28 maio 2025

Natália Correia: "Queixa das Almas Jovens Censuradas"


(in https://expresso.pt/revista/)
© Jaime Martins Barata / Bertrand (Irmãos), Ltd.ª - Lisboa, 1938
[Para ver a imagem em ecrã inteiro, noutra janela, é favor clicar aqui]

«A Lição de Salazar, cartaz de uma série editada em 1938 pelo Secretariado de Propaganda Nacional, a fim de ser comentada pelos professores nas escolas primárias. A "pedagogia" salazarista, que comemorava os 10 anos de governo do chefe, enaltecia a sua obra e os valores supremos do regime.
Neste cartaz, de Martins Barata, ergue-se num cenário rural, a família típica do salazarismo, uma família remediada, se não pobre, trabalhadora e religiosa. A família representada vai ao encontro de todos os ideais salazaristas, ao apresentar uma casa humilde, asseada, de pessoas pobres, mas felizes.
Os pratos estão encostados ordenadamente à parede (organização social); os instrumentos de lavoura arrumados a um canto; a mesa posta com o pão e o vinho sobre uma toalha alva; Deus está presente no altar familiar, instalado no melhor móvel da casa; a Pátria divisa-se através da janela, no castelo que exibe a bandeira nacional e na própria farda da Mocidade Portuguesa envergada pelo filho (fardado de Lusito). A autoridade surge na figura do chefe de família, que, ao fim de um dia de trabalho, regressa a casa e conta com a alegria da filha (a pequenita que brincava com louças e bonecas para um dia ser uma mãe exemplar, ergue os braços de contentamento), a reverência do filho, que se ergue para o saudar, e a subserviência da esposa, qual mulher ideal, confinada ao lar e à economia doméstica.
Através da interpretação destes pormenores, verificamos que o cartaz reflecte um lar cristão, patriarcal, rural, tradicional, sem utensílios de modernidade, onde não existe nenhuma referência ao mundo industrial.»

                   NATÉRCIA MIRANDA
                   (in https://noseahistoria.wordpress.com/)


«Muitos talvez não saibam, outros esqueceram-se depressa. Uns não viram, não estavam lá; outros nem terão querido saber, não os aquece nem os arrefece que tenha sido assim ou que tenha sido assado.
Este livro de Fernanda Cachão, "O Estado Novo em 101 objectos", vem sacudir o esquecimento mais pusilânime dos da memória curta. E vem confrontar os perversos da memória táctica com a confirmação documental das pequenas misérias e das grandes afrontas de um tempo de sombras, de medos, de rédeas curtas. Vem mostrar a todos, os distraídos, os frívolos, os negligentes, a iconografia da ditadura, a montra e o armário sobre os quais assentaram a poeira e o esquecimento. E aos que sabiam e não se esqueceram, acrescenta informação valiosa, pérolas preciosas. Fernanda Cachão andou cinco anos a desbravar arquivos históricos, museus, bibliotecas, fundações, colecções particulares e reuniu as provas provadas, os documentos, os carimbos, os objectos, que sustentam a história, assumida ou subterrânea, de um tempo de sombra.
Temos neste livro 101 objectos explicados, enquadrados, em mais de 600 páginas. Esta é uma narrativa ágil, contagiante, poderosa, sobre um tempo de astenia. Dá-nos a ver e reúne, a respeito de cada objecto que mostra, o contexto necessário. Mostra-nos, por exemplo, a foto da única sessão em que Salazar posou para o escultor Francisco Franco que lhe fez o busto sob o olhar de António Ferro, o homem forte da propaganda do regime. Mostra-nos o maço de cigarros AC, o "tabaco dos soldados", como era designado, fabricado em Angola com o carimbo das Forças Armadas, e revela os curiosos trocadilhos inspirados nas iniciais da marca. Mostra-nos os cartazes de propaganda criados para assinalar nas escolas o 10.º aniversário da ditadura, as designadas "lições de Salazar", para meninos e meninas perfilados. Mostra-nos a Chaimite, o carro blindado da guerra colonial, copiado do catálogo norte-americano. Mostra-nos os aerogramas que traziam as saudades dos nossos pais. Mostra-nos a primeira página do "Diário da Manhã", o jornal do regime, no dia em que Américo Thomaz foi em visita ao Algarve acudir às dores de um tremor de terra sobre o qual, de informação, nicles. Mostra-nos o Chrysler de Salazar no qual se evadiram de Caxias vários prisioneiros comunistas; e a carta de Lúcia que Cerejeira enviou a Salazar; e as senhas de racionamento; e o imposto dos presos (sim, havia um imposto de carceragem: no final dos anos 30, os presos pagavam pelo alojamento, a tabela ia dos 20 centavos para a enxovia aos 20 escudos para o quarto individual); o discurso do presidente Craveiro Lopes censurado por Salazar; o livro de António Botto na biblioteca do ditador; o chapéu, as botas e a bengala de Salazar; o edital sobre a moral nas praias, surgido em 1941, evocando a Constituição para legislar sobre os "vestidos de banho"; a lista dos assinantes da revista "Seara Nova"; o prato usado pelos presos políticos de Peniche; o cartaz das tabernas, com o elogio do vinho que dava de comer a um milhão de portugueses; a pauta do hino e a farda da Mocidade Portuguesa; o lápis da censura...
Um ensaio recentemente realizado numa universidade inglesa confirmou que pessoas expostas ao aroma do alecrim obtiveram melhores resultados em testes de memória do que outras expostas ao ar neutro. Este livro de Fernanda Cachão, "O Estado Novo em 101 objectos" tem a eficácia do alecrim em dose reforçada.
Não vos desaconselho o cheio do alecrim. Aconselho-vos vivamente o aroma destas páginas. O livro é apresentado hoje, 28 de Maio. A data diz-vos alguma coisa ou precisais de alecrim aos molhos?» [Fernando Alves, "O Estado Novo em 101 objectos", in "Os Dias que Correm", 28 Mai. 2025]


Para rematar a crónica que Fernando Alves achou por bem trazer à antena no presente 28 de Maio, data em que se completaram 99 anos sobre o golpe militar que derrubou a Primeira República e instaurou uma ditadura castrense que dois anos mais tarde, em 1928, fez sentar Oliveira Salazar na cadeira do poder, como ministro das Finanças, e, em 1932, como presidente do Ministério (cargo que o próprio renomearia como presidente do Conselhos de Ministros), não nos ocorre escolha mais apropriada do que o sublime poema "Queixa das Almas Jovens Censuradas", de Natália Correia. Apresentamo-lo aqui em dois registos: um recitado (pela autora, com música de António Victorino d'Almeida, que saiu no LP "Improviso", 1973) e outro cantado (por José Mário Branco, com música da sua autoria, que integra o primeiro álbum do cantautor, "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", 1971).
Qualquer uma destas gravações ou outra interessante do mesmo poema teria certamente sido bem recebida por Fernando Alves, até como sinal de reconhecimento e valorização do seu esmerado e admirável trabalho por parte de quem manda na Antena 1, e escutada com imenso agrado pelos ouvintes não nostálgicos do tacanho e opressivo Estado Novo ou não (inconscientemente) desejosos da implantação de um regime inspirado naquele, e que por nada deste mundo estão dispostos a prescindir da «Liberdade querida e suspirada,/ Que o Despotismo acérrimo condena» (citando Bocage).



QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS



Poema de Natália Correia (in "Dimensão Encontrada", Lisboa: Edição da autora, 1957; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 167-168; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 121-122)
Recitado pela autora* (in LP "Improviso", Guilda da Música/Sassetti, 1973; CD "Natália Correia: Poemas Ditos (e até Cantados) pela Autora", CNM, 2011)
Música: António Victorino d'Almeida




Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
Mais um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.

Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.

Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.

Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.

Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.

Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.

Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.

Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.

Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.

Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.

Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte.


* Natália Correia – voz
António Victorino d'Almeida – teclados, percussão

Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, Paço d'Arcos
Técnico de som – Hugo Ribeiro
URL: http://livro.dglab.gov.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=9794
https://sites.google.com/site/ciberlusofonia/PT/Lit-Acoriana/Natalia_Correia
https://music.youtube.com/channel/UCFvNM9oE4Tk9D3Q5uDVtJeQ



Queixa das Almas Jovens Censuradas



Poema: Natália Correia (in "Dimensão Encontrada", Lisboa: Edição da autora, 1957; "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", Lisboa: Projornal/Círculo de Leitores, 1993 – p. 167-168; "Poesia Completa", Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999 – p. 121-122)
Música: José Mário Branco
Intérprete: José Mário Branco* (in LP "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", Guilda da Música/Sassetti, 1971, reed. UPAV, 1991, EMI-VC, 1996, Parlophone/Warner Music Portugal, 2018; CD "Natália Correia: A Defesa do Poeta", EMI-VC, 2003)




[instrumental]

Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
Mais um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.

Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.

Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.

Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.

Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.

Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.

Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.

Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.

Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.

Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.

Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte.


* José Mário Branco – voz e viola acústica de base
Willy Lockwood – contrabaixo
Gilbert Roussel – acordeão

Arranjos e direcção musical – José Mário Branco
Gravado no Strawberry Studio, Château d’Hérouville (perto de Paris), em Fevereiro de 1971
Técnico de som – Gilles Sallé
Masterização digital (edição em CD) – José Fortes
URL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_M%C3%A1rio_Branco
https://arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt/
https://www.facebook.com/FascismoNuncaMais/posts/725849500857765/
https://expresso.pt/cultura/2019-11-19-O-momento-antes-de-disparar-a-seta-a-entrevista-de-Jose-Mario-Branco
https://www.buala.org/pt/cara-a-cara/jose-mario-branco-a-eterna-inquietacao
https://www.nit.pt/cultura/musica/morte-lenda-momentos-marcantes-vida-jose-mario-branco
https://www.esquerda.net/topics/dossier-303-jose-mario-branco-voz-da-inquietacao
https://www.publico.pt/jose-mario-branco
https://www.youtube.com/channel/UChQPBSV5W6kL-jw1Tp08g_w
https://www.youtube.com/user/DoTempoDosSonhos/videos?query=jose+mario+branco



Capa do livro "Dimensão Encontrada", de Natália Correia (Lisboa: Edição da autora, 1957)



Sobrecapa do livro "O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I", de Natália Correia (Lisboa: Círculo de Leitores, 1993)
Concepção – Clementina Cabral



Capa da 1.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999)



Capa da 2.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000)



Capa da 3.ª edição do livro "Poesia Completa", de Natália Correia (Col. Poesia do Século XX, Vol. 32, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2007)



Capa do LP "Improviso", de Natália Correia e António Victorino d'Almeida (Guilda da Música/Sassetti, 1973)
15 poemas ditos/entoados por Natália Correia: treze da sua autoria e dois de trovadores galego-portugueses por si adaptados.
Música e execução instrumental (teclados, percussão) – António Victorino d'Almeida



Capa do CD "Natália Correia: Poemas Ditos (e até Cantados) pela Autora" (Série 'Audiobook', CNM, 2011)
O conteúdo é o mesmo do LP "Improviso" (1973)



Capa do LP "Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades", de José Mário Branco (Guilda da Música/Sassetti, 1971)
Concepção – Armando Alves e José Rodrigues



Capa da compilação em CD "Natália Correia: A Defesa do Poeta" (EMI-VC, 2003)



Capa do livro "O Estado Novo em 101 Objectos: Uma Montra da Ditadura Portuguesa", de Fernanda Cachão (Alfragide: Lua de Papel, Mai. 2025)

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Outros artigos com poesia de Natália Correia ou por si adaptada:
Galeria da Música Portuguesa: José Afonso
Poesia na rádio (II)
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Celebrando Natália Correia
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Natália Correia: "Rascunho de uma Epístola", por Ilda Feteira
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Poesia trovadoresca adaptada por Natália Correia
Natália Correia: "Ode à Paz", por Afonso Dias

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Outros artigos com repertório interpretado por José Mário Branco ou da sua autoria:
A infância e a música portuguesa
Celebrando Natália Correia
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José Mário Branco: "Zeca (Carta a José Afonso)"
Gina Branco: "Cantiga do Leite" (José Mário Branco)
Camões recitado e cantado (VI)
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Camões evocado por Sophia
José Mário Branco com Fausto: "Canto dos Torna-Viagem"
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Vitorino: "Moças de Bencatel" (Conde de Monsaraz)
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Aldina Duarte: "Flor do Cardo" (João Monge)
José Mário Branco: "Inquietação"
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