10 setembro 2010

Concertos Antena 1



Finda a temporada de Verão dos concertos Antena 1, com realização e apresentação de Ana Sofia Carvalhêda, há que fazer um balanço. Começo por dizer que a qualidade genérica dos concertos não decepcionou, se exceptuarmos três ou quatro casos muito abaixo da média. O meu reparo prende-se com outras duas questões que considero muito importantes e não deviam ser descuradas numa estação de rádio nacional e generalista:

1. Linguagens musicais contempladas.
O fado de Lisboa foi o género largamente privilegiado e quase não se ouviu música tradicional/folk. Só a Ronda dos Quatro Caminhos e Júlio Pereira marcaram presença ao longo de um mês de concertos. É muito pouco. E não foi certamente por falta de intérpretes dentro dessa vertente musical e de concertos que tal aconteceu. Talvez na cidade de Lisboa não ocorram, por razões algo misteriosas (quiçá por falta de sensibilidade dos programadores), muitos concertos de música tradicional/folk mas na chamada região metropolitana – designadamente em Sintra (Centro Cultural Olga Cadaval) e Almada (Fórum Romeu Correia e Auditório Fernando Lopes-Graça) – a situação é diferente. O mesmo direi relativamente ao resto do país, designadamente no Porto e em Coimbra. E aqui passo ao ponto seguinte.

2. Área geográfica de gravação dos concertos.

Praticamente todos os concertos transmitidos pela Antena 1 foram gravados em salas ou recintos de Lisboa – CCB, Palácio de Belém, Praça de Armas do Castelo de São Jorge, Teatro Municipal de São Luiz, Cinema São Jorge. Que me lembre, apenas um concerto – o do fadista Duarte – foi gravado fora, em Évora, mais concretamente no Teatro Garcia de Resende. Não é aceitável que, tendo o país uma boa rede de cine-teatros e auditórios, de norte a sul, onde decorrem espectáculos musicais de excelente qualidade e em condições acústicas em tudo idênticas (nalguns casos, superiores) às das salas/recintos lisboetas citados, a rádio pública ignore esse facto. A Antena 1 é uma estação nacional e não uma rádio local de Lisboa, de acordo com o respectivo estatuto aprovado pelos órgãos de soberania da República. Nessa conformidade, tem a obrigação de tomar em consideração a realidade cultural, no caso a musical, do todo nacional, incluindo obviamente as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

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