Em Janeiro de 2007, no texto Música na Antena 1: pequenos e grandes formatos, tive o ensejo de chamar a atenção para a situação escandalosa e absurda na rádio pública no tocante a espaços vocacionados para as músicas fora do universo anglo-saxão. Efectivamente, ao passo que a música anglo-americana tinha um programa alargado chamado "Ondas Luisianas", as músicas da portugalidade – tradicional e fado – e a música latina estavam confinadas a mini-formatos de aproximadamente cinco minutos, respectivamente Cantos da Casa, Alma Lusa e Júlio Isidro. Agora reparo que, no caso do fado, a situação foi finalmente corrigida com a criação de uma edição alargada de "Alma Lusa", aos domingos depois da meia-noite. O que não deixa de ser curioso é que esta alteração tenha surgido pouco antes da estreia do tão badalado filme "Fados". O que terá levado Rui Pêgo a tomar a decisão apenas agora, se ela se impunha há demasiado tempo? Medo que, por causa do filme de Carlos Saura, alguém de fora descobrisse que a Antena 1 dedicava apenas três/quatro minutos por dia ao fado?
Bem, o importante é que no principal canal da rádio estatal passa a existir um programa, digno desse nome, dedicado ao fado. Agora, o que não se compreende é que não tenha sido aplicado igual procedimento à música tradicional e à música latina. A abundância de material de qualidade nessas duas áreas musicais justificaria sobremaneira a existência de mais tempo de antena para a respectiva divulgação. No caso da música tradicional/folk portuguesa, isso é particularmente premente pois nos últimos anos têm aparecido excelentes agrupamentos aos quais a Antena 1 devia prestar outra atenção. Afinal de contas, trata-se de uma elementar questão de serviço público.
09 outubro 2007
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2 comentários:
Concordo inteiramente com o que referiu no seu comentário, que as rádios nacionais reservam demasiado espaço à música anglo-americana, faltando espaço para a música latina e portuguesa. E quando refiro portuguesa não me refiro estritamente à música tradicional, mas a um grupo mais vasto de música. Acho que deveria haver espaço para todo o género de músicas, no que toca à língua e cultura.
E falando de serviço público, refiro aqui o caso da Antena 3, que sinceramente acho que não veio trazer nada de novo ao espaço radiofónico nacional pois a gama de músicas que emite são encontradas nas outras rádios como a M80, a cidade FM, a Comercial ou a Mega FM. Poderia ser aproveitado o conceito de serviço público para divulgar músicas portuguesa sem ser obrigatoriamente tradicional ou folclórica.
Cumprimentos
João Filipe Ferreira
Ei, amigo. Nunca mais disse nada. Pois pensei em adquirir o disco de 71 do Goes, sim, em vinil, e o dos Charanga, pois sabia onde os encontrar.
Mas o tempo foi passando e quando fui a ver se os adquiria, já lá não estavam. E depois perdi o teu contacto.
Fizeste um trabalho notável.
Muito bom, mesmo.
Alguns discos não conheço.
Penso que esta é uma lista de discos não habitualmente referidos como os melhores da música portuguesa. E acho-a muito boa, pelo que pude perceber. Diversidade é que é preciso.
Abraço
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