19 novembro 2020

Bernardo Santareno: centenário do nascimento



SANTARENO, Bernardo (pseudónimo de António Martinho do Rosário) (19/11/1920, Santarém - 30/8/1980, Carnaxide, Oeiras). Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, especializou-se em psiquiatria, cujos conhecimentos aplicou no sentido da orientação profissional. Tendo iniciado a sua carreira literária com três livros de versos (A Morte na Raiz, 1954; Romances do Mar, 1955; Os Olhos da Víbora, 1957), a publicação, neste último ano, de um volume de teatro, em que juntou três peças (A Promessa, O Bailarino e A Excomungada), constituiu a revelação impetuosa de um dos maiores dramaturgos da nossa língua. Sobretudo a primeira destas peças, ainda nesse ano levada à cena pelo Teatro Experimental do Porto, numa encenação de António Pedro, mas retirada ao fim de alguns dias sob pressão dos círculos mais reaccionários da Igreja, anunciava já as características essenciais do que viria a ser a sua obra futura, divisível por dois ciclos perfeitamente separáveis mas complementares. No primeiro, que vai até 1962, a estrutura adoptada é a da dramaturgia realista pós-ibseniana, temperada por um lirismo e uma simbologia de estirpe iorquiana; o segundo, iniciado em 1966, recorre à fórmula narrativa do teatro épico brechtiano, correspondendo a uma evolução estética e ideológica que, no entanto, obedece a uma grande coerência intrínseca. Se nas peças que constituem o «ciclo aristotélico» do teatro de Santareno (além das três já mencionadas, O Lugre e O Crime de Aldeia Velha, 1959; António Marinheiro, O Duelo e O Pecado de João Agonia, 1961; Anunciação, 1962) avulta a vertente existencial das suas personagens e do conflito em que se debatem, é a componente social, acompanhada de um marcado propósito interventivo, que predomina nas que integram o «ciclo narrativo» (O Judeu, 1966; O Inferno, 1967; A Traição do Padre Martinho, 1969; Português, Escritor, 45 Anos de Idade, 1974; O Punho, inédita até 1987, e as quatro peças num acto integradas no volume Os Marginais e a Revolução, 1979). Todavia, excepto do ponto de vista estrutural, não existe ruptura daquelas para estas. O problema da frustração carnal, onde radica o cerne da acção dramatizada em A Promessa, domina todas as peças seguintes, embora derivando nas primeiras de causas intrínsecas às personagens, ou por elas interiorizadas (o voto de abstinência de Maria do Mar e José n' A Promessa, o histerismo de Joana n' O Crime de Aldeia Velha, o homossexualismo de João Agonia, o incesto em António Marinheiro) e enquadrando-se nas últimas num circunstancialismo histórico e social em que essa frustração se projecta num plano superior ao indivíduo, vindo a pôr em causa o seu lugar na colectividade a que pertence e conflituando o seu relacionamento com ela. Religiosidade e superstição, misticismo e erotismo são os pólos entrecruzados de um excruciante jogo dialéctico entre o bem e o mal, que se relativiza e torna cada vez mais concreto à medida que a obra progride e evolui no sentido de uma crescente consciencialização social. O que, a princípio, se desenhava como transgressão de um código moral (quebra de promessa ou voto religioso, amores incestuosos ou contranatura) desvenda-se-nos, à luz dos dramas narrativos posteriores, como também violação da ordem social vigente, e esta como expressão dos interesses da classe detentora do poder, contra cuja iniquidade é pois lícita a insurreição. Daí a rejeição anárquica dos «amantes malditos» de O Inferno, a «traição» do Padre Martinho e a sua final opção política, bem como a do «português, escritor», que prefere o silêncio à cumplicidade com essa ordem iníqua, violentamente denunciada na peça homónima, em que pode ler-se o testamento espiritual de quem, com o autor destes dramas exemplares, «amassando com as [suas] mãos a mentira, a fealdade, a traição, o despudor» aspirou a «ensinar o povo a conhecer o rosto autêntico da beleza, da verdade, da coragem e da virtude», como ele fez dizer a António José da Silva, o Judeu, perseguido e queimado pelo Santo Ofício, através do qual Santareno transpõe para o século XVIII a sua própria condição de escritor silenciado pelo fascismo.

LUIZ FRANCISCO REBELLO (in "Dicionário de Literatura Portuguesa", Org. e dir. Álvaro Manuel Machado, Lisboa: Editorial Presença, 1996 – p. 435-436)


BIBLIOGRAFIA:

Poesia:
- A Morte na Raiz, Coimbra: Edição do autor, 1954
- Romances do Mar, Santarém: Edição do autor, 1955
- Os Olhos da Víbora, Lisboa: Casa do Ardina, 1957

Narrativas:
- Nos Mares do Fim do Mundo (Doze meses com os pescadores bacalhoeiros portugueses, por bancos da Terra Nova e da Gronelândia), Lisboa: Edições Ática, 1959

Teatro:
- Teatro, Lisboa: Edição do autor, 1957
        - A Promessa
        - O Bailarino
        - A Excomungada
- O Lugre, Lisboa: Edições Ática, 1959
- O Crime da Aldeia Velha, Lisboa: Edições Ática, 1959
- António Marinheiro (O Édipo de Alfama), Porto: Divulgação, 1960
- Os Anjos e o Sangue, Lisboa: Edições Ática, 1961
- O Duelo, Lisboa: Edições Ática, 1961
- O Pecado de João Agonia | Irmã Natividade (nova versão de A Excomungada), pref. Manuel Dinis Jacinto, Porto: Divulgação, 1961
- O Prisioneiro, in jornal "Correio do Ribatejo", 1961
- Anunciação, Lisboa: Edições Ática, 1962
- O Judeu, Lisboa: Edições Ática, 1966
- O Inferno, Lisboa: Edições Ática, 1968
- A Traição do Padre Martinho, Lisboa: Edições Ática, 1969
- Português, Escritor, 45 anos de Idade, Lisboa: Edições Ática, 1974
- Três Quadros de Revista, 1975, in "Obras Completas", Vol. IV, Org., posfácio e notas de Luiz Francisco Rebello, Lisboa: Editorial Caminho, 1987
        - Os Vendedores de Esperança
        - A Guerra Santa
        - O Milagre das Lágrimas
- Os Marginais e a Revolução, 1979, in "Obras Completas", Vol. IV, Org., posfácio e notas de Luiz Francisco Rebello, Lisboa: Editorial Caminho, 1987
        - Restos
        - A Confissão
        - Monsanto (antes intitulada O Senhor Silva e,
          depois, Na Berma da Estrada)
        - Vida Breve em Três Fotografias
- O Punho, 1980, in "Obras Completas", Vol. IV, Org., posfácio e notas de Luiz Francisco Rebello, Lisboa: Editorial Caminho, 1987

Traduções:
- La Contessa, de Maurice Druon, 1963
- Vigilância Especial, de Jean Genet, 1965
- O Viajante, de Georges Schehadé, 1966


Faz hoje um século que nasceu o mais proeminente dramaturgo português da segunda metade do século XX e, como lembra Luiz Francisco Rebello, um dos maiores da língua portuguesa: Bernardo Santareno.
Pouco depois das 18h:00, a Antena 2 transmitiu "Nos Mares do Fim do Mundo", uma adaptação por Jorge Silva Melo de passagens da obra homónima original. Louva-se o cuidado que a direcção da rádio cultural da estação pública teve em não deixar passar em claro a efeméride, mas lamenta-se a falta de sonorização naquela versão, a exemplo, aliás, de (quase) tudo o que até agora apareceu no espaço "Teatro sem Fios", ao arrepio da melhor tradição do teatro radiofónico. O que poderia ser um produto digno e cativante de se 'consumir' foi um pastel algo insípido que poucos desejarão voltar a 'ingerir'. No pólo diametralmente oposto a estas canhestras produções para a rádio, e sem sair do universo santareniano, estão duas adaptações dos inícios dos anos 90 de que guardamos mui grata memória: "António Marinheiro (O Édipo de Alfama)" e "O Pecado de João Agonia". Sabíamos que outras peças de Santareno tiveram versão radiofónica nos tempos áureos do teatro radiofónico e agora, consultando a plataforma RTP-Arquivos, lográmos referenciar seis: "Irmã Natividade" (Tempo de Teatro, 1978), "O Lugre" (Tempo de Teatro, 1979), "A Promessa" (Tempo de Teatro, 1979), "O Duelo" (Tempo de Teatro, 1985), "Anunciação" (Tempo de Teatro, 1986) e "O Crime da Aldeia Velha" (Noite de Teatro, 1995).
A cifra de oito talvez não corresponda à totalidade das produções radiofónicas feitas a partir de textos do dramaturgo até ao ano (2005) em que Eduardo Street se aposentou, mas é curioso verificar que sejam todas posteriores à Revolução dos Cravos. Razão óbvia: sendo Bernardo Santareno um autor malquisto pela ditadura era impensável que um dos principais órgãos de propaganda do regime, a Emissora Nacional, fosse divulgar as suas peças.
A esmagadora maioria dos ouvintes hodiernos, mormente os jovens, nunca escutou as citadas versões radiofónicas, e também muito poucos tomaram contacto com elas em palco, ou mesmo terão visto as adaptações cinematográficas d' "O Crime da Aldeia Velha" e d' "A Promessa", realizadas, respectivamente, por Manuel Guimarães e António de Macedo. Ora, e sendo verdade que qualquer pretexto é bom para se resgatar o património radiofónico de teatro, o centenário de Bernardo Santareno (que tem hoje o epicentro mas que vai estender-se por mais algum tempo) afigura-se, obviamente, o melhor de todos para a Antena 2, em cumprimento das suas obrigações culturais, proporcionar aos seu auditório a (re)descoberta da magistral obra que o insigne dramaturgo nos legou. A reposição de uma peça por semana é perfeitamente acomodável na grelha em vigor e o horário até poderá ser o mesmo de hoje. Nada a objectar.
Fica expresso o pedido, na esperança de que o director de programas em funções tenha a hombridade de tomá-lo em boa conta, dignificando assim o serviço público de rádio.



Capa da 1.ª edição do livro de narrativas "Nos Mares do Fim do Mundo" (Edições Ática, 1959).
Uma edição fac-similada foi publicada em 2019, por iniciativa conjunta da editora "A Bela e o Monstro" e do jornal "Público".

«Nos Mares do Fim do Mundo foi, em grande parte, escrito a bordo do arrastão "David Melgueiro", na primeira campanha de 1957, a primeira também em que eu servi na frota bacalhoeira portuguesa, como médico. Mas depois desta, tomei parte numa segunda, em 1958, agora a bordo do "Senhora do Mar" e do navio-hospital "Gil Eannes", em que assisti sobretudo aos barcos de pesca à linha. Assim pude de facto conhecer, por vezes intimamente, todos os aspectos da vida dos pescadores bacalhoeiros portugueses, em mares da Terra Nova e da Gronelândia, e completar este livro.» (Bernardo Santareno)



Capa da reedição (parcial) de 1997 (Col. 98 Mares, Expo' 98).



Capa da reedição de 1999 (Edições Ática).
Edição com capa idêntica saiu em 2006 sob a chancela da Editorial Nova Ática.



Capa da reedição de 2016 (E-Primatur).
Esta edição inclui dois textos inéditos ("Responsabilidade" e "Rebelião"), e ainda fotografias novas e a ficha de inscrição do médico no Grémio dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau.


Nota: Ainda a respeito da obra "Nos Mares do Fim do Mundo", recomenda-se vivamente a leitura do muito interessante artigo de Maria João Falcão no blogue "Falcão de Jade".

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02 novembro 2020

Belaurora: "Saudade"


Escultura funerária representativa da Saudade, pertencente ao jazigo de D. Joana Nepomuceno Burguette de Oliveira Barata, 1866, Cemitério dos Prazeres, Lisboa.
© Rotas Lusitanas (https://rotaslusitanas.blogspot.com/)


«A saudade é um luto, / Uma dor, uma aflição; / Ai, é um cortinado roxo, / Saudade, que me cobre o coração.» Esta quadra surge em diversas variantes daquela que é, muito provavelmente, a mais popular de todas as cantigas dolentes açorianas que exprimem a dor pela ausência ou perda de pessoa querida, comummente denominadas de "Saudade". Bem menos conhecida é uma outra "Saudade", da pequena ilha do Corvo, mas igualmente impregnada de profunda plangência; essa característica e o teor dos versos da autoria de Camilo Castelo Branco tornam-na perfeitamente adequada para assinalar este Dia de Finados, o primeiro (e, esperamos, o último) sob a vigência da pandemia de COVID-19, que tantas vítimas já causou, directas ou colaterais.
Conhecemos quatro recriações, publicadas em CD, da aludida "Saudade" corvina: a primeira, de 1999, pelo Grupo de Cantares Belaurora; a segunda, de 2010, por Helena Oliveira; a terceira, de 2015, pela Brigada Victor Jara; e a quarta, de 2018, por Rafael Carvalho, que tem a particularidade de ser um instrumental executado em viola da terra. Escolhemos a primeira, que consideramos ser a mais tocante e impressiva, quer pela irrepreensível interpretação vocal de Carla Medeiros, quer pelo muito bem gizado arranjo que serve primorosamente a índole melancólica da melodia.

Não somos ouvintes da Antena 1-Açores mas queremos acreditar que o Grupo de Cantares Belaurora, assim como outros grupos e artistas em nome individual radicados no arquipélago que se dedicam à recriação do cancioneiro açoriano, seja objecto de cabal divulgação. Na Antena 1 do continente, a música tradicional portuguesa (das múltiplas regiões) só tem lugar nos espaços "Cantos da Casa" [rubrica >> RTP-Play / programa >> RTP-Play] e, uma vez por outra, perdida no meio do fado, no programa "Alma Lusa" [>> RTP-Play]. E ainda por cima com a pecha de os horários de emissão se situarem no período em que a generalidade dos ouvintes está a dormir, ou seja, sempre depois do noticiário da meia-noite e antes do sinal horário das 08h:00 da manhã. Na 'playlist', música tradicional é coisa que não entra, talvez porque fosse destoar da imensa escória da área pop com que a atafulharam. Perguntamos: com que ânimo e disposição é que os pagantes da contribuição do audiovisual vão continuar a desembolsar a espórtula anual de 34,20 euros (+ I.V.A.) para sustentar uma rádio que lhes oculta a música mais identitária do seu país?



Saudade



Letra: Camilo Castelo Branco (adapt. de um poema publicado em "Miscelânia Poética", Porto, 1951)
Música: Tradicional (Vila Nova do Corvo, Açores)
Informante: Ti Pedro Pimentel Cepo
Recolha: Carlos Sousa (1995)
Intérprete: Belaurora* / voz solo de Carla Medeiros (in CD "Lágrimas de Saudade", Açor/Emiliano Toste, 1999; 2CD "Quinze Anos de Cantigas": CD 2, faixa 20, Açor/Emiliano Toste, 2000) [>> Facebook Vídeos]


[instrumental]

Oh! oh! oh!

Oh! Em má hora, oh!, em má hora, anjo querido,
Me pediste uma flor...
Das que eu tenho, das que eu tenho aqui,
São quatro, oh!, são quatro,
Nem uma fala em amor.

Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!

Oh! A primeira, oh!, a primeira é uma saudade
Que me deram quando amei;
Custa caro, custa caro,
É um tesouro, é um tesouro
Que com lágrimas comprei.

Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!

Oh! A segunda, oh!, a segunda é um martírio
Cujo espinho atravessou
O coração, o coração
Que a regava, que a regava...
De pranto ela murchou.

Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!

Oh! A terceira, oh!, a terceira é um cravo,
É um goivo, não to dou!
Fui colhê-lo, fui colhê-lo
Ao cemitério, ao cemitério...
Entre campas vegetou.

Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!

Oh! A quarta, oh!, a quarta é uma rosa,
É uma rosa, mas olha:
Se eu morrer, se eu morrer
E tu souberes, e tu souberes,
Na minha campa a desfolha!

Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!...


Nota: «Esta "Saudade" aprendi-a com o Ti Pedro Cepo, aquando do Primeiro Festival do Ramo Grande, na ilha Terceira (1995).
A letra foi-me enviada, directamente do Corvo, por Tibério Silva, com o desejo expresso de um dia a poder ouvir cantada pelo Belaurora.» (Carlos Sousa / Belaurora)

* Belaurora:
Ana Medeiros – coros, violão, cavaquinho, viola baixo e percussão
Carla Medeiros – voz solo, coros e percussão
Carlos Sousa – voz solo, coros, violão, bandolim e violino
Carmen Medeiros – coros e percussão
Carolina Costa – coros e percussão
Eduardo Medeiros – coros e acordeão
Francisco Nascimento – coros e violão
Isabel Meireles – coros e percussão
Laureno Sousa – coros e percussão
Margarida Sousa – coros e percussão
Pedro Medeiros – coros, flauta e clarinete
Quitéria Sousa – coros e percussão
Rui Lucas – coros e violão
Tiago Sousa – coros e percussão
Tomás Sousa – voz solo, coros e violão

Arranjos – Carlos Sousa e Ana Medeiros
Direcção artística – Carlos Sousa
Gravação – Emiliano Toste, no "Solar do Conde", Capelas (Ponta Delgada), em Dezembro de 1998
Misturas – Emiliano Toste, Carlos Sousa e Pedro Barreiros
Masterização – Emiliano Toste
URL: http://www.belaurora.com/iniciop.php
https://www.facebook.com/grupodecantaresbelaurora/
https://www.sinfonias.org/mais/musica-portuguesa-anos-80/directorio/760-belaurora
https://pgl.gal/belaurora-grupo-de-cantares-popular-dos-acores/
https://www.youtube.com/channel/UC2OgEof5SLnYuIxifii24hQ/videos?query=belaurora



Capa do CD "Lágrimas de Saudade", do grupo Belaurora (Açor/Emiliano Toste, 1999)
Desenho – Gilberto Bernardo