Caro Sr. Luís Ramos,
Atendendo a que é responsável pela gestão dos arquivos da RDP e também pela manutenção do site, tomei a liberdade de lhe apresentar algumas questões que julgo pertinentes.
Começando pela rubrica "Os Sons Férteis", de que sou um grande apreciador, gostaria imenso que o arquivo online integrasse todo o histórico e não apenas desde 15 de Maio de 2006, altura em que foi criado o serviço. A poesia de qualidade não é algo que se desactualize ou que passe de moda e, por isso, a disponibilização online do acervo integral do excelente apontamento de Paulo Rato passaria a constituir uma página de referência e de visita obrigatória a todos os cultores de poesia recitada. Porque se a poesia ficar oculta e silenciosa lá no arquivo sonoro da RDP ninguém dela poderá tirar proveito, seja aqueles que gostariam de voltar a ouvir determinados poetas / poemas, seja os mais jovens que assim teriam a oportunidade de fruir, pela primeira vez, de um importante manancial de poesia dita. Aliás, "Os Sons Férteis" é apenas um exemplo de excelentes rubricas e programas (actuais e do passado) cujos acervos integrais importaria colocar na internet. Dos programas actualmente em antena, e para não ser fastidioso, cito apenas "Questões de Moral", "Lugar ao Sul" ou o seu "Rua do Capelão". No blogue A Nossa Rádio já tive oportunidade de inventariar uma série de programas de indiscutível interesse, quer para a fruição pelo vulgar ouvinte quer como material pedagógico e didáctico para docentes e estudantes do ensino básico e secundário. Numa altura em que a internet e as ferramentas multimédia são um recurso cada vez mais utilizado no ensino, penso que a RDP não se devia alhear desse processo, atendendo à extraordinária riqueza do seu acervo fonográfico. Também seria muito interessante que nesse arquivo online completo de "Os Sons Férteis" houvesse junto de cada fonograma um link para o respectivo poema sob a forma escrita, de modo a que o ouvinte pudesse acompanhar a audição com a leitura (a exemplo do guião do programa "Em Nome do Ouvinte").
Presumo que a grande maioria dos programas não sejam disponibilizados para download avulso ou podcasting devido ao facto de incluírem obras musicais sujeitas a direitos de autor. No entanto, constato que algumas rubricas e programas são disponibilizados para podcasting e não o são para download manual, coisa que não consigo compreender. É o caso, por exemplo, de "Figura de Estilo", de Luís Caetano e Ana Paula Ferreira, "Escrita em Dia", de Francisco José Viegas, e "O Amor é", de Júlio Machado Vaz. Penso que a par do download por assinatura deve ser proporcionada a possibilidade de download avulso, porque, por um lado, vai ao encontro das pessoas que embora tenham computador em casa não têm ligação à internet, podendo assim descarregar manualmente os seus programas preferidos num qualquer posto de internet e, por outro lado, não obriga a assinar o podcasting aos ouvintes que só ocasionalmente estão interessados em descarregar determinado programa.
Também não vejo nenhuma razão para que certas rubricas e programas falados (por exemplo, "Lugar ao Sul", "1001 Escolhas", "À Volta dos Livros", "Vidas Que Contam", "Reportagem Antena 1") ou essencialmente de palavra com pequenos excertos musicais (por exemplo, "Questões de Moral") não sejam facultados para download manual e podcasting. No caso concreto do "Lugar ao Sul", bastaria retirar a música de disco e, desse modo, as gravações de campo já podiam perfeitamente serem disponibilizadas para descarregamento, o que agradaria de sobremaneira aos seus muitos fiéis ouvintes (eu incluído) que gostam de voltar a ouvir emissões mais antigas, sem terem obrigatoriamente de estar ligados à internet. Como os leitores de CD dos auto-rádios mais recentes já são compatíveis com MP3, as conversas de Rafael Correia pontuadas com as músicas e as poesias dos seus interlocutores passariam a ser mais uma excelente opção de escuta enquanto se conduz (ou mesmo em transportes públicos, por meio de um vulgar iPod).
Relativamente à disponibilização de conteúdos da RDP, eu iria até mais longe: independentemente da oferta gratuita de rubricas e programas que não incluem obras musicais protegidas por copyright, nada obstaria que a Rádio e Televisão de Portugal facultasse tudo o resto mediante o pagamento de uma determinada quantia por cada fonograma, tal como acontece no download legal de ficheiros de música.
Mas como a concretização das ideias apresentadas não dependerá inteiramente de si mas de instâncias superiores, achei por bem dar conhecimento desta carta ao Provedor do Ouvinte, na esperança de que ele se digne submeter o seu teor à sua apreciação.
Com os melhores cumprimentos,
Álvaro José Ferreira
30 novembro 2006
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