21 julho 2008
Arte e poesia (II)
Ainda a respeito da série de programas "Arte de Música", da autoria de Paula Abrunhosa (na foto), de que falei no texto anterior, quero acrescentar mais umas coisas que julgo pertinentes. Em primeiro lugar, para que fique tudo devidamente explicitado, e embora não tivesse posto em causa a competência técnica da autora no tocante à análise/comentário dos poemas de Jorge de Sena e das obras/interpretações musicais correspondentes, cumpre-me dar conta da formação académica de Paula Abrunhosa, segundo informação que entretanto me foi gentilmente prestada: «concluiu o Curso de Órgão no Departamento de Estudos Superiores Gregorianos da Escola Superior de Música, sob a orientação do Prof. Antoine Sibertin Blanc, e é licenciada em Línguas e Literaturas Clássicas». Fica feita a devida nota. Não obstante, a minha crítica quanto à leitura/recitação dos poemas mantém-se e foi aliás confirmada pelos dois programas seguintes já transmitidos.
A talhe de foice, aproveito para dar conta da minha insatisfação relativamente a dois aspectos do segundo e terceiro programas. No segundo, não gostei que das "Variações Goldberg", de Bach, apenas fosse transmitido uma pequena parte, por alegada falta de espaço porque na mesma emissão foram tratadas outras peças musicais. Atendendo à importância das "Variações Goldberg" e ao apreço que suscitam em muitos melómanos (bachianos e não só), julgo que se justificaria plenamente que a obra passasse na íntegra, nem que fosse preciso sacrificar outras peças de menor relevo ou então inserindo-as noutros programas da série. Era pedir muito? Muito aquém das expectativas, portanto.
No terceiro programa, na parte dedicada às sonatas para cravo de Domenico Scarlatti, por Wanda Landowska, fiquei perplexo quando se deu a ouvir uma interpretação não da própria Wanda Landowska mas de outro cravista, no caso de Trevor Pinnock. A razão alegada foi a de que não foi possível encontrar gravações de Wanda Landowska. Como? Não há discos de Wanda Landowska com as sonatas de Domenico Scarlatti disponíveis no mercado discográfico? Eu fiz uma pesquisa rápida e não exaustiva no Google e apareceu-me pelos menos um (aqui, por exemplo). Então, porque é que não foi feita a encomenda do disquinho? Das avultadas verbas da taxa do audiovisual e dos nossos impostos que vão parar à RDP, não era possível arranjar uns míseros 16.99 dólares para comprar o CD de Wanda Landowska? Ou terá sido Paula Abrunhosa que, não tendo o disco na sua discoteca particular, nem sequer se deu ao trabalho, já não digo de encomendar o disco via internet, pelo menos de solicitar à direcção da Antena 2 que diligenciasse no sentido de procurar uma gravação? E quando falo de gravação não me refiro forçosamente a edições discográficas: há também as gravações de arquivo. Admitindo que no arquivo ou na discoteca da RDP não haja registos da lendária cravista polaca (a propósito, o que fizeram aos antigos LPs de vinil?), isso não significa que numa das estações públicas europeias não haja uma gravação. Na Rádio France ou numa das várias rádios estaduais alemãs eu aposto que existe. Então, não seria expectável que a direcção da Antena 2, supondo que teve conhecimento da situação e não querendo comprar o disco, contactasse a UER para indagar da existência da gravação pretendida junto das suas associadas? Não é também para estas acções de cooperação que existe a UER? Os locatários da direcção da Antena 2, pelos vistos, não estiveram para se ralar, o que vem demonstrar uma vez mais a sua flagrante falta de profissionalismo e de sentido de serviço público.
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1 comentário:
A propósito da actual A2:
Estou farto do programa das 7, da verborreia do autor, da vacuidade do Sr. Malaquias, das suas opiniões vulgares, do tom de voz da equipa, dos extractos de obras etc.
Do programa das 10 e as suas aberturas de óperas, dos extractos de sinfonias, sonatas; do das 17 também só com música do século XIX e mais extractos de concertos, quartetos etc.
Estou farto de 1 hora de “world music”, e de 1 hora de música de 1990 para cá.
Farto de os locutores não anunciarem devidamente as obras e os intérpretes, e de lerem à inglesa nomes franceses.
Farto de não cumprimento de horários, havendo até a originalidade de começarem os programas 6 minutos antes da hora.
Farto de noticiários que, conforme o Boletim deviam durar 3 minutos, mas chegam a ultrapassar os 10.
Há dias uma locutora leu um texto escrito por Karl Marx sobre o bailado “Spartacus” (1953) de Kachaturian; anunciou o Improviso nº 3 de Schubert, ignorando que há dois Improvisos nº 3, o op.90 e o op. 142.
Não se pode anunciar o Quarteto em mi bemol de Beethoven pois pode ser o nº 10 op. 74 ou o nº 12 op. 127. São minudências que os actuais senhores da A2 desprezam.
As obras são anunciadas tipo “discjokey”.
O melhor programa da A2 o “Matrizes” não é repetido…
Não refiro qualquer programa de realizador para não o maçar mas quero ressalvar os dois blocos musicais – o das 14 às 17, e das 2 às 7 da manhã. Que pena o Vibrato não ir até às 19 e o da Madrugada não começar às 24:00.
Nunca sonhei ter saudades dos locutores e das obras que passavam na íntegra no antigo Lisboa 2.
Desculpe o tempo que lhe tomei.
(Esta foi a mensagem que enviei ao novo Provedor, Sr.Adelino Gomes)
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