29 setembro 2006
Propostas para o serviço público de televisão
Exmo. Sr. Provedor do Telespectador da Televisão Pública,
Tendo ouvido/visto o repto lançado pelo Sr. Provedor Paquete de Oliveira aos telespectadores da RTP para o ajudarem com a apresentação de sugestões com vista à melhoria do serviço público de televisão, eu não me podia escusar e, nessa medida, venho também dar o meu (modesto) contributo, reportando-me sobretudo aos dois canais de cobertura nacional em sinal aberto (RTP-1 e 2).
Passo a apresentar as minhas ideias e propostas, por áreas temáticas que embora não sendo estanques se tornam úteis para organizar a exposição.
1. Programas de debate e espaços de grande reportagem
Este é um ponto a que o serviço público devia dar uma atenção muito particular. No tocante aos espaços de debate existem dois – "Estado da Nação" e "Prós e Contras" - mas que pecam por se centrarem sobretudo na actualidade política. No programa apresentado por Fátima Campos Ferreira raramente se tratam de assuntos que embora não estejam na agenda politico/mediática nem por isso deixam de ter um real interesse para os cidadãos, um pouco no género do que era feito no programa "Hora Extra". Este programa que Conceição Lino apresentava na SIC era um notável exemplo de serviço público cujo modelo eu gostava que fosse adoptado na televisão pública, em sinal aberto. O "Prós e Contras" é um programa que tem os seus méritos mas, em minha opinião, um pouco cinzento e institucional e que também peca por alguns convidados caírem com muita facilidade na conversa fiada e cifrada, frequentemente enfadonha, pouco esclarecedora e pouco apelativa para o cidadão comum. Eu confesso que já me aconteceu chegar ao fim do programa e concluir que pouco ou nada contribuiu para verdadeiramente me elucidar sobre um determinado assunto.
No tocante aos espaços de reportagem (que devem ser autónomos dos noticiários), cumpre-me dizer que têm sido notoriamente descurados. Havia o espaço "Grande Informação", da responsabilidade de Judite de Sousa, que era bem feito e abordava temas sociais, o que lhe conferia um inegável interesse público, mas inexplicavelmente foi descontinuado. Recentemente apareceu um espaço de curtas reportagens intitulado "Reportagem" mas que, apesar do interesse de alguns temas tratados, peca pela exiguidade do tempo de duração. Porquê apenas 15 minutos e não meia hora ou mesmo uma hora? Se há temas que se conseguem tratar num quarto de hora sem problemas de maior, outros há que ficam notoriamente a perder com um tempo tão diminuto. E faz também falta na televisão pública um programa reservado a reportagens e documentários sobre as grandes temáticas do nosso tempo à escala mundial nos diversos domínios (ambiente, terrorismo, fenómenos sociais, etc.) um pouco no figurino do espaço "Toda a Verdade" (SIC Notícias). No canal 2, existia um bom programa nesta área chamado "Sinais do Tempo", mas também foi incompreensivelmente extinto. Veio depois a ressurgir na RTP-N, mas isso não é razão para não figurar também na grelha da RTP-2, a exemplo do que acontece – e muito bem – com os programas "Livro Aberto" e "Viajar é Preciso" e já aconteceu com "Estes Difíceis Amores" e "4 x Ciência". Aliás, penso que seria pertinente que estes e outros programas de cariz cultural/científico da RTP-N e também da RTP-Memória fossem retransmitidos (ainda que com algum desfasamento temporal) na RTP-2, mesmo a horas tardias. Deste modo, quem não pode ou não quer assinar os pacotes do cabo tinha a possibilidade de programar o videogravador para depois ver os programas do seu interesse a uma hora mais conveniente. Alguns exemplos: "1001 Escolhas" (Madalena Balça), "Histórias da Música" (António Vitorino de Almeida), "Se Bem me Lembro" (Vitorino Nemésio), "Viagem ao Maravilhoso" (Carlos Brandão Lucas), "Lendas e Factos da História de Portugal" (Luís Beja), "Histórias Que o Tempo Apagou" (José Hermano Saraiva), "Povo Que Canta" (Michel Giacometti e Alfredo Tropa), "Danças e Cantares", "Fados de Portugal".
2. Séries e mini-séries de ficção
Esta é outra área em que o serviço público pode marcar a diferença pela qualidade em relação às estações comerciais. Neste ponto, tenho de aplaudir algumas opções da RTP e de criticar outras. Para começar tenho de louvar o empenho da televisão pública na produção de séries de época baseadas em figuras/factos da nossa História e em obras literárias ("Ricardina e Marta", "Ballet Rose", "A Raia dos Medos", "O Conde d'Abranhos", "Alves dos Reis", "A Febre do Ouro Negro", "Gente Feliz com Lágrimas", "O Processo dos Távoras", "A Ferreirinha", "João Semana", "Pedro e Inês", "Bocage", "Quando os Lobos Uivam"). Umas foram mais bem conseguidas do que outras mas, em todo o caso, é importante que a RTP continue a apostar na produção de época pois se não for a televisão pública a fazê-lo mais ninguém o vai fazer. Por isso, espero que o vazio que se tem verificado ultimamente seja passageiro e que em breve possamos contar com outras séries de época de produção nacional. Aplaudo também a exibição pela RTP-1 de algumas mini-séries de época estrangeiras, algumas muito boas, mas lamento a não exibição, na RTP-1 ou 2, de séries do mesmo género de maior fôlego como já aconteceu anteriormente ("Norte e Sul", "As Saias da Revolução", "Napoleão", "Eu, Cláudio", "Reviver o Passado em Brideshead", "A Cartuxa de Parma", "Madame Bovary", "Os Miseráveis", "Anna Karenina", "Sensibilidade e Bom Senso", etc.). É verdade que passou recentemente na RTP-2 uma série intitulada "Roma" mas foi um caso isolado. E digo isto porque a direcção da RTP-2 parece só ter olhos para as séries americanas de cariz mais comercial e teima em ignorar a produção europeia que regista uma grande qualidade no capítulo das reconstituições de época e ficção histórica. Não digo que não haja séries americanas de qualidade como a já referida "Roma" ou "Sete Palmos de Terra", mas é inegável que muitas outras são produtos banais e vulgares, e sem qualquer substrato cultural, apenas entretenimento fútil e de baixo nível. Neste aspecto parece-me um flagrante desvio do serviço público e um desperdício do dinheiro dos contribuintes estar-se a ocupar o horário nobre do canal cultural da televisão pública todos os dias com séries infindáveis, as quais foram concebidas propositadamente para as televisões comerciais.
3. Cinema
Registo com agrado a transmissão que a RTP-1 tem vindo a fazer de bons filmes, mas não deixo de lamentar o enfoque exagerado no cinema norte-americano e, por outro lado, a colocação dos filmes de maior qualidade em horários muito tardios. Admito que a RTP-1 talvez não seja o canal mais indicado para o cinema europeu, mas há alguns filmes de linguagem e estilo acessíveis ao grande público que têm todo o cabimento num canal generalista de feição mais popular. Por acaso, a RTP-1 até transmitiu recentemente um desses filmes – "Pinóquio" – realizado e protagonizado por Roberto Benigni, mas cometeu um erro imperdoável e de palmatória: colocou-o às 2h da madrugada! Com que critério é que se atira para tal horário um filme que tem como alvo preferencial o público infantil? Era de caras que este filme devia ser colocado numa matiné, nunca num horário tão impróprio para o público a que se destina. Mas as minhas críticas em matéria de cinema vão sobretudo para a RTP-2 pela forma como tem desprezado a sétima arte, depois da abolição do espaço "Cinco Noites, Cinco Filmes". Um dos grandes erros da direcção de Manuel Falcão foi preferir as séries americanas ao cinema de qualidade: séries quase todos os dias e apenas uma filme por semana. Estava à espera que sob a direcção de Jorge Wemans, diminuísse o peso das séries de produção industrial e se apostasse de uma forma mais séria e digna no cinema, mas constato que a situação continua no essencial a mesma. Ora eu penso que o canal 2 da RTP tem uma obrigação acrescida de serviço público, relativamente ao cinema, que não está notoriamente a cumprir. Como já disse atrás, o canal passa apenas um filme por semana, (na rubrica "Sala 2"), e além disso restringe-se ao cinema americano. Penso que o cinema clássico norte-americano se adequa perfeitamente ao canal 2, mas já não acho razoável o ostracismo a que tem sido votado o cinema europeu – clássico e moderno – e igualmente o cinema português. No espaço "Noites da 2" foi recentemente exibido um ciclo de cinema português, mas há largas semanas que não se via um filme nacional na 2, o que acho totalmente inaceitável. O próprio canal 1, presumo que para cumprir calendário, passa mais cinema português e europeu (se bem que a começar às 2 e às 3h da madrugada!), o que dá bem para perceber a situação bizarra a que se vem assistindo no canal cultural da televisão pública portuguesa. Acresce que o espaço "Noites da 2", criado pela nova direcção de programas, supostamente para acolher conteúdos de qualidade na área do documentário, do cinema e das demais artes, tem, na prática, funcionado como um espaço (mais um!) onde são despejadas mais séries americanas, algumas de qualidade muito duvidosa. Em face disto, há uma pergunta que eu não posso deixar de formular à direcção da 2: as séries televisivas americanas tem mais valor cultural que o cinema, nomeadamente o europeu?
Escusado será dizer que a televisão pública tem um papel insubstituível na divulgação das obras-primas da História do Cinema, com especial incidência na produção europeia devido à sua menor visibilidade. Porque se não for o serviço público a fazê-lo, uma parte muita significativa da população portuguesa que gosta de cinema fica impossibilitada de fruir da obra de nomes tão importantes como Murnau, Fritz Lang, Fassbinder, Victor Sjöstrom, Ingmar Bergman, Dreyer, Jean Renoir, René Clair, Marcel Carné, Jean Cocteau, Truffaut, Claude Chabrol, André Techiné, Rosselini, Antonioni, Fellini, Visconti, Pasolini, Bertolucci, Franco Zefirelli, Luis Buñuel, Carlos Saura, D. W. Griffith, John Ford, Howard Hawks, Raoul Walsh, John Huston, George Cukor, Frank Capra, Joseph L. Mankiewicz, Orson Welles, Elia Kazan, Alfred Hitchcock, Michael Powell, Lawrence Olivier, David Lean, James Ivory, Roman Polanski, Sergei Eisenstein, Satyajit Ray, Kurosawa, Mizoguchi, Zhang Yimou, Chen Kaige, entre outros. Dado que uma grande parte da filmografia destes e de outros nomes de referência da História do Cinema não está disponível no mercado videográfico, e nem todos os cinéfilos têm possibilidade de frequentar a Cinemateca Portuguesa, eu sugiro que a Rádio e Televisão de Portugal celebre um protocolo com a Cinemateca com vista à transmissão televisiva dos melhores filmes dos vários ciclos que vão sendo programados para as salas da Rua Barata Salgueiro. Falei do cinema clássico mas convém não olvidar boa parte da produção actual que passa nos Festivais de Cinema (Cannes, Berlim, Veneza, etc.) e que depois, por não chegar às salas do circuito comercial, fica totalmente inacessível ao público. Cabe ao serviço público de televisão tornar essas obras também acessíveis aos amantes de cinema portugueses. E já que estou a falar de cinema não comercial, aproveito também para sugerir a criação de um espaço semanal dedicado ao cinema português. É um lugar-comum dizer-se que o público português não gosta do cinema português de autor e que só acorre às salas para assistir a filmes do género "O Crime do Padre Amaro". Não ponho em questão que haja algum fundamento nessa asserção, mas também é verdade que cabe à televisão uma função pedagógica no modo de ver e apreciar as obras cinematográficas mais exigentes e menos imediatistas. A este propósito, faço referência a divulgadores como João Bénard da Costa ou Lauro António que já tiveram programas próprios na televisão portuguesa e com quem muitas pessoas (eu incluído) aprenderam a ver os filmes com outros olhos mas que por motivos de mera lógica comercial foram afastados. Urge que essas experiências sejam retomadas no serviço público, porque a sensibilidade educa-se e o gosto pelas coisas da cultura cultiva-se. Há quem esteja disposto a fazê-lo, desde que quem dirige a televisão pública lhe abra as portas. Fala-se muito da falta de públicos para a cultura em Portugal, mas também não vejo nada de assinalável a ser feito nos media para resolver o problema.
4. Documentários
Outra área que, tal como a ficção de qualidade, devia constituir uma aposta forte da televisão pública mas que infelizmente também tem sido algo descurada. A RTP-1 passou recentemente uma série documental sobre a emigração portuguesa de grande qualidade e muito aclamada tanto pela crítica como pelo público e, como tal, não se compreende a fraca aposta da televisão pública no documentário de produção própria. A este propósito, não posso deixar de lamentar a extinção dos espaços da RTP-2 "O Lugar da História" e "Artes e Letras". O primeiro era coordenado por Júlia Fernandes que dava uma atenção muito especial à produção nacional, sendo que muitos deles nada ficavam a dever a belíssimos documentários estrangeiros que eram a imagem de marca do programa. Foram muitos e memoráveis os documentários que vi pela mão de Júlia Fernandes e confesso que sinto muitas saudades desse espaço pelo profissionalismo com que era feito e pela qualidade que apresentava. Em Janeiro de 2004, aquando da reestruturação do canal 2, o espaço foi criminosamente extinto tendo surgido os espaços "Mundos" e "Vidas" e "Hora Discovery" que a meu ver ficam muito aquém dos anteriores, quer em termos de conteúdos quer de conceito. E aponto apenas três pontos para fundamentar a minha opinião: o critério de escolha dos conteúdos e das produtoras, a locução em língua portuguesa e a produção nacional. Em tudo isto "O Lugar da História" era um notável exemplo. Agora os documentários são escolhidos de forma aparentemente aleatória sendo que alguns apresentam uma qualidade mediana para não dizer medíocre e sobre assuntos de duvidoso interesse cultural e pedagógico (sobretudo na "Hora Discovery"); quase não há locução em língua portuguesa prevalecendo a legendagem, o que constitui uma falha grave do serviço público para os telespectadores que não sabem ler mas que têm curiosidade intelectual e vontade de se enriquecem culturalmente; a produção nacional tornou-se insignificante e esporádica. Recentemente foi para o ar uma boa série documental em quatro episódios intitulada "Périplo" (em torno do Mediterrâneo), bem demonstrativa do que podíamos fazer com mais regularidade e não nos ficarmos por experiências esporádicas e avulsas. Por que motivo não se fazem documentários monográficos sobre figuras da nossa História e Cultura, que depois até podiam ser cedidos às escolas? Júlia Fernandes e Diana Andringa deram um importante contributo para o enriquecimento do acervo da RTP nesta área mas muito mais havia a fazer. E por que motivo não são repostos de vez em quando esses belos documentários nos canais de sinal aberto em vez ficarem apenas reservados à RTP-Memória?
Ainda em matéria de documentários gostava que houvesse um maior investimento no campo da História e particularmente na História da Arte. Há pouco tempo passou uma série documental intitulada "A Vida Íntima de Uma Obra-Prima" que me fascinou e com a qual muito aprendi. Faço votos para que mais documentários do género sejam exibidos proximamente. Sugestão: uma série documental sobre o Renascimento, outra sobre o Impressionismo e ainda outra sobre a arte oriental.
5. Artes cénicas
Esta é a área por excelência de qualquer serviço público de televisão que se preze. Infelizmente no caso da RTP, em especial do canal 2, quer o teatro, quer a ópera, quer a dança têm andado pelas ruas da amargura. Durante algum tempo, mesmo depois da reestruturação da grelha da RTP-2 ocorrida em Janeiro de 2004, lá aparecia uma ópera ou um bailado de tempos a tempos. Agora, nada! Porquê? E de teatro nem vale a pena falar já que desde 2004 não me lembro de alguma vez ter sido transmitida alguma peça na 2. Ora isto é totalmente inaceitável porque, felizmente, o arquivo da RTP tem um espólio apreciável de peças produzidas propositadamente para a televisão, algumas muito bem feitas. Sem prejuízo de novas produções, haverá alguma razão plausível para que a RTP-Memória tenha o exclusivo da transmissão das peças do arquivo, a ponto de nunca serem exibidas na RTP-2, o canal cultural da televisão que todos os contribuintes suportam?
6. Programas musicais
Esta é outra área claramente deficitária na televisão pública, sobretudo nos canais destinados ao público residente em Portugal. Pessoalmente, para ouvir música prefiro a rádio ou a minha colecção de CDs e de ficheiros áudio mas atendendo à força que a televisão tem, penso que ela devia dar mais atenção à música, especialmente a que tem a ver com as raízes culturais portuguesas e do espaço lusófono. Começando pela RTP-2 encontro o espaço "Músicas" aos sábados depois da "Sala 2", de que sou fiel telespectador, e que me parece excessivamente centrado no pop/rock de origem anglo-americana e, mesmo assim, com escolhas que deixam muito a desejar. A meu ver, é muito discutível o critério segundo o qual se põe na RTP-2 nomes como Christina Aguilera e Anastacia, ou seja, no mesmo canal onde está (ou devia estar) a ópera e o bailado. Acresce ainda que há pouca música portuguesa e lusófona, assim como se nota uma grande escassez de jazz e ainda mais de 'world music'. No tocante à música portuguesa (dos diversos géneros) é flagrante a falta na RTP de um programa de música ao vivo, um pouco ao estilo do "Viva a Música" que Armando Carvalheda faz para a Antena 1 e que merecia maior visibilidade. Já agora, e aproveitando as sinergias rádio/televisão públicas, não seria boa ideia a RTP filmar essas actuações para as transmitir posteriormente num espaço regular semanal? Fica a sugestão! Os programas de imitações do tipo "A Canção da Minha Vida" que, de vez em quando, aparecem na grelha da RTP-1, além de serem caros, não são, de forma alguma, a melhor solução para dar a ouvir música na televisão. Admito que tais programas – aliás um entretenimento algo pobre – possam fazer algum sentido no caso de artistas falecidos ou retirados, mas jamais se pode aceitar que sejam encarados como substitutos da presença em palco de artistas no activo desde os mais velhos aos mais novos. Em Portugal, há bastantes nomes que, por causa do critério de formação das 'playlists', não têm lugar nas rádios de cobertura nacional, o que dificulta imenso a divulgação dos trabalhos que vão produzindo. E se esta é uma situação grave para determinados artistas de nome feito que, apesar de tudo, ainda vão conseguindo ter uma razoável agenda de espectáculos, constitui uma verdadeira asfixia para muitos nomes de talento que não pertencem aos 'lobbies' que controlam ou têm poder de influência nas rádios e televisões. Devido a este estado de coisas, muitos são os músicos/grupos de qualidade que não conseguem vingar ou que vão ficando pelo caminho e que podiam enriquecer o nosso património musical e, ao invés, somos inundados com os produtos mais banais e medíocres só porque é isso que interessa às grandes editoras. Na sociedade do nosso tempo, quem não aparece nos media é como se não existisse e, como tal, cabe à rádio e televisão do Estado, devido à sua responsabilidade acrescida, desempenharem um papel de correcção dessa distorção tornando visível ao grande público a boa música que não aparece nos tops. E já que falei em tops, aproveito para referir o programa "Top+", quanto a mim um claro exemplo do que não deve ser feito na televisão pública. Com efeito, trata-se de um espaço notoriamente ao serviço dos interesses comerciais das 'majors' discográficas e concebido do princípio ao fim com esse propósito. Que serviço público pode prestar um programa de televisão que passa apenas a música comercial insistentemente rodada na generalidade das rádios e no canal MTV?
Mais tinha que dizer mas como a exposição já vai longa fico-me por aqui. Espero o Sr. Provedor do Telespectador tenha em boa conta as considerações e os comentários que achei por bem tecer e que, de algum modo, lhe possam ser úteis para a formalização de propostas concretas aos altos responsáveis da RTP. A bem do serviço público de televisão!
Com os mais respeitosos cumprimentos,
Álvaro José Ferreira
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