17 janeiro 2025

Miguel Torga e Fernando Lopes-Graça: "História Trágico-Marítima"


Ilustração (gravura) do tomo I, p. 39, da obra "História Trágico-Marítima", compilada por Bernardo Gomes de Brito e publicada em 1735 e 1736 (dois tomos).
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A gravura representa o naufrágio da nau S. Bento, a 24 de Abril de 1554, ao largo da Terra do Natal, perto da foz do rio Msikaba, a meio caminho entre Port Edward e Port St. Johns, na costa oriental da actual África do Sul. Capitaneada por Fernão de Álvares Cabral, filho de Pedro Álvares Cabral, a nau S. Bento, com carga excessiva de especiarias, sedas, porcelanas, tecidos de algodão, pedras preciosas e outros bens de luxo, fazia a viagem entre Cochim e Lisboa. Das quase 500 pessoas que iam a bordo morreram 150, mas a maioria das que se salvaram acabou por sucumbir no longo e demorado (de quase um ano) caminho para norte, por terra, em direcção à costa moçambicana, em consequência de subnutrição, desidratação, doenças, acidentes, clima e geografia adversos, ataques de indígenas hostis, etc.. Manoel de Mesquita Perestrelo, um desses sobreviventes e o autor da "Relação Sumária da Viagem Que Fez Fernão d'Álvares Cabral" (1564) dá-nos o seu impressivo testemunho nos seguintes termos:

A este tempo andava o mar todo coalhado de caixas, lanças, pipas, e outras diversidades de cousas, que a desventurada hora do naufrágio faz aparecer; e andando tudo assim baralhado com a gente, de que a maior parte ia nadando à terra, era cousa medonha de ver, e em todo o tempo lastimosa de contar, a carniçaria que a fúria do mar em cada um fazia e os diversos géneros de tormentos com que geralmente tratava a todos, porque em cada parte se viam uns que não podendo mais nadar andavam dando grandes e trabalhosos arrancos com a muita água que bebiam, outros, a que as forças ainda abrangiam menos, que encomendando-se a Deus nas vontades se deixavam a derradeira vez cair ao fundo; outros a que as caixas matavam, entre si entalados, ou, deixando-os atordoados, as ondas os acabavam, marrando com eles em os penedos; outros a que as lanças, ou pedaços de nau, que andavam a nado, os espedaçavam por diversas partes com os pregos que traziam, de modo que a água andava em diversas partes manchada de uma côr tão vermelha como o próprio sangue, do muito que corria das feridas aos que assim acabavam seus dias.
Andando a cousa como digo, o que ainda havia da nau se partiu em dois pedaços, convém a saber: os castelos a uma parte e o chapitéu a outra, em os quais lugares estavam recolhidos todos os que não sabiam nadar, sem ousarem cometer o mastro nem o mar, por verem quão atribuladamente acabavam os que por cada uma destas partes se aventuravam à terra; e tanto que estes pedaços ficaram assim apartados, e o mar se pôde melhor ajudar
deles, começou de os trazer no escarcéu, aos tombos de uma parte para a outra; e dessa maneira, ora por baixo da água, ora por cima, andávamos até que prouve a Nosso Senhor virem três ou quatro mares muito grossos, que vararam estes pedaços em seco, onde ficaram encalhados, sem a ressaca os tornar a sorver como outras vezes tinha feito, e neles se salvou a maior parte da gente que ficou viva.
Escapados assim os que Nosso Senhor foi servido, despois que gastámos algum espaço em lhe dar as graças devidas a tantas mercês, começou cada um de bradar por cima daqueles penedos pelas pessoas que lhe mais doía, as quais acudindo dos lugares aonde sua ventura fizera portar, e manifestando bem com os olhos o sobejo contentamento que daquela não esperada vista recebiam, se tornaram a abraçar de novo; e preguntando uns aos outros pelos que faltavam, soubemos onde estavam alguns tão maltratados das dificuldades e contrastes que tiveram em sua salvação, que se não podiam bulir donde jaziam, pelo que foi buscado tudo tão miudamente que se acabaram de juntar os vivos, e nós certificados que não eram falecidos.
E porque entre estes penedos e a terra firme havia ainda um braço de mar, que os fazia ficar em ilhéu, e a maré começava já de repontar, receando que nos tolhesse passámos a vau à outra banda, levando os mais sãos às costas aos mais feridos, posto que todos o estávamos pouco ou muito, uns dos desastres que no mar tiveram, e outros da aspereza dos penedos em que saíram, que eram ásperos e pontiagudos, que nenhum se pôde livrar, sem ficar assinalado.
Tanto que todos fomos passados à terra firme, mandou o capitão saber os que faltavam, e acharam-se menos cento e cinquenta pessoas; convém a saber: passante de cem escravos, e quarenta e quatro portugueses
[...]
[...] depois de haver um ano que partíramos donde nos perdêramos, e termos andado tanta parte da estranha, estéril, e quási não conhecida costa da Etiópia e atravessado com tão pouca, fraca, e mal apercebida gente por entre tantas bárbaras nações, tão conformes nos desejos de nossa destruição, e passando por tantas brigas, por tantas fomes, calmas, frios e sêdes, nas serras, vales e barrancos, e finalmente, por tudo aquilo que se pode imaginar contrário, medonho, pesado, triste, perigoso, grande, mau, desditoso, imagem da morte e cruel, onde tantos homens, mancebos, rijos e robustos, acabaram seus dias, deixando os ossos insepultos pelos campos e as carnes sepultadas em alimárias e aves peregrinas, e com suas mortes a tantos pais e irmãos, a tantos parentes, a tantas mulheres e filhos, cobertos de luto neste reino. [...]

[in "História Trágico-Marítima", em que se oferecem cronologicamente os Naufrágios que tiveram as naus de Portugal, depois que se pôs em exercício a Navegação da Índia, Tomo I, por Bernardo Gomes de Brito, Lisboa Ocidental: Na Oficina da Congregação do Oratório, MDCCXXXV; "História Trágico-Marítima", por Bernardo Gomes de Brito, Nova edição publicada sob a direcção de Damião Peres, Volume I, Porto: Portucalense Editora, 1942 – p. 61-63 e 146 >> https://purl.pt/]

O naufrágio da nau S. Bento ocorreu perto do local onde se dera, dois anos antes, o célebre naufrágio do galeão grande S. João, capitaneado por Manoel de Sousa Sepúlveda, tragédia também narrada na "História Trágico-Marítima" transcrevendo o relato anónimo publicado em 1555, o qual terá sido, supõe-se, a fonte em que Camões se baseou para evocar, nas estrofes 46 a 48 do Canto V d' "Os Lusíadas", a desventura daquele «liberal, cavaleiro, enamorado» e da sua «formosa dama», Dona Lianor de Sá, que «verão morrer com fome os filhos caros» e, por fim, «abraçados as almas soltarão / da formosa e misérrima prisão».


«Vila Nova, 3 de Dezembro de 1935 — Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era.»
Foi com estas exactas palavras que Miguel Torga assinalou, no primeiro volume do seu "Diário", o desaparecimento de Fernando Pessoa, que a 30 de Novembro havia sido subtraído ao número dos vivos. E estando então a maior parte da produção do genial poeta dos heterónimos ainda inédita (guardada dentro da famosa arca), para o juízo que Miguel Torga fez do seu colossal par bastou a obra que havia sido editada: a poesia avulsa saída em revistas literárias, entre as quais a coimbrã "Presença" da qual Adolfo Correia da Rocha (ainda antes de adoptar o pseudónimo de Miguel Torga) também fora colaborador, e, sobretudo, "A Mensagem", dada à estampa, simbolicamente, a 1 de Dezembro de 1934, Dia da Restauração da Independência de Portugal. A leitura desse único livro que Pessoa publicou em vida calou tão fundo no espírito de Miguel Torga que logo em 1935 e 1936 se abalançou à escrita de quase todos os poemas que viriam a constituir a colectânea "Alguns Poemas Ibéricos" (1952) e que integrariam igualmente, ainda que modificados, o volume mais avantajado "Poemas Ibéricos" (1965). Uns quantos desses poemas, porém, já não eram inéditos pois o autor fizera-os publicar em revistas, ainda na década de 1930. Foi o caso dos sete que formam o ciclo "História Trágico-Marítima" (título sugestivo que remete o leitor informado para a compilação levada a cabo por Bernardo Gomes de Brito, na primeira metade do séc. XVIII), publicados em Julho de 1938 no N.º 5 da Revista de Arte e Crítica "Manifesto", dirigida pelo próprio Miguel Torga. Em ambos os livros mencionados, o poeta fez anteceder aquele ciclo de um outro denominado "História Trágico-Telúrica", para mostrar que a resposta afirmativa do povo português ao chamamento insidioso do mar e a tragédia daí decorrente radicam na tragédia associada à terra madrasta. A respeito dessa sequência interligada de "Histórias Trágicas" lusas e ibéricas, assim discorreu Isabel Ponce de Leão no ensaio "A matriz etnológica de Poemas Ibéricos" (in "A minha verdadeira imagem está nos livros que escrevi", Vol. I, Porto: Edições da Universidade Fernando Pessoa, 2007 – p. 92):

«Em "História Trágico-Telúrica" (p. 9), o "Povo vasco, andaluz, / Galego, asturiano, / Catalão, português" (p. 14), nascido da e para "A Terra" (p. 11), agita-se em silêncio, sujeito ao seu "Fado" (p. 13), num percurso de "Vida" (p. 14) para alcançar, com dor e esforço, "O Pão" (p. 15) e "O Vinho" (p. 16) que escasseiam; neste percurso de dor, o optimismo assola, porventura demandado numa qualquer "Miragem" (p. 17).
Deste iberismo telúrico passa a um iberismo marítimo em "História Trágico-Marítima" (p. 19), onde evoca, de forma dorida, as várias etapas de uma aventura oceânica sonhada e gerada em "Sagres" (p. 21), e rapidamente concretizada apesar da "Espera" (p. 23) e da "Tormenta" (p. 27). Numa encenação dramática, subsiste pontualmente "O Achado" (p. 26), mas é um cântico plangente, apostrofando o "Mar" (p. 29), que encerra esta parte da obra, reiterando a tragicidade que a titula:

              [...]
              Mar!
              Enganosa sereia rouca e triste!
              Foste tu quem nos veio namorar,
              E foste tu depois que nos traíste!

              Mar!
              E quando terá fim o sofrimento!
              E quando deixará de nos tentar
              O teu encantamento!»

A "História Trágico-Marítima" torguiana, escassos anos após a primeira edição em 1938, viria a ter o bendito condão de motivar um grande compositor amante de boa poesia, Fernando Lopes-Graça, a vesti-la com música sob a forma de cantata. A primeira versão, composta em 1942-43, apesar de ter sido premiada não satisfazia plenamente o compositor, pelo que tratou se revê-la e assim resultou, em 1959, a versão definitiva e canónica, doravante executada em concerto e/ou registada para edição fonográfica. E deu-se a circunstância curiosa de a cantata "História Trágico-Marítima" ter sido, em 1977, a primeira obra musical editada no âmbito da colecção Discoteca Básica Nacional, sob a égide da Direcção-Geral da Acção Cultural, cuja divisão de música era chefiada pelo arquitecto Romeu Pinto da Silva, por nomeação do secretário de Estado da Cultura de então, o poeta e professor de literatura David Mourão-Ferreira. A gravação havia decorrido em Outubro de 1974, na Hungria, com o Coro da Radiodifusão Húngara e a Orquestra Sinfónica de Budapeste, sob a direcção do maestro Gyula Németh, tendo o solista sido o barítono José Oliveira Lopes. Em 1987, sob o novel selo PortugalSom, surgiria nova edição em LP e a edição em CD, neste caso juntamente com as duas suites de "Viagens na Minha Terra", também de Lopes-Graça. Tantos anos decorridos, essa gravação da "História Trágico-Marítima" não deixou de ser de absoluta referência daquela que é, sem a mais pequena sombra de dúvida, uma das mais admiráveis e fascinantes obras de Fernando Lopes-Graça. Uma boa razão para lhe darmos o merecido destaque e assim assinalarmos o trintenário da morte de Miguel Torga, menos de dois menos passados sobre igual efeméride respeitante ao compositor. E também porque não é fácil – nada fácil! – apanhá-la hoje em dia na Antena 2, devido à clamorosa e absurda inexistência de um espaço regular reservado à música portuguesa. Votos de boa escuta e de boa leitura!

Nota: Na referenciação dos poemas às fontes bibliográficas, além de "Alguns Poemas Ibéricos" (1952) que foi a edição considerada por Fernando Lopes-Graça para a versão definitiva da cantata "História Trágico-Marítima", indica-se a revista "Manifesto" N.º 5 (Jul. 1938), mas somente nos casos em que os textos são totalmente coincidentes. No livro "Poemas Ibéricos" (1965) todos os sete poemas surgem com alterações.


HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMA

Por: Nuno Barreiros (musicólogo, crítico de música e director do Programa 2 da RDP)



A obra de Fernando Lopes-Graça (nascido em 1906) reflecte, no seu conjunto, uma visão ou abordagem, por assim dizer, sincrética dos problemas e das (possíveis) soluções que se apresentam a um compositor português novecentista suficientemente apetrechado e consciente. O que não obsta a que duas linhas de força se divisem na evolução do autor de Poema de Dezembro: uma incidindo sobre a assimilação de novas conquistas de vocabulário ou a apropriação de tendências que se corporizam nas obras de algumas das mais influentes e decisivas personalidades da música deste século (v.g. Stravinski, Schönberg, Bartók); outra inclinando-se a uma arte especificamente nacional e partindo, em larga medida, de pressupostos colhidos na matéria folclórica, nas sugestões que ela oferece e nos estudos das respectivas virtualidades (melódicas, harmónicas, rítmicas, ambienciais colorísticas). Esta última orientação não se fica, porém, num folclorismo meramente exterior. Pelo contrário: visa e consegue transcender a superficialidade pitoresca, em favor da prospecção e captação dos caracteres profundos de um portuguesismo essencial, quiçá de um iberismo fundamental.
Mas os dois sentidos genéricos apontados não constituem compartimentos estanques na produção de Lopes-Graça. Mesmo nas fases mais recentes em que é sensível — nas palavras do próprio compositor — «um certo desprendimento da influência dos dados imediatos da música folclórica portuguesa e um consequente alargamento do campo tonal e rítmico» assim como uma maior concentração quanto à elaboração motívica e aos critérios de estruturação, o autor de Quatro Bosquejos está longe de recusar o contacto com a matéria folclórica. Isto pode observar-se tanto em obras de linguagem mais depurada (é o caso. por ex., de Suite Rústica n.º 2, para quarteto de cordas) como em realizações de feição mais singela ou em arranjos ou «versões de concerto» de canções populares (para voz e piano ou para coro a capella).
Não há, a bem dizer, referência directa a material folclórico na cantata que Lopes-Graça escreveu sobre o poema de Miguel Torga intitulado História Trágico-Marítima que fez parte do volume Alguns Poemas Ibéricos. Mas o portuguesismo (ou, porventura, o iberismo) do compositor está patente da primeira à última dessas páginas, nas quais se verifica um processo muito subtil de assimilação dos caracteres populares e de certos elementos tradicionais, inclusive quanto às inflexões da declamação musical do texto. Por outro lado, na referida cantata espelha-se uma atitude relevante e muito significativa: o interesse de Lopes-Graça compositor pela melhor e mais representativa poesia nacional e a atenção que lhe tem merecido a consideração prática de determinados problemas, nomeadamente prosódicos, que põe o tratamento musical da língua pátria. Neste campo, Lopes-Graça levou a efeito, ao longo da sua actividade criadora, uma substancial cobertura da poesia portuguesa, desde o lirismo trovadoresco às mais representativas correntes modernas.
A primeira versão da cantata História Trágico-Marítima é de 1942-43. O autor sujeitou-a a revisão, que ficou pronta em 1959. A partitura sofreu assim alterações: a parte solista, originalmente destinada a tenor, foi confiada a um barítono: e os dois trechos extremos passaram a integrar um coro de contraltos que apenas vocaliza para lá de algumas remodelações de pormenor atinentes à orquestração e mesmo à composição. Conforme esclareceu o próprio compositor, «do ponto de vista formal a obra é articulada como um ciclo de sete Lieder (seguindo a ordem e esgotando o número dos poemas de Torga publicados com o mesmo titulo), o primeiro e o último correspondem-se, na matéria e nas intenções expressivas, por assim dizer, como prelúdio e epílogo da acção ou do drama, que enquadram. Uma espécie de ideia fixa, ou motivo recorrente, assegura de certa maneira a unidade temática da obra».
A despeito do título, o ciclo de poemas de Torga não segue de perto as famosas narrativas de naufrágios e eventos dramáticos referentes ao século XVI e princípios do século XVII, tais como se encontram na célebre compilação de Bernardo Gomes de Brito publicada em 1735. É antes uma evocação, mais meditativa que épica, de carácter não triunfalista e situando-se numa perspectiva anticolonialista, de um dos aspectos maiores da História de Portugal. Os elementos líricos e dramáticos fundem-se aí, num estilo literário de vigorosas pinceladas e de alusões ao romanceiro popular. E a presença do Mar, sem prejuízo para o sopro da evocação, surge-nos desmistificada.
O conteúdo da transposição musical de Lopes-Graça insere-se perfeitamente nestas coordenadas, ampliando as fundas ressonâncias universalistas do texto poético. Este é confiado exclusivamente ao barítono solista, quase sempre através de um recitativo melódico que nalgumas passagens se reveste de acentos bastante dramáticos. O conjunto vocal (de contraltos), que não articula palavras, integra-se no complexo orquestral, trazendo por via do seu timbre particular, uma dimensão expressiva que sublinha persuasivamente o carácter ora envolvente ora de «sereia rouca e triste» atribuído ao Mar.


SAGRES

Pormenorizando um pouco, anote-se que o trecho inicial é exórdio:

              Vinha de longe o mar...
              Vinha de longe, dos confins do medo...
              Mas vinha azul e brando, a murmurar
              aos ouvidos da terra o tal segredo...


e a exposição nítida de um aspecto essencial do poema, consubstanciado nesta passagem:

              Era o resto do mundo que faltava
              (Porque faltava mundo!)
              E o agudo perfil mais se aguçava
              E o mar jurava cada vez mais fundo.


A própria música, em andamento moderado (Largo) encerra duas componentes que correspondem aos elementos postos em jogo pela evocação poética: uma certa brandura murmurante e uma rugosidade ou perfil aguçado, o todo como que envolvido num halo de «distância».
Dois elementos musicais muito caracterizados podem referir-se: um efeito ondulante (ondegiando) nas cordas, e um motivo de textura bastante simples, mas que emerge com relevo no discurso sonoro.


A LARGADA

No segundo número o andamento torna-se mais vivo (Allegro moderato), o ritmo mais vincado e sacudido, servindo de suporte ao tema abertamente melódico que as madeiras lançam em tom alegre e decidido.
Mas a determinação no projecto do «grande sonho» não exclui o «adeus» com as mãos terrosas, calejadas da «pobre mãe». E o trecho dilui-se num pp com as cordas em surdina.


À ESPERA

É o trecho mais curto do ciclo. O seu carácter impõe-se-nos logo de início com um efeito orquestral muito singelo mas eficaz e verdadeiramente expectante, em que os timbres da flauta e da celesta se conjugam no intervalo melódico de 5.ª ascendente, sobre um fundo molemente ritmado de instrumentos de sopro, harpa e pizzicati das cordas em surdina.


O REGRESSO

No quarto número o canto adquire sabor popular de romance, em relação aliás com o texto literário, mas não despreza inflexões mais dramáticas. Há aqui, na narrativa poética, dois planos claramente sugeridos — temporais e espaciais, dramáticos e psicológicos (com qualquer coisa de distanciação brechtiana, diríamos hoje) — que ora se contrapõem ou alternam ora se interpenetram: terra e mar, lar e tormenta, fé esperançosa e episódios de tragédia, realismo quase descritivista e simbolismo transfigurador. E o discurso musical, tanto no clima como no estilo, leva em conta toda esta dialéctica expressiva. A orquestra joga, não raro, com sonoridades agrestes e não deixa, por vezes, de se tomar de uma grande agitação.


O ACHADO

Espécie de fanfarra anunciadora dá o tom a este trecho, em correlação com o poema.

              Traziam nova terra e nova luz
              Nos românticos olhos lusitanos.


Mas a outra face da situação também o texto literário no-lo dá:

              E uma cruz
              Que depois carregaram largos anos.


E a música não deixa de reflectir.


TORMENTA

O subtítulo do sexto número aponta logo o clima deste. Trata-se, de facto, do trecho mais agitado e de cores mais carregadas de todo o ciclo, conforme o deixam entrever os primeiros compassos.
A orquestra diversifica-se e assume dimensão fortemente dramática, comentando ou sublinhando o teor dos versos, animados de um descritivismo mais aparente que real, pois revestindo-se de carácter simbólico ou alegórico de largo alcance. A quarta estrofe é-nos transmitida pelo barítono num estilo de declamação falada, um pouco na linha do «sprechgesang» (ou «canto falado», muito utilizado a partir da escola schönberguiana — mas aqui mais falado que cantado). Na estrofe seguinte a intensificação dramática que se desprende do texto literário é notavelmente realçada pela orquestra.


MAR

O sétimo e último número estabelece correspondência musical com o trecho inicial do ciclo, ampliando-o de certo modo e retomando-lhe os motivos principais, a ambiência serena, o envolvimento, o «choro», o ímpeto «cheio de amor», a determinação e o desalento, a voz «enganosa» da «sereia rouca e triste» ou a bruma dos sonhos e da quimera combinam-se, numa osmose de simbolismo poético e expressão musical, neste painel impressionante sob a invocação do Mar.
Quase no fim erguem-se na orquestra uns assomos de apelo (donde? de quem?) projectando-se na distância — tempo e no espaço — para se resolverem num pp interrogativo de todo o conjunto instrumental — e do nosso próprio destino histórico tão fortemente moldado também pelo Mar...
É uma sobreposição dos acordes de tónica e de dominante de dó menor — que constituem, aliás, o substractum harmónico do efeito ondulante com que se inicia a cantata e que tão saliente papel desempenha no painel conclusivo — com uma apogiatura de mi bemol-lá bemol, marcando também a derradeira presença do coro de contraltos.

É o seguinte o contingente orquestral da partitura: flautas, oboés, clarinetes e fagotes a 3, trompas e trompetes a 4, três trombones e tuba, duas harpas, celesta, glockenspiel, timbales, bateria e cordas.
Com a História Trágico-Marítima, Lopes-Graça obteve, em 1943, o Prémio de composição do Circulo de Cultura Musical, instituição a que a obra é dedicada. No entanto, não foi no âmbito dos concertos desta Sociedade que a partitura se apresentou pela primeira vez. A estreia efectuou-se no decurso do 4.° Festival Gulbenkian de Música, no Coliseu de Lisboa, a 18 de Junho de 1960, sendo intervenientes o barítono Hugo Casaes e a Orquestra Sinfónica Nacional, sob a direcção de António de Almeida. Só 14 anos mais tarde é que voltaria a ser dada em público num concerto comemorativo do Movimento do 25 de Abril e preenchido com obras de Fernando Lopes-Graça, organizado pela ex-Emissora Nacional e realizado no Teatro Nacional de S. Carlos a 25 de Outubro de 1974. Intérpretes nessa ocasião: o barítono José Oliveira Lopes e a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, sob a direcção de Silva Pereira.

[texto originalmente publicado no LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, e inserto no caderno do CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987]



SAGRES



Poema: Miguel Torga (1.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Manifesto: Revista de Arte e Crítica", N.º 5, Coimbra, Jul. 1938 – p. 2; "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 65-66)
Música: Fernando Lopes Graça (1.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




Vinha de longe o mar...
Vinha de longe, dos confins do medo...
Mas vinha azul e brando, a murmurar
Aos ouvidos da terra o tal segredo...

E a terra ouvia, de perfil agudo,
O tal segredo que nem Deus lhe disse
Quando falava e revelava tudo
Para que Adão ouvisse...

— Era o resto do mundo que faltava
(Porque faltava mundo!).
E o agudo perfil mais se aguçava,
E o mar jurava cada vez mais fundo.

Sagres sagrou então a Descoberta
E partiu encoberto a descobrir.
Lá na distância o Novo Mundo, àlerta,
Esperava o Velho para se lhe unir.



A LARGADA



Poema: Miguel Torga (2.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Manifesto: Revista de Arte e Crítica", N.º 5, Coimbra, Jul. 1938 – p. 2; "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 67-68)
Música: Fernando Lopes Graça (2.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




Foram então as ânsias e os pinhais
Feitos navios de costado forte,
Onde a agulha a tremer dava sinais
Do caminho a seguir ser o da sorte.

Foram então os beijos desmedidos
Na Pátria-Mãe-Viúva que ficava
Na areia fria aos gritos e aos gemidos
Pela morte dos filhos que beijava.

Foram então as horas no convés
Do grande sonho que mandava ser
Cada homem tão firme nos seus pés
Que a nau tremesse sem ninguém tremer.

Foram então as velas enfunadas
Do sopro quente dessa pobre Mãe
Que com as mãos terrosas, calejadas,
Dizia adeus e apontava Além...



À ESPERA



Poema: Miguel Torga (3.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Manifesto: Revista de Arte e Crítica", N.º 5, Coimbra, Jul. 1938 – p. 2; "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 69)
Música: Fernando Lopes Graça (3.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




E, namorada em sonho, a nau partiu.
Partiu, e o coração da Mãe parou.
E parado de angústia assim viveu
Enquanto a caravela não voltou.



O REGRESSO



Poema: Miguel Torga (4.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 70-72)
Música: Fernando Lopes Graça (4.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




«Lá vem a Nau Catrineta
Que tem muito que contar.
Ouvi, agora, Senhores
Uma história de pasmar...»
A Mãe correu à varanda
E ficou horas a olhar,
Mas os seus olhos disseram
Que era um ceguinho a cantar:
«Passava mais de ano e dia
Que iam na volta do mar,
Já não tinham que comer,
Já não tinham que manjar...»
A Mãe quando tal ouviu
Rezou e pôs-se a chorar,
Porque a sola era tão rija
Que a não puderam tragar...
«Deitam sortes à ventura
Qual se havia de matar.»
(A Mãe tinha pão na arca
E não lho podia dar!)
«Logo foi cair a sorte...»
(Que sorte tão singular!)
O gajeiro olhava, olhava,
Mas só via céu e mar.
A Mãe chorava e gemia,
O vento norte a soprar,
E o gajeiro lá no topo
Do mastro grande a sondar...
«Alvíçaras, Capitão...»
E a Mãe sem reparar
Se era o gajeiro na gávea,
Se era o ceguinho a cantar!
«A minha alma é só de Deus,
O corpo dou-o eu ao mar...»
E a Mãe a dizer que sim,
Com a sua mão a acenar...
«Deu um estoiro o demónio,
Acalmaram vento e mar.»
E quando o cego acabou
Estavam em terra a varar...



O ACHADO



Poema: Miguel Torga (5.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Manifesto: Revista de Arte e Crítica", N.º 5, Coimbra, Jul. 1938 – p. 3; "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 73-74)
Música: Fernando Lopes Graça (5.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




Traziam nova terra e nova luz
Nos românticos olhos lusitanos;
E uma cruz
Que depois carregaram largos anos.

Traziam quanta dor o mar gerou
Desde que Deus o fez;
E traziam a Fé que lhes sobrou
Da Fé sem fim dessa primeira vez.

Traziam a promessa de voltar
A ver se a cor do sonho se mantinha...
Vinho dos Deuses, tinha de tornar
À vinha.



TORMENTA



Poema: Miguel Torga (6.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 75-77)
Música: Fernando Lopes Graça (6.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




Noite medonha aquela!
O mar tanto engolia a caravela
Como a exibia à tona, desmaiada!
No abismo do céu nem uma estrela!
E a cruz de Cristo, a agonizar na vela,
Suava sangue sem poder mais nada!

A fúria cega dum tufão raivoso
Vinha das trevas desse Tenebroso
E varria a quimera do convés...
O mastro grande que Leiria deu
Era um homem de pinho, mas caiu
Quando um raio o abriu de lés-a-lés...

Novo guarda dos rumos da Nação,
O piloto guiava a perdição
Como um pai os destinos do seu lar...
Até que o lar inteiro se desfez,
Até que ao pai chegou também a vez
De fazer uma prece e descansar...

O gajeiro sem gávea, dessa altura
Que a alma atinge ao rés da sepultura,
Olhou ainda a bruma em desafio...
Mas a Sereia Negra, que cantava
No coração do mar, tanto chamava,
Que ele deu-lhe aquele olhar cansado e frio.

O naufrágio cresceu a sua dor.
E o corpo morto de um herói, senhor
Do maior infantado deste mundo,
No dorso frio duma onda irada,
Mandou aos mortos, com a mão na espada,
Boiar o sonho, que não fosse ao fundo.



MAR



Poema: Miguel Torga (7.º poema de "História Trágico-Marítima", in "Alguns Poemas Ibéricos": Coimbra: Edição do autor, 1952 – p. 78-79)
Música: Fernando Lopes Graça (7.ª peça da cantata "História Trágico-Marítima", Op. 36a, LG 75a, 1959)
Intérpretes: José Oliveira Lopes, Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir.: Gyula Németh* (in LP "História Trágico-Marítima", Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977, reed. Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987; CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)




Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar
Ou qualquer sugestão que apetecia...

Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...

Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E nem eras um campo de lavrar,
Nem um corpo a gemer a sua dor!

Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!

Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de navegar
Sobre as ondas azuis o nosso pensamento!


* José Oliveira Lopes – voz solista (barítono)
Coro da Radiodifusão Húngara
Orquestra Sinfónica de Budapeste
Direcção – Gyula Németh

Supervisão artística – Fernando Lopes-Graça
Assistente musical – András Szekely
Produção – Sassetti, SARL
Direcção de produção – Mário Vieira de Carvalho
Gravação – HUNGAROTON, Budapeste, Outubro de 1974
Técnico de som – Lászlo Csintalan
URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Oliveira_Lopes
https://www.meloteca.com/portfolio-item/jose-de-oliveira-lopes/



Frontispício do tomo I de "História Trágico-Marítima", em que se oferecem cronologicamente os Naufrágios que tiveram as naus de Portugal, depois que se pôs em exercício a Navegação da Índia, por Bernardo Gomes de Brito (Lisboa Ocidental: Na Oficina da Congregação do Oratório, MDCCXXXV)



Capa do vol. I de "História Trágico-Marítima", Nova edição publicada sob a direcção de Damião Peres (Porto: Portucalense Editora, 1942)



Capa do N.º 5 de "Manifesto: Revista de Arte e Crítica", direcção de Miguel Torga (Coimbra, Jul. 1938)



Capa do livro "Alguns Poemas Ibéricos", de Miguel Torga (Coimbra: Edição do autor, 1952)



Capa da 1.ª edição do LP "História Trágico-Marítima", de Fernando Lopes-Graça, por José Oliveira Lopes (barítono), Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir. Gyula Németh (Col. Discoteca Básica Nacional, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura/Diapasão/Sassetti, 1977)



Capa da 2.ª edição do LP "História Trágico-Marítima", de Fernando Lopes-Graça, por José Oliveira Lopes (barítono), Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir. Gyula Németh (Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)
Concepção – Dimensão 6
Execução gráfica – Estúdios Gráficos, Lda.



Capa do CD "História Trágico-Marítima / Viagens na Minha Terra", de Fernando Lopes-Graça, por José Oliveira Lopes (barítono), Coro da Radiodifusão Húngara e Orquestra Sinfónica de Budapeste, dir. Gyula Németh / Orquestra Filarmónica de Budapeste, dir. Gyula Németh (Col. PortugalSom, Direcção-Geral da Acção Cultural/Secretaria de Estado da Cultura, 1987)
Concepção – Dimensão 6
Execução gráfica – Estúdios Gráficos, Lda.

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Outros artigos com poesia de Miguel Torga:
Miguel Torga: "Natal"
Miguel Torga: "Ode à Poesia", por João Villaret
Miguel Torga: "Flor da Liberdade"
Miguel Torga: "Natividade"
Miguel Torga: "A um Negrilho"

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Outros artigos com canções musicadas ou harmonizadas por Fernando Lopes-Graça:
Música portuguesa de Natal
A infância e a música portuguesa
A vitória do azeite
Celebrando Sophia de Mello Breyner Andresen
Celebrando Eugénio de Andrade
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Canções portuguesas de Natal harmonizadas/musicadas por Fernando Lopes-Graça
Camões recitado e cantado (VIII)
Eugénio de Andrade e Fernando Lopes-Graça: "Aquela Nuvem e Outras"
Camões recitado e cantado (IX)
Camões recitado e cantado (X)
Camões musicado por Fernando Lopes-Graça (obras corais 'a cappella')

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