra razão de não ter entrado antes que não fosse a nossa preocupação de dar prioridade a repertório menos conhecido. Fazemos-lhe hoje a devida justiça, assinalando o começo da Primavera de 2023 (no hemisfério norte, bem entendido), que se deseja se não inteiramente feliz ao menos esperançosa em dias menos aflitivos e conturbados. Boa escuta!<br />
<br />
Além de ter integrado (ou integrar) projectos colectivos, como os grupos Modas à Margem do Tempo, Uxu Kalhus e Os Tais Quais, todos eles com álbuns publicados, Celina da Piedade já editou quatro discos em nome próprio: "Em Casa" (2012), "O Cante das Ervas" (2014), "Sol" (2016) e "Ao Vivo na Casinha" (2021). Trabalhos que incluem pérolas de alto quilate, mas que têm sido sonegadas a quem sintoniza a Antena 1 nos períodos em que roda a 'playlist', cujo somatório deve ultrapassar 80% do tempo de difusão musical do canal. Como explicar tamanha anormalidade?<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Primavera</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cpi-0002/CPI0002.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Celina da Piedade</b> e <b>Alex Gaspar</b><br />
Intérprete: <b>Celina da Piedade</b>* (in CD "Festival da Canção 2017", RTP Edições/Sony Music, 2017)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ZV5BmvTce9c" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Se o fim é um começo<br />
Voltamos sempre a lutar:<br />
Já lá vem outro Abril,<br />
É tempo de semear!<br />
<br />
Da espera faz-se a luz<br />
Da primavera a nascer:<br />
Um fruto é como um filho<br />
Do querer!<br />
<br />
Dois, três, e...<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
A tudo o que aprendemos,<br />
Beijado ao calor do Verão,<br />
Esquecemos neste Inverno...<br />
Faltou-nos uma canção!<br />
<br />
Cantar p'ra não esquecer<br />
Que unidos não estamos sós!<br />
Que temos liberdade<br />
Na voz!<br />
<br />
É Primavera quando chegas!<br />
Sou andorinha p'ra te ver<br />
E as flores que trazes são vermelhas:<br />
Há sempre esperança a renascer!<br />
<br />
[coro / instrumental]<br />
<br />
É Primavera quando chegas!<br />
Sou andorinha p'ra te ver<br />
E as flores que trazes são vermelhas:<br />
Há sempre esperança a renascer!<br />
<br />
É Primavera quando chegas!<br />
Sou andorinha p'ra te ver<br />
E as flores que trazes são vermelhas:<br />
Há sempre esperança a renascer!<br />
<br />
<br />
* Celina da Piedade – voz e acordeão<br />
Ricardo Silva – guitarra portuguesa e coros<br />
Catarina Cardoso – viola campaniça e coros<br />
Nilson Dourado – guitarra eléctrica e coros<br />
Sofia Neide – contrabaixo<br />
Sebastião Santos – bateria e coros<br />
Mistura e masterização – Vasco Ribeiro Casais<br />
URL: <a href="http://www.celinadapiedade.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.celinadapiedade.com/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/celinadapiedadeoficial/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/celinadapiedadeoficial/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@CelinadaPiedadeoficial/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@CelinadaPiedadeoficial/videos</span></a>
<br /><a href="https://music.youtube.com/channel/UC1MgQco-wBolL1IObenoA5Q" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UC1MgQco-wBolL1IObenoA5Q</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLw0rTDXuAdvxdH4u_I-AZHNIMT6CATD5q1RLefxl8AViiaysFQAugux2sz0eMR1o_wiiOSPHnYKMjJWWgqc-QnUm_S4a26fdC_1dFGI9dgdGHv1RZGvkcsFHazjLSdOvAzk5SttXl8BZeY9tXc-6ioSAj_0itjpmWGl-Qq0GSd6tcj_PcRQ/s1600/VA_-_Festival_da_Cancao_2017_2017.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="582" data-original-width="600" height="388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLw0rTDXuAdvxdH4u_I-AZHNIMT6CATD5q1RLefxl8AViiaysFQAugux2sz0eMR1o_wiiOSPHnYKMjJWWgqc-QnUm_S4a26fdC_1dFGI9dgdGHv1RZGvkcsFHazjLSdOvAzk5SttXl8BZeY9tXc-6ioSAj_0itjpmWGl-Qq0GSd6tcj_PcRQ/w400-h388/VA_-_Festival_da_Cancao_2017_2017.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Festival da Canção 2017" (RTP Edições/Sony Music, 2017)<br />
<br />
________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório alusivo à Primavera:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2017/03/cantos-da-aurora-primavera.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Cantos d'Aurora: "Primavera"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/03/roda-pe-primavera-alentejana.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Roda Pé: "Primavera Alentejana"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/03/grupo-coral-os-ceifeiros-de-cuba-no.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Grupo Coral "Os Ceifeiros de Cuba": "No Tempo da Primavera"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/03/amalia-rodrigues-primavera.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Amália Rodrigues: "Primavera" (David Mourão-Ferreira)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/03/francisco-filipe-martins-cancao-da.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Francisco Filipe Martins: "Canção da Primavera"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/03/grupo-coral-da-casa-do-povo-de-santo.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Grupo Coral da Casa do Povo de Santo Aleixo da Restauração: "É Lindo na Primavera"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-71797399766069420112023-03-16T23:30:00.027+00:002023-10-07T16:32:44.418+01:00A Natalidade de Natália<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuGM9K3kqKLdPxjgNXhKYDZfUOfLWND_hU1cfDNIRpJd2utLqkLS4Igf1Pxek5vGvdccMNyAtBa_nSPM40cq39qvU-1Pro3A3c_g741WHdAWiE0qsvDCc5_-rdMKfhuC6XsQkw8XXGXglFm2S_E_Ogp4nQvhR13B6OfHEOBYnkmW-p16FWkw/s1600/Natalia_Correia_-_Auto-Retrato_1956.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1728" data-original-width="1371" height="504" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuGM9K3kqKLdPxjgNXhKYDZfUOfLWND_hU1cfDNIRpJd2utLqkLS4Igf1Pxek5vGvdccMNyAtBa_nSPM40cq39qvU-1Pro3A3c_g741WHdAWiE0qsvDCc5_-rdMKfhuC6XsQkw8XXGXglFm2S_E_Ogp4nQvhR13B6OfHEOBYnkmW-p16FWkw/w507-h640/Natalia_Correia_-_Auto-Retrato_1956.jpg" width="400" /></a><br />
<b>Natália Correia</b>, "Auto-Retrato", s/d [1956], Óleo sobre platex, 38 x 30 cm, Museu Carlos Machado, Ponta Delgada [MCM 6913]<br />
Fotografia – António Ferreira Pacheco<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">A Natalidade de Natália</span><br />
<br />
Por: <b>Fernando Dacosta</b> (jornalista e escritor)<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfnB_lImPCSpVy48n2h3Tw3VAYS_UoDrpqeQJJDslcJ3z5rydCgYtOAeOsNjfE7Qh5YEuvfYHvpc76E3BDLlBdTWMHsGlFJpOk_UYiS8PGr_YIBz0Z9UCsIq6Q6CWJOtG9ws373SnRwP-cFpKvygRPiCpa9k_Ngm1c7ExDmRwkALxUdljerA/s1600/Fernando_Dacosta.jpeg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="263" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfnB_lImPCSpVy48n2h3Tw3VAYS_UoDrpqeQJJDslcJ3z5rydCgYtOAeOsNjfE7Qh5YEuvfYHvpc76E3BDLlBdTWMHsGlFJpOk_UYiS8PGr_YIBz0Z9UCsIq6Q6CWJOtG9ws373SnRwP-cFpKvygRPiCpa9k_Ngm1c7ExDmRwkALxUdljerA/w263-h400/Fernando_Dacosta.jpeg" width="263" /></a><br />
<br />
Natália Correia está hoje numa espécie de limbo. Limbo é o local onde repousam as almas dos grandes inocentes e dos grandes perversos, ou seja das crianças e dos criadores – que ela era, até ao excesso.<br />
Não se tornava fácil compreendê-la. Nem amá-la. Fazê-lo, exigia sentimentos, disponibilidades especiais. Era um ser tocado pelo sagrado, um desses seres que não cabem no espaço que lhes foi destinado, nem no corpo, nem nas normas, nem nos modelos, nem nos sentimentos.<br />
Os que a não aguentavam combatiam-na não pelas ideias mas pelos tiques, não pela criação mas pela distracção, tentando reduzida a anedotários de efeitos fáceis e falsos.<br />
Ao mesmo tempo forte e desprotegida, imponente e indefesa, egoísta e generosa, arguta e ingénua, dissimulada e frontal, sentia-se, ante as coisas rasteiras (e as pessoas, e as acções), perdida; só as grandes a tocavam, galvanizando-a. Então toda ela ganhava golpe de asa, vertigem.<br />
Era esplendoroso vê-la a entrar nos templos de chicote em punho, isto é, de palavra viva, zurzindo os vendilhões, os traficantes, os hipócritas, os videirinhos. Era magnífico acompanhá-la nas suas estradas de Damasco em direcção à utopia, ao amor, à justiça, à criatividade, à elegância, levando pelo braço poetas e amantes, perseguidos e ostracizados, loucos e solitários.<br />
Poetisa, dramaturga, romancista, ensaísta, cronista, conferencista, deputada, oradora, editora, tradutora, Natália Correia marcou transversalmente várias gerações e identidades de nós.<br />
A literatura (através da ficção e da reflexão), a comunicação social (dos jornais e da TV), a política (de intervenções parlamentares e ideológicas), o convívio (de colóquios e tertúlias) foram os grandes campos onde se afirmou, se popularizou, se acrescentou.<br />
A ilha (nasceu em S. Miguel) deu-lhe o gosto mágico pela vida. Ela «é a mãe, é a fatalidade dos insulares», comentava. E o território do oculto, da partida, do regresso. «Onde vos retiver a beleza de um lugar, há um deus que vos indica o caminho do espírito», avisava.<br />
A noção de Pátria e de Mátria, acrescenta a de Frátria – Frátria como símbolo de fraternidade, de igualdade, de equidade.<br />
Bate-se pela recuperação do sagrado, do politeísmo, do femininismo, do barroco, do diferente, e pelo repúdio da crucificação, do consumismo, do descontrolo demográfico, da arrogância indiferenciadora.<br />
«Como atingir a paz com os olhos postos num só deus, se as guerras são fornecidas pela nossa fé na vitória sobre a fé dos outros?», interrogava-se.<br />
Os grandes mitos portugueses encontraram em si uma celebrante incomum: o mito do Andrógino (o ser completo, uno e plural), do Desejado (o que contém a resistência, não a desistência), de Pedro e Inês (a paixão, a volúpia pela morte), da Ilha (o espaço da esfinge, da iniciação). A todos dedicou obras próprias, reformulando-os, dando-lhes dimensões de novos futuros e liberdades.<br />
As causas, as pessoas do coração e do sonho, e da fé, tinham-na do seu lado; as causas, as pessoas da manipulação, do utilitarismo, da serventia, conheciam-lhe a cólera, o chiste, a indignação. Sabia indignar-se com grandeza – e indignar os outros à sua altura.<br />
Muitas vezes perdia a cabeça connosco e nós com ela. Sufocava-nos. Muitas vezes apetecia-nos fugir. Não aguentávamos a sua energia, a sua lucidez, a sua exigência, o seu empenhamento, a sua implacabilidade. Muitas vezes tentámos matá-la em nós para sermos nós. Até nisso nos ajudou.<br />
Era uma mulher inigualável. Nos caprichos, nos excessos, nas iras, nas premonições, nos exibicionismos, na sedução, na coragem, na esperança. Cantava, dançava, declamava, improvisava, discursava, polemizava como poucos entre nós alguma vez o fizeram, o sonharam.<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">As Noites do Botequim</span><br />
<br />
A noite reservava-a para os amigos e os admiradores no Botequim, que abriu com a poetisa [e escultora] Isabel Meyrelles, nos anos sessenta [1968].<br />
Vendo o marido arruinado (fora um hoteleiro próspero), arranjou-lhe, no Largo da Graça, um pequeno bar para administrar – e se ocupar. Espaço único, marcaria a vida política e cultural portuguesa das últimas décadas do século. Por ele, pelas suas madrugadas, passaram (até fechar em 1995) projectos exaltantes, exultantes, de artes, de utopias, de generosidades, de cumplicidades; pela sua saleta de veludos e músicas, inúmeras estratégias de revoluções, de ficções foram feitas, desfeitas, sem desânimo nem remorso.<br />
Romances e filmes, peças e recitais, debates e canções, quadros e fantasias, viagens e homenagens nasceram nas suas mesas, entre «rosbifes» e «champanhes», generais e presidentes, embaixadores e vadios, loucos e amantes, sob a energia, a natalidade de Natália que fez dele – para a nossa memória, para nosso afecto – um casulo, um «sol nas noites» e um «luar nos dias».<br />
Última grande tertúlia de Lisboa, proporcionava a «comunhão com pessoas de espírito e ousadia, fundamental para se evitar a cultura desvivenciada», lembrava, «pois só quando se está muito na vida se pode transmiti-la aos outros».<br />
As divisões da casa onde Natália viveu e morreu eram harmoniosas, amplas, quinto andar sóbrio, sólido, paredes e decoração espessas, paralelo à Avenida da Liberdade, junto ao Marquês de Pombal [n.º 52 da Rua Rodrigues Sampaio].<br />
Ecos de vozes no exterior, estalidos de madeiras no interior, reposteiros de veludo, estantes de vibrações, objectos de memórias davam-lhe uma sedução inesquecível – a sedução da passagem do tempo, do adensar das sombras, da finitude, da decadência.<br />
«Um dia vim aqui visitar uns amigos e a sua atmosfera atraiu-me logo», conta-me. «Eles foram-se embora e este espaço esteve muito tempo devoluto, como que à espera de eu me casar e o alugar».<br />
Casou-se e alugou-o.<br />
Alfredo Machado Lage («o único homem que verdadeiramente amei», confidenciará) tornou-se o seu terceiro marido [em 1953].<br />
Deixou o andar onde residia com a mãe [Maria José de Oliveira, professora e escritora], a irmã [Carmen de Oliveira Correia], uma criada, a Menina Esmeralda (alugara-o a meias com Vera Lagoa), e mudou-se.<br />
Hóspede e amigo da mãe, Cardoso Martha, um bibliófilo afamado, ceder-lhe-ía a sua gigantesca biblioteca (avaliada em mais de dez mil contos), que Natália compraria e enriqueceria.<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Vida Tripla</span><br />
<br />
«Ela tinha, na altura, uma vida tripla: de intelectual, de política e de mulher de sociedade. Ia jogar bridge no Estoril com as senhoras bem, e roleta no casino existente no hotel do marido. Foi a mãe que a introduziu nos meios da oposição», conta-me, uma semana antes de falecer, Tomás Ribas, o maior e mais antigo, e fiel, e crítico, e profundo amigo da poetisa. «A Natália, que casara muito jovem com Álvaro dos Santos Dias Pereira [em 1942], esteve para se consorciar com o senhor Machado pouco depois de o ter conhecido. Chegou até a dar uma festa de despedida de solteira... mas quando pensávamos que era ele o noivo, apresentou um americano que acabara de encontrar, chamado Billy [William Creighton Hillen]. Casou-se [em 1949] e partiu com ele para os Estados Unidos, país que detestou. Foi nessa altura que escreveu o livro "Descobri que Era Europeia". Meses mais tarde divorciou-se e regressou.<br />
Radicada em Lisboa, Natália toma-se colaboradora do semanário "O Sol", depois de ter passado pelo Rádio Clube Português – onde trabalhou com a irmã e onde eram conhecidas como as "Meninas Balalaikas".<br />
Relaciona-se com Ferreira de Castro, Maria Archer, António Sérgio, Manuel da Fonseca, Jaime Cortesão, Manuel de Lima, Cesariny, Rogério Paulo, Almada, tomando-se, a partir daí, presença irrecusável entre intelectuais, artistas e políticos.<br />
«Acusavam-me, continuam a acusar-me de tanta coisa, de ser promíscua, de ter relações com homens e mulheres... o problema é que eu quase não tenho líbido. Mesmo em nova, o sexo nunca representou grande coisa para mim. Sempre gostei, por outro lado, de homens mais velhos do que eu... ora nesta altura, com a idade que eles têm, já não funcionam», confidenciava com indisfarçável pudor – era, aliás, muito pudica no que dizia respeito à sua intimidade.<br />
«A maior parte das pessoas apenas viam em mim a fêmea, o corpo, só depois percebiam que eu tinha ideias, talento. Isso maçava-me muito, e revoltava-me.».<br />
Depressa deixará de se preocupar com o corpo. A beleza, a elegância perdidas não pareciam melancolizá-la. «Uma vez por semana, a cabeleireira ia arranjá-la a casa», pormenoriza-me Helena Cantos, sua amiga de juventude. «Não comprava roupas e os vestidos eram feitos pela porteira. Quando morreu houve até dificuldade em escolher um em bom estado, para a amortalharmos. Levou o azul-escuro, de veludo, que envergava nas ocasiões de maior cerimónia».<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Verdadeira Pitonisa</span><br />
<br />
O centro da sua casa situava-se na zona de estar (biblioteca, escritório, área de comer, de receber, de festejar, de preguiçar), espaço grandioso forrado a livros, a quadros, a fotos, a referências, a recordações, a símbolos, mesa gigantesca ao centro, mármore negro, pés esculpidos de oiro, tinteiro de cobre, candeeiro de haste, poltronas de rebordo, televisão sem som, telefone sem fios, recordações sem negrumes.<br />
Por ele passaram vultos universais, Henry Miller, Ionesco, Claude Roi, Michaux, nele se representou Sartre (clandestinamente) pela primeira vez em Portugal.<br />
«Aqui sentimo-nos ou no século XVIII ou no ano dois mil», exclamou Henry Miller depois de assistir a uma discussão sobre o amor [a 15 de Maio de 1960]. «Foi preciso vir a Portugal para encontrar uma verdadeira pitonisa», disse referindo-se à anfitriã.<br />
Na sala, onde trabalhava durante a tarde (de manhã fazia-o no quarto, descalça, isolada), as atenções convergiam para um quadro sobre a lareira, ao alto, notável auto-retrato que Natália fizera; anos atrás ela entregara-se, durante meses, exclusivamente à pintura. Podia ter sido, se a continuasse (Almada incentivou-a), um nome cimeiro das nossas artes plásticas.<br />
«Pintei como terapêutica. Ferida, nessa altura, pela notícia da morte da minha mãe [1956], que estava no Brasil, agarrei-me, rangendo de dor, aos pincéis e fechei-me num quarto durante um ano».<br />
A ilha deu-lhe o gosto irreal pela vida: Ela «é a mãe, é a fatalidade dos insulares. Mesmo os mais desgarrados, como aparentava ser Antero, escolhem a ilha como túmulo, ou seja, berço para reviver».<br />
A parte mais secreta da biblioteca, dispersa por todas as divisões, estava em estantes descomunais, num corredor que abria com um quadro de Bual, em tons azuis e verdes. Telas valiosas seguiam-se-lhe pelos cantos, à espera de serem encaixilhadas, penduradas, recuperadas, amadas.<br />
Um escultor visionário, Júlio, tomou-a por um ser mítico, um ícone índio, e fixou-a em busto de pedra. Comovida, Natália colocou-o numa parede nobre, junto a uma menina-girassol, lindíssima, de Cesariny. Um fotógrafo de sensibilidade, Sampaio Teixeira, imaginou-a uma deusa grega e retratou-a, esplendorosamente nua, em cenários dionisíacos – mais de 20 "slides" inéditos deixados (por testamento) ao Centro Nacional de Cultura, onde se encontram, se resguardam, invioláveis, intocáveis.<br />
«Sou da Ilha das línguas de fogo. Com elas aprendi a metrificar o Espírito. O indizível. O religioso é uma ideia que anda no ar mesmo para as pessoas que não têm sensibilidade para a ver nem coragem para a agarrar».<br />
As recordações dos Açores eram-lhe, amiúde, pontes para um tempo, o da infância, um espaço, o das ilhas, mágicos. Natália Correia precisava desse apego à infância e às ilhas, lugares de ligação ao mistério que a habitava.<br />
«Os deuses só nos pedem que estejamos na vida com a mesma naturalidade com que as flores estão na haste. Os homens só serão unidos quando acreditarem em todos os deuses. Mais importante do que eles existirem é acreditarmos neles».<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Sacerdotisas do amor</span><br />
<br />
Atraía como um íman os desvairados, os místicos, os assassinos, os ladrões, os vagabundos, os dementes. Todos a ouviam, a tocavam. Todos a fascinavam: «Temos que recuperar o seu sofrimento porque eles estão mais próximo do oculto», repetia-nos.<br />
Era surpreendente vê-la dirigir-se às prostitutas e aos <i>travestis</i> que acorriam a saudá-la quando, madrugada alta, chegava à sua rua, em Santa Marta: «Meninas, não consintam que as humilhem, lembrem-se que são sacerdotisas do amor!».<br />
E ficava-se, por vezes até amanhecer, a ouvi-las, a exortá-las. Guardas-nocturnos, prostitutos, <i>gigolos</i>, chulos, assaltantes, passantes, juntavam-se e faziam roda, e perguntas, e pedidos, e batiam-lhe palmas, num fantástico teatro de sombras e iluminações, vertigens e desmesurados. Nunca existiu nada, assim, nas margens da cidade, de tão intenso, tão belo, tão desapossado, tão comovedor.<br />
Só na vigília por ela, na Casa dos Açores, longa vigília de duas noites e dois dias (o tempo que um espírito necessita para se desprender do corpo) se atingiria, entre ondas de flores a chegarem de todo o país, de músicos, de cantores, de ranchos folclóricos, de tunas, de estudantes em serenatas, se atingiria dimensão semelhante – com o Presidente da República, ministros, embaixadores, intelectuais, artistas, desportistas, autarcas, astrólogas, videntes, espíritas, sacerdotes, vadios a olharem o esquife aberto, ela no centro, serena e branca, finalmente ungida deusa pagã.<br />
Daí seguiria, ao terceiro dia, para o forno crematório (apavorava-a a ideia de poder ser enterrada viva) do cemitério do Alto de São João.<br />
A percepção que Natália Correia tinha do mistério – fonte da sua criatividade – levou-a a voltar-se, desde muito cedo, para os universos do fantástico, do inexplicável, do religioso, do maravilhoso, do poético. A alquimia significava para si, não a obtenção do oiro, mas a obtenção da androginia.<br />
Desses universos provinham-lhe (subtis cordões umbilicais) a energia, a vidência que a faziam – como a Camões, como a Pascoaes, como a Patrício, como a Pessoa – ser de genialidades.<br />
Os poderes que detinha tomavam-na, por vezes, inquietante. Contactos com mortos e extraterrestres, controlo de elementos da Natureza, cumprimento de rituais iniciáticos eram-lhe irreprimíveis. Entidades de outras dimensões e espíritos de mortos e de deuses tinham, exclamava-me angustiada, «tendência para baixar» nela. Daí nunca estar sozinha em casa.<br />
Em certas alturas, energias estranhas irrompiam de si comunicando-se aos que a envolviam – pessoas, animais, objectos, árvores, águas, nuvens; outras, irrompiam sobre si, dilatando-a, transfigurando-a. Forças inexplicáveis tomavam-na, tomavam-nos. Com gestos imprevisíveis, dirigia-se para lá do visível entoando melopeias de rezas e salmos. Tomava-se, então, uma vidente, uma médium de assombros.<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Asas de ouro</span><br />
<br />
Porque poeta, Natália Correia sentia-se profeta. Imperatriz do Espírito Santo (fora coroada em menina, na sua ilha), procurou desde muito cedo os enigmas que a envolviam, como o da Lagoa do Fogo, na lha de São Miguel.<br />
«Ibericista» (não iberista), «femininista» (não feminista), «politeísta» (não fundamentalista), na sua autodefinição, abria-nos espaços surpreendentes. «Onde vos retiver a beleza de um lugar, há um deus que vos indica o caminho do espírito».<br />
Ousadíssima, recusava o monoteísmo e a crucificação. Aceitá-los, sobretudo à crucificação, era aceitar o holocausto – atómico, demográfico, ambiental, tecnocrático.<br />
Daí ser urgente pôr fim à explosão do nuclear e do populacional; ser urgente subir ao Monte e despregar Cristo da Cruz, trazendo-o para o meio dos homens e dos outros deuses; ser urgente recuperar o romantismo, o barroco, o anárquico, o profético, o periférico, o utópico, valores profundamente portugueses; ser urgente religar o racional e o intuitivo, o masculino e o feminino, o novo e o antigo, o conservador e o inovador; ser urgente assinar o Armistício connosco próprios – "Armistício" é o título de um dos seus livros mais perturbadores.<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Cartas de amor</span><br />
<br />
Dórdio Guimarães, que Natália conheceu nos anos sessenta, muito jovem, muito tímido, apaixonou-se por ela passando a segui-la como uma sombra, até ser-lhe uma sombra. «E um esposo-irmão», justificará aos que a interrogam. «O nosso é um casamento casto», acrescentará, sorrindo.<br />
As cartas de amor que Natália Correia escreveu (ao primo José António Correia quando fazia a guerra colonial na Guiné) colocam-na, pela sua intensidade e vertigem, entre as grandes autoras amorosas – superior a uma Mariana Alcoforado – da nossa literatura.<br />
Deviam, sem preconceitos nem inibições, ser publicadas (Inês Pedrosa deu, ante a incompreensão de alguns, um exemplo de ousadia nesse sentido), tal como os inéditos que deixou prontos e que não foram ainda divulgados nem conhecidos.<br />
A solidariedade, a lealdade não tinham limites nela. Nunca a vi consentir que dissessem mal dos seus amigos; nunca a vi virar costas a quem lhe estendesse a mão, o sofrimento, o medo.<br />
A cultura portuguesa, cuja grande reserva se encontra nas ilhas e nos interiores, era-lhe uma paixão ardente. Enjoavam-na os enjoados da Pátria e dos sentimentos, os cínicos e os <i>yuppies</i>, os normalizadores e os burocratas.<br />
A ideia dos Estados Unidos da Europa punha-a possessa. Jamais esquecerei a tarde que passámos (ela, o Dórdio e eu) em casa de Miguel Torga, em Coimbra, na altura em que Portugal assinou o tratado de Maastricht.<br />
O poeta, que morreria pouco depois, encontrava-se deitado num "divã", quase inerte, ao fundo da saleta que lhe servia de escritório. O seu acabrunhamento parecia o de Camões após Alcácer Quibir.<br />
Catastrofista, não acreditava que Portugal sobrevivesse integrado na Comunidade Europeia: «É um continente com uma economia, uma cultura, uma informação muito fortes. Não vamos poder resistir-lhe», repetia.<br />
Preocupado com a tosse de Natália (a doença tomara-a já), levantou-se, foi buscar um estetoscópio e obrigou-a a deixar-se consultar. «Não está nada bem», sussurraria para nós. Sentou-se à secretária e prescreveu-lhe uma receita. A última que ele passou.<br />
«Em vez de a aviar numa farmácia vou guardá-la como recordação», decidiu, comovida, Natália.<br />
No chamado "Verão Quente de 75", Miguel Torga seria dos poucos vultos de esquerda a estar a seu lado na oposição às tentativas de tomada do poder por forças do PCP.<br />
"Não Percas a Rosa", diário que ela escreveu sobre esses meses de brasa, tomou-se uma premonição: do fim do 25 de Abril, da queda do bloco de Leste, da ditadura mercantilista, da perversão globalizadora.<br />
Debruçada sobre a mesa de trabalho, aos pés da cama, anota: «A revolução marxista deter-se-á em Lisboa. A roda do mundo atingirá, nela, o limite da rotação, e desandará. Na economia misteriosa da História, Portugal é o peso minúsculo que vai fazer inclinar todo o conjunto».<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Voltas a Portugal</span><br />
<br />
Ramalho Eanes revelar-se-lhe-ía de uma lealdade suprema. Com discrição e firmeza defendeu-a, acompanhado por Manuela Eanes, até ao fim. Sem Natália o saber, os dois diligenciaram, por exemplo, que lhe fosse atribuída uma pensão por mérito artístico, maneira de lhe minorar, não a constrangendo, a sobrevivência.<br />
Presidente da República, encarregou-a por mais de uma vez de o representar em cerimónias oficiais de destaque. Embaixadas, Ministério da Cultura, direcção do Teatro Nacional foram, entre outros, cargos que, nesse período, ela recusou.<br />
Passámos, nos últimos anos, os fins-de-semana a cirandar pelo País. Para participar em debates, proferir conferências, apresentar livros, desenvolver encontros, promover obras.<br />
Íamos quase sempre à nossa custa, no meu carro (um soberbo "Nissan Primera"), ou no de Francisco Baptista Russo (um magnífico BMW), pagando com frequência a gasolina e as refeições do nosso bolso.<br />
Dotada de uma intuição notável para detectar talentos, Natália abria-se-lhes com generosidade, com quixotismo – apoiando-os, impulsionando-os, divulgando-os, amando-os.<br />
Viajar com Natália Correia era uma aventura ora apaixonante, ora desesperante, tais os imprevistos, os incidentes, os caprichos, as exaltações, os temores que a possuíam.<br />
Uma noite, vínhamos de Tróia de um encontro de escritores ibéricos, ela dispara-me enquanto atravessávamos o Sado, num <i>ferry-boat</i>: «Não posso passar por Setúbal». Porquê?, pergunto-lhe estupefacto. «Uma cigana disse-me há dias que este mês não devia entrar em nenhuma cidade com rio, além de Lisboa».<br />
Ironicamente, afianço-lhe: «Mas não passamos por lá. Há uma auto-estrada à saída do barco que nos leva por outro lado».<br />
Claro que não havia. Percorremos calmamente Setúbal sem que ela, na sua incomensurável inocência, se apercebesse de nada. «É bonita esta auto-estrada, tem casas à volta, nem parece uma auto-estrada», comentou.<br />
«Apetece-me champanhe para o almoço, e do bom!», exclama-me num fim de manhã de domingo. Regressamos a Lisboa depois de uma emocionante deslocação a Coimbra para apresentar um livro do poeta António Vilhena. Da parte da tarde, estudantes proporcionam-nos, em barcos engalanados de flores e dosséis, um passeio pelo Mondego – que a deslumbra.<br />
Jovens vestidos à época de Pedro e Inês tangem alaúdes e guitarras. Natália, uma mão aberta na frescura da água, outra fechada na baste de uma rosa, canta (possuía uma voz magnífica) versos da "Samaritana". Nas margens, populares acenam-lhe sorrisos e simpatias, acompanhando-a nos compassos do refrão.<br />
Toda a natureza – pessoas, rio, peixes, vegetação, pássaros – parece unir-se-lhe em sinfonia única, cósmica.<br />
No Choupal, sentada num banco de pedra, lançará, após dizer poemas exaltando amantes mortos, a ideia de um ciclo sobre poetas suicidados. «Os grandes criadores acabam por desistir de viver. A inveja, a maldade, o cinismo, a hipocrisia que os cerca amargura-os a tal ponto que lhes apressa a morte, lhes faz apetecer a morte. O José Régio foi um dos que sucumbiram, tal a campanha de ofensas que lhe moveram. Ele será o primeiro homenageado!».<br />
Pressentido que lhe poderia acontecer o mesmo, Natália tentava, dessa maneira, esconjurar as forças negativas que, à distância, a rondavam.<br />
Um estudante grava numa árvore, ante o silêncio comovido do grupo, as palavras: "Ciclo dos poetas suicidados".<br />
O desaparecimento, pouco depois, de Natália Correia "suicidar-nos-á", por muito tempo, a todos nós.<br />
<br />
<span style="font-size: medium;">Medo da miséria</span><br />
<br />
«Apetece-me champanhe, e do bom!», repete-me ela. «Não há dinheiro para essas extravagâncias», respondo-lhe. «Não lhe pedi nada, menino».<br />
Abre a janela: «Vá devagarinho, por favor», pede. Entrámos em Leiria. Cabeça de fora, ela perscruta, nos locais dos restaurantes, as aglomerações dos carros estacionados. De súbito, ordena: «Páre, páre. É aqui que vamos almoçar».<br />
A sua figura atrai sobre nós os olhares da sala onde um grupo festeja ruidosamente o aniversário de um jovem de côr.<br />
Natália encomenda cozido à portuguesa, que adorava e devorava. A sua gula aconselhava a que não se escolhesse, nunca, o mesmo que ela; que se pedissem mesmo coisas de que não gostasse, sob o risco do seu garfo surripiador levar o melhor de todas as travessas.<br />
Quando o grupo ao fundo entra nos brindes, Natália vira-se para o homenageado e dirige-lhe uma quadra de felicitações – pelos seus anos e pela sua beleza de «príncipe negro» à espera «da paixão que não tardará a fazê-lo voar». «Só não lhe ergo uma taça porque a não tenho!»<br />
Ainda não havia acabado e já a mesa se nos enchia de garrafas, de doces, de ofertas, de palmas – e de «champanhe», do bom. O número seria, daí em diante, repetido com oportunidade e proveito.<br />
A sua era uma luz que nem todos conseguiam suportar, até porque não permitia filtros aos que a fitavam.<br />
O tempo foi, entretanto, mudando, mudando-a, isolando-a. A força da palavra, a sua arma, enfraqueceu. A cultura e o espírito, a imaginação e a utopia depreciaram-se. Tentou resistir: «Não, não me mato/ Antes me zango até ficar um cacto/ Quem me tocar, maldito/ Que se pique».<br />
A vitória do liberalismo selvagem, da tecnocracia desumanizante, da globalização colonialista, amputou-a. «Pela primeira vez na minha vida tenho medo», confidencia-me. «As forças do mal estão a ganhar terreno, a perverter a democracia, a solidariedade».<br />
As mulheres da política, por outro lado, decepcionam-na: «Em vez de levarem o feminino para o poder, de modo a transformá-lo, melhorá-lo, não: imitam os homens, ultrapassam-nos no que eles têm de pior. Comportam-se como <i>travestis</i>».<br />
Vivia pobre sem saber que era rica. Que as suas colecções de arte, de manuscritos, de originais, de pintura valiam mais de trezentos mil contos.<br />
A miséria passou a assustá-la, sobretudo a partir do momento em que o PS não quis recandidatá-la ao Parlamento – e faltavam-lhe apenas sete meses para ter, como deputada, direito a reforma.<br />
O Botequim imergiu em decadência. Os jornais deixaram de solicitar-lhe colaborações, os seus livros não se vendiam. A RTP recusou-lhe propostas de programas, indiferente ao êxito da série "Mátria". As companhias de teatro ignoravam-lhe as peças, apesar do sucesso de "A Pécora". Dórdio Guimarães, com quem casara para fugir à solidão, faz-se-lhe um peso, uma preocupação crescente.<br />
Natália perde, rapidamente, saúde, espaço, influência, energia. A década de noventa cerca-a. «Os dias que aí vêm são mesquinhos e feios, não me apetece ter de os viver», exclama. Amigos e companheiros (Rogério Paulo, Manuel da Fonseca, António José Saraiva, António Quadros) são, nesse ano negro, levados de nós.<br />
«A partir de agora, se alguém me quiser encontrar procure-me», escreve, «entre o riso e a paixão. Adeus, espero-vos no Templo».<br />
Ao raiar a madrugada de 16 de Março de 1993 entra em casa – e voa.<br />
<br />
(in "<a href="https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/7039/3/nobracompletanatalia000119637.pdf" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia, 10 Anos Depois...</span></a>", Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2003 – p. 9-18)<br />
<br />
<br />
Em complemento ao perfil biográfico de <b>Natália Correia</b>, admiravelmente traçado por <b<Fernando Dacosta</b>, e porque a evocação de um autor não dispensa o cultivo da sua obra, ademais tratando-se de um poeta (e dos maiores), juntamos cinco poemas natalianos em registos ainda não apresentados neste blogue: dois recitados pela autora (em 1969) e mais três cantados – dois por <b>Sofia Escobar</b>, com música de <b>Renato Júnior</b>, sob o título genérico "Separação", que é a última faixa do álbum "Natália É Quando Uma Mulher Quiser", de Renato Júnior, recentemente publicado nas plataformas digitais; e um por <b>Mia Tomé</b>, com música dela própria e de <b>Mário George Cabral</b>, intitulado "O Espírito", que faz parte do álbum, também muito recente, "Projecto Natália". Boa escuta e boa leitura!<br />
<br />
No que à rádio pública diz respeito, começamos por enaltecer os animadores do programa "Encontros Imediatos", João Gobern e Margarida Pinto Correia, pelo convite à escritora Filipa Martins para ir falar, na edição emitida no sábado passado, de Natália Correia e da biografia "O Dever de Deslumbrar", lançada hoje mesmo [>> capa do fundo], e por terem pontuado a conversa com um punhado de poemas natalianos, uns recitados e outros cantados [1.ª hora >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p4311/e677666/encontros-imediatos" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a> / 2.ª hora >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p4311/e677665/encontros-imediatos" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. É oportuno referir que a entrevistada já assinara o argumento da série "Três Mulheres" [1.ª temporada >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p5057/3-mulheres" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a> / 2.ª temporada >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p10209/3-mulheres-pos-revolucao" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>] e do documentário televisivo em duas partes "A Insubmissa" [Natália na Resistência >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p9510/e581468/natalia-correia-insubmissa" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a> / Natália na Liberdade >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p9510/e581742/natalia-correia-insubmissa" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
No dia de hoje, a Antena 1 também evocou a grande poetisa, transmitindo um apontamento em directo com a actriz e cantora Mia Tomé focado no álbum "Projecto Natália" [>> <a href="https://rtp.pt/play/p1432/e678913/pecas-musicais" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>], a peça da jornalista Inês Ameixa centrada na actividade política de Natália Correia, com os depoimentos de Helena Roseta [>> <a href="https://rtp.pt/noticias/cultura/30-anos-sem-natalia-correia-a-mulher-que-se-levantou-da-cama-para-morrer_a1473541" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP.PT/Noticias</span></a>] e uma breve entrevista com o músico Renato Júnior, a propósito do seu álbum "Natália É Quando Uma Mulher Quiser" [>> <a href="https://rtp.pt/play/p1432/e679011/pecas-musicais" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. O nosso aplauso para Nuno Galopim pelo cuidado que teve em não deixar passar em vão a efeméride dos 30 anos da morte de Natália. Resta-nos fazer votos de que, de hoje em diante, a 'playlist' nunca deixe de ter canções baseadas em poemas natalianos.<br />
Na Antena 2, só no programa da manhã, de Paulo Alves Guerra, nos demos conta da transmissão de poemas de Natália Correia, em voz própria. Nada mais ao longo do dia...<br />
A Antena 3, a aferir pelas incursões que fizemos à respectiva emissão, ainda esteve pior. Nadinha! Conclusão a tirar: os directores de programação do segundo e terceiro canal da rádio pública 'primaram' pela inércia – vergonhosa inércia!...<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">REQUIEM POR NOSSA MÃE CIBELANAÍTARIADNE</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0007/NCO0007.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema de <b>Natália Correia</b> (do ciclo "As Silvas do Mandala", in "O Vinho e a Lira", Lisboa: Fernando Ribeiro de Mello, 1966; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 357; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 263-264)<br />
Recitado pela autora* (in EP "Natália Correia Diz Poemas de Sua Autoria", col. A Voz e o Texto, Decca/VC, 1969; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003; CD "Natália Correia e Ary dos Santos ...Dizem os Poetas", Edições Valentim de Carvalho, 2018)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ql-sNT_TJmY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Não há notícias de Ariadne<br />
novilha incriada a úbere<br />
que o algodão do luar tecia<br />
magnânima de leite e urze<br />
<br />
a dos megalíticos peitos<br />
mama altar de vinha fartos<br />
seu nome com sílabas de trevos<br />
apodrece na memória dos charcos.<br />
<br />
Em Auschwitz a viram<br />
com varizes de erva nas tíbias<br />
catando meticulosas lesmas<br />
nas virilhas de radiografias.<br />
<br />
Depois anestésica madre<br />
doce olhar de águas termais<br />
fez-se puta a dolorosa<br />
anémona de uísque e jazz.<br />
<br />
A última vez que a viram<br />
apascentava em Hiroxima<br />
suas rezes de sânie e sal<br />
ela própria uma flauta de cinza.<br />
<br />
E não mais tivemos notícias<br />
de Ariadne a tecelã<br />
que cozeu nossos olhos de argila<br />
no fogo de uma romã.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Técnico de som – Hugo Ribeiro<br />
Masterização (edição em CD) – Rui Dias, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">MÁTRIA (VII)</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/nco-0008/NCO0008.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema de <b>Natália Correia</b> (in "Mátria", Lisboa: Fernando Ribeiro de Mello, 1968; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 391-392; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 292-293)<br />
Recitado pela autora* (in EP "Natália Correia Diz Poemas de Sua Autoria", col. A Voz e o Texto, Decca/VC, 1969; CD "A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003; CD "Natália Correia e Ary dos Santos ...Dizem os Poetas", Edições Valentim de Carvalho, 2018)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/9vLIg5Pp7xo" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Manolo Sanchez de Sevilha<br />
ombros da lenha despontados<br />
sua faca de amor amola<br />
em esmeril de manzanilha<br />
que rico olor tienen los nardos.<br />
<br />
Noite indormida de mariscos<br />
sangrando ulmeiros e cavalos<br />
mastigação de flores de aveia<br />
Manolo Sanchez vara de mimbre<br />
que a minha hera serpenteia<br />
sua crescente lenha de macho<br />
em perfeição de dor se queima.<br />
<br />
Ai ojos quites andaluzes<br />
passes de peito da tristeza<br />
manoletinas de soluços:<br />
eres mi novia portuguesa.<br />
Obsoleta a lua deixa<br />
que com sua dor de ponta e mola<br />
Manolo lhe corte uma madeixa.<br />
<br />
Manolo Sanchez de Sevilha<br />
em carbúnculo de adeus ficado!<br />
Da amada reconhecível<br />
não era a fonte não era a hora<br />
seu sumo de desaparecida<br />
tua língua refresca agora.<br />
<br />
Ai contraluz de intáctil noiva<br />
postumamente germinada!<br />
Em tua tela cor da sede<br />
sequestro verde de mulher água.<br />
<br />
<br />
* Natália Correia – voz<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos<br />
Técnico de som – Hugo Ribeiro<br />
Masterização (edição em CD) – Rui Dias, nos Estúdios Tcha Tcha Tcha, Miraflores<br />
URL: <a href="http://livro.dglab.gov.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=9794" target="_blank"><span style="color: blue;">http://livro.dglab.gov.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=9794</span></a><br />
<a href="https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/Natalia_Correia" target="_blank"><span style="color: blue;">https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/Natalia_Correia</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCFvNM9oE4Tk9D3Q5uDVtJeQ" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCFvNM9oE4Tk9D3Q5uDVtJeQ</span></a><br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Superação</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/rju-0001/RJU0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poemas: <b>Natália Correia</b> ("Superação" e "A Exaltação da Pele") [textos individualizados >> abaixo]<br />
Música: <b>Renato Júnior</b><br />
Intérpretes: <b>Renato Júnior</b>* com <b>Sofia Escobar</b> (in álbum "Natália É Quando Uma Mulher Quiser", Doubleclick/SME Portugal, 2023)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/g_piTGlh-CU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Fechei-me dentro dos muros<br />
onde o meu corpo não cabia<br />
contente de ser prisioneira<br />
do cárcere que eu transcendia.<br />
<br />
E fui no vento que tudo<br />
tudo o que havia varria,<br />
contente de ser mais veloz<br />
que o vento que me impelia.<br />
<br />
Fiquei suspensa dos ramos<br />
que os meus cabelos prendiam<br />
contente de ser o destino<br />
da árvore em que me fundia.<br />
<br />
E dei-me como leito às águas<br />
dos sonhos que me transcorriam<br />
contente de ser o curso<br />
da água em que me esvaía.<br />
<br />
Hoje quero com a violência da dádiva interdita.<br />
Sem lírios e sem lagos<br />
e sem gesto vago<br />
desprendido da mão que um sonho agita.<br />
Existe a seiva. Existe o instinto. E existo eu<br />
suspensa de mundos cintilantes pelas veias<br />
metade fêmea metade mar como as sereias.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Hoje quero com a violência da dádiva interdita.<br />
Sem lírios e sem lagos<br />
e sem gesto vago<br />
desprendido da mão que um sonho agita.<br />
Existe a seiva. Existe o instinto. E existo eu<br />
suspensa de mundos cintilantes pelas veias<br />
metade fêmea metade mar como as sereias.<br />
<br />
<br />
* Sofia Escobar – voz<br />
Arranjos – Renato Júnior e Helder Godinho<br />
Produção – Renato Júnior<br />
Gravado por Nelson Carvalho e Nelson Canoa<br />
Misturado por Nelson Carvalho<br />
Masterizado por Mário Barreiros<br />
URL: <a href="https://www.renatojunior.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.renatojunior.com/</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/channel/UCJtjR32RmphFQTgX1DfmFag" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/channel/UCJtjR32RmphFQTgX1DfmFag</span></a><br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">SUPERAÇÃO</span><br />
<br />
[<b>Natália Correia</b>, de "Inéditos (1959/61)", in "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 255; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 193]<br />
<br />
<br />
Fechei-me dentro dos muros<br />
onde o meu corpo não cabia<br />
contente de ser prisioneira<br />
do cárcere que eu transcendia.<br />
<br />
E fui no vento que tudo<br />
tudo o que havia varria,<br />
contente de ser mais veloz<br />
que o vento que me impelia.<br />
<br />
Fiquei suspensa dos ramos<br />
que os meus cabelos prendiam<br />
contente de ser o destino<br />
da árvore em que me fundia.<br />
<br />
E dei-me como leito às águas<br />
dos sonhos que me transcorriam<br />
contente de ser o curso<br />
da água em que me esvaía.<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">A EXALTAÇÃO DA PELE</span><br />
<br />
(<b>Natália Correia</b>, do ciclo "Biografia", in "Poemas", Porto: Edição de autor, 1955; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 62; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 69)<br />
<br />
<br />
Hoje quero com a violência da dádiva interdita.<br />
Sem lírios e sem lagos<br />
e sem gesto vago<br />
desprendido da mão que um sonho agita.<br />
Existe a seiva. Existe o instinto. E existo eu<br />
suspensa de mundos cintilantes pelas veias<br />
metade fêmea metade mar como as sereias.<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O Espírito</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/mtm-0001/MTM0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Poema: <b>Natália Correia</b> (ligeiramente adaptado) [texto original >> abaixo]<br />
Música: <b>Ana Maria Tomé de Matos</b> e <b>Mário George Cabral</b><br />
Intérpretes: <b>Mário George Cabral</b> & <b>Mia Tomé</b>* (in álbum "Projecto Natália", MGeorge01LP, 2023)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/2W_5Acj-Djc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Nada a fazer, amor, eu sou do bando<br />
Impermanente das aves friorentas;<br />
E nos galhos dos anos desbotando<br />
Já as folhas me ofuscam macilentas;<br />
<br />
E vou com as andorinhas. Até quando? Até quando?<br />
À vida breve não perguntes: cruentas<br />
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando<br />
Ave estroina serei em mãos sedentas.<br />
<br />
Nada a fazer, amor, eu sou do bando<br />
Impermanente das aves friorentas;<br />
E nos galhos dos anos desbotando<br />
Já as folhas me ofuscam macilentas;<br />
<br />
E vou com as andorinhas. Até quando? Até quando?<br />
À vida breve não perguntes: cruentas<br />
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando<br />
Ave estroina serei em mãos sedentas.<br />
<br />
Vou com as andorinhas. Até quando? Até quando?<br />
À vida breve não perguntes: cruentas<br />
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando<br />
Ave estroina serei em mãos sedentas.<br />
<br />
Pensa-me eterna que o eterno gera<br />
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,<br />
Em ileso beiral, aí me espera:<br />
<br />
Andorinha indemne ao sobressalto<br />
Do tempo, núncia de perene primavera.<br />
Confia. Eu sou romântica. Não falto.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
E vou com as andorinhas. Até quando? Até quando?<br />
À vida breve não perguntes: cruentas<br />
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando<br />
Ave estroina serei em mãos sedentas.<br />
<br />
Vou com as andorinhas. Até quando? Até quando?<br />
À vida breve não perguntes: cruentas<br />
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando<br />
Ave estroina serei em mãos sedentas.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
<br />
* Mia Tomé – voz<br />
Mário George Cabral – sintetizador<br />
Ricardo Parreira – guitarra portuguesa<br />
Nelson Aleixo – viola<br />
Francisco Gaspar – baixo acústico<br />
<br />
Arranjos e direcção musical – Mário George Cabral<br />
Direcção artística – Tiago Ribeiro<br />
Produção – Mário George Cabral e Mia Tomé<br />
Co-produção e pós-produção – Tó Pinheiro da Silva<br />
Gravação, mistura e masterização – Tó Pinheiro da Silva<br />
Assistente de gravação – Miguel Peixoto Batista<br />
URL: <a href="https://www.facebook.com/miatome.artista/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/miatome.artista/</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_m-BauAuyCrBztcRFbSO7u1I17sxd02i7E" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_m-BauAuyCrBztcRFbSO7u1I17sxd02i7E</span></a><br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-large;">O ESPÍRITO</span><br />
<br />
(<b>Natália Correia</b>, terceiro poema do ciclo "Do Amor Que Acorda o Espírito Que Dorme", in "Sonetos Românticos", Col. Horas de Poesia, vol. 2, Lisboa: Edições 'O Jornal', 1990; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 357; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 589)<br />
<br />
<br />
Nada a fazer, amor, eu sou do bando<br />
Impermanente das aves friorentas;<br />
E nos galhos dos anos desbotando<br />
Já as folhas me ofuscam macilentas;<br />
<br />
E vou com as andorinhas. Até quando?<br />
À vida breve não perguntes: cruentas<br />
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando<br />
Ave estroina serei em mãos sedentas.<br />
<br />
Pensa-me eterna que o eterno gera<br />
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,<br />
Em ileso beiral, aí me espera:<br />
<br />
Andorinha indemne ao sobressalto<br />
Do tempo, núncia de perene primavera.<br />
Confia. Eu sou romântica. Não falto.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAw0IE_ozHfhVi16JtOj3Yj1AD6FLGb4xn0rLakb0ykiEqRKV6IzybVuwrs6pULhIDvRWFPxtIRD_B4aBBPUgBtfEaWoUE06-ySqx-dsVbO_ijEf5t-h4WKMZSKP6w_QfcFP_hFOnvPYIHx86SSnO5ZvAN3l2zJjrZfjFgHTmCvulQwcnwxg/s1600/Natalia_Correia_-_O_Vinho_e_a_Lira_1966.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2451" data-original-width="1526" height="642" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAw0IE_ozHfhVi16JtOj3Yj1AD6FLGb4xn0rLakb0ykiEqRKV6IzybVuwrs6pULhIDvRWFPxtIRD_B4aBBPUgBtfEaWoUE06-ySqx-dsVbO_ijEf5t-h4WKMZSKP6w_QfcFP_hFOnvPYIHx86SSnO5ZvAN3l2zJjrZfjFgHTmCvulQwcnwxg/w398-h640/Natalia_Correia_-_O_Vinho_e_a_Lira_1966.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "O Vinho e a Lira", de Natália Correia (Col. Sagir, vol. 1, Lisboa: Fernando Ribeiro de Mello, 1966)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrumhhxocuaYoTUalg2XeBh2S6ujRhw5qhzM_tQeikdF-KVOGXW_m3dw42u2noHAUpl1jVSgZDNgbxGRRWrDYivxJbYhvExplYvRMnCeCF_MeogMQO6H8gb_PVcIGi8eaUnryA9H-G0WhvmONCrTX4B7nyBvvFOCq4NhUIOg7I0oqKXwihLg/s1600/Natalia_Correia_-_Matria_1968.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="997" data-original-width="710" height="561" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrumhhxocuaYoTUalg2XeBh2S6ujRhw5qhzM_tQeikdF-KVOGXW_m3dw42u2noHAUpl1jVSgZDNgbxGRRWrDYivxJbYhvExplYvRMnCeCF_MeogMQO6H8gb_PVcIGi8eaUnryA9H-G0WhvmONCrTX4B7nyBvvFOCq4NhUIOg7I0oqKXwihLg/w456-h640/Natalia_Correia_-_Matria_1968.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Mátria", de Natália Correia (Lisboa: Fernando Ribeiro de Mello, 1968)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqP1aBg7MPvvEkNhWI5RyENJFQTZbuq5Aqg0Ua5eOw_DZt6-tnxhOHZ_ccm7aBXqlRQZxU2q8mTXtM-UZMFc-_vpT2yYUeUrv5hKl95Qgkloj79dPhUCNBoGfnDagi2X30k69m66VJnvnACSFylHQcuqMNcClaEDjxlqYXXmu0Iny1C01SLQ/s1600/Natalia_Correia_-_Sonetos_Romanticos_1990.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1609" data-original-width="1009" height="638" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqP1aBg7MPvvEkNhWI5RyENJFQTZbuq5Aqg0Ua5eOw_DZt6-tnxhOHZ_ccm7aBXqlRQZxU2q8mTXtM-UZMFc-_vpT2yYUeUrv5hKl95Qgkloj79dPhUCNBoGfnDagi2X30k69m66VJnvnACSFylHQcuqMNcClaEDjxlqYXXmu0Iny1C01SLQ/w401-h640/Natalia_Correia_-_Sonetos_Romanticos_1990.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Sonetos Românticos", de Natália Correia (Col. Horas de Poesia, vol. 2, Lisboa: Edições 'O Jornal', 1990)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVGJI259RSMqQgj2SwgSXHDDewdjSXQxLKrG8Qge0xtT63dShj3_aGlXlYzSp_nEDAqsJAVGBkVWASm1_jlziyGpx1QupJPrwqAXo9788eATbbf0_98gObdJnU7KMPz7iefvvYTXgWmjG-yOEAcwkjpy6gMD4jYnbb9dyEB4qP8Gmz8RoyyA/s1600/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_I_1993.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="682" height="586" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVGJI259RSMqQgj2SwgSXHDDewdjSXQxLKrG8Qge0xtT63dShj3_aGlXlYzSp_nEDAqsJAVGBkVWASm1_jlziyGpx1QupJPrwqAXo9788eATbbf0_98gObdJnU7KMPz7iefvvYTXgWmjG-yOEAcwkjpy6gMD4jYnbb9dyEB4qP8Gmz8RoyyA/w436-h640/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_I_1993.jpg" width="400" /></a><br />
Sobrecapa do livro "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", de Natália Correia (Lisboa: Círculo de Leitores, 1993)<br />
Concepção – Clementina Cabral<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQkPRh2xbkk61UQGM2AOZEH0lF2gU97XWBs4_uWavBZUwawLfxXsBz1gw18obc4vTULAuaeUeA62vctkRG12AxWMoWeiobmOVWCc1kmO9tWk7UbBM0jJU-weA8N0zOrHrIQHuquB6bYT3RLed0S5UhJPmGkUFBnSHZtccKoDQeHxZvAAaA8w/s1600/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_II_1993.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="691" height="578" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQkPRh2xbkk61UQGM2AOZEH0lF2gU97XWBs4_uWavBZUwawLfxXsBz1gw18obc4vTULAuaeUeA62vctkRG12AxWMoWeiobmOVWCc1kmO9tWk7UbBM0jJU-weA8N0zOrHrIQHuquB6bYT3RLed0S5UhJPmGkUFBnSHZtccKoDQeHxZvAAaA8w/w442-h640/Natalia_Correia_-_O_Sol_nas_Noites_e_o_Luar_nos_Dias_II_1993.jpg" width="400" /></a><br />
Sobrecapa do livro "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II", de Natália Correia (Lisboa: Círculo de Leitores, 1993)<br />
Concepção – Clementina Cabral<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ev1iEg-UgIL51jQHfZf6v6L_UA1OMTmCpgRHc0wHozt-UjO81hpxRark37mBcBNHPcu2SFGoGWwyW6CFwGbyJoe2hwNJnV_ykSE0YbOoPfFiRmIjcIG23rnq8CMtSKCIQxAIMJjAGYGtiAS57_ru_nkubcX4k4kZJqChqk_8ktmbyVFUEA/s1600/Natalia_Correia_-_Poesia_Completa_1999.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="2042" data-original-width="1581" height="516" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ev1iEg-UgIL51jQHfZf6v6L_UA1OMTmCpgRHc0wHozt-UjO81hpxRark37mBcBNHPcu2SFGoGWwyW6CFwGbyJoe2hwNJnV_ykSE0YbOoPfFiRmIjcIG23rnq8CMtSKCIQxAIMJjAGYGtiAS57_ru_nkubcX4k4kZJqChqk_8ktmbyVFUEA/w496-h640/Natalia_Correia_-_Poesia_Completa_1999.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da 1.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpioSzui9hzhG7EsQBbss2HnLMkuER-xZvN73GurTOm14n6txB58qgPMcR3TDLYr4d7nvcVUYmxWxH3etUGouTaz4BBHRk3nu5SgKEBssi7KgFGcFig8y1eCQutxgrofudjOTk/s1600/Natalia_Correia_Diz_Poemas_de_Sua_Autoria_EP_1969.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpioSzui9hzhG7EsQBbss2HnLMkuER-xZvN73GurTOm14n6txB58qgPMcR3TDLYr4d7nvcVUYmxWxH3etUGouTaz4BBHRk3nu5SgKEBssi7KgFGcFig8y1eCQutxgrofudjOTk/s400/Natalia_Correia_Diz_Poemas_de_Sua_Autoria_EP_1969.jpg" height="403" width="400"></a><br />
Capa do EP "Natália Correia Diz Poemas de Sua Autoria" (Col. A Voz e o Texto, Decca/VC, 1969)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdxZd2zHxfz9w1sBuSqcqYr4kE2VSAo8E2VOnFBlhNCNnLjUxtFItaATX33WmbLsWuacDUkgWIIb8NhmqWr16BsSAyhA0KCz0qUTfXoz7t2iVENDvMZwpww5V8EbyKL-ytTNr6/s1600/Natalia_Correia_-_A_Defesa_do_Poeta_2003.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdxZd2zHxfz9w1sBuSqcqYr4kE2VSAo8E2VOnFBlhNCNnLjUxtFItaATX33WmbLsWuacDUkgWIIb8NhmqWr16BsSAyhA0KCz0qUTfXoz7t2iVENDvMZwpww5V8EbyKL-ytTNr6/s400/Natalia_Correia_-_A_Defesa_do_Poeta_2003.jpg" height="391" width="400"></a><br />
Capa da compilação em CD "A Defesa do Poeta", de Natália Correia (EMI-VC, 2003)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbXCmrUTTPVSyjt9irlo2M71zekoWR3dDPgg3F47KE3CUwKs1qCxBvvXr19Msx5ZwAmAuO8ml_hbYiiOIV-YDIJKHE2Kr-taYom1FgZ7dV6gIEvUY1UAMazSeQ-bseKqsXX4mdFEMeYtd-p7KLN5W1rmWeKW8j39sOFTbh98eVrBoVoyiByw/s1600/Natalia_Correia_e_Ary_dos_Santos_Dizem_os_Poetas_2018.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbXCmrUTTPVSyjt9irlo2M71zekoWR3dDPgg3F47KE3CUwKs1qCxBvvXr19Msx5ZwAmAuO8ml_hbYiiOIV-YDIJKHE2Kr-taYom1FgZ7dV6gIEvUY1UAMazSeQ-bseKqsXX4mdFEMeYtd-p7KLN5W1rmWeKW8j39sOFTbh98eVrBoVoyiByw/w400-h400/Natalia_Correia_e_Ary_dos_Santos_Dizem_os_Poetas_2018.png" width="400" /></a><br />
Capa do CD "Natália Correia & Ary dos Santos ...Dizem os Poetas" (Edições Valentim de Carvalho, 2018)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaQ41beocMcsmYgPsp2PWc5liOh-foj41YtavyD8lqEu6ozFMkIzT59MUSGs7v21jBr3-S0CeqnzbVyh3pqB_Xms3DtZOXuPPfwE0li_wsXWALHox6EQhQXNXMuRQVPq2No6ECIxPWMZunzHEa0NE2BN_GLtqCoG5YA_iig4mgNJJXZrQYSg/s1600/Renato_Junior_-_Natalia_E_Quando_Uma_Mulher_Quiser_2023.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaQ41beocMcsmYgPsp2PWc5liOh-foj41YtavyD8lqEu6ozFMkIzT59MUSGs7v21jBr3-S0CeqnzbVyh3pqB_Xms3DtZOXuPPfwE0li_wsXWALHox6EQhQXNXMuRQVPq2No6ECIxPWMZunzHEa0NE2BN_GLtqCoG5YA_iig4mgNJJXZrQYSg/w400-h400/Renato_Junior_-_Natalia_E_Quando_Uma_Mulher_Quiser_2023.png" width="400" /></a><br />
Capa do álbum (edição digital) "Natália É Quando Uma Mulher Quiser", de Renato Júnior (Doubleclick/SME Portugal, 2023)<br />
Concepção – João Santos<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLDbzFPXYfWGKyRuFGs2n6LlTJuhWTxR1gFe6tra155TjKJO1p_nCy2Hq2YdmpAyX0gFfzmOOR6Kpd26JvtTmfgw2m8mbOqJH3tA7JNA9-UH54wEMR7YdLJkfEnk_0abUFzfzoownTtr5F38DMjUaTRULkAl-yMgfoJYMY06os3O9NTGqhbw/s1600/Mario_George_Cabral_&_Mia_Tome_-_Projecto_Natalia_2023.png" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="654" height="398" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLDbzFPXYfWGKyRuFGs2n6LlTJuhWTxR1gFe6tra155TjKJO1p_nCy2Hq2YdmpAyX0gFfzmOOR6Kpd26JvtTmfgw2m8mbOqJH3tA7JNA9-UH54wEMR7YdLJkfEnk_0abUFzfzoownTtr5F38DMjUaTRULkAl-yMgfoJYMY06os3O9NTGqhbw/w400-h398/Mario_George_Cabral_&_Mia_Tome_-_Projecto_Natalia_2023.png" width="400" /></a><br />
Capa do álbum (edição digital) "Projecto Natália", de Mário George Cabral & Mia Tomé (MGeorge01LP, 2023)<br />
Concepção – Silas Ferreira<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGNeH888BmZn74ObwS5mfw2FyYbN3wnNIaKmJwJF110Y3VIBkfYBfRePrIJHQgNwWkzH8wIK5eXs_YToyDTQQIOccjFv1iioJpsMch-mLAUdYV0rUkr3iOsu34QIUP37tqiSrMd_RutrEC1j5QJJAexLToiXc7kS-0Wnh4Y4-syPwebKXpHw/s1600/Filipa_Martins_-_O_Dever_de_Deslumbrar_biografia_de_Natalia_Correia_2023.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1021" height="627" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGNeH888BmZn74ObwS5mfw2FyYbN3wnNIaKmJwJF110Y3VIBkfYBfRePrIJHQgNwWkzH8wIK5eXs_YToyDTQQIOccjFv1iioJpsMch-mLAUdYV0rUkr3iOsu34QIUP37tqiSrMd_RutrEC1j5QJJAexLToiXc7kS-0Wnh4Y4-syPwebKXpHw/w408-h640/Filipa_Martins_-_O_Dever_de_Deslumbrar_biografia_de_Natalia_Correia_2023.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do livro "O Dever de Deslumbrar: Biografia de Natália Correia", de Filipa Martins (Lisboa: Contraponto, 2023)<br />
<br />
____________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia de Natália Correia:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/poesia-na-radio-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Poesia na rádio (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/07/ser-poeta.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ser Poeta</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/09/celebrando-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Natália Correia</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/03/ana-moura-creio-natalia-correia.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Ana Moura: "Creio" (Natália Correia)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/04/natalia-correia-rascunho-de-uma.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira</span></a><br />
<br />
[Reeditado em 23 Mar. 2023]</span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-51612268147448486922023-03-14T23:23:00.014+00:002023-10-11T17:02:39.812+01:00Celeste Rodrigues: "Velhas Sombras"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhieHFioftfoGLOz1pUtTGJtE_npSApN-fyaoLwLZqzW0JfP51DSxG0lGr68Z1Q5a4JvyJ2Y2dekC-JUfBVEGf9oJ3EYU5edSFfmRL6TomHsMxIbuIKBOaAN_WnknoIyHUoRufhUbtT1GKaKxEG1CVWwnFmnFE5TLDPExxZbhPSj49r7Z53QA/s1600/Celeste_Rodrigues__anos_1950.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1297" data-original-width="1604" height="324" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhieHFioftfoGLOz1pUtTGJtE_npSApN-fyaoLwLZqzW0JfP51DSxG0lGr68Z1Q5a4JvyJ2Y2dekC-JUfBVEGf9oJ3EYU5edSFfmRL6TomHsMxIbuIKBOaAN_WnknoIyHUoRufhUbtT1GKaKxEG1CVWwnFmnFE5TLDPExxZbhPSj49r7Z53QA/w400-h324/Celeste_Rodrigues__anos_1950.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
Apesar do enorme êxito popular que, nos anos 1950/60, foi a sua despretensiosa e orelhuda "Olha a Mala" (letra e música de Manuel Casimiro) [>> <a href="https://www.youtube.com/watch?v=3hqj1XU12nE" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube</span></a>], e das muitas actuações no estrangeiro (onde se contaram salas que não são para qualquer um, como o Concertgebouw de Amesterdão, a parisiense La Cité de la Musique, o londrino Royal Elizabeth Hall e o nova-iorquino Carnegie Hall), <b>Celeste Rodrigues</b> acabou por não ter, no panorama musical português, uma projecção consentânea com a sua singular qualidade de intérprete dotada de «voz de bonito timbre, de um colorido que varia de cambiantes, que se torna clara e fresca quando interpreta a canção parafolclórica ou reflecte um dramatismo nostálgico quando canta fados...» (parafraseando Mário Martins). Para esse défice de reconhecimento no seu país contribuíram o seu temperamento arredio à autopromoção («Reconheço que não dou a importância que devia dar à minha vida artística – canto porque gosto de cantar», in revista "Álbum da Canção", 01.05.1967) e o facto de ser irmã de Amália cujo nome intensamente rutilante acabou, inevitavelmente, por ofuscar o seu. Embora sem ser extenso, o acervo de gravações de Celeste Rodrigues, de que parte considerável não foi ainda reeditada com o som devidamente tratado, não é parco em espécimes de antologia, mormente no domínio do fado, dos quais o mais conhecido e revisitado é a "Lenda das Algas" [>> <a href="https://www.youtube.com/watch?v=FwJr_dFipuE" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube</span></a>], com letra de Laerte Neves sobre a música que Jaime Mendes compusera para o "Fado da Cigana", gravado por Hermínia Silva no início da década de 1950. Bem menos divulgado mas que testemunha perfeitamente a requintada qualidade interpretativa de Celeste Rodrigues é o fado-canção "Velhas Sombras", com letra de António Sousa Freitas e música de Nóbrega e Sousa, que a artista gravou para o álbum de título igual ao seu nome, publicado em 1974, sob a chancela FF (selo da editora Riso e Ritmo). Dado que a temática abordada é intemporal – a transitoriedade da vida humana e o apelo irresistível do amor mau grado as sombras que pode carregar –, achámos por bem dar-lhe aqui destaque, em memória da distinta fadista Celeste Rodrigues neste dia do centenário do seu nascimento, esperando que mereça o apreço dos leitores/visitantes do blogue "A Nossa Rádio". Boa escuta!<br />
<br />
Apraz-nos notar a homenagem que, hoje, a Antena 1 tem prestado a <b>Celeste Rodrigues</b>, com múltiplos apontamentos e programas especiais, designadamente a reposição da rubrica "David Ferreira a Contar" originalmente emitida há cinco anos e que segundo o autor terá sequência [>> <a
href="https://www.rtp.pt/play/p955/e678432/david-ferreira-a-contar" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>], a transmissão do documentário "A Árvore Celeste", da autoria de Pedro Miguel Ribeiro, com os depoimentos do neto Diogo Varela Silva, dos bisnetos Gaspar Varela e Sebastião Varela, do musicólogo Rui Vieira Nery e da fadista Katia Guerreiro [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p11515/e678147/celeste-100" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>] e a edição especial do programa "Fado Cravo", feita ao vivo e em directo a partir do Museu do Fado, onde a autora, Aldina Duarte, conversou com Diogo Varela Silva a respeito, obviamente, de Celeste Rodrigues [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p11515/e678475/celeste-100" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
De acordo com o anunciado na emissão da Antena 1, e pelo que nos é dado observar na página da plataforma RTP-Play "<a href="https://www.rtp.pt/play/p11515/celeste-100" target="_blank"><span style="color: blue;">Celeste 100</span></a>", mais documentários serão transmitidos nos próximos dias, o que merece o nosso efusivo aplauso. Cumpre-nos pois felicitar Nuno Galopim, na sua qualidade de director de programas, e deixar expresso o desejo de que algo do repertório de Celeste Rodrigues possa, doravante, ser ouvido pelos ouvintes da Antena 1 quando roda a 'playlist'. É bom que as efemérides sejam assinaladas, mas importa que depois o legado de categorizados artistas desaparecidos não seja votado ao silêncio.<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Velhas Sombras</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/cro-0001/CRO0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra: <b>António Sousa Freitas</b><br />
Música: <b>Nóbrega e Sousa</b><br />
Criação: Alice Amaro (in EP "Sou Quem Sou", Alvorada/Rádio Triunfo, 1967)<br />
Intérprete: <b>Celeste Rodrigues</b>* (in LP "Celeste Rodrigues", FF/Riso e Ritmo, 1974; CD "Celeste Rodrigues", Col. O Melhor dos Melhores, vol. 55, Movieplay, 1994)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/zm8VDXsWZHw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Por toda a vida as sombras passam<br />
Num rumo igual a outro rumo;<br />
As sombras vão e não se abraçam<br />
E as vidas são nuvens e fumo.<br />
<br />
Assim eu passo também<br />
Meus dias, meus anos,<br />
Num sonho antigo que tem<br />
Tristezas, enganos.<br />
E só dou por mim agora,<br />
Meu amor, a cantar aquele dia,<br />
Estranho dia, estranha hora<br />
Das velhas sombras tão sombrias.<br />
<br />
Amar-te é como o amor responde<br />
Ao seu apelo, ao seu cantar,<br />
E traz as sombras em que esconde<br />
A tua sombra, o teu olhar.<br />
<br />
Assim eu passo também<br />
Meus dias, meus anos,<br />
Num sonho antigo que tem<br />
Tristezas, enganos...<br />
E só dou por mim agora,<br />
Meu amor, a cantar aquele dia,<br />
Estranho dia, estranha hora<br />
Das velhas sombras tão sombrias.<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Assim eu passo também<br />
Meus dias, meus anos,<br />
Num sonho antigo que tem<br />
Tristezas, enganos...<br />
E só dou por mim agora,<br />
Meu amor, a cantar aquele dia,<br />
Estranho dia, estranha hora<br />
Das velhas sombras tão sombrias.<br />
<br />
<br />
* Celeste Rodrigues – voz<br />
Carlos Gonçalves e António Chainho – guitarras portuguesas<br />
José Maria Nóbrega – viola<br />
Raul Silva – viola baixo<br />
URL: <a href="https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/celeste-rodrigues" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/celeste-rodrigues</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/@ValentimdeCarvalhoPT/videos?query=celeste+rodrigues" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/@ValentimdeCarvalhoPT/videos?query=celeste+rodrigues</span></a><br />
<a href="https://music.youtube.com/channel/UCcVQ5pMWj0gEjkzEg9RqVJQ" target="_blank"><span style="color: blue;">https://music.youtube.com/channel/UCcVQ5pMWj0gEjkzEg9RqVJQ</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDllAj5O7ip4DmlgkjiYEa_5d4teavCqyztVpgLBrCXF5jaIoDKT1o0DXtsDYrlI2CuNiwwZZUmXEsZwH3z4RhGLx4LHv5WXLL132oSpS3oyD6Ra_fXpk02NchULRkJCUr1NabszVi5B-5D52Kjj_3QCO_6NX3UlZq7TIs0Cykpyj80AuMyA/s1600/Celeste_Rodrigues_-_Celeste_Rodrigues_LP_1974.JPG" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDllAj5O7ip4DmlgkjiYEa_5d4teavCqyztVpgLBrCXF5jaIoDKT1o0DXtsDYrlI2CuNiwwZZUmXEsZwH3z4RhGLx4LHv5WXLL132oSpS3oyD6Ra_fXpk02NchULRkJCUr1NabszVi5B-5D52Kjj_3QCO_6NX3UlZq7TIs0Cykpyj80AuMyA/w400-h400/Celeste_Rodrigues_-_Celeste_Rodrigues_LP_1974.JPG" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Celeste Rodrigues" (FF/Riso e Ritmo, 1974)<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrkWcDHbs6WM3toHm0H29cDwAIW-aTo9OGA6tzOLdL1qQqgAvhzUl8UVmkqDH9RLP3cVHfFfDyA20FsKeG_cJsuNRPbLSRy_1Ia-NqV8wLS_jouXGpL8jp51Q_3SPG26WgIq615jTgkvsTcBad516nT-GvB-TPGvM8CK7NtRrRNOLCnkSO2g/s1600/Celeste_Rodrigues_-_O_Melhor_dos_Melhores_1994.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="937" data-original-width="930" height="403" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrkWcDHbs6WM3toHm0H29cDwAIW-aTo9OGA6tzOLdL1qQqgAvhzUl8UVmkqDH9RLP3cVHfFfDyA20FsKeG_cJsuNRPbLSRy_1Ia-NqV8wLS_jouXGpL8jp51Q_3SPG26WgIq615jTgkvsTcBad516nT-GvB-TPGvM8CK7NtRrRNOLCnkSO2g/w397-h400/Celeste_Rodrigues_-_O_Melhor_dos_Melhores_1994.jpg" width="400" /></a><br />
Capa da compilação em CD "Celeste Rodrigues" (Col. O Melhor dos Melhores, vol. 55, Movieplay, 1994)</span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-22162759868060826132023-03-08T23:08:00.016+00:002023-09-24T15:07:34.678+01:00Elisa Lisboa: "Mulher-Mágoa" (Ary dos Santos)<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu31HOdSSswyNQ3InuBvt9ANEbBx9rpiosOhPcCGg5NzFfhnrRxcQC3c9cdrJ6bc3zmIBW3wt7wWtbbIKcXHlG_zg4PTjW-OeQHa_b1Q0he8rtMI8MRr2i-Pja6dtYyGfoN0jlg-dMUltonJpslIdzlt823tYl1IiyXQTpvCC7yPiQ8X23Bw/s1600/Prostituta_de_rua.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="419" data-original-width="630" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu31HOdSSswyNQ3InuBvt9ANEbBx9rpiosOhPcCGg5NzFfhnrRxcQC3c9cdrJ6bc3zmIBW3wt7wWtbbIKcXHlG_zg4PTjW-OeQHa_b1Q0he8rtMI8MRr2i-Pja6dtYyGfoN0jlg-dMUltonJpslIdzlt823tYl1IiyXQTpvCC7yPiQ8X23Bw/w400-h266/Prostituta_de_rua.jpg" width="400" /></a><br />
<br />
Além de socialmente estigmatizante, a prostituição causa quase sempre em quem, por absoluta necessidade económica, a ela se sujeita, ou é obrigado por outrem a sujeitar-se, sofrimento psíquico (e, não raras vezes, também físico – por exemplo, o relacionado com doenças sexualmente transmissíveis). Sofrimento tanto mais dilacerante e traumatizante quanto maior for a consciência que a mulher tiver da sua degradante condição de objecto mercantil: «Já não sou uma pessoa: sou apenas um corpo à venda no mercado na venalidade, nada mais do que mera mercadoria». Mercadoria – acrescente-se – que apenas tem valor enquanto para ela houver comprador. Afinal, um bem fungível e descartável como qualquer outro na sociedade de consumo em que tudo se mede em função do valor estritamente comercial que tiver num determinado momento ou intervalo de tempo, segundo a sacrossanta lei da oferta e da procura. O drama dessas mulheres com a alma torturada, perdidas na "rua da vida", a quem foi usurpada a auto-estima sem a qual nenhum ser humano pode viver com dignidade, sensibilizou o poeta <b>José Carlos Ary dos Santos</b> impelindo-o a escrever os admiráveis versos que, com música de <b>Nuno Nazareth Fernandes</b>, constituem a canção "Mulher-Mágoa" que <b>Elisa Lisboa</b> primorosamente interpretou, em 1969, para o EP homónimo. Uma pérola do nosso cancioneiro que esteve perdida no vinil durante mais de cinquenta anos e foi finalmente, em 2021, resgatada dos arquivos da Valentim de Carvalho e disponibilizada nas plataformas digitais. A temática dos versos poderia sugerir, à partida, uma toada triste e langorosa, de autocomiseração, mas não foi esse o caminho que Elisa Lisboa trilhou: a sua interpretação é efusiva e vigorosa, rescendendo jovialidade (embora não totalmente indiferente à índole dramática do assunto), como que para evidenciar que mais importante do que lamuriar as agruras e os tormentos por que se passou é metamorfoseá-los em experiência fortificante que possibilite o salto para uma vida menos amargurada e mais edificante. Ao destacarmos a tocante canção "Mulher-Mágoa", na fascinante voz de Elisa Lisboa, neste dia do seu aniversário (nasceu a 8 de Março de 1944) e que é consagrado à Mulher em muitos países (naqueles em que há a preocupação de zelar pelos direitos humanos), procuramos exprimir a nossa compaixão por todas as mulheres que os tropeções da vida fizeram cair na prostituição, muito especialmente aquelas que são impiedosamente maltratadas e exploradas por redes criminosas de tráfico de seres humanos.<br />
<br />
E de que modo tem a rádio pública celebrado este Dia Internacional da Mulher?<br />
Começando pela Antena 1, temos de assinalar elogiosamente o programa de debate "Consulta Pública" que teve como tema a igualdade de género, numa mesa-redonda moderada pelo jornalista Nuno Rodrigues, em que participaram Susana Peralta (economista e professora universitária), Sara Falcão Casaca (socióloga e investigadora do ISEG), Manuel Albano (vice-presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género) e Margarida Couto (advogada e presidente do GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial) [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p10093/e677168/consulta-publica" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. Tratou-se, na verdade, de um bom contributo no âmbito do trabalho (nunca terminado) que as competentes entidades oficiais e privadas vem desenvolvendo no campo da sensibilização da sociedade para o problema da discriminação de que a Mulher ainda é alvo em vários domínios, sem esquecer o candente flagelo dos maus-tratos físicos e psíquicos, de que a violência doméstica e os uxoricídios são a face mais trágica. Já no caso da oferta musical da Antena 1 (e também da Antena 3) tudo foi igual a um dia vulgar, o que denota lassidão e preguiça dos directores de programação, respectivamente Nuno Galopim e Nuno Reis. Quer dizer: optaram por ficar displicentemente quietinhos e descansados em vez de fazerem o que se impunha e que era o preenchimento das 'playlists' exclusivamente com repertório que, independentemente do sexo do intérprete, aborda a condição feminina e os vários aspectos de que se reveste o tratamento desigual, discriminatório e abusivo exercido sobre as mulheres. Repertório esse que, ao contrário do que alguém mais desatento e menos bem informado poderia supor, está bem longe de ser escasso, mesmo só no universo da música de língua portuguesa...<br />
Relativamente à Antena 2, merece menção prévia o realizador Germano Campos que, por antecipação, nas edições de sábado e de domingo do seu programa "Café Plaza", incluiu duas boas sequências de canções latinas dedicadas à mulher e ainda o poema "Receita de Mulher", de e por Vinicius de Moraes [a partir de 15':48'' >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p2556/e676263/cafe-plaza" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a> / a partir de 24':24'' >> <a href="https://www.rtp.pt/play/p2556/e676261/cafe-plaza" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>]. No dia de hoje, o preenchimento dos espaços de música 'ad-hoc' (fora dos programas de autor pré-gravados) somente com obras e peças musicais compostas ou interpretadas por mulheres era o mínimo dos mínimos que podia ser feito, se nisso tivesse existido empenho da direcção de programas, o que lamentavelmente não aconteceu. Como em qualquer outro dia do ano, ficou ao inteiro critério dos animadores desses espaços escolherem o que lhes deu na real gana, ainda que completamente alheio à composição e/ou interpretação feminina. As honrosas excepções a tal alheamento deram-se por iniciativa de: André Pinto que, na terceira hora do espaço "Boulevard", dando nota de um recital evocativo de D. Maria Bárbara de Bragança (filha do rei D. João V), a realizar na Biblioteca do Convento de Mafra, onde a soprano Carla Caramujo iria interpretar a cantata "A Quel Leggiadro Volto", de Francisco António de Almeida, transmitiu a ária "In queste lacrime, Arsindo specchiasti", eduzida do <i>scherzo pastorale</i> "Il Trionfo d'Amore", do mesmo compositor, interpretada pela soprano Ana Quintans e os Músicos do Tejo, sob a direcção de Marcos Magalhães [>> <a href="https://music.youtube.com/watch?v=XflOtaahMNs" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube Music</span></a>]; e de João Rodrigues Pedro que, na primeira hora do "Baile de Máscaras", transmitiu dois trechos da autoria de mulheres compositoras – a ária "Lasciatemi qui solo", pertencente ao "Il Primo Libro delle Musiche" (1618), da florentina Francesca Caccini (1587-c.1641), cantada pela soprano galesa Ruby Hughes, acompanhada por Jonas Nordberg (tiorba) & Mime Yamahiro-Brinkmann (violoncelo) [>> <a href="https://open.spotify.com/track/0MVczBGndHlQ42y2GFoTdk" target="_blank"><span style="color: blue;">Spotify</span></a>], e a peça orquestral "Le Songe de Cléopâtre" ("O Sonho de Cleópatra"), da compositora francesa Mel Bonis (1858-1937), pela Orchestre National de Metz, sob a regência de David Reiland [>> <a href="https://music.youtube.com/watch?v=dOg4SjqvlDg" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube Music</span></a>]. Não surpreende que o realizador João Rodrigues Pedro tenha sido o profissional da Antena 2 mais zeloso a não deixar passar em vão o Dia Internacional da Mulher porque já tivera esse mui louvável cuidado nos anos anteriores. Aliás, a divulgação de obras de compositoras tem acontecido com assinalável frequência no seu espaço "Baile de Máscaras", sendo oportuno mencionar também a rubrica semanal "Virtuosas: as Mulheres na História da Música" que vem mantendo desde o passado 6 de Janeiro e tem emissão às sextas-feiras por volta das 10h:45 e repete cerca das 15h:45 [>> <a href="https://www.rtp.pt/play/p11211/virtuosas-as-mulheres-na-historia-da-musica" target="_blank"><span style="color: blue;">RTP-Play</span></a>].<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Mulher-Mágoa</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/eli-0001/ELI0001.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra: <b>José Carlos Ary dos Santos</b><br />
Música: <b>Nuno Nazareth Fernandes</b><br />
Intérprete: <b>Elisa Lisboa</b>* (in EP "Mulher-Mágoa", Columbia/EMI, 1969, reed. digital Edições Valentim de Carvalho, 2021)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/2C95MsmjPO0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[vocalizos]<br />
<br />
Ando na rua da noite,<br />
Bebo vinho de saudade;<br />
Cada esquina é um açoite<br />
Fustigando a claridade.<br />
<br />
Vou de noite pela noite<br />
De uma vida sem idade:<br />
Não há corpo onde me acoite,<br />
Não há casas na cidade.<br />
<br />
Vou de noite pelo ventre<br />
De ruas mal-assombradas,<br />
Levo uma alma doente<br />
Nas minhas mãos desfasadas.<br />
<br />
Vou de noite pela noite,<br />
De uma vida sem idade:<br />
Não há corpo onde me acoite,<br />
Não há casas na cidade.<br />
<br />
No rio vejo um navio<br />
Rumando rumo à infância...<br />
Tenho frio, tenho frio,<br />
Morro do mal da distância.<br />
<br />
Corro as ruas da cidade<br />
Sempre à procura de mim,<br />
Mas ela não tem piedade<br />
E nunca mais chego ao fim.<br />
<br />
Ando na rua da vida,<br />
Bebo sumo de tristeza;<br />
Deitando contas à vida<br />
Somo apenas a pobreza.<br />
<br />
Ando na rua da vida,<br />
Bebo sumo de tristeza;<br />
Quem andar assim perdida<br />
Não se encontra, com certeza.<br />
<br />
Na cama só vejo lama,<br />
Na rua só piso água;<br />
Quem me fala? Quem me chama<br />
O nome de Mulher-Mágoa?<br />
<br />
Corro as ruas da cidade<br />
Sempre à procura de mim,<br />
Mas ela não tem piedade<br />
E nunca mais chego ao fim.<br />
<br />
[vocalizos]<br />
<br />
<br />
* Elisa Lisboa – voz<br />
Arranjo e direcção de orquestra – Jorge Machado<br />
URL: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Elisa_Lisboa" target="_blank"><span style="color: blue;">https://pt.wikipedia.org/wiki/Elisa_Lisboa</span></a><br /><a href="https://www.youtube.com/channel/UCiREHraFssH6-zXErJKULYA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/channel/UCiREHraFssH6-zXErJKULYA</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6b6JCdoefEZ7XT7sUINFyIJ59x9gGh4bH0VkM0yULfncUONQJaWgqVsN1ol6zk8gusa73sa_-mo3r6Yy8vPE2x-cxJSCMFzF9s5y3dDFEjaWb_rycmkIp0ksOwW2bhJEMR8lZkoSlWdvUYbGpxnrwRwTTA44sF0LXVvpnpimpj1IfT-csIA/s1600/Elisa_Lisboa_-_Mulher-Magoa_EP_1969.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="634" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6b6JCdoefEZ7XT7sUINFyIJ59x9gGh4bH0VkM0yULfncUONQJaWgqVsN1ol6zk8gusa73sa_-mo3r6Yy8vPE2x-cxJSCMFzF9s5y3dDFEjaWb_rycmkIp0ksOwW2bhJEMR8lZkoSlWdvUYbGpxnrwRwTTA44sF0LXVvpnpimpj1IfT-csIA/w400-h397/Elisa_Lisboa_-_Mulher-Magoa_EP_1969.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do EP "Mulher-Mágoa", de Elisa Lisboa (Columbia/EMI, 1969)<br />
<br />
____________________________________<br />
<br />
Outros artigos de homenagem à mulher:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/03/joao-loio-cicatriz-de-ser-mulher.html" target="_blank"><span style="color: blue;">João Lóio: "Cicatriz de Ser Mulher"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/03/carlos-mendes-calcada-de-carriche.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Carlos Mendes: "Calçada de Carriche" (António Gedeão)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/03/teresa-silva-carvalho-mulher-da-erva.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Teresa Silva Carvalho: "Mulher da Erva"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/03/joao-loio-com-regina-castro-uma-criada.html" target="_blank"><span style="color: blue;">João Lóio com Regina Castro: "Uma Criada para Todo o Serviço"</span></a><br />
<br />
____________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poesia de Ary dos Santos:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/10/amalia-dez-anos-de-saudade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Amália: dez anos de saudade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/06/camoes-recitado-e-cantado-ii.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (II)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2014/07/celebrando-carlos-paredes.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Carlos Paredes</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-55235980964661115192023-02-23T23:36:00.013+00:002024-02-01T17:16:39.378+00:00Vitorino: "Postal para D. João III"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn3Om5vM-L1y2dzwL-PzwZAMoEMtPVkTGTDOZFILaqqXbOWTLOb8934sLNRQiLpuJEvYQolUpB_OG8OoiGoRJDn81Z-jWAK5u-gv5UooCTgtxma5lQoUionl4sDla6sCIOAoh1sr2A2gJGanOTZZoUT1PhN0b_-LOHt1jE7XH6od-WiIZARg/s1600/Salazar_e_o_clero_-_caricatura_por_Joao_Abel_Manta_1978.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="978" data-original-width="1279" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhn3Om5vM-L1y2dzwL-PzwZAMoEMtPVkTGTDOZFILaqqXbOWTLOb8934sLNRQiLpuJEvYQolUpB_OG8OoiGoRJDn81Z-jWAK5u-gv5UooCTgtxma5lQoUionl4sDla6sCIOAoh1sr2A2gJGanOTZZoUT1PhN0b_-LOHt1jE7XH6od-WiIZARg/w400-h306/Salazar_e_o_clero_-_caricatura_por_Joao_Abel_Manta_1978.jpg" width="400" /></a><br />
Caricatura da autoria de <b>João Abel Manta</b> (in livro "<b>Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar</b>", Lisboa: O Jornal, 1978), mostrando um cardeal e outros clérigos observando reverencialmente o devoto Salazar, que está em compenetrada oração, munido de um rosário na mão esquerda.<br />
<br />
<br />
O rei D. João III ficou desditosamente assinalado na História de Portugal por ter sido o introdutor em terras lusas, no ano de 1536, do nefando e eufemisticamente denominado Tribunal do Santo Ofício, vulgo Inquisição. Foi também por nomeação sua que, em 1539, o seu irmão D. Henrique [>> <a href="https://www.arqnet.pt/dicionario/henrique_rei.html" target="_blank"><span style="color: blue;">biografia</span></a>], então arcebispo de Braga, futuro arcebispo de Évora (1540-1564), cardeal (1546) e arcebispo de Lisboa (1564-1574), se tornou inquisidor-mor do Reino, condição que manteve até 1579, quando já havia tomado assento no trono régio, que ficara vago em Agosto de 1578, na sequência do desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir.<br />
Quatro séculos mais tarde, outro cardeal, de seu nome Manuel Gonçalves Cerejeira, na qualidade de Patriarca de Lisboa e, por inerência, figura máxima da hierarquia da Igreja Católica Portuguesa, com o propósito de restaurar os privilégios e as regalias que a sua instituição havia perdido na Primeira República, por acção de Afonso Costa, não hesitou em estabelecer um pacto com o ditatorial Estado Novo que o seu amigo António de Oliveira Salazar, empossado presidente do Ministério (primeiro-ministro) por Óscar Carmona a 5 de Julho de 1932, instituiu ao aprovar e plebiscitar uma nova Constituição (1933). E mediante a Concordata, assinada a 7 de Maio de 1940, a Igreja Católica Portuguesa alcançou uma posição de privilégio no regime, tornando-se ela mesma um dos seus pilares de sustentação. Coerente com o seu ideário, o cardeal Cerejeira sempre se manteve apoiante do Estado Novo, mesmo quando este passou a ser alvo de mais ampla e intensa contestação, a partir das eleições presidenciais de 1958 (nas quais o candidato da oposição, o General Humberto Delgado, foi descaradamente boicotado durante a campanha eleitoral e fraudulentamente roubado nas urnas) e, sobretudo, após a eclosão da Guerra Colonial, em Fevereiro de 1961. Entre esses contestatários contavam-se muitos católicos, os chamados católicos progressistas, quer leigos quer clérigos (por exemplo, o <a href="https://portal.cehr.ft.lisboa.ucp.pt/FelicidadeAlves/index.php/Site/joseFelicidadeAlves" target="_blank"><span style="color: blue;">Pe. José da Felicidade Alves</span></a>, prior da paróquia de Santa Maria de Belém), que o velho cardeal não se coibiu de desaprovar e castigar 'exemplarmente'. Essa atitude neo-inquisitorial, de flagrante cumplicidade com um regime político repressivo e torcionário, impressionou o jovem alentejano, estudante de Belas-Artes em Lisboa, <b>Vitorino Salomé Vieira</b>, que uns anos mais tarde, verteu a impressão negativa que ficara no seu espírito do severo cardeal num bilhete-postal poético-musical dirigido ao rei ironicamente cognominado 'O Piedoso', e que incluiu no álbum "Leitaria Garrett" (1984). O irmão daquele monarca quinhentista, o Cardeal D. Henrique, além de se comprazer a torturar e a queimar, em 'purificadores' autos-de-fé, judeus, bruxas, sodomitas, hereges e outros desalinhados da ortodoxia católica romana, não dispensava a companhia de jovens amas (a toponímia da cidade de Évora ainda guarda memória delas na "Rua das Amas do Cardeal"), uma das quais, Maria da Motta, de 27 anos de idade, o amamentou nos últimos meses de vida, quando o senil soberano morava no paço de Almeirim onde acabou por morrer... As amas do Cardeal Cerejeira, essas, tinham natureza diferente: eram as forças repressivas da ditadura salazarista, mormente a P.I.D.E. e a P.J. (a Judite, na gíria). No "Postal para D. João III", Vitorino refere explicitamente a segunda e embora a primeira, criada por Salazar, não seja nomeada, infere-se que era sobretudo ela que, de noite, ia bater à porta dos que eram suspeitos de andarem a conspirar contra o 'Pai' Salazar e a blasfemar contra a 'Santa Madre' Igreja. O tom insurgente que Vitorino Salomé imprimiu ao seu 'postal' de denúncia dos ímpetos desenfreados da vetusta instituição eclesiástica para controlar e submeter as consciências ao seu domínio, em aliança com poderes políticos despóticos, remetem-nos para a "Arcebispíada" [>> <a href="https://www.youtube.com/watch?v=C98Y_FTnSXE" target="_blank"><span style="color: blue;">YouTube</span></a>], de José Afonso, a quem, muito pertinentemente, o distinto cantautor redondense dedicou o seu 'postal' libertário. Tal dedicatória foi também o móbil que nos levou a escolhê-lo para aqui o destacarmos neste dia em que se completaram 36 anos sobre o (prematuro) desaparecimento do autor de "Enquanto Há Força". De notar o refinado arranjo para cravo e quinteto de cordas concebido pelo argentino Alejandro Erlich-Oliva, contrabaixista e membro-fundador do Opus Ensemble, que confiou o cravo à sua colega Olga Prats, a qual o toca esplendidamente. Sendo o "Postal para D. João III" um dos espécimes menos divulgados do repertório de Vitorino, estamos em crer que para alguns (talvez a maioria) dos visitantes do blogue "A Nossa Rádio" será uma agradável descoberta. Boa escuta!<br />
<br />
Um dia destes, lográmos ouvir na Antena 1, num espaço da 'playlist', a canção "Queda do Império", de e por Vitorino (com a colaboração vocal de Filipa Pais), o que nos deixou bastante surpresos, conhecendo nós o ignóbil ostracismo a que o categorizado cantautor vinha sendo votado há largos anos, e tendo em conta o obsceno favorecimento que o novo manda-chuva do canal, Nuno Galopim, tem dado a tudo o que seja música pop, principalmente a anglo-americana dos anos 80, em prejuízo da melhor música que se produziu e produz entre nós. Perguntamos: há na 'playlist' mais alguma canção de <b>Vitorino</b>? Duvidamos que haja, mas seria bom que houvesse umas quantas, sobretudo das menos conhecidas. Porque os ouvintes merecem conhecer melhor a obra de um dos nomes maiores da História da Música Portuguesa e também em razão da dívida de reconhecimento e gratidão que Portugal tem para com o artista. <br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Postal para D. João III</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/vit-0006/VIT0006.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Vitorino Salomé</b><br />
Intérprete: <b>Vitorino</b>* (in LP "Leitaria Garrett", EMI/Vecemi, 1984, reed. EMI-VC, 1993; CD "As Mais Bonitas 2: Ao Alcance da Mão", EMI-VC, 2002, EMI Music Portugal, 2012; 3CD "Tudo": CD 2 – "Lisboa", EMI Music Portugal, 2005)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/jGfp0NLzoWQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
<i> Ao Zeca Afonso </i><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Acorda, João III!<br />
Querem-te roubar a fama:<br />
Um cardeal interesseiro<br />
Pelo Santo Ofício chama.<br />
<br />
Diz que vem p'ra nos salvar<br />
Da tentação de Mafoma;<br />
Metido numa redoma,<br />
Jura que é inofensivo.<br />
<br />
Traz baú de ordenações,<br />
Cadafalso e sambenito;<br />
Cara de corpo-delito,<br />
Volta o polé p'ràs funções.<br />
<br />
Eu, por mim, faço um manguito<br />
Às amas do cardeal!<br />
Vou-te mandar um postal<br />
Com novas dos teus filhotes.<br />
<br />
De todos a mais notada,<br />
Com pergaminho d'elite,<br />
Essa bastarda a Judite,<br />
Tens-lhe a alma confiada.<br />
<br />
Bate-me à porta de noite,<br />
Diz que sou um excomungado:<br />
Mil heresias, culpado,<br />
Carbonário, contumaz,<br />
<br />
Diabo, anarquista negro,<br />
Blasfémia não controlada...<br />
Quer saber qual o segredo<br />
Da alma duma granada.<br />
<br />
Eu, por mim, faço um manguito...<br />
<br />
<br />
* Vitorino – voz<br />
Olga Prats – cravo<br />
Aníbal Lima e Manuel Gomes – violinos<br />
Isabel Pimentel – viola d'arco<br />
Teresa Portugal Núncio – violoncelo<br />
Adriano Aguiar – contrabaixo<br />
Direcção musical e arranjo – Alejandro Erlich-Oliva<br />
<br />
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos, no mês de Outubro de 1984<br />
Engenheiro de som – Hugo Ribeiro<br />
Técnico assistente – Miguel Gonçalves<br />
Assistente de montagem – José de Carvalho<br />
URL: <a href="https://www.vitorinosalome.pt/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.vitorinosalome.pt/</span></a><br />
<a href="https://www.meloteca.com/portfolio-item/vitorino/" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.meloteca.com/portfolio-item/vitorino/</span></a><br />
<a href="https://www.facebook.com/VitorinoSalome.officialpage" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.facebook.com/VitorinoSalome.officialpage</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/channel/UCuRPFnby4OlKEz5kzN655bA" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/channel/UCuRPFnby4OlKEz5kzN655bA</span></a><br />
<a href="https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/videos?query=vitorino" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/videos?query=vitorino</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiavTHkpgnQTs5b5BC6Xkm3hjPStb7w8QBrv3fGz1Yi9ci-B6j8XK5aPDznq-K0QU_S84SQIEYK5lIHCj0LJSW_O7XbOneEHT1XqztjXvc0egc6W6pO6H5GYfR0kMmKqybGKasDj1IgtX94vJTjG2_fRfQt70UeqlVQjSlSRJozCQ1HcsCPw/s1600/Evora_-_Rua_das_Amas_do_Cardeal_-_esquina.JPG" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1351" data-original-width="1066" height="507" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiavTHkpgnQTs5b5BC6Xkm3hjPStb7w8QBrv3fGz1Yi9ci-B6j8XK5aPDznq-K0QU_S84SQIEYK5lIHCj0LJSW_O7XbOneEHT1XqztjXvc0egc6W6pO6H5GYfR0kMmKqybGKasDj1IgtX94vJTjG2_fRfQt70UeqlVQjSlSRJozCQ1HcsCPw/w506-h640/Evora_-_Rua_das_Amas_do_Cardeal_-_esquina.JPG" width="400" /></a><br />
Évora: esquina da Rua José Elias Garcia com a Rua das Amas do Cardeal.<br />
Fotografia extraída do blogue "<a href="http://aterraeagente.blogspot.com/2015/02/evora-recentemente-rua-das-amas-do.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A Terra e a Gente</span></a>".<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_d-Nq4ROr-LIA0wHoAc8nzOuNVNVMGEUkxKOQm3fKeoHs2_LiqDCkN7mahK8gQfi7LMDcS_t_SZeJPi23Et2XAnHyEon78_i2e35LbzWm-Kvib-phJTK4ft3Y643eZi2yfS7J6eZ1IcJIuazCZIU9fASuTOifdUrYVBhiNImDQs8E0S_OGg/s1600/Evora_-_Rua_das_Amas_do_Cardeal_-_identificacao.JPG" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="119" data-original-width="122" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_d-Nq4ROr-LIA0wHoAc8nzOuNVNVMGEUkxKOQm3fKeoHs2_LiqDCkN7mahK8gQfi7LMDcS_t_SZeJPi23Et2XAnHyEon78_i2e35LbzWm-Kvib-phJTK4ft3Y643eZi2yfS7J6eZ1IcJIuazCZIU9fASuTOifdUrYVBhiNImDQs8E0S_OGg/w320-h312/Evora_-_Rua_das_Amas_do_Cardeal_-_identificacao.JPG" width="320" /></a><br />
Évora: identificação da Rua das Amas do Cardial [sic], em azulejos.<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoTZ5rIvWkJ-t1SxB9TqLp3o-NUBoDl9TeYTIqjUpE9Ey3Oul1QoPdoE0_SK_KOAO2Jw2eKTWrhqhr1PWu41nRyRdHsP9Md0zCp9NQZGFrBhUsiNY0XE2NlSSFl2qwmLowldZndh1x5CUuYpDiM1fmLD_5nj2vOqeMMc059RNbNGPOan3uPA/s1600/Evora_-_Rua_das_Amas_do_Cardeal_-_retrato_do_cardeal_d_henrique.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1561" data-original-width="1519" height="411" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoTZ5rIvWkJ-t1SxB9TqLp3o-NUBoDl9TeYTIqjUpE9Ey3Oul1QoPdoE0_SK_KOAO2Jw2eKTWrhqhr1PWu41nRyRdHsP9Md0zCp9NQZGFrBhUsiNY0XE2NlSSFl2qwmLowldZndh1x5CUuYpDiM1fmLD_5nj2vOqeMMc059RNbNGPOan3uPA/w389-h400/Evora_-_Rua_das_Amas_do_Cardeal_-_retrato_do_cardeal_d_henrique.jpg" width="400" /></a><br />
Évora: retrato do Cardeal D. Henrique, em painel azulejar, sobre a mesma parede. <br />
Fotografia extraída do blogue "<a href="http://aterraeagente.blogspot.com/2015/02/evora-recentemente-rua-das-amas-do.html" target="_blank"><span style="color: blue;">A Terra e a Gente</span></a>".<br />
<br />
HENRICVS PORT REX XVII VIXIT ANN LXVIII OBIIT. Á. M.DLXXX <br />
[Henrique, XVII rei de Portugal (ou dos Portugueses), viveu LXVIII (68) anos. Faleceu no ano de MDLXXX (1580)].<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsnM6lEpkwPH0_eWZpR_2FL-tH2l7Rm9r1tM61TV7Kfk6n5lHFX_zX5zUfPHdyZOMHJC2GF3M9ngpSqrqUxZ9mPgUPxRsRFJKZRlXo85RmQ7sDyYxuOweHSjjOYSyciCptG9bpzqzazk4qmQNLD3mYJGwGEJA-NrDjeDO3oVtjMQ0a-RgtVg/s1600/Vitorino_-_Leitaria_Garrett_LP_1984.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1280" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsnM6lEpkwPH0_eWZpR_2FL-tH2l7Rm9r1tM61TV7Kfk6n5lHFX_zX5zUfPHdyZOMHJC2GF3M9ngpSqrqUxZ9mPgUPxRsRFJKZRlXo85RmQ7sDyYxuOweHSjjOYSyciCptG9bpzqzazk4qmQNLD3mYJGwGEJA-NrDjeDO3oVtjMQ0a-RgtVg/w400-h400/Vitorino_-_Leitaria_Garrett_LP_1984.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do LP "Leitaria Garrett", de Vitorino (EMI-VC, 1984)<br />
Concepção – Carlos Ramalho<br />
Fotografia – João d'Assunção<br />
<br />
____________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com poemas/canções de homenagem ou dedicados a José Afonso:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2007/02/galeria-da-msica-portuguesa-jos-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Galeria da Música Portuguesa: José Afonso</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2009/02/zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Filipa Pais: "Zeca"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2016/02/jose-mario-branco-zeca-carta-jose-afonso.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Mário Branco: "Zeca (Carta a José Afonso)"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2018/02/dulce-pontes-o-primeiro-canto-dedicado.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Dulce Pontes: "O Primeiro Canto" (dedicado a José Afonso)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/02/jose-medeiros-o-cantador.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Medeiros: "O Cantador"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/02/janita-salome-quando-luz-fechou-os-olhos.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Janita Salomé: "Quando a Luz Fechou os Olhos"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2021/02/amelia-muge-os-novos-anjos-ao-zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Amélia Muge: "Os Novos Anjos" (ao Zeca Afonso)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/02/manuel-freire-o-zeca.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Manuel Freire: "O Zeca"</span></a><br />
<br />
____________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório interpretado por Vitorino ou da sua autoria:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/12/celebrando-luis-pignatelli.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Luís Pignatelli</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/03/em-memoria-de-fernando-alvim.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Fernando Alvim (1934-2015)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/04/em-memoria-de-herberto-helder.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Herberto Helder (1930-2015)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/06/vitorino-marcha-ingenua.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Vitorino: "Marcha Ingénua"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/06/vitorino-o-capitao-dos-tanques.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Vitorino: "O Capitão dos Tanques"</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19399743.post-70616214318415237442023-02-01T19:43:00.012+00:002023-09-24T16:55:20.744+01:00Luís Cília: "Tango Poluído"<span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDUPu1FRFG68Uac5NWkby-pKY-DArvgXGkUH9uc3LC4q1kdGs4vb6ruqJK-Ljs-8oy-_wyqwJgQjIaZwCd_GKhgRY1iSKulh3d425b0Q3gpVl5JwqBVzeHvsSRuKDCqTNjgHiCBRRENASUlDMlTGt8mRxK8r-o_xJWy1oaux9tzxLXm9M73Q/s1600/Luis_Cilia.JPG" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="428" height="560" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDUPu1FRFG68Uac5NWkby-pKY-DArvgXGkUH9uc3LC4q1kdGs4vb6ruqJK-Ljs-8oy-_wyqwJgQjIaZwCd_GKhgRY1iSKulh3d425b0Q3gpVl5JwqBVzeHvsSRuKDCqTNjgHiCBRRENASUlDMlTGt8mRxK8r-o_xJWy1oaux9tzxLXm9M73Q/w457-h640/Luis_Cilia.JPG" width="400" /></a><br />
<br />
A actividade humana, desde os primeiros hominídeos, sempre teve impacto no meio ambiente, mas foi com a Revolução Industrial, a partir de finais do século XVIII, e sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial que se foram tornando mais perceptíveis e visíveis os efeitos nefastos da utilização, cada vez em maior escala, do carvão, do petróleo e do urânio como fontes de energia, e também as consequências perniciosas da incessante devastação de florestas virgens (principalmente equatoriais e tropicais) e da destruição ou contaminação de outros <i>habitats</i> naturais (terrestres, fluviais e marinhos). A tal ponto que nos países mais industrializados emergiram e foram ganhando expressão movimentos ambientalistas e partidos ecologistas que se empenharam/empenham na defesa dos ecossistemas naturais e da biodiversidade, não por romantismo (ao invés do que algumas pessoas menos bem informadas julgavam) mas pela aguda consciência de que são imprescindíveis à vida humana na Terra (o planeta, esse, mesmo que deixe de ter condições de habitabilidade para o <i>homo sapiens</i> e para muitas outras espécies animais e vegetais continuará a rodar sobre o seu eixo imaginário e a orbitar em torno do Sol). Em Portugal, país essencialmente agrário e renitente à industrialização (por opção de Salazar), a tomada de consciência dos problemas ambientais deu-se alguns anos mais tarde, já depois da Revolução dos Cravos, e nela desempenharam importante papel vários artistas da canção, como Amália Rodrigues [com "Caldeirada (Poluição)", 1977], Fausto Bordalo Dias [com "Se Tu Fores Ver o Mar (Rosalinda)", 1977], Pedro Barroso (com "Em Ferrel" e "Canção ao Rio Almonda", 1980) e <b>Luís Cília</b> (com "Tango Poluído", 1981). As duas primeiras canções são ainda hoje razoavelmente conhecidas, mas já o mesmo não poderá afirmar-se acerca das outras. No caso do "Tango Poluído" tal desconhecimento é particularmente injusto porque se trata de uma pérola de alto quilate. Magistralmente concebido e interpretado por Luís Cília, fazendo uso de cativante e jovial verve (em tom irónico e humorístico pode dizer-se coisas muito sérias), o "Tango Poluído", apesar de contar com mais de quarenta anos (saiu no primoroso álbum "Marginal", gravado e publicado no segundo semestre de 1981), não perdeu uma pitadinha de actualidade. Os vários tipos de poluição lá apontados persistem no país e no mundo e, em modo crescente, afectando milhões de pessoas, directa ou indirectamente (quantos seres humanos, a cada ano que passa, adoecem, morrem ou caem na penúria em consequência da poluição do ar, da água, dos solos, dos alimentos, bem como de fenómenos meteorológicos/climáticos extremos associados à poluição – ciclones, inundações, tornados, canículas, secas, desertificação?). A própria possibilidade da ocorrência do holocausto nuclear voltou a estar bem na ordem do dia. E, outrossim, a Televisão continua a ser um veículo de poluição mental, agora em aliança com outro agente altamente poluidor das consciências: as chamadas redes sociais. Importa, pois, escutar, como ouvidos de ouvir, o actualíssimo "Tango Poluído", interiorizar a mensagem nele expressa e agir em conformidade. Porque dessa tão necessária acção, consciente e empenhada, depende a saúde e a vida de milhões de pessoas, assim como, a prazo, a sobrevivência da própria Humanidade! Tendo em mente tal imperativo escolhemos este espécime do vasto repertório ciliano para darmos-lhe destaque nesta data, em jeito de celebração do 80.º aniversário do categorizado cantautor. Crentes de que Luís Cília apreciará este gesto do blogue "A Nossa Rádio", apesar de singelo, aproveitamos o ensejo para manifestar-lhe a nossa gratidão pelo relevante contributo que deu para o enriquecimento do património musical português e endereçar-lhe os nossos parabéns e sinceros votos de vida longa, repleta de saúde. Bem-haja, Luís Cília!<br />
<br />
<b>Luís Cília</b> forma, com José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, o trio pioneiro de cantautores portugueses que, impelidos por dever cívico e moral, se devotaram à canção popular de intervenção, tendo em mira a libertação da opressão e da mordaça salazarista/marcelista e a instauração da liberdade e da justiça social tão almejadas pelo povo português. Afigura-se oportuno citar Eduardo M. Raposo: «Luís Cília foi o primeiro cantor de intervenção que, no exílio [em França], denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. Gravando ininterruptamente a partir de 1964, realizou uma grande actividade musical, tanto discográfica como no que concerne à realização de recitais, tendo-se profissionalizado em 1967. Mas além disso, Luís Cília dedicou-se, durante vários anos, ao estudo de harmonia e composição, o que era algo invulgar no universo dos cantores de intervenção. Esta formação musical fez de Luís Cília um dos mais respeitados compositores da actualidade, procurado pelas mais importantes instituições, nomeadamente desde que, nos [finais dos] anos 80, optou pela composição pura, o que aconteceu, também, devido às muitas solicitações.» (in "Canto de Intervenção: 1960-1974", 2.ª edição revista e aumentada, Lisboa: Público, 2005, p. 76).<br />
Sem descurar a faceta de autor de letras (de que o "Tango Poluído" é um magnífico exemplo) e a de compositor de música instrumental/incidental para teatro, dança, cinema, telefilmes e séries televisivas, foi no mister de musicar e interpretar poesia alheia, maioritariamente respigada de livros, que Luís Cília se afirmou de modo mais significativo alcançando um lugar de relevo na História da Música Portuguesa. Efectivamente, entre o primeiro álbum, "Portugal-Angola: Chants de Lutte" (Chant du Monde, 1964), e o último trabalho de canções, "Penumbra" (Transmédia, 1987), a sua discografia constitui um dos mais ricos e admiráveis repositórios de poesia (de língua) portuguesa musicada e cantada, abarcando um extenso rol de autores, desde os menos conhecidos do público e/ou menos reconhecidos pela crítica literária encartada e pela academia, até aos mais canónicos (Camões, Almeida Garrett, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Carlos de Oliveira, Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, David Mourão-Ferreira, António Gedeão, Mário Cesariny, Manuel Alegre, Pedro Tamen). Poesia intemporal, na sua maior parte, logo visitável e fruível nos dias de hoje, com inegável proveito intelectual. Então, como se justifica que o repertório de Luís Cília nela assente não seja alvo de divulgação na estação pública? Até há alguns anos podia servir de desculpa o facto da obra discográfica do cantautor estar quase toda por reeditar em CD (quase toda e não toda, uma vez que o álbum "Bailados", de 1995, teve edição original em CD, e em 1996 foi publicada em França a antologia "La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours" e em 2014 saiu em Portugal uma compilação no âmbito da colecção "Canto & Autores", em edição conjunta da Levoir e do jornal "Público"). Hoje já estão disponíveis nas plataformas digitais, iTunes e Amazon incluídas, seis álbuns de Luís Cília – cinco de canções e um de peças instrumentais –, não se podendo tolerável mais que o artista continue a ser impiedosamente silenciado na pública Antena 1. Pelo reconhecimento de que Luís Cília é credor da parte do seu país e pelo direito que assiste aos ouvintes/contribuintes – dos seniores aos mais novos – de escutarem algo do seu valioso legado musical!<br />
<br />
<br />
<br /><span style="font-size: x-large;">Tango Poluído</span><br />
<br />
<audio controls source src="https://archive.org/download/lci-0018/LCI0018.mp3" controlsList="nodownload" body oncontextmenu="return false;"></audio><br />
<br />
Letra e música: <b>Luís Cília</b><br />
Intérprete: <b>Luís Cília</b>* (in LP "Marginal", Diapasão/Sassetti, 1981)<br />
<br />
<iframe width="410" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/MApsKarXLB0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
[instrumental]<br />
<br />
Ai que bom, que bom que é!<br />
Ai que grande reinação!<br />
Não há no mundo melhor<br />
Que viver em poluição!<br />
<br />
Aos domingos, no Verão,<br />
Lá vou eu, de madrugada,<br />
Recompor-me da saúde<br />
Nas praias da Cruz Quebrada:<br />
Banhando-me ao pé do esgoto,<br />
Respirando os seus odores,<br />
Ao chegar o fim do dia<br />
Vou p'ra casa com mais cores.<br />
<br />
Fui um dia p'rà montanha<br />
E passei um mau bocado:<br />
Respirando o tal ar puro,<br />
Quase morri sufocado;<br />
Fiquei logo com os pulmões<br />
A pedir por caridade<br />
O cheiro a óleo queimado<br />
Que respiro na cidade.<br />
<br />
Ai que bom, que bom que é!<br />
Ai que grande reinação!<br />
Não há no mundo melhor<br />
Que viver em poluição!<br />
<br />
Não me venhas com a conversa<br />
Das comidas naturais,<br />
Dás-me cabo dos tomates<br />
Com esses sermões papais.<br />
O frango só com hormonas,<br />
Salsichas só enlatadas,<br />
Peixinho só do Barreiro<br />
E frutas bem sulfatadas.<br />
<br />
Há p'ra aí quem diga mal<br />
Da nossa Televisão,<br />
Mas dela já não me passo<br />
P'rà minha cultivação:<br />
Vinte e cinco horas por dia<br />
De cultura e informação<br />
Poluindo a consciência,<br />
Tudo a Bem da Nação.<br />
<br />
Ai que bueno, que bueno!<br />
Ai que grande reinação!<br />
Não há no mundo melhor<br />
Que viver em poluição!<br />
<br />
Vi um tal da ecologia<br />
Gritando como um possesso<br />
Contra a bomba nuclear,<br />
Contra a bomba do progresso.<br />
Fiz-lhe ver que estava errado,<br />
Pois não há nada mais belo<br />
Nem há morte mais limpinha<br />
Que o quente do cogumelo.<br />
<br />
Disse-me um da intervenção:<br />
"Lá estás tu com essa mania,<br />
A cantar o tango assim<br />
Estás a imitar o Letria".<br />
Mas eu estou certo e seguro<br />
Que o Jôjô não leva a mal,<br />
Embora ele tenha a patente<br />
Do tango em Portugal.<br />
<br />
Ai que bom, que bom que é!<br />
Ai que grande reinação!<br />
Não há no mundo melhor<br />
Que viver em poluição!<br />
<br />
Ai que bueno, que bueno!<br />
Ai que grande reinação!<br />
Não há no mundo melhor<br />
Que morrer em poluição!<br />
<br />
<br />
* Luís Cília – voz e viola<br />
Filomena Cardoso – violino<br />
Teresa Ribeiro – violeta<br />
João Neves – violoncelo<br />
Pedro Osório – acordeão<br />
Pedro Casaes – viola baixo<br />
<br />
Direcção musical – Luís Cília<br />
Produção – Sassetti<br />
Gravado nos Estúdios Musicorde, Lisboa, em Agosto de 1981<br />
Técnico de som – Rui Remígio<br />
URL: <a href="http://www.luiscilia.com/" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.luiscilia.com/</span></a><br /><a href="https://www.youtube.com/user/LeoMOV/videos" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/user/LeoMOV/videos</span></a><br /><a href="https://www.youtube.com/channel/UCqL_T8TPQ2ffVAKn-v4kN_A" target="_blank"><span style="color: blue;">https://www.youtube.com/channel/UCqL_T8TPQ2ffVAKn-v4kN_A</span></a><br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlGU5GyB0q-fZcAIJlYo1pSG1RBcZenXONlk5EDLEPXHpDKR1B37t-FSna3G9wZtpOQRagFoVEZo_vcxxIpCkLdDwMZogdiHum8Q-BZkAJEw0VIJI_7hMMOi8rSb9JWHochY5nn4UD6rBMZbTiE0qtH94uRuqnrSG9oALjxBASDHqnwoKzvA/s1600/Luis_Cilia_-_Marginal_LP_1981_A.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1655" data-original-width="1701" height="389" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlGU5GyB0q-fZcAIJlYo1pSG1RBcZenXONlk5EDLEPXHpDKR1B37t-FSna3G9wZtpOQRagFoVEZo_vcxxIpCkLdDwMZogdiHum8Q-BZkAJEw0VIJI_7hMMOi8rSb9JWHochY5nn4UD6rBMZbTiE0qtH94uRuqnrSG9oALjxBASDHqnwoKzvA/w400-h389/Luis_Cilia_-_Marginal_LP_1981_A.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do lado A do LP "Marginal", de Luís Cília (Diapasão/Sassetti, 1981)<br />
Concepção, foto e grafismo – Judite Cília<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7p-RvuSXUdfT1FRAm-giikxzFHsUq6Lg84kP6F62OOu-WT6gLWg_1nu9DErMPqCAYD4JfPDFZOrKHPi_qP4ei1DwSBR2ASk4FEGPYDj6FZVy51gRD8gMXuO9wcfXa5grYNhz2c7BB85xEDien66ja7k4iHPIy5RmmvCqubmOYTqGUF3xExQ/s1600/Luis_Cilia_-_Marginal_LP_1981_B.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="1641" data-original-width="1703" height="385" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7p-RvuSXUdfT1FRAm-giikxzFHsUq6Lg84kP6F62OOu-WT6gLWg_1nu9DErMPqCAYD4JfPDFZOrKHPi_qP4ei1DwSBR2ASk4FEGPYDj6FZVy51gRD8gMXuO9wcfXa5grYNhz2c7BB85xEDien66ja7k4iHPIy5RmmvCqubmOYTqGUF3xExQ/w640-h617/Luis_Cilia_-_Marginal_LP_1981_B.jpg" width="400" /></a><br />
Capa do lado B do LP "Marginal", de Luís Cília (Diapasão/Sassetti, 1981)<br />
Concepção e grafismo – Judite Cília<br />
Quadro – Rogério do Amaral<br />
Fotografia do quadro – Luís F. de Oliveira<br />
<br />
____________________________________________<br />
<br />
Outros artigos com repertório interpretado por Luís Cília ou da sua autoria:<br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2013/08/em-memoria-de-urbano-tavares-rodrigues_16.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Em memória de Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2015/06/celebrando-eugenio-de-andrade.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Celebrando Eugénio de Andrade</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2019/06/camoes-recitado-e-cantado-v.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Camões recitado e cantado (V)</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2020/06/jose-saramago-dia-nao.html" target="_blank"><span style="color: blue;">José Saramago: "Dia Não"</span></a><br />
<a href="http://nossaradio.blogspot.com/2022/04/adriano-correia-de-oliveira-exilio.html" target="_blank"><span style="color: blue;">Adriano Correia de Oliveira: "Exílio" (Manuel Alegre)</span></a></span>
Álvaro José Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/12910748742533888142noreply@blogger.com0