25 abril 2024

José Mário Branco: "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades"


«Esta ilustração foi publicada na capa do "Diário de Notícias", no aniversário da Revolução dos Cravos de 2020, quando vigorava o confinamento nacional da COVID-19. As pessoas foram convidadas a recortar o desenho e a colá-lo nas janelas ou noutras superfícies à sua escolha. Como o desenho se tornou algo viral e as pessoas pareciam gostar dele, contactei a Galeria de Arte Urbana de Lisboa (GAU), instituição que gere a arte pública na cidade, e propus doar a imagem, para ser transformada em mural. Foi facultado um muro perto da entrada leste da movimentada estação ferroviária de Sete Rios. O artista de rua Raps aceitou o desafio de pintá-lo e eu fiquei muito satisfeito com o resultado. Quando se fazia a pintura, as pessoas paravam e agradeciam-nos. Um senhor mais velho disse que o seu dia terminaria com um sorriso. Era tudo o que precisávamos de ouvir.» (André Carrilho, in https://andrecarrilho.myportfolio.com/)


O regime ditatorial que vigorou em Portugal entre 28 de Maio de 1926 e 25 de Abril de 1974 teve, no início, mau grado a resistência dos republicanos, dos anarquistas e dos comunistas, um substancial apoio popular por ter posto termo à continuada instabilidade política e social que caracterizou a República, sobretudo depois da traumatizante participação na Primeira Grande Guerra. O salazarismo que até teve a virtude, se assim nos é permitido afirmar, de manter o país fora da colossal hecatombe que foi a Segunda Guerra Mundial, ainda que sem evitar o feroz racionamento dos bens de primeira necessidade que afectou sobretudo os mais desfavorecidos, viu crescer a contestação no pós-guerra, em resultado da repressão e da perseguição a quem pugnava por eleições livres («tão livres como na livre Inglaterra», conforme havia anunciado, hipocritamente, Salazar) – contestação essa que se acentuou e alastrou consideravelmente a partir das fraudulentas eleições presidenciais de 1958. A perda do Estado Português da Índia, invadido pelas tropas de Nehru, a 18 de Dezembro de 1961, e a exauriente (de vidas humanas e de recursos económicos) Guerra Colonial em África acabariam por levar o regime, que assentava numa ideologia arreigadamente colonialista, a um beco sem saída. O Estado Novo era, na década de 1960 e nos inícios da seguinte, um anacronismo histórico. Os tempos haviam mudado e a vontade de mudança também cresceu na sociedade, mas o regime continuava, cegamente, a trilhar o caminho que inevitavelmente iria conduzir ao seu fim. E o fim aconteceu quando, inicialmente motivado por uma questão corporativa ligada precisamente à Guerra Colonial, um movimento militar protagonizado por oficiais intermédios (capitães, na sua maioria), seguindo um plano proficientemente gizado pelo major Otelo Saraiva de Carvalho, foi levado a cabo, com sucesso, no dia 25 de Abril de 1974. Nesse sucesso foi fundamental a adesão do povo que, apesar das recomendações assinadas pelo denominado Movimento das Forças Armadas comunicadas, via rádio, de se recolher em casa, veio para a rua em apoio aos militares libertadores e dando largas à sua incontida e esfuziante alegria. O golpe militar transformou-se assim em Revolução, a Revolução dos Cravos, que alguns observadores estrangeiros consideraram a primeira revolução política romântica, apesar de algum sangue ter sido derramado (as cinco mortes ocorridas na Rua António Maria Cardoso – quatro civis criminosamente alvejados, a metralhadora, pela PIDE/DGS, e um agente de baixa categoria daquela polícia torcionária baleado pelas costas, por um militar, quando tentava fugir). Estava derrubada a mais velha e caquéctica ditadura da Europa Ocidental no século XX, e aberto o caminho para a concretização das legítimas aspirações do povo português à liberdade, à paz e à justiça social. Volvidos cinquenta anos é precisamente na justiça social – outro nome para a igualdade e a fraternidade que, não por acaso, José Afonso menciona na "Grândola" – que a Revolução de Abril ainda está por cumprir. No que concerne à distribuição da riqueza, por exemplo, têm sido significativos os retrocessos em relação ao que se havia alcançado após o derrube do Estado Novo. É verdade que há meio século a vida da generalidade da população era ainda pior do que hoje, mas tal argumento não colhe junto daqueles que não possuem a memória viva/vivida do tempo da ditadura. O termo de comparação que têm – e inteiramente legítimo, de resto – é o da realidade dos países mais desenvolvidos, onde muitos procuram (e encontram) as condições de vida e dignidade que o seu país lhes nega. E não é de estranhar que um avultado número (centenas de milhares) desses esquecidos e injustiçados pela democracia acabem por ser receptivos às promessas higienizantes e salvíficas apresentadas por forças partidárias que denunciam – não raramente com razão – as iniquidades prevalecentes no sistema vigente, o qual resiste em debelar, quiçá por ter sido capturado por interesses instalados que tudo fazem para se manterem incólumes e, se possível, até incrementarem a sua situação de privilégio à custa do bem-comum. Seria avisado que os agentes políticos que se arrogam de democráticos (afinal, sempre foram eleitos em sufrágio livre e universal, não é verdade?, apesar da elevada abstenção e dos votos brancos e nulos), mas cuja praxis, na realidade, mina os alicerces da democracia ao protegerem (e até favorecerem) os interesses de uma casta de privilegiados, em prejuízo de muitos, atentassem nas sábias e lapidares palavras que Camões grafou no soneto "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". Há cinquenta anos, a ditadura caiu porque as vontades mudaram, mas nada nos garante que o pretensamente melhor de todos os regimes políticos conhecidos resista, a médio prazo, às novas vontades de mudança geradas por insatisfação e desconfiança. Os tempos que aí vêm prenunciam-se sombrios para as democracias e só as que forem efectivamente democráticas, ou seja, as denodadamente empenhadas na promoção do bem-estar do povo, não serão (grandemente) molestadas.
Aqui fica, pois, o referido poema de Camões, admiravelmente adaptado e interpretado por José Mário Branco, esperando que a sua mensagem seja tomada em devida conta por aqueles que têm responsabilidades acrescidas em zelar pela saúde da democracia, a fim de que ela consiga resistir (melhor) às investidas de agentes adversos. Oxalá!

Na Antena 1, tem sido possível ouvir, por estes dias, canções de José Mário Branco e de outros categorizados cantautores portugueses. Suspeitamos que seja sol de pouca dura e que as respectivas discografias não demorem a ser metidas na gaveta dos intocáveis por quem gere a 'playlist'...



Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades



Poema: Luís de Camões (adaptado) [texto original >> abaixo]
Adaptação e refrão: José Mário Branco
Música: Jean Sommer
Intérprete: José Mário Branco* (in LP "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", Guilda da Música/Sassetti, 1971, reed. UPAV, 1991, EMI-VC, 1996, Parlophone/Warner Music Portugal, 2018)




[instrumental]

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre...
tomando sempre novas qualidades.

      E se todo o mundo é composto de mudança,
      troquemos-lhe as voltas,
      que inda o dia é uma criança!


[instrumental]

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem...
e do bem, se algum houve, as saudades.

      E se todo o mundo é composto de mudança,
      troquemos-lhe as voltas,
      que inda o dia é uma criança!


[instrumental]

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, em mim, converte em choro o doce canto.
e, em mim, converte...
e, em mim, converte em choro o doce canto.

      E se todo o mundo é composto de mudança,
      troquemos-lhe as voltas,
      que inda o dia é uma criança!


[instrumental]

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.
que não se muda...
que não se muda já como soía,

      E se todo o mundo é composto de mudança,
      troquemos-lhe as voltas,
      que inda o dia é uma criança!


[instrumental]


Nota: «A ideia para esta canção surgiu quando José Mário Branco, durante o seu tempo de exílio em França, releu o soneto "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", de Luís de Camões. Nessa ocasião, pediu ao seu amigo e músico Jean Sommer para utilizar a música de uma canção sua, "La Nouvelle Génération", e assim surgiu a canção "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", à qual foi apenas acrescentado o refrão "E se todo o mundo é composto de mudança/ troquemos-lhe as voltas, que inda o dia é uma criança."» (in https://arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt/)


* José Mário Branco – voz solo, viola acústica de base, e coros
Jean Sommer – viola
Willy Lockwoode – contrabaixo
Daniel Lalloux – timbales e pratos
Jacqueline Ritchie – flauta de bisel
Sérgio Godinho – coros
Jorge Constante Pereira – piano

Arranjos e direcção musical – José Mário Branco
Gravado no Strawberry Studio, de Michel Magne, em Château d'Hérouville (França), em Fevereiro de 1971
Engenheiro de som – Gilles Sallé
Masterização digital (edição de 1996) – José Fortes
URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_M%C3%A1rio_Branco
https://arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt/
https://www.facebook.com/FascismoNuncaMais/posts/725849500857765/
https://www.buala.org/pt/cara-a-cara/jose-mario-branco-a-eterna-inquietacao
https://www.nit.pt/cultura/musica/morte-lenda-momentos-marcantes-vida-jose-mario-branco
https://expresso.pt/cultura/2019-11-19-O-momento-antes-de-disparar-a-seta-a-entrevista-de-Jose-Mario-Branco
https://www.esquerda.net/topics/dossier-303-jose-mario-branco-voz-da-inquietacao
https://www.publico.pt/jose-mario-branco
https://music.youtube.com/channel/UChQPBSV5W6kL-jw1Tp08g_w
https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/videos?query=jose+mario+branco



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

(Luís de Camões, in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970)


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, em mim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.



Capa do LP "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", de José Mário Branco (Guilda da Música/Sassetti, 1971)
Concepção – José Rodrigues

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Outros artigos com canções ou poemas alusivos à Revolução dos Cravos ou à Liberdade:
Contrabando: "Verdade ou Mentira?"
Grupo Coral "Os Ganhões de Castro Verde": "Grândola, Vila Morena"
Miguel Torga: "Flor da Liberdade"
Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira
Carlos do Carmo: "O Madrugar de um Sonho"
Amália Rodrigues: "Abril" (Manuel Alegre)
Manuel Alegre: "País de Abril", por Mário Viegas
Manuel Freire: "Livre" (Carlos de Oliveira)
Teresa Salgueiro: "Liberdade"

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Outros artigos com repertório interpretado por José Mário Branco ou da sua autoria:
Celebrando Natália Correia
Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen
José Mário Branco: "Zeca (Carta a José Afonso)"
Gina Branco: "Cantiga do Leite" (José Mário Branco)
Camões recitado e cantado (VI)
José Mário Branco: "Do Que um Homem É Capaz"

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Outros artigos com poesia e/ou teatro de Luís de Camões:
Camões recitado e cantado
Camões recitado e cantado (II)
Em memória de Manoel de Oliveira (1908-2015)
Camões recitado e cantado (III)
Camões recitado e cantado (IV)
Camões recitado e cantado (V)
Camões recitado e cantado (VI)
Camões recitado e cantado (VII)
Camões recitado e cantado (VIII)
Camões recitado e cantado (IX)
Luís de Camões: "Os Lusíadas" (dois excertos), por Carlos Wallenstein
Luís Cília: "Se me Levam Águas" (Luís de Camões)
Teatro camoniano em versão radiofónica
Camões por Carmen Dolores

22 abril 2024

Camões por Carmen Dolores



Através da rádio descobri a importância da palavra, a magia dos sons, o papel que a imaginação pode representar nas nossas vidas. A rádio iria ajudar-me muito no meu futuro trabalho de actriz. A procura da inflexão certa tornou-se uma rotina apaixonante. Como dar naturalidade a um texto demasiado literário, como tornar minha uma «tirada» que desenvolve exactamente o contrário do que eu penso? E a imaginação sempre ali presente, pronta a ajudar, a acrescentar mais um valor.

                    CARMEN DOLORES (in "Vozes Dentro de Mim",
                                    Lisboa: Sextante Editora, 2017 – p. 15)


A voz pode ser mais forte do que uma presença. Dar tudo pela voz, foi um grande treino que me ficou da rádio. É bonito ser só voz — a voz sem rosto humano, a voz sem corpo, a voz pela voz.

                    CARMEN DOLORES (in "No Palco da Memória",
                                    Lisboa: Sextante Editora, 2013 – p. 180)


Carmen Dolores nasceu a 22 de Abril de 1924, fez hoje precisamente um século. A circunstância de o centenário da distinta actriz e recitadora acontecer no ano em que também se comemora o quinquicentenário da nascença da figura maior da Literatura (de Língua) Portuguesa, Luís Vaz de Camões, deu-nos a ideia de fazer uma celebração conjunta, isto é, focada em trechos da produção camoniana – teatro e poesia – na voz (límpida e colorida) de Carmen Dolores. São eles: três adaptações radiofónicas dos autos, todas sob a direcção de Álvaro Benamor (Teatro das Comédias, 1969, 1971 e 1972); a adaptação dramatizada de episódios d' "Os Lusíadas" feita por Adolfo Simões Müller, também com a direcção artística assegurada por Álvaro Benamor, que foi radiodifundida no Outono de 1972, no âmbito das comemorações do quadricentenário da 1.ª edição da monumental epopeia; e sete poemas da Lírica, todos extraídos do CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões" (Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001). O repositório apresentado, apesar de não ser extenso, testemunha excelentemente a difícil arte de "dar tudo pela voz" em que Carmen Dolores foi mestra. Boa escuta!

No que à hodierna rádio pública diz respeito, cumpre-nos, em primeiro lugar, enaltecer João Pereira Bastos pelo resgate que vem fazendo, desde Janeiro, no seu programa "Ecos da Ribalta", de peças de teatro em que participou Carmen Dolores, à razão de uma por mês. Já ouvimos – e com inexcedível agrado – "Othelo", de Shakespeare) [Parte I >> RTP-Play / Parte II >> RTP-Play], "A Castro", de António Ferreira [>> RTP-Play] e "Jogo do Amor e do Acaso", de Marivaux [>> RTP-Play], estando programada para esta semana (quarta-feira, às 17h:00, com repetição na sexta-feira, às 13h:00) "A Casa de Bernarda Alba", de Lorca. Nota máxima!
E na presente data, o que há a assinalar nas três antenas nacionais? Demo-nos conta da reposição na Antena 2, após o noticiário das 18h:00, da entrevista que a insigne actriz concedeu em 2014, por ocasião do seu 90.º aniversário, a João Almeida, para o programa "Quinta Essência". Dado que essa entrevista já fora retransmitida em Fevereiro de 2021, aquando do falecimento da artista, e existindo no arquivo histórico outras boas entrevistas, podia muito bem ter-se optado por uma delas, designadamente a concedida a José Manuel Gonçalves, em 1994, para o programa "A Ilha de Orpheu", que é, aliás, mais interessante por revelar os interesses e as predilecções culturais de Carmen Dolores [>> RTP-Arquivos]. A insistência na entrevista feita por João Almeida não é decerto alheia ao facto da mesma pessoa mandar na programação do canal. Por ser falho de ética e de isenção, tal procedimento não pode deixar de suscitar a veemente reprovação de quem preza um serviço público honesto e impoluto!
Ainda na Antena 2, não podemos deixar de elogiar o zelo de Luís Caetano ao consagrar a edição de hoje d' "A Ronda da Noite" a Carmen Dolores, com a gravação de uma intervenção da actriz nas Correntes d'Escritas 2013, seguida dum saboroso punhado de poemas respigados do seu CD "Poemas da Minha Vida" (2003) intercalados com belos momentos musicais [>> RTP-Play]. Nota máxima!
Nas Antenas 1 e 3 nada de nada em memória de Carmen Dolores lográmos apanhar, nas incursões que fizemos às respectivas emissões. É triste e é vergonhoso! Ademais tratando-se da actriz que mais trabalhou na estação pública, quer em peças de teatro e folhetins, quer em programas de poesia recitada, e que, nessa medida, mais contribuiu para o enriquecimento do acervo radiofónico português nas duas modalidades artísticas...



TEATRO DAS COMÉDIAS | 6 Jun. 1971 [>> RTP-Arquivos]
Auto dos Anfitriões, de Luís de Camões [>> texto integral]
Adaptação: Leopoldo Araújo
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor
Intérpretes (e personagens): Carmen Dolores (Almena, mulher de Anfitrião), Ângela Ribeiro (Brómia, sua criada), Alexandre Vieira (Feliseu), Álvaro Benamor (Júpiter), Morais e Castro (Mercúrio), Canto e Castro (Sósia, moço de Anfitrião), Igor Sampaio (Calisto), Ruy de Carvalho (Anfitrião), Branco Alves (Belferrão, patrão), Carlos Rosa (Aurélio, primo de Almena)
Assistência técnica: Moreira de Carvalho
Realização: Horácio Gonzaga.


TEATRO DAS COMÉDIAS | 11 Jun. 1972 [>> RTP-Arquivos]
Auto d'El-Rei Seleuco, de Luís de Camões [>> texto integral]
Adaptação: Eduardo Jacques
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor
Intérpretes (e personagens): Assis Pacheco (El-Rei Seleuco), Carmen Dolores (A Rainha Estratónica, sua mulher), Mário Pereira (O Príncipe Antíoco), João Perry (Leocádio, pajem do Príncipe Antíoco), Maria Dulce (Frolalta, criada da Rainha Estratónica), Luís Filipe (1.º físico), Ruy Furtado (2.º físico), Carlos Rosa (1.º criado), Mário Sargedas (2.º criado)
Assistência técnica: Fernando Pires
Realização: Horácio Gonzaga.


TEATRO DAS COMÉDIAS | 8 Jun. 1969 [>> RTP-Arquivos]
Auto de Filodemo, de Luís de Camões [>> texto integral]
Adaptação: Eduardo Jacques
Direcção e ensaio: Álvaro Benamor
Intérpretes (e personagens): Canto e Castro (Filodemo), João Mota (Vilardo, seu moço), Maria José (Solina, moça de Dionisa), Assis Pacheco (Dom Lusidardo, pai de Venadoro e de Dionisa), João Perry (Venadoro), António Anjos (Monteiro de Venadoro), Carmen Dolores (Dionisa), Santos Gomes (Um pastor), Irene Cruz (Florimena, pastora e irmã de Filodemo)
Assistência técnica: Clídio de Carvalho
Realização: Castela Esteves.



OS GRANDES EPISÓDIOS DE "OS LUSÍADAS"

Ep. 1Camões e D. Sebastião | 16 Out. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto I e do Canto X]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Varela Silva (Frei Bartolomeu Ferreira, censor d' "Os Lusíadas"), Canto e Castro (Luís de Camões), Manuel Correia (aio do rei D. Sebastião), Rui Mendes (Rei D. Sebastião)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 2A Reunião dos Deuses | 19 Out. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto I e do Canto II]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Canto e Castro (Luís de Camões), Ruy de Carvalho (Júpiter), Joaquim Rosa (Marte), Manuela Machado (Vénus)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 3Linda Inês | 23 Out. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto III]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Carmen Dolores, Manuela Cassola, Irene Cruz, Ermelinda Duarte, Catarina Avelar (Inês de Castro)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 4A Batalha de Aljubarrota | 26 Out. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto IV e do Canto VIII]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Paulo Renato (Vasco da Gama narrando ao Rei de Melinde o episódio da Batalha de Aljubarrota), Mário Pereira (Condestável Nuno Álvares Pereira), ? (Joane, Mestre de Avis)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 5O Velho do Restelo | 30 Out. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excerto do Canto IV]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Varela Silva (Vasco da Gama narrando ao Rei de Melinde a partida das naus da praia de Belém), Adelaide João (Uma mãe), Ana Paula ? (Uma esposa), Assis Pacheco (O Velho do Restelo)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 6Os Doze de Inglaterra | 2 Nov. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto V e do Canto VI]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Varela Silva (Vasco da Gama contando ao Rei de Melinde um feito desventuroso de Fernão Veloso), João Lourenço ? (Um companheiro de Fernão Veloso), Rui Represas (Fernão Veloso / narrador do episódio d' Os Doze de Inglaterra), Carmen Dolores, Pedro Pinheiro (Leonardo), ? (Duque de Alencastro), Jacinto Ramos (Álvaro Gonçalves Coutinho, o Magriço)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 7Ainda a Intriga das Divindades | 6 Nov. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto VI, do Canto VIII e do Canto IX]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Manuel Correia (Baco), Carmen Dolores, Manuela Maria ? (Orítia), Tomaz de Macedo ? (piloto Melindano), Manuela Machado (Vénus), Rui Represas (Fernão Veloso), Pedro Pinheiro (Leonardo)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 8O Gigante Adamastor | 9 Nov. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto V]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Varela Silva (Vasco da Gama contando ao Rei de Melinde o encontro com o Gigante Adamastor), Ruy Ferrão (Gigante Adamastor), Madalena Braga (Tétis, filha de Dóris e de Nereu)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 9Coisas do Mar | 13 Nov. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto V e do Canto VI]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato
Intérpretes (e personagens): Varela Silva (Vasco da Gama descrevendo ao Rei de Melinde o Fogo-de-Santelmo e a Tromba Marítima, a chegada à Angra de Santa Helena, o escorbuto), Carmen Dolores, ? (mestre de uma nau)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves

Ep. 10A Ilha dos Amores | 16 Nov. 1972 [>> RTP-Arquivos] [excertos do Canto IX e do Canto X]
Adaptação e comentários críticos: Adolfo Simões Müller
Direcção artística: Álvaro Benamor
Locução: Paulo Renato e Carmen Dolores
Intérpretes (e personagens): Carmen Dolores, Irene Cruz (Uma ninfa), ? (Outra ninfa), Manuela Machado (Vénus), Canto e Castro (Luís de Camões)
Registo de som: Leonel da Silva
Realização: Jorge Alves



Amor é um fogo que arde sem se ver



Poema (soneto) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Estêvão Lopes, Lisboa, 1598; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 45)
Recitado por João Grosso, Carmen Dolores*, Maria Barroso, Vítor Nobre e José Manuel Mondes (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Wolfgang Amadeus Mozart, Concerto para flauta, harpa e orquestra, em dó maior, K. 299 - II. Andantino, por Kenneth Smith (flauta) e Bryn Lewis (harpa), Philharmonia Orchestra, dir. Giuseppe Sinopoli (Deutsche Grammophon, 1993)


Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é um nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


* Carmen Dolores, João Grosso, José Manuel Mondes, Maria Barroso e Vítor Nobre – vozes
Gravado nos Estúdios da RDP, Lisboa, em Fevereiro de 2001
Produção digital – José Silva



Saudade minha



Poema (vilancete em redondilha menor) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 782-783)
Recitado por Carmen Dolores* (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Wolfgang Amadeus Mozart, Serenata N.º 7, em ré maior, K. 250, "Haffner": II. Andante, por Camerata Academica des Mozarteums Salzburg, dir. Sándor Végh (Capriccio, 1990)


          MOTE ALHEIO

Saudade minha,
quando vos veria?

          VOLTAS

Este tempo vão,
esta vida escassa,
para todos passa,
só para mim não.
Os dias se vão
sem ver este dia
quando vos veria.

Vede esta mudança
se está bem perdida:
e em tão curta vida
tão longa esperança!
Se este bem se alcança,
tudo sofreria,
quando vos veria.

Saudosa dor,
eu bem vos entendo;
mas não me defendo,
porque ofendo Amor.
Se fôsseis maior,
em maior valia
vos estimaria.



Quem diz que Amor é falso ou enganoso



Poema (soneto) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Manuel de Faria e Sousa, Lisboa, 1685; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 128)
Recitado por Carmen Dolores* (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Auguste Franchomme, Capricho em mi menor, Op. 7, N.º 2: Andante, por Anner Bylsma & Kenneth Slowik (violoncelos) (Sony Classical, 1994)


Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
sem falta lhe terá bem merecido
que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piadoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
seja por cego e apaixonado tido,
e aos homens, e inda aos deuses, odioso.

Se males faz Amor, em mim se vêem;
em mim mostrando todo o seu rigor,
ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de amor;
todos estes seus males são um bem,
que eu por todo outro bem não trocaria.



Tomou-me vossa vista soberana



Poema (soneto) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 18)
Recitado por Carmen Dolores* (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Auguste Franchomme, Grande Valsa, Op. 34: Introducão. Largo - Allegro, por Anner Bylsma, L'Archibudelli & Smithsonian Chamber Players (Sony Classical, 1994)


Tomou-me vossa vista soberana
adonde tinha as armas mais à mão,
por mostrar que quem busca defensão
contra esses belos olhos, que se engana.

Por ficar da vitória mais ufana,
deixou-me armar primeiro da Razão;
cuidei de me salvar, mas foi em vão,
que contra o Céu não val defensa humana.

Mas porém se vos tinha prometido
o vosso alto destino esta vitória,
ser-vos tudo bem pouco está sabido;

que, posto que estivesse apercebido,
não levais de vencer-me grande glória:
maior a levo eu de ser vencido.



Alma minha gentil, que te partiste



Poema (soneto) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 9)
Recitado por Carmen Dolores* (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Robert Schumann, Kinderszenen ('Cenas Infantis'), Op. 15: Träumerei, por Mischa Maisky (violoncelo) e Pavel Gililov (piano) (Deutsche Grammophon, 1990)


Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na Terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.



Busque Amor novas artes, novo engenho



Poema (soneto) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita, Lisboa, 1595; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 7)
Recitado por Carmen Dolores* (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Johann Sebastian Bach, Partita para violino solo N.º 2, em ré menor, BWV 1004: Chaconne - Transcrição para orquestra: Hideo Saito, por Boston Symphony Orchestra, dir. Seiji Ozawa (Universal International Music, 1992)


Busque Amor novas artes, novo engenho
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.


Notas:
Esquivanças – manobras
Perigosas – efémeras
Contrastes – contrariedades
Lenho – barco



A fermosura desta fresca serra



Poema (soneto) de Luís de Camões (in "Rimas", org. Dom António Álvares da Cunha, Lisboa, 1668; "Obras de Luís de Camões", Porto: Lello & Irmão Editores, 1970 – p. 99)
Recitado por Carmen Dolores* (in CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)
Música de fundo: Robert Godard [?]


A fermosura desta fresca serra
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do Sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara Natureza
com tanta variedade nos of'rece,
me está, se não te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando,
nas mores alegrias, mor tristeza.


* Carmen Dolores – voz
Gravado nos Estúdios da RDP, Lisboa, em Fevereiro de 2001
Produção digital – José Silva
URL: http://cvc.instituto-camoes.pt/teatro-em-portugal-pessoas/carmen-dolores-dp6.html
https://visao.pt/jornaldeletras/2021-02-19-a-autobiografia-de-carmen-dolores/
https://espalhafactos.com/2014/12/30/boca-de-cena-4-carmen-dolores/
https://revistas.rcaap.pt/sdc/article/view/12691/9790
https://www.dn.pt/cultura/gostava-de-ter-feito-revista-mas-nunca-me-convidaram-8707527.html/
https://antena2.rtp.pt/em-antena/cultura/carmen-dolores/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/entrevista-a-carmen-dolores-3/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/entrevista-a-carmen-dolores/
https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/search?query=carmen+dolores




Frontispício da 1.ª edição d' "Os Lusíadas", de Luís de Camões (Impressos em Lisboa: em casa de Antonio Gõçaluez Impressor, 1572)




Frontispício da 1.ª edição das "Rimas", de Luís de Camões, org. Fernão Rodrigues Lobo Soropita (Lisboa, 1595)




Capa do CD "Amor É Fogo: Poemas de Luís de Camões", de Carmen Dolores, João Grosso, José Manuel Mondes, Maria Barroso e Vítor Nobre (Série "Festa da Língua Portuguesa", Vol. III, Câmara Municipal de Sintra/Instituto Camões, 2001)

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