No domingo passado, foi para o ar a última emissão do programa "O Amigo da Música", que José Nuno Martins vinha apresentando na Antena 1 há 81 semanas. O autor do programa, cuja indigitação para provedor do ouvinte teve parecer favorável do Conselho de Opinião da RDP, entendeu por bem sair de antena. É uma atitude muito digna e que faço questão de louvar, mas não escondo a minha pena por ver chegar ao fim um dos bons programas de autor da rádio portuguesa e de que era assíduo ouvinte. Embora não tenha apreciado uma ou outra opção de José Nuno Martins, isso não me impede de fazer um balanço globalmente muito positivo do seu trabalho. E digo isto por três boas razões: primeira, José Nuno Martins é incontestavelmente uma das figuras de proa da rádio portuguesa e talvez o maior conhecedor, entre nós, de música brasileira e latina em geral; segunda, um programa dedicado às músicas da latinidade, no actual panorama radiofónico monopolizado pela música comercial anglo-americana, é verdadeiro serviço público; terceira, "O Amigo da Música" havia conquistado a fidelidade de muitos ouvintes desiludidos com a rádio actual, facto que deve ser assinalado porque a desumanização trazida pelas 'playlists' levou inevitavelmente à quebra dos elos de identificação e cumplicidade que as pessoas tinham com ela.
Espero que a direcção da Antena 1 saiba preencher convenientemente o vazio deixado pelo fim (preferia chamar-lhe interregno) do programa de José Nuno Martins. Atendendo ao desequilibrado figurino até agora implementado nas 'playlists' da rádio pública, mais premente se torna ainda a existência de espaços em que possamos ouvir as músicas mais genuínas do mundo latino, sem esquecer as desta faixa ocidental da Ibéria.
11 abril 2006
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