26 junho 2025

Rodrigo Leão: "A Cidade Queimada"


(in https://travelnaut.com/)
Ruínas da cidade de Cartago, perto de Tunes, na Tunísia.


A cidade-estado de Cartago localizava-se no Norte da África, próximo da actual cidade de Túnis (ou Tunes), capital da Tunísia. Foi fundada no século IX a.C. pelos Fenícios, povo oriundo do território que corresponde hoje maioritariamente ao do Líbano e que durante séculos dominou o comércio marítimo de metais preciosos, sobretudo no Mediterrâneo, fundando diversas colónias na Sicília, na Sardenha, na Córsega, nas Ilhas Baleares, na Península Ibérica e no Norte da África. Cartago, inicialmente uma colónia, foi fundada com o objectivo de ser um entreposto comercial na costa norte-africana e possibilitar a exploração das riquezas metalúrgicas da região. Devido à exiguidade do território e à vizinhança de povos belicosos, Cartago voltou-se para o mar. Com a economia centrada no comércio marítimo, os Cartagineses controlavam a exploração e a venda de metais preciosos no Mediterrâneo Ocidental. Com o decorrer do tempo, passaram a exercer domínio político sobre boa parte do Mediterrâneo, controlando as rotas daquele mar interior por mais de seis centúrias. No século IV a.C., Cartago florescia como uma grande e importante cidade, pontuada de templos, palácios e altos edifícios. No entanto, essa prosperidade fez com que entrasse em colisão com outra potência em ascensão no Mediterrâneo, Roma. As confrontações entre Cartagineses e Romanos ficaram conhecidas como as Guerras Púnicas. A primeira Guerra Púnica teve início em 264 a.C. e o seu desfecho mudaria o curso da História e Aníbal Barca, o grande general cartaginês, ficaria nos anais como um dos maiores génios militares de todos os tempos. Aníbal lançaria uma das mais incríveis campanhas de ataque já vistas. Dado que Roma passara a dominar o Mediterrâneo, na sequência da vitória na primeira Guerra Púnica, Aníbal resolveu marchar por terra, partindo da Península Ibérica em direcção aos Alpes chefiando um exército onde iam 37 elefantes, com o objectivo de alcançar Roma e, desta forma, vencer os Romanos no seu próprio território. Na Batalha de Canas, ocorrida a 2 de Agosto de 216 a.C., na Apúlia (sudeste da Península Itálica), infligiu ao exército romano uma pesadíssima derrota. No entanto, Aníbal não chegou a atacar a cidade de Roma, demorando-se no sul da Península Itálica e terminando por regressar a Cartago, por via marítima, a fim de defender a cidade do ataque dos Romanos. Acabaria por ser derrotado na Batalha de Zama, a 19 de Outubro de 202 a.C., por Cipião, que receberia o cognome de 'O Africano'. Chegava assim ao fim a Segunda Guerra Púnica, e Cartago perdia os seus territórios ultramarinos, ficava despida do seu poder militar e obrigada a pagar avultadas indemnizações de guerra. Temendo que a cidade-estado se reerguesse comercial e militarmente, a República Romana, incitada pelo cônsul Catão, o Velho, voltava a atacar Cartago, desta vez para destruir a urbe definitivamente, na que seria a terceira e última Guerra Púnica. Em 146 a.C., Cartago foi incendiada, devastada e o seu chão salgado, para que nele nada germinasse e crescesse futuramente. Com o fim de Cartago, Roma consolidava o seu domínio no Mediterrâneo, vindo a tornar-se o mais poderoso império da Antiguidade no Ocidente. [adaptado do texto publicado no sítio da Fundação Cultural Palmares].



(in https://commons.wikimedia.org/)
Territórios cartagineses ou sob influência de Cartago cerca de 264 a.C., antes da Primeira Guerra Púnica.


       CARTHAGO, maio. — Um belo dia de sol nas ruinas de Carthago... Como tudo isto é velho! Como estas pedras brancas são evocativas! Como estas pobres flores que crescem um pouco por toda a parte exalam ainda o perfume do passado!
       Quanta beleza morta, quanta riqueza perdida, quanta gloria sepultada para sempre sob as lages tumulares desta imensa necropole carthaginesa!
       Ao viajante que chega, trazendo ainda nos olhos a visão graciosa de Tunis, meia arabe, meia francesa, apontam-lhe do alto da colina de Byrsa o panorama deslumbrante que corre á beira-mar e dizem-lhe: — Aqui foi Carthago.
       Carthago! Da sua gloria, da sua beleza, do seu passado, resta apenas a recordação material no capitel gracioso duma coluna corinthia, no sorriso divino duma estatua mutilada, na inscrição piedosa duma lapide votiva. Tudo quanto foi grande e orgulhoso e belo — já não existe. Caiu sob o peso do odio romano. A voz de Catão ouve-se ainda, entre murmurios de aprovação, nas bancadas do Senado de Roma:
       — Delenda est Carthago!
       E de Carthago não ficou pedra sobre pedra. O proprio terreno foi salgado — para que nem a haste humilde duma planta brotasse do seio da terra. E estas pobres flores, que hoje crescem entre velhas sepulturas, teem o vago ar de quem pede perdão aos manes gloriosos do «Africano».
       A destruição poupou os mortos. E nada restaria hoje da velha Carthago, se os romanos não tivessem respeitado, talvez por um temor supersticioso, o interior sagrado das sepulturas. E foi ao silencio milenario da morte, tal qual como no Egipto, que os arqueologos foram buscar elementos para reconstituir a vida.
       A pouco e pouco, das profundidades da terra, das catacumbas sombrias dos cemiterios, começaram a sair as estatuas, as lapides funerarias, as moedas, as lampadas, as joias, os amuletos, os punhais, os espelhos, os vasos de argila, de bronze, de alabastro, os deuses, as mascaras, os ossos calcinados.
       E de todas estas reliquias milenarias fizeram um museu. Todos os traços que as civilisações antigas deixaram á superficie da terra, todas as recordações longiquas de uma gloria sepultada no tropel de mil batalhas, estão hoje minuciosamente catalogados nas vitrines dos museus. A beleza morta revive aos nossos olhos em gaiolas de cristal. Aqui é o sorriso claro duma ninfa, além o desenho caprichoso dum mosaico, mais além a curva delicada duma anfora. Sobre o seu plinto de marmore rosa, com duas grandes azas de abutre a estreitarem-lhe, num supremo abraço, a graça ondulada da cintura e a curva elegante das pernas, a sacerdotisa Arisatbaal sorri. Os labios entreabertos, os olhos pintados, a floresta de oiro dos seus cabelos aprisionada dentro do Klaft, a linha deliciosa do colo desenhada debaixo duma fieira de perolas, a estatua funeraria da linda sacerdotisa reflecte, na expressão divina do marmore, uma serenidade magestosa.
       Dentro dos sarcofagos jazem, como nas salas de osteologia, esqueletos milenarios. Pelos cantos, amontoam-se peças raras de ceramica. Em frisos de madeira, erguem-se figuras risonhas de bronze e de terra-cota. E são as inscrições tumulares; e são as pequenas moedas de oiro; e são os ex-votos em honra de Tanit, de Astarté, de Baal-Hamon; e são os colares, os aneis, os braceletes que acompanhavam as lindas damas cartaginesas á sepultura; e são os vasos de perfumes, as deliciosas figurinhas de estilo chaldeu ou de molde egipcio; e são as lampadas humildes que iluminavam o santuario dos deuses e o lar familial; e são os espelhos — oh! esses espelhos mutilados que reflectiram ha dois mil anos as imagens sorridentes das belas cartaginesas, como eles conservam imutavel atravez dos seculos a graça feminina e o desejo soberano de agradar!
Dentro desta sala fria de museu, nada nos dá uma tão poderosa impressão da vida que se apagou, da vida que já não existe, mas que quere continuar ainda na vida eterna das sepulturas, como estes pedaços de espelho que ainda brilham, que ainda reflectem imagens, que ainda nos falam duma beleza morta, duma beleza mutilada que jaz para sempre nas prateleiras sepulcrais dos museus e nos oculos graves dos arqueologos.
       A velha Kart Hadac morreu. Dido já não acolhe, sob as colunas do templo de Juno, o sorriso de Enêas. Salambô, a linda sacerdotisa, já não sacrifica em honra de Tanit. Uma cidade romana elevou-se sobre as ruinas punicas.
       Aqui era o anfiteatro. Colunas partidas, arquitraves mutiladas, capiteis dispersos por toda a parte. Arquibancadas que ouviram o grito da plebe pedindo sangue, fossos que ouviram o rugido dos leões pedindo carne. Sob a porta mortualis passaram Santa Felicidade e Santa Perpetua. Debaixo da abobada sombria do spoliarium morreu São Saturnino. Mais tarde, a charrua lavrou a arena ensanguentada e da terra regada pelo sangue piedoso dos martires nasceu o trigo.
       Os arqueologos cavaram as ruinas. A enxada encontrou vestigios com dois mil anos de idade. E foram aparecendo fragmentos de colunas, moedas, lampadas, frisos, cadeiras de marmore, estatuetas, baixos relevos, aneis, laminas de chumbo, até á cabeça laureada dum imperador. Diana acaricia as hastes dum veado. Juno Celeste cavalga, magestosa, sobre o dorso dum leão.
       A cidade romana não era menos bela que a cidade carthaginesa. No cume de Byrsa erguia-se o Capitolio, o santuario de Jupiter. Lançando a vista para o lado do mar, no sitio onde hoje se estende a cidade ribeirinha de La Goulette e mais áquem a povoação risonha de Salambô, podiam ver-se a Curia, o Forum, as muralhas, as termas, as basilicas, os teatros e ao longe o porto onde se abrigou a esquadra de Scipião. A paisagem era toda verde. A terra era fertil. Entre a sombra deliciosa dos jardins, erguiam-se lindas vilas romanas. O ar estava embalsamado de mil perfumes. Corria sempre agua fresca da fonte das mil anforas.
       O panorama, felizmente, não mudou. Ainda hoje é um dos mais belos do mundo. A nordeste, prolonga-se o cabo de Sidi-bu Saïd, com a vila arabe do mesmo nome. Do outro lado do golfo, em face de Carthago, a linha branca de Kourbés, onde havia na antiguidade os celebres aquae carpitanae. Ao sul, dominando toda a extensão do Bakira, o Djebet-bu-Kornin, que guardava num dos seus cumes o templo de Saturno Balcaranensis. Para oeste, a casaria branca de Tunis, as colinas de Djaffar e de Ariana, os terraços humildes de La Malga. Ao norte, a colina de Gamart, o Djebet-Khauï com a sua necropole judia, a cidade aristocratica de La Marsa e mais longe, na linha do horizonte, os contrafortes gigantescos do Atlas — que vem morrer junto do Cabo Bom.
       E ao longo da planicie verdejante que se estende até ás muralhas de Tunis, campos de trigo, florestas de oliveiras e vilas graciosas como no tempo dos romanos. O sol tinge com uma patine doirada os minaretes de Tunis. A atmosfera é transparente e doce — como na tarde de Pharsalia. As flores ainda têm o mesmo perfume que enfeitiçava Salambô nas noites de luar...

                                                              Norberto Lopes

                        [in "Diário de Lisboa", 26 Jun. 1925 – p. 1]


«Faz hoje cem anos, o grande repórter Norberto Lopes, terminado um longo périplo pelo continente africano, assina, a quase toda a largura da primeira página do "Diário de Lisboa", uma cuidada prosa sobre "um belo dia de sol nas ruínas de Cartago". Há cem anos, o repórter escrevia Cartago com th, "trazendo ainda nos olhos a visão graciosa de Túnis".
Tudo era mais lento, à época. O texto estava datado de Maio, escrito sob a impressão forte de um lugar tão repetidamente sentenciado pela frase implacável de Catão, o Velho, uma espécie de carimbo final dos discursos do senador romano: "Que Cartago seja destruída". Catão era quase menino quando se alistou para combater os cartagineses, ficou-lhe porventura aquela divisa como distintivo.
Era esse tempo de há um século desprovido da varinha mágica da instantaneidade. Foi preciso esperar um mês até que ele ganhasse as rotativas do número 48 da Luz Soriano.
Na prosa aquecida por um sol entre ruínas, o repórter destaca os afloramentos de um passado glorioso, "o capitel gracioso duma coluna coríntia (...), a inscrição piedosa duma lápide votiva", lá onde "não ficou pedra sobre pedra". A tal ponto que, escreve Norberto Lopes, "o próprio terreno foi salgado – para que nem a haste humilde de uma planta brotasse do seio da terra". Mas o grande repórter parece colher uma inesperada flor da poeira pisada pelos cavalos de Cipião. E isso o leva a concluir que "a destruição poupou os mortos", pois "nada restaria hoje da velha Cartago (ele escreve com th, escrevia-se com th) se os Romanos não tivessem respeitado, talvez por um temor supersticioso, o interior sagrado das sepulturas".
Naquele lugar em redor do qual tantas cidades, tantas pegadas de cavalos, foram sobrepostas, um repórter anota, dois mil anos depois, mas ainda num tempo em que a lentidão marcava, mesmo que ofegante, a sucessão dos dias e o compasso das rotativas, o legado dos arqueólogos, colunas, moedas, frisos de mármore, "a cabeça laureada de um imperador", Diana acariciando "as hastes de um veado".
Assim o repórter futuro, centenas de anos adiante de nós, recolha, possa recolher do arqueólogo ou do robot arqueólogo e mostre ao mundo, possa mostrar ao mundo as cidades agora destruídas e soterradas, lá onde os novos Cipiões alvitraram Rivieras. Ainda que não possa, não queira, ou não saiba, usar palavras tão inebriantes como as de Norberto Lopes, aquelas que ele resgatou do vento há cem anos diante dos minaretes de Túnis. E que, tal como há cem anos, a atmosfera seja "transparente e doce – como na tarde de Pharsalia" e as flores tenham "o mesmo perfume que enfeitiçava Salambô nas noites de luar".
Assim os repórteres futuros não se percam de Flaubert, tal como Norberto Lopes não se perdeu.» [Fernando Alves, "Um belo dia de sol, há cem anos, em Cartago", in "Os Dias que Correm", 26 Jun. 2025]


Tendo em conta que a cidade de Cartago foi incendiada, a crónica que Fernando Alves achou por bem dedicar à primorosa e impressiva prosa com que o repórter Norberto Lopes relatou a visita que fez às ruínas da vetusta urbe, em Maio de 1925 (e aproveitamos para manifestarmos o nosso elevado apreço a ambos os escribas), podia muito adequadamente ser rematada com a composição "A Cidade Queimada", de e por Rodrigo Leão, originalmente publicada no magnífico álbum "Cinema" (2004) e incluída na compilação "O Mundo (1993-2006)" lançada dois anos mais tarde. O tom plangente, quase funéreo, que o distinto compositor/intérprete imprimiu à música tornava ainda mais apropriada e justa a escolha deste tocante registo, que até é curto (1':20"), para funcionar como epílogo a uma crónica consagrada à desditosa cidade de Cartago. O locutor de serviço, Miguel Freitas, seguindo o mau exemplo de Ricardo Soares preferiu, infelizmente, ficar quietinho (não sabemos de por mero comodismo ou se acatando ordens expressas de Nuno Galopim de Carvalho) e mal a crónica chegou ao fim limitou-se a debitar os valores máximos das temperaturas previstos para todas as capitais de distrito de Portugal. É triste!



A Cidade Queimada



Música: Rodrigo Leão
Intérprete: Rodrigo Leão* [in CD "Cinema", Columbia/Sony Music Entertainment (Portugal), 2004; 2CD "O Mundo (1993-2006)": CD 1, Columbia/Sony BMG Music Entertainment (Portugal), 2006]




(instrumental)


* Rodrigo Leão – piano

Arranjos – Rodrigo Leão, Pedro Oliveira e Tiago Lopes
Produção – Sony Music Entertainment (Portugal), S.A., dirigida por Pedro Oliveira, Tiago Lopes e Rodrigo Leão
Produção executiva – António Cunha
Gravado nos Estúdios OCV Muzika, por Tiago Lopes e João Eleutério, de Março a Maio de 2004
Misturado por Tiago Lopes, João Eleutério, Pedro Oliveira e Rodrigo Leão, nos Estúdios OCV Muzika, em Maio de 2004
Masterizado por António Pinheiro da Silva, nos Estúdios OCV Muzika
URL: https://www.rodrigoleao.pt/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Le%C3%A3o
https://www.facebook.com/rodrigoleaomusic/
https://www.instagram.com/rodrigoleaomusic/
https://www.youtube.com/@rodrigoleaochannel/videos
https://music.youtube.com/channel/UCN1A0Onev1XPUnQyz0Ttqrw



Capa do CD "Cinema", de Rodrigo Leão [Columbia/Sony Music Entertainment (Portugal), 2004]
Fotografia – Steve Stoer
Design e direcção de arte – Marco Sousa Santos



Capa da compilação em duplo CD "O Mundo (1993-2006)", de Rodrigo Leão [Columbia/Sony BMG Music Entertainment (Portugal), 2006]

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Revisitando "Os Dias da MadreDeus"
Celebrando Carlos Paredes
Em memória de Herberto Helder (1930-2015)
Madredeus: "Solstício"

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