25 setembro 2022

Queremos "A Cena do Ódio" de volta à Antena 1!


David Ferreira [fotografia extraída do site "Notícias Magazine"]


Nesta 'reentrée' estávamos à espera de poder continuar a deleitar os nossos ouvidos, nas manhãs dominicais, após o bloco publicitário subsequente ao noticiário das 11h:00, com o magnífico programa "A Cena do Ódio" [>> RTP-Play], de David Ferreira, agora em edições originais, a exemplo do que tem acontecido com "O Amor É...". Desditosamente, as nossas expectativas saíram frustradas porque o horário d' "A Cena do Ódio" passou a ser ocupado por um programa de entrevista (mais um), intitulado "Infinito Particular", de uma tal Susana Bento Ramos, que não conhecemos de parte alguma mas que nos deixou mal impressionados ao revelar-se ignorante quando associou o álbum "Os Dias da Madredeus" à canção "O Pastor". Ainda aventámos a hipótese de que o imperdível "A Cena do Ódio" tivesse sido colocado noutro horário e fomos averiguar. Nenhuma referência ao programa lográmos enxergar passando a pente fino a grelha da Antena 1 nos sete dias da semana, o que nos leva a deduzir que foi suprimido. Se foi o Sr. David Ferreira que resolveu pôr-lhe um ponto final, apesar de nem por sombras terem sido esgotadas as temáticas susceptíveis de serem exploradas, respeitamos a decisão, embora a lamentemos. Ainda assim, o programa podia muito bem manter-se em reposição. E se não se manteve foi por única e exclusiva vontade do director de programas da Antena 1, Nuno Galopim, pois o autor não iria decerto opor-se a isso. Mas são fortes as nossas suspeitas de que foi o próprio Nuno Galopim que não quis que fossem produzidas mais edições originais d' "A Cena do Ódio" (sabê-lo-emos, mais cedo ou mais tarde). Em qualquer dos casos, uma pergunta se nos impõe fazer: que bicho peçonhento terá mordido ao sr. Nuno Galopim para tomar a tão insana e descabida decisão de eliminar da grelha da Antena 1 o programa "A Cena do Ódio", uma marca de excelência do serviço público de radiodifusão, como já foi reconhecido pela SPA? Se desejava criar outro programa de entrevista podia perfeitamente fazê-lo sem necessidade de sacrificar o aclamado programa de David Ferreira. Mesmo que não houvesse vaga na grelha e se queria à viva força iniciar nesta altura o "Infinito Particular", a opção acertada seria descartar um dos programas de muito duvidoso interesse (alguns são mesmo de autêntica lana-caprina) que preenchem o espaço compreendido entre as 23h:00 e a 01h:00, de segunda a sexta-feira.
Não sabemos se o sr. Nuno Galopim alguma vez ouviu, com ouvidos de ouvir, o programa "A Cena do Ódio". Se ouviu, é de lamentar, em primeiro lugar, que não tenha a capacidade de reconhecer a pertinência da existência numa rádio de serviço público de um programa cujo conceito consiste em apresentar música ecléctica e de qualidade subordinada a um determinado tema-tópico, ademais estando a mesma rádio bastante descaracterizada e abastardada no que à oferta musical diz respeito (basta atentar naquela asquerosa 'playlist' atafulhada de escória sonora), e, em segundo lugar, que lhe falte o discernimento para reconhecer o dedicado e proficiente trabalho do Sr. David Ferreira, sobejamente patente na zelosa e criteriosa selecção de canções, peças instrumentais e poemas recitados, sem cedências ao gosto mais vulgar e rasteiro, com que brindava os ouvintes da Antena 1, revelando-lhes muitas preciosidades e alargando-lhes os horizontes culturais/estéticos. Uma coisa – convém acrescentar – nada despicienda no actual panorama radiofónico em que se regista uma perniciosa tendência para a uniformização da música no éter nacional, privilegiando-se a mais massificada e de maior potencial comercial em prejuízo da menos divulgada e mais alternativa. Seria bom que Nuno Galopim tivesse a real noção de que a Antena 1, por ser financiada pelos ouvintes/contribuintes, não pode descurar os programas/conteúdos que fazem a diferença (para melhor, claro está) em relação àquilo que oferecem as rádios comerciais. E aqui vamos ao busílis da questão: o programa "A Cena do Ódio" dificilmente teria guarida numa rádio privada, mas na estação pública é uma grande (enorme) mais-valia, sendo uma perfeita estultícia prescindir desse insubstituível trunfo.
Estando disso bem conscientes, os seus fiéis ouvintes clamam, a plenos pulmões: «Queremos "A Cena do Ódio" de volta à Antena 1!»

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