23 setembro 2023
Silvestre Fonseca: "Balada de um Outono"
Claude Monet, "Automne sur la Seine Argenteuil" ("Outono sobre o Sena, em Argenteuil"), 1873, óleo sobre tela, 54,2 x 73,3 cm, High Museum of Art, Atlanta, Geórgia, E.U.A.
Nascido em Lisboa, a 23 de Abril de 1959, Silvestre Fonseca iniciou os estudos de guitarra clássica, em 1975, na escola fundada por José Duarte Costa, à Avenida João XXI, tendo aí recebido lições do Prof. José Diniz, sujeitando-se depois a exame, como aluno externo, no Conservatório Nacional. Nesta mesma instituição de ensino, estudou composição e análise musical com o distinto compositor Joly Braga Santos. E aos 22 anos de idade, em 1981, publicou, em edição própria (depois licenciada à EMI, selo His Master's Voice) o álbum "Guitarra Clássica", constituído por peças de Antonio Róvira, Isaías Sávio, José Duarte Costa, anónimos ingleses do séc. XVI, Fernando Sor, Francisco Tárrega e Manuel M. Ponce. Nesses primeiros anos do seu percurso artístico, Silvestre Fonseca frequentou também vários cursos de guitarra no estrangeiro que lhe permitiram aperfeiçoar o domínio técnico do instrumento e – não menos importante – aprimorar os seus dotes interpretativos/expressivos. Em 1987, saiu, com chancela Philips, o seu segundo álbum, "Guitarra Clássica com Orquestra de Câmara", sob a regência do maestro Leonardo de Barros, integrando obras de Antonio Vivaldi, Ferdinando Carulli, Francisco Tárrega, António Lauro, António Victorino d'Almeida e Heitor Villa-Lobos. Bem recebido pela crítica especializada (o eminente musicólogo João de Freitas Branco dedicou-lhe uma edição do seu histórico programa "O Gosto pela Música", no então Programa 2, futura Antena 2), o fonograma afirmou Silvestre Fonseca como exímio executante de guitarra clássica e um intérprete a ter em conta a partir daí no panorama nacional e internacional. E os discos (mais de uma vintena) que foi gravando, uns mais centrados no repertório erudito da guitarra clássica, outros mais focados em canções ditas ligeiras (portuguesas, cabo-verdianas, brasileiras, hispano-americanas, etc.), ora em transcrições para guitarra solo, ora acompanhando cantores convidados, bem como os recitais e concertos que foi dando em Portugal e, sobretudo, no estrangeiro (em salas de grande prestígio e em criteriosos canais de televisão) servem para confirmar o altíssimo gabarito do intérprete e revelar os seus talentos enquanto arranjador e compositor. Efectivamente, a par das dezenas de transcrições que fez (muitas das quais estão publicadas em pauta e em CD na "Silvestre Fonseca Collection", pelas London Guitar Studio Publications, de Londres, e pelas Éditions Soldano, de Paris), Silvestre Fonseca compôs de raiz várias peças para ou com guitarra clássica. Seis delas fazem parte do alinhamento do CD "Olhares" (1998), e uma tem por título "Balada de um Outono". Uma composição para guitarra e violino, muito bela e impregnada de nostalgia, logo perfeitamente adequada para assinalar o começo da presente estação outonal (no hemisfério norte, bem entendido). Estando nós cientes de que muitos a desconhecem, esperamos proporcionar aos leitores/visitantes do blogue "A Nossa Rádio" uma agradável descoberta. Boa escuta!
Apesar de ser um artista de invulgar categoria e da sua discografia incluir repertório perfeitamente enquadrável em qualquer das três antenas nacionais da rádio pública, Silvestre Fonseca tem sido, pura e simplesmente, ignorado por quem escolhe a música que passa naqueles canais. Ora tal atitude de persistente boicote (não se trata de distracção momentânea e fortuita) é de todo intolerável numa estação cujo financiamento os cidadãos são chamados a assegurar (coercivamente e sob o pretexto de beneficiarem, em troca, de serviço público). Haja, pois, mais consideração pelos bons artistas, a quem o país muito deve pelo relevante contributo que deram para o enriquecimento da música/cultura portuguesa, e haja mais respeito pelos pagantes da contribuição do audiovisual!
Balada de um Outono
Música: Silvestre Fonseca
Intérprete: Silvestre Fonseca* com David Wahnon (in CD "Olhares", Movieplay, 1998)
(instrumental)
* Silvestre Fonseca – guitarra clássica
David Wahnon – violino
Produção – Silvestre Fonseca
Gravado na Sala da Pedra, Quinta da Aldeia, Vila Nova da Caparica, em Fevereiro de 1998
Engenheiro de som – José Manuel Fortes
URL: https://www.facebook.com/Silvestre-Fonseca-Guitar-502939090106079/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-3/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-2/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/silvestre-fonseca-4/
https://www.youtube.com/channel/UCk8pYbl-i1lhZILF4MP6uhA
https://music.youtube.com/channel/UC0FzmvBAZe5GFPybKw_3xDQ
https://music.youtube.com/channel/UCoibqv76X636Yqt0HUyWBuA
Capa do CD "Olhares", de Silvestre Fonseca (Movieplay, 1998)
Fotografia – Roberto Giostra
Design gráfico – Dupla
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Outros artigos com repertório alusivo ao Outono:
Celebrando Maria Teresa de Noronha
Max: "Outono na Cidade"
Jorge Cravo: "Outono à Beira-Rio"
Diabo a Sete: "Outono Embargado"
José Medeiros: "Outono Adiado"
Aníbal Raposo: "Balada de Outono" (Álamo Oliveira)
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